por maneco nascimento
“(...) Ficou famoso entre a população o sereno do Theatro 4 de Setembro, quando grupos de pessoas ficavam à porta da casa, depois dos espetáculos, jogando conversa fora ou esperando a hora dos bailes, outra coqueluche que dominava o centro da vida social, naquele período. (...)” (O Teatro Piauiense No Começo Do Século XX. Cap. VI, pg. 50/ CAMPELO, Aci. História do Teatro Piauiense.Teresina- PI. Halley, 2010, 276p.)
Uma interessante pesquisa histórica, especialmente a parte em que os dados são hemeroteicos, compõe a última edição de Aci Campelo em revisitação aos bastidores do princípio do teatro praticado em Teresina e Piauí.
“História do Teatro Piauiense” descreve a vida de teatro dos primeiros amadores, em que o autor possibilita fatos e dados pitorescos e revela o esforço laborado de quem trazia à luz os passos iniciáticos às cenas locais. O livro ganhou vida de edição graças ao Incentivo Cultural da Lei A. Tito Filho/Prefeitura de Teresina e Faculdade Santo Agostinho.
O teatro do século XIX e as referências do nascedouro das primeiras Casas de espetáculos, o Teatro Nacional de Santa Teresa, o primeiro Teatro do Piauí, segundo as pesquisas levantadas pelo autor, construído em 1858; o Teatro 06 de Julho, plantado numa residência no ano de 1875.
“Com o fechamento do Teatro Nacional de Santa Teresa, as representações teatrais em Teresina voltam às casas e quintais particulares (...)” (Idem). O Teatro Concórdia surge em 13 de junho de 1879 e com seu fechamento em 1890, teatro, palestras literárias e outros eventos oficiais ou particulares passam a ter sede no Palacete da Assembléia Provincial, levantou o autor.
E, por fim, a histórica ida da comissão de senhoras da sociedade de Teresina ao Palácio do Governo solicitar ao Presidente da Província, Teófilo Fernandes dos Santos, a construção de um novo e profissional Espaço para receber as companhias nacionais e estrangeiras , acolher também, os grupos e agremiações responsáveis pela vida útil e constante que o movimento cunhou como legado aos dias atuais.
A Casa, batizada com a data da visita cultural ao Presidente da Província, com pé direito definido também ao movimento cênico atual, o Theatro 4 de Setembro foi entregue ao governador Coriolano de Carvalho e Silva, em 21 de abril de 1894, pelo comerciante e responsável pela construção da obra arquitetônica, Manuel Raimundo da Paz, nomeado seu primeiro Diretor.
Aci Campelo após esse breve, mas rico percurso pela estrada de tijolos de matiz diverso da construção de Casas e movimento amador, evolui em suas investigações para o século 20 e todos os desdobramentos culturais que as décadas desse novo século possibilitaram a verve da Cidade Verde. Vai desvendando talentos e iniciativas que a força das artes cênicas local gerou à posteridade.
Os grupos teatrais piauienses de 1900 a 1930, o vazio dos anos 30 e 40, o recomeço da década de 50, o Grupo de Teatro Experimental – TEEX, o Teatro Estudantil Teresinense – TESTE, o Grupo de Espetáculos do CEPI, a criação da Federação de Teatro Amador do Piauí – FETAPI, o Grupo de Teatro Pesquisa – GRUTEPE, o Grupo Raizes de Teatro, os Festivais de Teatro, Síntese Histórica dos Grupos de Teatro de Teresina e o Teatro nos Municípios fecham a colcha de retalhos dessa dinâmica teatral de história experienciada.
Trabalho ardoroso e, peculiarmente amante das coisas de teatro, é o que se percebe, com interesse de leitor, na forja do instrumentado objeto de pesquisa e curiosidade da “História do Teatro Piauiense”.
Salvo algumas inadequações ortográficas e descuido de revisão melhor concentrada, a nova obra do autor de textos dramáticos, A. Campelo é peça para não ser desprezada, especialmente por quem se volta à história, memória e registros variáveis entre serenos e tempestades de manifestação cênica investida.