sábado, 20 de agosto de 2011

Teatro sem “fingimento”


Teatro sem “fingimento”
por maneco nascimento

A Escola Técnica de Teatro “Gomes Campos”, dirigida desde seu nascedouro, por dramaturgo local, Francisco Aci Gomes Campelo (Aci Campelo), fechou resultado de uma turma de retardatários que deveria, em último prazo, concluir formatura agora em 2011. O trabalho, como prova final, ocorreu dia 17 do agosto corrente.

A princípio, a direção da Escola de Teatro “Gomes Campos” havia acertado apresentar os resultados de encenação no Teatro Municipal João Paulo II, mas desistiu no último momento, resolvendo finalizar a atividade específica nas dependências da própria Instituição. Um dos formandos insistiu em apresentar-se também no palco do João Paulo II.

 (ator Zé Dantas Martins/foto de acervo)

Assim, o restante da turma se formou por lá e o aprendiz de feiticeiro, José Dantas Martins (Zé Dantas), dobrou seu resultado, com uma apresentação em palco oficial e outra no estúdio de cênicas daGomes Campos”, para só depois ver-se realizado na práxis oficiosa de discursos, descerramento de placa, etc.

Em se tratando da prova final de Zé Dantas, este concentrou-se em texto da piauiense Isis Baião, recolhido do livro de esquetes "Em Cenas Curtas".

A peça “Espelho, Espelho Meu” que, assim como outros textos da coletânea, traz o discurso bem humorado ao revés do feminismo setentão e suas idiossincrasias do contexto da mulher alçada às próprias liberdades, reitera leveza criativa e inteligência dramatúrgico-literária de carpintaria pragmática à cena moderna.

Para a leitura deEspelho, Espelho Meu”, Zé Dantas apegou-se ao protótipo de uma mulher do contexto mass media, espelhada em sucesso popular a partir da  música que abre e fecha o exercício dramático. Há um esforço em criar identidade imediata com o público pelo “mis-en-scène” que se configura ao figurino, maquiagem e arroubos de coreografias de apresentação.

Ainda não se vislumbra a personagem, especialmente a de riqueza de detalhes sugerida pela autora. Dantas, sem domínio da essência, não conseguiu traquejar a batalha travada entre a mulher e seu alter ego, no enredo dramatúrgico, representado pelo espelho que aponta a falha trágica d’alma feminina, afogada na vaidade.

Teatro de margem, na busca de avançar para o centro da cena, apresenta um ator elegante, bonito, de salto alto, bem maquiado e com uma desenvoltura ainda não completamente teatral. + para show e, em desesperada energia pelo acertar, condiciona a força da personagem em interface da travesti. Perder-se da vaidade individual poderá trazer uma resposta à prática do ator e seu “fingimento”.

Sem risco de vulgaridade, todo o efeito realizado poderá naturalmente transformar-se em cena equilibrada, haja vista, existir um ator em potencial determinado. Mas Zé Dantas tem coragem, fibra e dinâmica a serem melhor empregadas emEspelho, Espelho Meu”, dele para Isis Baião e dela para o ator e sua autonomia.

O exercício aponta um teatro sem “fingimento”, mas uma diretriz a ser explorada. Caso o resultado de Zé Dantas seja o melhor potencializado, fica uma curiosidade acerca de seus colegas que demonstraram suas aptidões escolares na sede da Gomes Campos”.

, emEspelho, Espelho Meu”, de Dantas, uma iniciativa hercúlea em não perder os prazos de se formar. E isto se revela no palco. Sem ter contado, segundo ele, com um acompanhamento + de perto dos formadores da Escola, ainda assim está no lucro.

A teoria tem umafórmula”, mas a forma está no texto do ator e seu método apreendido. Com ou sem a formalidade daGomes Campos”, José Dantas Martins está pronto para buscar seus próprios descaminhos na desconstrução do ato de encenar. A alquimia é do conceito, não do mestre.
 (Zé Dantas: Príncipe/Aninha Carvalho: Fada Esperança Encantado/"O diário da Bruxa"/acervo)

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