sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tributo à Rita


Tributo à Rita 
por maneco nascimento

A cidade vai cantar o rock “made in Brasil”, da Rainha Mãe, na forma de tributo a nossa Rita Lee Jones Carvalho. Nesse dia 07 de dezembro de 2012, às 20 horas, no Espaço Cultural “Osório Jr.” e Bar do Clube dos Diários, acontece o Lançamento da intérprete Flávia Freitas e da Banda Ovelha Negra que prestarão homenagens a Rainha do Rock brasileiro.

O show além de presentear os adeptos e amantes incondicionais da Rita Lee e também os que ainda estejam por descobri-la, será mote para se matar a saudade dos velhos e raros sucessos da cantora e compositora do rock nacional. 

E antes que, parafraseando Chico, a Rita nos leve o sorriso, planos, pobre enganos e vinte poucos anos, com esse “precipitado” anúncio de aposentadoria, vamos curtir essa festa na base de suas baladas-rock e incursões pelos gêneros do rock & roll, rock psicodélico, tropicalismo, bossa nova, pop rock, latino e disco, entre outros, sempre com muito bom humor musical.

A noite de Tributo à Rita Lee reúne os músicos e vozes, Fernando Muniz, na Guitarra e back vocal; Jaime Neo, no Baixo; Júlio César, na Bateria; Marcos Vinícius, no violão; Flávia Freitas, no Vocal. Os componentes do Grupo musical têm origem no Projeto Música para Todos e CEFET (IFPI) por onde iniciaram o gosto pelas melodias e instrumentos e vêm garimpando um Caso Sério com a nossa MPB.

(Flávia Freitas e Banda Ovelha Negra/foto: Fernando Muniz)


Sobre a mestra pop rock que anunciou aposentadoria nesse janeiro último pode-se dizer é mesmo uma “rapte-me camaleoa” (Cae), quando o assunto é ganhar a gente com seu rock. “Mutantes - Rita Lee iniciou a carreira no final dos anos 60, em plena efervescência do movimento tropicalista, com Os Mutantes, banda de rock psicodélico que provocou verdadeira revolução na cena pop brasileira.” (www.dgabc.com.br)

(Rita Lee/foto: Felipe Diniz/O Globo)

A artista, de Os Mutantes (1968-1972) e de Tutti Frutti (1973-1978), manteve afiliações musicais com Roberto de Carvalho, Tom Zé, Nelson Motta, Paulo Coelho, Zélia Duncan e Ed Motta, ao longo dessa ótima carreira presenteada. E agora diz que vai se aposentar. Alô, Alô Marciano!, Desculpe o auê, mas Chega mais porque essa Mania de você, Flagra que “(...) é a ovelha negra da família (...)” e não há Atlântida de reino perdido ou terra prometida que desmistifique seu canto de sereia dourada.

Ela, “Rita Lee construiu uma carreira que começou com o rock mas que ao longo dos anos flertou com diversos gêneros, como o tropicalismo, o pop rock e a música latina, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais.” (
www. wikipédia.com.br/acesso: 28/11/2012 às 16h 49)

E é essa Rita que vai arrombar a Festa, no dia 07 de dezembro de 2012, através da Banda Ovelha Negra e de Flávia Freitas, a partir das 20 horas, no Espaço Cultural “Osório Jr.” e Bar do Clube dos Diários.  O “couvert” artístico individual custará R$ 5,00. 

Se você anda meio desligado, venha conferir porque Agora só falta você e a Rita é só Saúde.

 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Conversas de cinema



Conversas de cinema
por maneco nascimento

Aberta + uma temporada de cinema e vídeo na Casa da Cultura de Teresina – CCT. De 26 a 30 de novembro de 2012, sempre às 18h30, a cidade, de cinéfilos e amantes curiosos da fotografia em movimento, pode concorrer ao 18º. Festival de Vídeo de Teresina – FestVídeo e verificar, in loco, as produções na área de Animação, Documentário, Experimental (vídeo-poemas, clips musicais), Ficção e Produção Piauiense (Prêmio Estímulo). Serão exibidos 34 filmes no diverso das linguagens e câmera criativa de diretores e roteiristas.

Na noite de abertura, 26, a melhor exibição que ocorreu foi a conversa sobre cinema. Uma franca e necessária discussão sobre cinema e produção local. Entre as intervenções de quem foi partícipe na comunicação interativa, há que ressaltar as falas de José Wanderson Lima Torres, um dos componentes da comissão seletiva e julgadora do FestVídeo, formada por Wanderson L. Torres, Alfredo Werney, Francisco Aristides S. Filho e José Luis O. e Silva. 

O catedrático em literatura comparada, Wanderson L. Torres, apontou que, do material espiado, pode-se concluir que a ficção apresentou trabalhos de excelência, narrativas bem engendradas, bem elaboradas, mas que deixou a desejar qualitativa e quantitativamente.

 Na linguagem Documentário houve uma grata surpresa, no aspecto da diversidade. Televisivos institucionais, porém de valor muito grande ao expoente de figuras exóticas. Sem muita qualidade cinematográfica, mas que o documentarista conseguiu dar a cara do documentado, completa. 

Projetos representativos dos estados inscritos. Há uma contribuição substancial, “Não devem estar seguindo um mau caminho”, acrescenta Wanderson. Citou “Garotas da Moda” e “Dique”, de Recife, no Pernambuco, e também o Ceará com documentário de elaboração poética, com discurso narrativo a partir das imagens e sonoridade. Lembrou ainda de Alagoas, com uma representação de pouco profissionalismo de realização, mas feito com ousadia nas escolhas das locações. Já sobre a produção local vaticina que “Nosso audiovisual precisa ser repensado, debatido, discutido.”

Também nessa conversa sobre cinema foi acrescentado pelos julgadores que, no Piauí, às categorias Ficção e Documentário não dá para avaliar apenas sobre o que chegou ao Festival. E que a produção local, vista, acaba deixando a sensação de que talvez não se esteja vivendo um bom momento no Piauí, no que diga respeito à produção audiovisual.

Levantada a questão de apoio institucional, do Estado, para uma melhor realização de produção local, quis acrescentar o estudioso de cinema, José Luis Oliveira e Silva, que a linguagem precisa de um + incisivo olhar e apoio efetivo financeiro dos governos, seja a partir dos editais e incentivos direcionais. O cineasta Douglas Machado discordou de Zeca Luis Silva sobre a questão do apoio estatal. Acredita o diretor de cinema que nosso problema não seria só da falta de apoio do governo, mas um problema cultural que passa pela negação da própria identidade.

 Reflexões levantadas muito pertinentes. Quem vê o que é produzido localmente. Quem consome ou apóia o produto local. Acredita o cineasta que não há produção de cinema no Piauí. Há o produto dele (Douglas), o do Monteiro Jr. e do Cícero Filho. Uma produção isolada, pouco conhecida por aqui.

 E que cinema profissional, quando levantada essa questão, seria quando há os contratos e pagamento dos serviços prestados pelos artistas envolvidos no projeto. Quando recebem pelo trabalho os técnicos e diretor do filme, porque todos precisam pagar as contas. Cinema profissional seria a circulação fora do eixo familiar e doméstico dos amigos, mas de representação fora daqui, nos grandes canais de exibição, produto com registro na Ancine.

Fco. Aristides Oliveira Santos Filho também mexeu no quesito produção amadora, uma realização que estaria pouco apegada a + busca pelo aprimoramento técnico. Também foi levantado tema sobre uma batalha inglória de abrir canais de exibição de cinema e formação à recepção de audiovisual, o que suscitou sobre ver e discutir cinema e aprender pesquisando e estudando cinema. 

Para que se deixe de brincar de cinema em uma cidade em que todo mundo já é sabido e algumas pessoas nem dividem conhecimento. No que Douglas Machado acrescentou que talvez o que torne o produto audiovisual consistente, nos estados de Pernambuco e Ceará, seja a solidariedade que há em quem realiza essa produção por lá.

 Wanderson Lima Torres lembrou que nesses estados existe um fermento cultural que embasa as manifestações de identidade e que, naturalmente, estas solidificam o produto finalizado, também na área de cinema. Foi uma noite em que não se poderia prescindir da conversa provocada, quer seja pela discussão acerca da pequena contribuição à produção audiovisual local, seja porque se estava devendo, a nós mesmos, essa franca reflexão de como se está conduzindo os projetos que insistimos em não deixar morrer e que, às vezes, não conseguem dar o salto da evolução necessária.

Os trabalhos e produtos culturais audiovisuais carecem de incentivo, reflexão coletiva e tomada de posição sobre o que se está produzindo e com que perspectivas de resultados.

 Esse comentário sobre 18º. FestVídeo começou pelo fim, ou seja, sobre a conversa planejada para após a exibição dos filmes da primeira noite. Mas nessa edição do 18º. Festival de Cinema de Teresina, diferentemente dos anos anteriores, o resultado dos premiados saiu antes das exibições.

Os premiados, na categoria Animação: “Uma Estrela no Quintal”, de Danielle Divardin (São Paulo) levou o 1º. Lugar; “Bom Tempo”, de Alexandre Dubiela (Minas Gerais), 2º. Lugar; “O Ciclo”, de Maurício Ramos Maques (Curitiba – PR), 3º. Lugar. Os vencedores de Documentário foram, Tuca Siqueira, de Pernambuco, com “Garotas da Moda” (1º. Lugar); Marcley de Aquino, de Fortaleza – Ceará, com “Monte pedra” (2º. Lugar) e Adalberto Oliveira, de Pernambuco, com “Case” (3º. Lugar).

Na Ficção, “Caos” arrebanhou o 1º. Lugar, filme dirigido por Fábio Baldo, de São Paulo; “A Noite dos Palhaços Mudos”, de Juliana Luccas, também de São Paulo, ficou com 2º. Lugar e ainda de São Paulo “Projeto Silêncio”, dirigido por Bruno Caticha. Os Experimentais premiados em 1º. Lugar, “Dique”, de Adalberto Oliveira (Pernambuco); 2º. Lugar, “Borboletas Delicadas”, direção de Wladimir Lima, de Alagoas, e em 3º. Lugar, “Terceiro Passo”, de Dalson Carvalho, de Teresina – Piauí.

O Menção Honrosa foi para Ficção, de Marcelo Quintella (Rio de Janeiro), com “Hooji”. A premiação Categoria Piauiense ficou com “Fourth Step”, idealizado pelo piauiense Dalson Carvalho.

18º. FestVídeo, em sua maioridade de existência, premia + uma vez uma variedade equilibrada no amplo da produção audiovisual nacional que envolveu filmes vindos do nordeste, sudeste e sul do país. Do Piauí, para não perder a indicação da premiação especial local, apontou “Fourth Step”, roteiro a registro de discurso de seita budista. O comum bem feitinho que, talvez, possa ser encaixado na lista dos “doc” expressivos.

A maioridade do Festival, quem sabe possibilite uma inversão, ou melhor, uma maior condição produtiva de audiovisual local, para contrapor ou equilibrar a ótima produção nacional que chega à concorrência do FestVídeo de Teresina.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Direitos hermanos

Direitos hermanos
por maneco nascimento

A Sala Torquato Neto (Complexo Cultural Clube dos Diários/Theatro 4 de Setembro) recebeu de 19 a 24 de novembro de 2012, a 7ª. Edição da “Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul”. Uma diversidade de cinema para quem gosta e, ou é aficcionado pelo encanto e magia da sétima arte reveladas pela técnica e ato criativo do diretor de cinema.

O Piauí já participa da Mostra desde a 3ª. Edição e, segundo o coordenador de viabilização da Mostra, em Teresina, o promotor cultural Walfrido Salmito, a cidade já absorveu muito bem e a cada ano está + integrada ao projeto. 27 capitais brasileiras envolvidas numa realização da Secretaria de Direitos Humanos e na produção da Cinemateca Brasileira/Ministério da Cultura, com o patrocínio da Petrobrás.

E para quem acha que é difícil realizar esse tipo de evento, acabará descobrindo que políticas públicas de formação social cidadã só não existe onde não há quem perceba que a arte e a cultura estão intrinsecamente ligadas ao fator social e às vidas das gentes, desde a reprodução da realidade expiada até a abertura de reflexão e apropriação da identidade através da criação manifestada.

A Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul também recebe o apoio do Ministério das Relações Exteriores, da TV Brasil, SESC, Sociedade Amigos da Cinemateca – SAC, SASC e Governo do Estado. Não bastasse uma semana de filmes em curta e longa metragem, num amplo olhar de diretores, roteiristas, atores e técnicos dessa linguagem de audiovisual, há ainda, o melhor ângulo do Projeto que é ampliar a recepção, através da arte, e facilitar a reflexão e entendimento do papel social através da abordagem dos direitos humanos.

Formar plateia, instigar o interesse pela sétima arte, envolver alunos e professores da rede de ensino básico e informar cidadania reflexiva em repertórios de filmes e linguagem cinematográfica a viés de “Cine-Educação”. Numa das falas de W. Salmito, em que a Mostra ia ganhando vida interativa, disse que foram 37 filmes distribuídos nos horários das 10h, 16h, 18h e 20 horas e que a maior alegria era ver o público interessado e acompanhando as edições, desde a 3ª. Mostra.

Um dos ótimos exemplos de cinema nacional em exibição foi “Cabra marcado para morrer”, de Eduardo Coutinho. Um público estudantil, atento, acompanhou o filme/documentário que conta a história de João Pedro Teixeira, morto por desmandos de detentores da propriedade rural brasileira. Esse herói rural das Ligas Camponesas morreu por defender os direitos naturais à terra e sobrevivência das gentes simples, sujeitadas aos coronéis do latifúndio nacional.

Embora o “incidente” criminoso que matou o trabalhador rural tenha ocorrido há 50 anos, em 1962, o filme sobre sua história tenha sido interrompido com os dias negros do golpe militar de 1964 e só retomado como documentário na década de 1980, quando o diretor voltou ao local para reencontrar os atores reais daquela história e dar continuidade ao filme, qualquer brasileiro se sensibiliza com o documento vivo que “Cabra marcado para morrer” reúne sobre a história da construção político-social brasileira.

Com a implantação da ditadura e seus dias de chumbo, todo o mundo envolvido naquela filmagem, sobre um homem brasileiro, ficou marcado para morrer. Fugas, prisões arbitrárias, torturas, clandestinidade, retomada da liberdade através da Anistia e reencontro dos atores reais daquele filme real, numa metalinguagem de recuperação e registro da memória social, um libelo da liberdade da arte do cinema nacional.

A 7ª. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul – 7ª. Muestra Cine Y Derechos Humanos em Sudamérica, uma grande idéia dessas que só a reunião do propósito já está na contramão dos desvios sociais que presentes em qualquer sociedade. Direitos irmãos devem passar pela prática social de qualquer um e educação e formação cidadã é dever de qualquer um de nós.

Esse projeto já tem lugar cativo também em Teresina, agora só nos resta aprender a aprender a manter viva a chama do livre arbítrio da criação e facilitação do entendimento do papel social que cada brasileiro tem a cumprir. A arte e a cultura nos ensinam isto, o dever do Estado é promover essas políticas sócio-culturais.

“Derechos hermanos”. Direitos comuns. Direitos Humanos através da arte é também papel político. A 7ª. Edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é prova viva de que desejo e vontade também geram ação política e cidadã.

Viva o cinema Latinamérica

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sangra e areia




 Sangra e areia
por maneco nascimento

O Balé da Cidade de Teresina estreou nova peça ao seu repertório de dança contemporânea. Foi buscar inspiração em material lítero-operístico, de franquia universal. A releitura para Carmem, de Bizet e de Prosper Mérimée, recebeu a alcunha de “Carmem – O Ciúme” e tem coreografia assinada por Nazilene Barbosa. A estréia deu-se às 12h30, no Estúdio de Dança da Organização Ponto de Equilíbrio - OPEQ, nesse 23 de novembro de 2012.

Carmen é uma ópera em quatro atos do compositor francês Georges Bizet, com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela homônima de Prosper Mérimée. Estreou em 1875, no Ópera-Comique de Paris. (www.wikipedia.com.br/acesso: 23.11.2012, 15h31)

Com os intérpretes Vanessa Nunes, Jeciane Alves, Giselle Rocha, Cláudia Alves (Carmem e o coro que reverbera a personagem), Samuel Alves, Felipe Rodrigues, José Nascimento, Rudson Plácido (Toureiro, Don José e outros representantes masculinos pontuais) tem-se o vigor a “Carmem – O Ciúme”, de N. Barbosa, que aplica releitura, à obra original, com coragem de imprimir novo olhar à + revisitada criação, ao redor do mundo, desde que feita peça de arte.
(Carmem, de 1875/imagem colhida da wikipedia)

(...) Carmen canta uma habanera aos presentes, que manifestam a sua admiração por ela, à exceção do indiferente Don José, que é, precisamente, o objeto do seu desejo (...) Carmen, em sinal de desafio, atira-lhe uma das suas flores (...) Carmen e Don José ficam sozinhos na praça. A sedutora cigana convence o cabo de que a liberte, promete-lhe o seu amor (...) Don José, alvoroçado, decide libertá-la (...) é preso imediatamente por permitir a sua fuga. Fim do 1º ato.

(...) Don José chega a taberna e declara o seu amor a Carmen, (...) O soldado e o tenente enfrentam-se pelo amor de Carmen. Don José, apoiado pelos contrabandistas, subleva-se ao seu superior, (...) Obrigado pelas circunstâncias, o soldado vê-se finalmente forçado a desertar e parte com a cigana. Fim do 2º ato.

(...) É de noite. Carmen cansada do ciumento amor de Don José e, além disso, descontente com a sua nova vida, tenta adivinhar nas cartas o seu futuro (...) As cartas revelam um mal presságio para Carmen: A morte (....) Don José, cego de ciúme, desafia o toureiro para uma luta até à morte com navalhas, (...) Micaëla, que abandona o seu esconderijo e pede a Don José que a acompanhe porque sua mãe está a morrer. Ele aceita e sai com a aldeã, não sem prevenir Carmen, em tom ameaçador, de que voltará para a vir buscar. A cigana não dá ouvidos aos seus avisos pensando no seu novo objeto de desejo. Fim do 3º ato.

À entrada do toureiro na praça de touros, Mercedes e Frasquita avisam a cigana da presença de Don José, mas ela mostra não ter medo de se encontrar com o seu antigo amante (...) Don José retém Carmen quando tenta entrar na praça, suplicando-lhe que volte com ele. Ela responde-lhe que o seu amor por ele acabou (...) O desertor tenta deter com violência a cigana, mas ela atira-lhe despeitadamente o anel que ele lhe tinha oferecido. Em fúria, Don José enfia uma faca na barriga de Carmen. A multidão que vai saindo da praça assiste a terrível cena. Don José, cheio de tristeza, cai de joelhos junto ao corpo de sua amada Carmen. Fim do 4º ato.
” (Idem)

Do drama original, a coreógrafa Nazilene Barbosa sangra e areia uma revigorada cena para a dança contemporânea do coletivo Balé da Cidade de Teresina. No recorte da dramaturgia apresentada vai costurando as vidas e mortes em moto-repetido, antecipando a tragédia anunciada. Sem negar a tradição, libera novas atenções e intenções para corpos que falam, com desenvolta perspicácia, o discurso da dança e trama. 

(Carmem[Vanessa Nunes] e Don José[Felipe Rodrigues]/foto: Kelson Fernando)


E, na ruptura, realinha nova forma de recontar uma velha história de amor, paixão, ódio, ciúme, traição e morte. As personagens que compõem o coro (as amigas de Carmem e a noiva de D. José) e os outros (contrabandistas, namorados) que interagem e coadjuvam às vozes dos integrantes do triângulo, ou quadrilátero, amoroso (cigana, cabo, oficial e toureiro) estão concentradas em oito intérpretes para “Carmem – O Ciúme”. Uma economia pertinente a quatro atos dramáticos, centrados em 30 minutos de dança.

A apresentação, à cena, do toureiro Escamillo (Samuel Alves) vem ratificar as antecedidas entradas, a de Carmem (Vanessa Nunes), Don José (Felipe Rodrigues) e dos outros coadjuvantes. Firmes, determinadas e limpas na dramaturgia do ato dançado. Os encontros, desencontros e negações das paixões, pontos altos da cena.

A iluminação aquece o enredo e torna + calientes as performances vistas. A música original do libreto é mantida, posto que repercute muito sangue e areia na arena das paixões forjadas. A quebra do paradigma do roteiro musical ocorre, na fuga da tradição, no momento em que a cigana nega o amor ao cabo. A música percussiva, já para veias ibérico-nordestinas, preenche amor e ódio aos sonoros (n)ativos de Fagão, em sua tranqüila harmonia dos sons permitidos.

A concepção do figurino é de Nazilene Barbosa. Alegoriza matizes, justificada pela criadora do vestuário, como ideia de vivência da cultura espanhola, segundo informa a produtora executiva do BCT, Máurea Oliveira. É de feitura confortável ao elenco e emblematiza sentimentos que variam do amarelo ouro, verde, laranja e o vermelho, cor de sangue, este que veste Carmem. Pelo menos duas cores, vermelho e amarelo ouro, compõem a bandeira hispânica e que, juntas com todos os outros matizes aproveitados, revelam o diverso do enredo dramatizado.

(Carmem[Vanessa Nunes], ao centro, com as amigas/foto: Kelson Fernando)

De dramaticidade refinada e de economia assentida “Carmem – O Ciúme” consegue provocar arrepio, por carregar inteireza de movimentos em que corpos pulsam Bizet e Prosper sem que deixe de elementar novidade de que (...) o Brasil não é só litoral (...) e que também, como dita lição o poeta, se consegue ficar de costa para o mar e de frente p’ro país e na insistência criativa a + e reinventadas proposições estéticas.

A Carmem, de Vanessa Nunes; o Don José, de Felipe Rodrigues e o toureiro Escamillo, de Samuel Alves, assim como as intervenções e integrações, ao coletivo dramático, realizadas por José Nascimento, Rudson Plácido (com sobrenome latino), Jeciane Alves, Cláudia Alves e Giselle Rocha definem muito bem a partitura facilitada pela coreógrafa. 

(F. Rodrigues[Don José], ao centro, contracena com J. Nascimento e Jeciane Alves/foto: Kelson Fernando)

A dramaturgia elaborada sangra métodos e movimentos e vai areando as peças da tessitura composicional do drama, de efeito provocante, até gerar um bom brilho. “Carmem – O Ciúme” está para o Balé da Cidade de Teresina como a cidade está à dança em dinâmica constante, gerando novos significantes e significados.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Lavagem do Benedito



A Lavagem do Benedito

por maneco nascimento

A cidade de Teresina, como qualquer outra brasileira, também comemorou o Dia Nacional da Consciência Negra. Celebrado em 20 de novembro, dia emblemático de conservação da memória nacional de resistência ao determinismo colonial e filho de brancos que povoaram os primeiros momentos após a desenvoltura do achamento do Brasil. 

O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).” (www.wikipedia.com.br/acesso: 21.11.2012, às14h 46)

As manifestações, na cidade, deram-se desde a simbólica lavagem das escadarias da Igreja de São Benedito até show com grupos de manifestação afro-descendentes e artistas locais, na Praça Pedro II, que perpetuam a própria sobrevivência e reiteram resistência sóciocultural nessa Teresina de + de 800 mil habitantes, entre negros, mestiços, mulatos, pardos e os brancos reclamados.

Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade. Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc. O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos. (www.wikipedia.com.br/acesso: 21.11.2012, às14h 46)

(Busto de Zumbi/imagem acervo: pt.wikipedia.org)

Dos 400 anos de escravidão brasileira, uma das piores chagas da humanidade reproduzida nesse país, houve sempre a difícil, mas necessária e incontinenti resistência dos povos que, aqui trazidos, foram transformados em força de produção e aparelhos de reprodução de trabalhos escravos. Não tão passivamente assim, viveram quatro séculos de muita dor e maus tratos até que, organizados, foram quebrando, insutilmente, a infâmia do domínio branco e de seus apaniguados.

Zumbi dos Palmares, entre outros, tornou-se elementar a essa resistência à própria sobrevivência da espécie livre e da política de libertar seus pares. 

Zumbi dos Palmares - Líder escravo alagoano. Símbolo da resistência negra contra a escravidão, é o último chefe do Quilombo dos Palmares. Zumbi (1655-20/11/1695) nasce na comunidade de Macaco, na Serra da Barriga, capital de Palmares. Ainda criança é capturado por soldados e entregue ao padre Antônio Melo, que o batiza com o nome Francisco e o torna coroinha. Aos 15 anos foge para Palmares e adota o nome Zumbi (guerreiro).” (www.dialetico.com/Projeto África/acesso: 21.11.2012, às 16h22)
(Zumbi dos Palmares/imagem acervo: portalsaofrancisco.com.br)

Das manifestações na cidade ao Dia da Consciência Negra, o Grupo Cultural Coisa de Nêgo tem desempenhado a atividade de lavagem da escadaria da Igreja de São Benedito. Templo de Padroeiro a Santo negro, numa igreja ao rosário de pretos na liturgia à história religiosa no Brasil. 

Localizada entre as Praça da Liberdade e São Benedito, na área mais central da cidade, é o terceiro mais importante templo católico construído em Teresina, sendo as outras - Igreja Nossa Senhora das Dores e Catedral de Nossa Senhora do Amparo (Padroeira) - os principais templos da cidade. A pedra fundamental da Igreja de São Benedito foi lançada em 13 de junho de 1874, e sua sagração se deu em 03 de junho de 1886. A igreja demorou 12 anos para ser concluída pelo missionário capuchinho italiano Frei Serafim de Catânia, da ordem dos franciscanos, que veio para Teresina em 10 de maio de 1874.” (www.wikipedia.com.br/ acesso: 21.11.2012, 17h58)

(Igreja de São Benedito/foto: wikipédia.com.br)

Ali, no adro daquela Igreja, são realizadas manifestações religiosas, artísticas e culturais, haja vista ser em área de logradouro público. Área externa também a orações, devoções às almas e aflitos necessitados de boa sorte. A igreja em seu suntuoso arquitetônico tem

inspiração romântica com fachada trabalhada voltada para o oeste, planta em cruz latina e abside posterior ao altar-mor, com alto zimbório e majestosa escadaria de pedra que leva a seu adro. Seu portal é arqueado. Uma estátua em tamanho natural do santo padroeiro encontra-se em seu frontispício, entre as torres sineiras de zinco dadas pelo papa Pio XII.” (www.wikipedia.com.br/ acesso: 21.11.2012, 17h58)

O Santo, São Benedito, o mouro, de pais africanos da Etiópia cresceu em sua fé na Sicília-Itália. O Pai, vendido a um rico fazendeiro, Vicente Manasseri, teve que adotar o nome do senhor, ficou Cristóvão Manasseri. A mãe de Benedito, embora libertada, conservou o sobrenome herdado do senhor e se chamou Diana Larcan. Na Sicília, os pais de Benedito se conheceram, se apaixonaram e se tornaram cristãos, casando-se na igreja católica. 

No ano de 1526, nasce o primeiro filho do casal e na pia batismal recebe o nome de Benedito = “Abençoado”, e o maior presente que o pequeno Benedito recebeu foi a carta de alforria do senhor Manasseri.” (marcioreiser.blogspot.com/A História dos Santos: São Benedito[O Mouro])”
(São Benedito (O Mouro)/divulgação)

Pois nesse adro, público, da Igreja de São Benedito, Casa de santo negro também de nossa devoção, à tardinha de 20 de novembro de 2012, houve um “incidente”, envolvendo o celebrante daquele templo, padre Ricardo e o Grupo Cultural Coisa de Nêgo. A autoridade eclesiástica tentou frear a manifestação religiosa afro-descendente que se articulava naquele adro e escadarias da Igreja.

O senhor Ricardo padre argumentou, entre outras coisas, se dirigindo a um componente do coletivo cultural, acerca de ecumenismo e respeito à religião alheia (a da igreja católica apostólica romana): “Você sabe o que é o ecumenismo? É ter respeito pela religião alheia.”Tentou também dissuadir o grupo a parar a manifestação em nome de sua missa em celebração.

Parece que o ecumenismo ficou meio enviesado no discurso do pároco. Houve quase um bate boca entre o “ecumenismo da igreja católica” e a natural manifestação de ocupar logradouro público, o adro e escadarias da Igreja de São Benedito. De lado a lado, cada qual no seu quadrado e com sua convicção religiosa define seu discurso. De sorte é que na Bahia de todos os Santos o discurso separatista de religião de brancos e negros parece que caducou há muito tempo.

Por aqui, com as “bênçãos” de São Benedito e de todos os Orixás, vamos seguindo a vida e, seja na porta, no adro, nas escadarias e nos templos dos Santos, a fé não tem cor, tem ética de construção antropológica e de sobrevivência igualitária de manifestação, queiram os padres ou não.

Que a lavagem do Benedito vire memória social. Deus salve a liberdade de expressão sociocultural!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

(Es)Tá na praça, (Es)Tá na vida



 (Es)Tá na praça, (Es)Tá na vida
por maneco nascimento

O Balé da Cidade de Teresina – BCT resolveu botar as armas pra fora. O “front”, a Praça Pedro II. O embate, da paz enquanto dança. O dia, 16 de novembro de 2012. O horário, às 17 horas, enquanto transeuntes, frequentadores contumazes e quem + assentiu ao chamado e tomou chegada à proposta apresentada.

Experimento I”, como denominou a facilitadora da intervenção, Mariana Alves. Segundo a pesquisadora e coreógrafa, a proposta seria fazer um exercício, na linguagem da nova dança, que trabalhasse a identidade de composição do grupo que atualmente compõe o coletivo BCT. “Trabalhar características individuais para fortalecer algo mais maduro”,completa.

A investigação deu-se em etapas. Exposições, depoimentos e as pesquisas de movimentação. A coreógrafa está há + de um ano desenvolvendo com o BCT uma abertura facilitadora de investigação das partituras individuais de cada bailarino intérprete. 

Pelo viés da dança contemporânea construiu, com o coletivo, uma primeira margem de ações livres que, talvez, ganhem outros logradouros à experimentação.

Experimento I” poderia ser um exercício sem codificação, de breves memórias do currículo de cada bailarino intérprete, suas experiências particularizadas por onde passaram, no percurso de sua profissionalização em dança, pela cidade que representam e, como essas memórias afetivas, se intercambiem para uma resposta prática em dança.

(Experimento I - BCT/foto: Kelson Fernando)

Também passariam pelo laboratório, questões de hoje. Sobre dança contemporânea, que escolhas fazer, métodos, sonhos e, a partir disso, que pretensões desempenhar no Grupo Balé da Cidade de Teresina. Já à facilitação da prática, propriamente, uma sugestão da escolha de um local preferido, logradouro público da cidade. A incidência recaiu, naturalmente, para a Praça Pedro II.

O logradouro em que os artistas se sentissem bem e que ocupariam espaço para intervir e quebrar o lugar comum das experimentações naturais em estúdio. Na Praça Pedro II, uma caixa de som amplificada e depoimentos recolhidos dos profissionais do BCT transformam-se em mote à desenvoltura do que foi recepcionado àquela tarde.

10 intérpretes criadores, para um grupo de 11, ocuparam a Praça e, entremeados pelo público em todos os quadrantes do mapa escolhido, foram dando forma ao proposto. Estudantes, comerciários, casais de namorados, moradores de rua, feirantes da ocasião, entre outros, foram meio sendo confundidos com a intervenção. A melhor resposta.

(Experimento I - BCT/foto: Kelson Fernando)

Aos poucos, os artistas vão ganhando destaque, mas a essa altura o público já está bem envolvido. Um coletivo determinante da atenção de quem foi enleado pelo exercício. Há o diverso da ideia da particularidade que se confunde com o todo e essa brincadeira de parecer fora d’água comum a todos os pés. No entanto tudo conflui para identidade e pertencimento de quem comunga com a práxis de licença poética, na intransitividade da dança apresentada.

Experimento I” reuniu os intérpretes criadores Vanessa Nunes, Hellen Mesquita, Samuel Alves, Jeciane Sousa, Adriano Abreu, José Nascimento, Felipe Rodrigues, Cláudia Alves, Giselle Rocha e Rudson Plácido em laboral movimento para novas descobertas. 

Há, em um ou dois bailarino (a)s certa dificuldade em quebrar o padrão formal do exercício acadêmico, mas de modo geral o coletivo consegue dar descoberta às indicações de pesquisa mostrada. Na equipe de apoio vêm Chica Silva, na coordenação artística; Máurea Oliveira, na produção executiva; Carla Marques, ensaiadora do coletivo e Mariana Alves, facilitadora da pesquisa indicada.

Experimento I” uma boa ideia a ser reproduzida, pois que provocadora de novos olhares a quem, desavisadamente, topa com a proposição. Preenche os espaços físicos do logradouro, mas especialmente invade os vazios da recepção, dos cotidianos comuns de quem pára pra ver.

(Es)Tá na praça, (es)Tá na vida de qualquer um, sem mistérios nem reinvenção da pólvora. + cidade precisa interagir com o espetáculo que o Balé da Cidade de Teresina lança à cena na rua.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Reflexões breves e poesia


 Reflexões breves e poesia
por maneco nascimento

Hoje, 14, em véspera de feriado de comemoração à proclamação da República brasileira, ocorrida em idos do século XIX, sem muitas delongas, vou refletir um pequeno olhar curioso para dias, desse presente, que nos absorvem nesse mundo cão, de Deus brasileiro.

O Homem em ‘neutro’ de proteção ao mundo que o domina. O rodapé da parede carcomido, a porta pichada, a vitrine superinformada e, refletindo um carro, ao largo da rua. Da vida que é possível ao sujeito observado.” (nascimento, maneco. A foto do homem de rua [Pequena poesia]. Teresina/março de 2012)

(morador de rua, usuário de crack/foto: noticias.uol.com.br)

Agora se o assunto é história e memória nacionais, que se lembre da nossa proclamação da república, quebra de domínio de governos monárquico-brasileiros e quaisquer sinais que pudessem, ainda, sobrexistir de heranças da metrópole portuguesa, nossos troncos imperiais. 

A Proclamação da República Brasileira foi um levante político-militar ocorrido em 15 de novembro de 1889 que instaurou a forma republicana federativa presidencialista de governo no Brasil, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do Imperador Dom Pedro II. Foi, então, proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil.

A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país.


(Proclamação da República[Benedito Calixto, de 1893, óleo sobre tela]/Acervo Pinacoteca Municipal de São Paulo)


Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo provisório republicano. Faziam parte, desse governo, organizado na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca como presidente da república e chefe do Governo Provisório; o marechal Floriano Peixoto como vice-presidente; como ministros, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos membros regulares da maçonaria brasileira.” (www.wikipedia.com.br/acesso: 14/11/2012, 19h10)

Já o mundinho de “nosotros”, em hoje que somos herdeiros daqueles primeiros heróis da liberdade republicana brasis, é também caminhos de pedras e outros percalços a serem debelados a cada rojão das manhãs nacionais, seja nos grandes centros urbanos, seja nas vilas, favelas e moradias das franjas do Brasil de ordem e progresso assegurados à força de quem tenha melhor desempenho à sobrevivência.


(morador de rua/foto: agenciabrasil.ebc.com.br)


Esse ano de 2012, de eleições municipais, o país teve sua cota de exageros, (in) disfarçáveis estratagemas de tomar a eleição do adversário e viva-se bem com isso, porque daqui a pouco, desde já começam as artimanhas do próximo pleito, serão dias das eleições governamentais 2014.

Sobre as eleições últimas que já vêm prontas e tabeladas, é somente requentar e usar” (Caê), descobri que é uma briga de cachorros grandes, difícil ao eleitor, ingênuo, é saber quem enterrou o maior defunto.” (nascimento, maneco. Uma briga de cachorros grandes [Pensando alto]. Teresina/27.10.2012, às 12h53)

Mas é o nosso Brasil e sua democracia praticada na esteira de seus 123 anos de república proclamada. Nesse admirável mundo de nossos dias há, ainda, muita corrupção pipocada em novos temas a cada instante, há também uma atual disputa de poder que envolve polícia heróica, polícia bandida e comandos bandidos armados, nos grandes centros urbanos e há + ainda em todo o país, no fogo cruzado das mazelas reverberadas, a esperança de dias melhores desejada aos que (de)verão nação melhor.

Queria ter a/sorte das pedras/só o tempo/as desgasta/quando/o silêncio/as faz sóbrias.” (nascimento, maneco. A Dobal e J. C. de Melo Neto [Falas da pedras]. Teresina/26.10.2012, às 9h54)

"A solidão está povoada de presenças” (Genet). Então, mesmo no silêncio ou no barulho que se faça a comunicação para o melhor entendedor e seu contexto. No Grito do Ipiranga, no da República ou no das novas armas de Jorges, Pedros, Franciscos e Manoéis, se viva a liberdade e salve a república democrática brasis.

(morador de rua/foto: agenciabrasil.ebc.com.br)


Porque nesse 15 de novembro, como em todos os outros trezentos e sessenta e quatro dias, se continua em testemunho da brava luta de gentes para sobreviver bem e com a dignidade que nos sobrar.