Brasileiro(a)s, à luta!
por maneco nascimento
Brasil, país sui generis. Terra de samba; futebol e vedetes ouro dos campos de celebridades da bola; do carnaval a perder de vista; da mulata exportação, mas também da mulher e crianças traficadas (vide folhetim, do horário nobre da tevê globo, que estoca uma ferida aberta, mas disfarçada com merthiolate indolor); das grandes festas e feriadões incomparáveis, com o resto do mundo; e de dias cada vez + violentos em cada esquina dos grandes centros urbanos dessa nova era, de mundo selvagem.
Essa cidade Brasil tem também suas peculiaridades do analfabetismo mascarado; do analfabetismo funcional; da educação acelerada; da educação classe média e alta e a dos outros mortais; do desemprego; do subemprego; da informalidade e empreendedorismo de sobrevivência em qualquer esquina nacional.
Do país de taxas de impostos + caras do mundo; da desigual distribuição de renda e de, embora nação da bolsa auxílio, grandes índices de miseráveis; maiores e menores; sem tetos e sem terras em continentais glebas públicas e privadas, especialmente.
Mas terra da alegria que “(...) em se plantando, tudo (...)” se dá em resultados a pobres, ricos, remediados, míseros esperançosos, herdeiros de cristãos incondicionais, moradores das ruas, das vielas, dos viadutos e pontes, dos esgotos e córregos, das encostas escorregadias e sujeitas às surpresas dos dias em chuvas de verão.
E como ninguém é só alegria e hospitalidade, tem tempo de ralar e passar à próxima fase. Ao exemplo de “os morros mal vestidos”, os centros urbanos coloridos, do diverso matiz, de barracas e bancas do cotidiano do patrão de si mesmo, fazem a feira popular e necessária à própria sorte.
E como todo trabalhador, de qualquer canto desse rincão nacional que precisa sobreviver, tem que produzir e pagar a cota diária do mundo cão nosso de cada dia. Caem trabalhadores e trabalhadoras na sorte e, de seus habitat naturais, deslocam-se e, “(...) vão dizendo aos homens no sono/que alguém acordou cedinho/e veio do último subúrbio (...)” [Morte do Leiteiro, Carlos Drummond de Andrade, 1945], trazendo sua força de trabalho e determinação em manter identidade brasileira, feito chama acesa.
As lotações, transportes coletivos urbanos, chegam aos centros comerciais e de produção inchados de trabalhadores brasileiros a ocuparem seus postos, de suas escolhas ou de seletivas chamadas ao batente. E quando chega a hora da pausa do primeiro turno, horário de almoço, vem outra generalidade nacional. Os que matam a fome dispostos nas calçadas, no entrecruzamento de gentes que transitam de lá para cá, enquanto outros pausam para comer.
Debaixo de suas barracas, recostados em sombras, no escondidinho do muito exposto, esses operário(a)s abrem um espaço doméstico para criarem energia ao segundo turno da insistência funcional. Enquanto almoçam tonificam o corpo e detêm o que seria necessário “(...) para todos criarem força na luta brava da cidade (...)” [Idem)
No centro de Teresina não é incomum que se tope com os operários das calçadas“matando a quem lhes quer matar”. Alguns (comerciários do entorno) se recolhem a áreas protegidas, como as calçadas internas da Galeria do Clube dos Diários, descobrem suas marmitas e cumprem seu ritual de manter atividade. Depois, há os que ainda deitam-se sobre o chão daquela área sombreada e quebram o sono, antes que os domine e comprometa o melhor desempenho da segunda jornada logo ali, batendo o tempo das 14 horas.
Ficou contumaz pessoas tirarem um descanso após o almoço nesse guardado campo de espaço público, mas há também outras perspectivas. Embaixo de uma árvore, nos bancos das praças, em pé ao lado da banca de churrasquinho de “gato”, na sala (refrigerada) do trabalho, quando possível e no + criativo ponto da necessidade apresentada. Esse é o país que temos e sabemos mantê-lo, quer com suas adversidades, quer com todas as suas diferenças que parecem, romanticamente, nos querer iguais.
O brasileiro (a) das ruas, das calçadas, das praças, das vilas, filas, das feiras, das periferias, subúrbios, dos centros urbanos e eixos setoriais de existência e sobrevivência está na sua e, brava gente, insiste em viver à parte e livre e morrer, quando não puder evitar, pelo Brasil que é sua pátria agora muito + armada, mas ainda assim amada e de felicidade invejada pelo resto do mundo turista.
Terra disputada que “Com força e com vontade/A felicidade/Há de se espalhar/Com toda a intensidade (...)” [Antes que seja tarde – Ivan Lins/Vítor Martins), porque “Isto aqui, ô ô/É um pouquinho do Brasil iá iá/Deste Brasil que canta e é feliz,/Feliz, feliz,/É também um pouco de uma raça/Que não tem medo de fumaça ai, ai/E não se entrega não (...)” [Isto Aqui, o que é? - Ary Barroso].
Terra brasis em que sobra à nossa contemporaneidade muito + realidade consentida e vivenciada que os discursos pregoeiros de qualquer contexto político e oficioso. É território que embora “depois do meio-dia, nem polícia e nem ladrão”, ainda se dedilha as contas do rosário de Brasileiros, à luta!
por maneco nascimento
Brasil, país sui generis. Terra de samba; futebol e vedetes ouro dos campos de celebridades da bola; do carnaval a perder de vista; da mulata exportação, mas também da mulher e crianças traficadas (vide folhetim, do horário nobre da tevê globo, que estoca uma ferida aberta, mas disfarçada com merthiolate indolor); das grandes festas e feriadões incomparáveis, com o resto do mundo; e de dias cada vez + violentos em cada esquina dos grandes centros urbanos dessa nova era, de mundo selvagem.
Essa cidade Brasil tem também suas peculiaridades do analfabetismo mascarado; do analfabetismo funcional; da educação acelerada; da educação classe média e alta e a dos outros mortais; do desemprego; do subemprego; da informalidade e empreendedorismo de sobrevivência em qualquer esquina nacional.
Do país de taxas de impostos + caras do mundo; da desigual distribuição de renda e de, embora nação da bolsa auxílio, grandes índices de miseráveis; maiores e menores; sem tetos e sem terras em continentais glebas públicas e privadas, especialmente.
Mas terra da alegria que “(...) em se plantando, tudo (...)” se dá em resultados a pobres, ricos, remediados, míseros esperançosos, herdeiros de cristãos incondicionais, moradores das ruas, das vielas, dos viadutos e pontes, dos esgotos e córregos, das encostas escorregadias e sujeitas às surpresas dos dias em chuvas de verão.
E como ninguém é só alegria e hospitalidade, tem tempo de ralar e passar à próxima fase. Ao exemplo de “os morros mal vestidos”, os centros urbanos coloridos, do diverso matiz, de barracas e bancas do cotidiano do patrão de si mesmo, fazem a feira popular e necessária à própria sorte.
E como todo trabalhador, de qualquer canto desse rincão nacional que precisa sobreviver, tem que produzir e pagar a cota diária do mundo cão nosso de cada dia. Caem trabalhadores e trabalhadoras na sorte e, de seus habitat naturais, deslocam-se e, “(...) vão dizendo aos homens no sono/que alguém acordou cedinho/e veio do último subúrbio (...)” [Morte do Leiteiro, Carlos Drummond de Andrade, 1945], trazendo sua força de trabalho e determinação em manter identidade brasileira, feito chama acesa.
As lotações, transportes coletivos urbanos, chegam aos centros comerciais e de produção inchados de trabalhadores brasileiros a ocuparem seus postos, de suas escolhas ou de seletivas chamadas ao batente. E quando chega a hora da pausa do primeiro turno, horário de almoço, vem outra generalidade nacional. Os que matam a fome dispostos nas calçadas, no entrecruzamento de gentes que transitam de lá para cá, enquanto outros pausam para comer.
Debaixo de suas barracas, recostados em sombras, no escondidinho do muito exposto, esses operário(a)s abrem um espaço doméstico para criarem energia ao segundo turno da insistência funcional. Enquanto almoçam tonificam o corpo e detêm o que seria necessário “(...) para todos criarem força na luta brava da cidade (...)” [Idem)
No centro de Teresina não é incomum que se tope com os operários das calçadas“matando a quem lhes quer matar”. Alguns (comerciários do entorno) se recolhem a áreas protegidas, como as calçadas internas da Galeria do Clube dos Diários, descobrem suas marmitas e cumprem seu ritual de manter atividade. Depois, há os que ainda deitam-se sobre o chão daquela área sombreada e quebram o sono, antes que os domine e comprometa o melhor desempenho da segunda jornada logo ali, batendo o tempo das 14 horas.
Ficou contumaz pessoas tirarem um descanso após o almoço nesse guardado campo de espaço público, mas há também outras perspectivas. Embaixo de uma árvore, nos bancos das praças, em pé ao lado da banca de churrasquinho de “gato”, na sala (refrigerada) do trabalho, quando possível e no + criativo ponto da necessidade apresentada. Esse é o país que temos e sabemos mantê-lo, quer com suas adversidades, quer com todas as suas diferenças que parecem, romanticamente, nos querer iguais.
O brasileiro (a) das ruas, das calçadas, das praças, das vilas, filas, das feiras, das periferias, subúrbios, dos centros urbanos e eixos setoriais de existência e sobrevivência está na sua e, brava gente, insiste em viver à parte e livre e morrer, quando não puder evitar, pelo Brasil que é sua pátria agora muito + armada, mas ainda assim amada e de felicidade invejada pelo resto do mundo turista.
Terra disputada que “Com força e com vontade/A felicidade/Há de se espalhar/Com toda a intensidade (...)” [Antes que seja tarde – Ivan Lins/Vítor Martins), porque “Isto aqui, ô ô/É um pouquinho do Brasil iá iá/Deste Brasil que canta e é feliz,/Feliz, feliz,/É também um pouco de uma raça/Que não tem medo de fumaça ai, ai/E não se entrega não (...)” [Isto Aqui, o que é? - Ary Barroso].
Terra brasis em que sobra à nossa contemporaneidade muito + realidade consentida e vivenciada que os discursos pregoeiros de qualquer contexto político e oficioso. É território que embora “depois do meio-dia, nem polícia e nem ladrão”, ainda se dedilha as contas do rosário de Brasileiros, à luta!