terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Reggae em festa


Reggae em festa
Por maneco nascimento

Quando os dias de março chegarem, a festa será do reggae. O Portal Reggae Teresina completa um ano de existência e incrementa a energia ritmada jamaicana que ganhou o mundo e também aportou, em sua forma de manifestação, na cidade verde.

Quem nunca ouviu, ou balançou ao som do reggae de raiz e força de expressão musical da ilha de Jamaica. Criado nos anos 60 pelo produtor jamaicano Lee “Scratch” Perry, que dividiu essa glória de invenção ritmada com Bob Marley & The Wailers, o reggae avançou sobre as sociedades e foi adquirindo sua diversidade e dinâmica singular sem perder-se da nave mãe.
(Lee "Scratch" Perry, um dos criadores do reggae/foto colhida da wikipédia.com.br)

Lee “Scratch” Perry nasceu Rainford Hugh Perry, em Kendal – Jamaica, em 20 de março de 1936. DJ, músico, técnico de som e produtor musical jamaicano. Ganhou um GRAMMY Awards de melhor álbum reggae em 2002. Grande influência no desenvolvimento e aceitação do reggae e do dub na Jamaica e no exterior. Da publicação Rolling Stone, foi eleito como o número 100, na lista dos 100 Maiores Artistas de Todos os Tempos, no ano de 2004. (www. wikipédia.com.br - a enciclopédia livre/acesso às 16h45, de 28.02.2012).

Perry é o inventor do dub (base instrumental do reggae, que destaca linhas de baixo e reverberações) ao lado do King Tubby (www.abemusica.com.br) e ainda desempenha o ska, rogksteady e drum and bass (reggaebrasilhistoria.blogspot.com)

Bob Marley, de nascimento Robert Nesta Marley, em Nine Mile, aos dias 6 de fevereiro de 1945. Desapareceu em 11 de maio de 1981, na cidade de Miami. Cantor, guitarrista e compositor jamaicano. O + conhecido músico de reggae de todos os tempos e famoso por popularizar o gênero musical. (www. wikipédia. com.br - a enciclopédia livre/acesso às 16h35, 28.02.2012)
 (Bob Marley, um dos fundadores do reggae/foto colhida da wikipédia.com.br)

Divulgador da religião, através de suas composições, foi chamado de “Charles Wesley dos rastafáris”. Seu legado histórico continua, através dos filhos, na banda Melody Makers, com os renomados Ziggy e Stephen Marley. Também seguiram carreira musical, seus outros rebentos Kymani Marley, Julian Marley e Damian Marley, vulgo Jr. Gong. (www. wikipédia.com.br - a enciclopédia livre/acesso às 16h37, 28.02.2012)

Boa parte de seu trabalho tratava dos problemas de pobres e oprimidos. Bob Marley foi eleito pela revista Rolling Stones com o título de 11º. Maior Artista da Música de Todos os Tempos. (Idem)

Outro nome que não perde o caminho da manifestação musical, na história, é Boy George. George Alan O’Dowd, nasceu em Londres, dia 14 de junho de 1961. Cantor, compositor e DJ, o artista britânico foi um dos cantores + famosos e excêntricos da década de 1980, à frente do grupo Culture Club, do movimento new wave, fundado em 1982. Escândalos e drogas concorreram para o fim do grupo, em 1987, quando Boy George iniciou carreira solo. (www.wikipédia.com.br/acesso: às15h48,28.02.2012)


No Bahia, a cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, é o reconhecido berço do reggae no Brasil e gerou grandes nomes como Edson Gomes, Sine Calmon, Nengo Viera, Tim Tim Gomes, Edy Brown, Isaque Gomes, filho de Edson Gomes, entre outros. (reggaebrasilhistoria.blogspot.com)

Pois é dessa música, influências e suas reinvenções que o dia 03 de março de 2012, sábado, a partir das 21 horas, no Bar do Clube dos Diários, irá ser palco do primeiro aniversário do Portal Reggae Teresina.

As participações à grande festa contam com a Banda Espírito Livre (Fabiano Tiago), os DJs Hercolis Gregory, André Lima, Black France, Ivanildo Costa, Master Holt e Zezinho Rasta. De São Luis, do Maranhão, a equipe vinil Dub Collection. Todo o gênero será distendido com a Equipe Radio Reggae Zion.

Uma noite inesquecível ao repertório livre e concorrida aos amantes do reggae, no Bar do Clube dos Diários, a partir das 21 horas. Ingressos: R$ 8,00 a inteira e R$ 4,00 a meia entrada.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Para sempre lembrar


Para sempre lembrar
por maneco nascimento

Noutro dia em conversa com um amigo, falamos sobre trabalho, arte, cultura, experiência e escolha da profissão. Lembrou de quando foi embora para o sudeste do Brasil. Foi estudar e profissionalizar-se na escolha que havia feito para si.

Do seu pai, quando comunicou da decisão de ir estudar fora, ouviu um conselho que definiu e reforçou a escolha. Que o filho deveria manter-se do próprio esforço do trabalho que escolheu.

Este jovem cheio de sonhos e determinação foi, viu, venceu. Tornou-se um dos grandes nomes do balé clássico do Estado do Piauí. Reconhecido no Brasil inteiro, companheiro de tablados e cenas da dança de grandes vultos nacionais e internacionais, o jovem Helly Batista voltou à sua terra e montou seu laboratório de expansão da dança clássica no Piauí.

Sua escola de dança “Academia de Balett Helly Batista” está no mercado há trinta anos, desde quando trouxe a novidade e abriu canal de interação da cidade com grandes coreógrafos, criadores e bailarinos dessa terra chamada Brasil.
 (Helly Batista e Dedila Machado/foto colhida do teens 180 graus)

Conselheiro Brasileiro da Dança no Estado do Piauí, tornou-se nosso embaixador por mérito de conhecimento, relações de trabalho na área profissional abraçada e de domínio das próprias escolhas que o fez quem é para o estado natal.

O conselho de seu pai veio com a sensibilidade, carinho e pragmática visão de quem sabe onde pode chegar quem sai aos seus. Norte da dança por esses lados e fundador de uma das escolas de clássico + tradicionais da cidade, esse jovem artista desapareceu de nosso convívio saudável no último dia 25 de fevereiro de 2012, aos tenros 56 anos de idade.

As conversas amigáveis, divertidas e seu humor natural de lidar com a gente nos vão faltar. Atualmente,  era Coordenador de Dança da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, esteve muito próximo de nós em encontros, trabalhos e projetos realizados não só para a pasta de sua responsabilidade, mas nas atividades interrelacionadas que a todos maior aproximação criava.

Deixa um legado detalhado de como um sonho e uma escolha fazem a diferença quando se sabe o que quer. Formou excelentes profissionais. Continua, a sua Academia, exportando talentos piauienses para que o mundo não esqueça quem foi e quem é Helly Batista.
(bailarina, com bolsa no estrangeiro, Mara Janaina Barros, E. Ferro e Helly Batista/foto  galeria Roberta Rocha/acesse piaui.com)

Com herança cultural muito definida e percurso de formação profissional na dança bem seguro, fica seu filho e orgulho Helly Batista Jr., para manter acesa a chama do sonho de Helly pai. Um dos projetos destacáveis da sua empreitada de dança para o estado e que colocou, à frente, seu filho Helly Jr. é o “Dançar à vida” que facilita a arte de dançar a crianças carentes de diversos bairros de Teresina.

Aluno(a)s da rede estadual e municipal de ensino e crianças de baixa renda que possuem qualidades físicas e talento facilitáveis à arte do balé clássico passam pela “Academia de Dança Helly Batista” e ganham a possibilidade de concorrer, com mérito, a bolsas de estudos em conceituadas escolas de dança do mundo.

Esse é um sonho que não se perde e a boa escolha de Helly Batista fica como melhor referência de que basta querer e correr atrás do sonho, porque a arte tem vida própria e não pretere ninguém, especialmente quem detém energia para não desistir, talento e determinação para vencer.

Helly Batista sabia disso e nos deixa provas de que a humanidade melhor na fita será sempre a que também aposta na arte, na cultura e na reinvenção da história e memória do fazer artístico. As sociedades que desprezam a arte têm menor fôlego de humanidade e carregam consigo pouco de sensível e muito do obscuro.

O querido Helly, na felicidade dessa nova etapa, de certo dividirá rodas de conversas e risadas com Nijinsky, Béjart, Jorge Donn, Lenir Argento, Isadora Duncan, entre outros grandes pilares dessa dança feita obra e arte de corpos que falam.
(Jorge Donn, bailarino argentino, pupilo de Maurice Béjart/foto colhida da wikipédia, a enciclopédia livre)


Por aqui, vai-se sobrevivendo bem. Saudades sempre, para sempre lembrar do amigo, bailarino, coreógrafo, professor e mestre de dezenas de seguidores que hoje a Teresina e o mundo reconhecem enquanto dançam.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Deixa o carnaval passar...


 Deixa o carnaval passar...
por maneco nascimento

Nos dias que antecederam a passagem da majestade momesca, festejado carnaval brasileiro, o país foi só de aniversários em antecipação à alegria dessas horas de folia. As comemorações pipocaram em confetes e serpentinas que abririam alas a quem não queria sofrer, não queria chorar, a tristeza foi deixada... 

(...) lá fora/ Mandei a saudade esperar, lá iá lá, iá/Hoje eu não quero chorar/Quem quiser que sofra em meu lugar.” (O Primeiro Clarim, cantada por Dircinha Batista, dos compositores Rutinaldo e Klécius Caldas), porque quando o carnaval passa, de Chiquinha a chiquitas bacanas, lá da Martinica, tudo e todos brilham porque o samba e o carnaval, como se tem no país tropical, é da pecha de invenção local e vem recheado de memórias. 

Em comemorações, se festejou o frevo, em seus 105 anos de invenção pernambucana mais emblemática. O Dia do Frevo, 09 de fevereiro, na festa do Recife “Orquestras, passistas e cortejos de grupos percussivos celebram o Dia do Frevo no Pátio de São Pedro, no centro da cidade, esquentando ainda mais o clima de Carnaval da capital pernambucana.” (portal Terra/09 de fevereiro de 2012. 15h52 atualizado às 22h06/acesso: 10.02.2012, às 11h45

A data remonta a 1907 quando houve a primeira referência ao nome do ritmo, em jornal do Recife. Os historiadores atribuem que o frevo ganhou forma na boca dos foliões a partir de uma brincadeira com a palavra “ferver”. 

Ao comemorar 100 anos, em 2007, foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A dança característica desse ritmo quente leva o título de proteção cultural por mérito manifestado. Segundo historiadores, os passos surgem da união do estilo musical da capoeira, manifestação muito comum no período dos primeiros frevos. 

Já o Rio de Janeiro, a “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil (...)” (Cidade Maravilhosa: André Filho, 1934), completou 80 anos de samba na avenida, brincadeira que começou lá pelos idos da década de 1930. Comemora-se, neste 2012, o 80º. Aniversário do primeiro desfile de Carnaval, que surgiu em 1932.

O primeiro desfile foi organizado pelo jornal ‘Mundo Sportivo` no dia 7 de fevereiro de 1932, domingo de Carnaval, e contou com 23 escolas de samba formadas por 100 dançarinos vestidos de terno ou com fantasias simples e recatadas, uma imagem muito diferente da exuberância e sensualidade atuais.” (Veja Celebridades/matéria de Manuel Pérez Bella, 08/02/2012 – 18:47/acesso: 09/02/2012, às 11h30)

O que era pequeno, mas manifestadamente popular, cresceu no olho do poder oficial e “'Nos anos 40 as autoridades se deram conta que os desfiles eram uma coisa bonita, da cultura popular, e foram permitindo sua realização. Até então eram marginalizados’ explicou Monarco” (Idem)

Monarco, da Velha Guarda da Portela, com seus bem vividos anos de passarela sabe bem do que fala. Seus 78 anos de idade e 65 de carnaval são memórias de um tempo de ouro.  Iniciou-se nessa festa em 1947. 

E, na década de 1940, quando começou seu histórico de folião, era também a época de ouro do rádio e o carnaval em samba e marchinhas já fazia história nos programas de auditório, através das grandes composições e vozes de rainhas e reis. Se Chiquinha Gonzaga já abrira alas em 1899, então o que o samba não fez a partir de 1930 para que as décadas seguintes fossem pura mina de ouro. 

O samba, o carnaval, o samba enredo, marchinhas, ranchos, entre outros, a identidade musical de pura nacionalidade em que os grandes mestres abriram a cornucópia da criação. Ainda em 1920, “Pé de Anjo”, de Sinhô, fez do seu sucesso ecos que reverberam nos salões até hoje. Na esteira da popularidade vieram “Ta-hi!” (Joubert de Carvalho, 1930), “O Teu cabelo não nega” (Lamartine Babo/Irmãos Valença, 1931).

As boas disputas musicais nos deram “Linda Morena” (Lamartine Babo, 1932), “Linda Lourinha” (Braguinha, 1933). Em 1934, pérolas como “Cidade Maravilhosa” (André Filho) e “Pastorinhas” (Noel Rosa/Braguinha) foram encanto e luz na boca do povo. Já em 1935, Lamartine Babo ataca de “Grau Dez”, em parceria com Ary Barroso e Noel Rosa e Heitor dos Prazeres vêm de “Pierrô apaixonado”.

Para 1936, o sucesso é embalado por “Balancê” (Braguinha/Alberto Ribeiro) e “Mamãe Eu Quero” (Jararaca/Vicente Paiva). Braguinha ganhou + gosto e no ano de 1937, com o parceiro Alberto Ribeiro, brindou o carnaval do samba com “Touradas em Madri” e “Yes, Nós Temos Banana”. Em 1938, “A Jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, perguntava sobre a tristeza da personagem acabrunhada. Mas a música melodramática, uma alegria do samba, convivia com outro sucesso, “Vaca Amarela”, de L. Babo e Carlos Netto.

“JouJoux e Balangandãs”, um bom humor de Lamartine Babo, dizia “Joujous, Joujoux? Que é meu balangandã?...” foi samba para 1939. “Allah-La-Ô”, de Haroldo Lobo e Nássara; “Aurora”, de Mário Lago e Roberto Roberti e “Iaiá Boneca”, de Ary Barroso, estão para 1940, como “Apaga a Vela”, de Braguinha e “Chik Chik Bum”, de Antônio Almeida, estão para 1941

Se carnaval tem hora, “Está chegando a hora”, de Rubens Campos e Henricão, contou o tempo de alegria em 1942, mas teve companhia de “Nós, os Carecas” de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti

A festa, entre saltos e pulos, foi de “Pirata da Perna de Pau”, de Braguinha, que está para 1946 assim como “Cordão dos Puxa-Sacos” de Roberto Martins e Frazão.  1947 trouxe a “A Mulata é a Tal”, de Braguinha e Antonio Almeida e “Coitadinho do Papai”, de H. de Almeida e M. Garcez. “Chiquita Bacana”, de 1949, traz novamente a dupla Braguinha e Alberto Ribeiro.

A década de 50 também se garantiu. “Se é pecado sambar” (João Santana); “Daqui eu não saio” (Paquito e Romeu Gentil); “Nega Maluca” (Fernando Lobo e Evaldo Ruy) e “Flor Tropical (Ary Barroso), foram de 1950. No sassarico dos salões, “Sassaricando”, de Luiz Antônio, Zé Mário e Oldemar Magalhães, ganhou 1951. Marlene gravou “Lata D’Água”, de Luis Antônio e Jota Jr, em 1952. “Marcha do Caracol”, de Peter Pan e Afonso Teixeira, também fechou esse ano.

 “Zé Marmita” (Brasinha/Luiz Antônio); “Cachaça” (Mirabeau Pinheiro/Lúcio de Castro/Heber Lobato) e “Saca-Rolha” (Zé da Zilda/Zilda do Zé/Waldir Machado) fizeram, em 1953, crítica humorada e alegria contagiante.

Ainda para essa década, peças inestimáveis como “Maria Escandalosa” (Klécius Caldas e Armando Cavalcanti) e “Marcha do Tambor” (Jurandi Prates/Hianto de Almeida/Ewaldo Ruy) deram graça a 1954. Quem sabe, sempre sabe, então Jota Sandoval e Carvalhinho saíram com a perolada “Quem sabe, sabe” que, em 1955, juntou-se a “Tem Nego ‘Bebo`Aí”, de Mirabeau Pinheiro e Ayrton Amorim.

A “Turma do Funil”, composta para o carnaval de 1956, de Mirabeau Pinheiro, M. de Oliveira e U. de Castro, dividiu brilho com “Vai com jeito”, de Braguinha. Para 1959, Ivan Ferreira, Homero Ferreira e Glauco Ferreira brincaram com a moeda e o calor do carnaval em “Me dá um dinheiro aí”.

 Carnaval também para índio veio com “Índio quer Apito”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira que abriu o ano de 1960 e “A Maria Tá”, também de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, esteve lá. “Marcha do Cordão do Bola Preta”, de Nelson Barbosa e Vicente Paiva foi para 1962

1963 apresentou “Twist no Carnaval”, de Braguinha e Jota Jr.; os parceiros João Roberto Kelly e Roberto Faissal vieram de “Cabeleira do Zezé”; “Pó de Mico”, de Onildo Silva, Renato Araújo e Dora Lopes alertou o salão e Capiba compôs “Madeira que cupim não rói”. 

“Mulata iê iê iê”, de João Roberto Kelly veio para 1964 e em 1965 foi de composições como “Água na boca”, de Mendes, gravada pelo Bloco Cacique de Ramos, como também de “Na Onda do Berimbau”, de Osvaldo Nunes. A “Colombina iê iê iê”, de João Roberto Kelly e David Nasser alegrou 1966, assim como risos, palhaços e alegria em “Máscara Negra”, de Zé Keti e Pereira Mattos.

 Também de amor vive a alegria e “Amor de Carnaval”, de Zé Kéti, salvou 1968. As bandeiras da alegria carnavalescas trouxeram “Bandeira Branca”, de Max Nunes e Laércio Alves e também “Marcha do Remador”, de Antonio Almeida, para o ano de 1969. 

Música e alegria são temas de folia e diversão, logo muitos sucessos ganharam força ano a ano e viraram “hit”, como “Chuva Suor e Cerveja”, Caetano Veloso, 1971. Também da Velha Guarda, para 1971, “Bloco da Solidão”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim.

 “Tem capoeira aí”, de Batista da Mangueira, esteve na vida de 1973 e “Boi da Cara Preta”, de Zuzuca, brindou memórias infantis em 1974. Caetano Veloso criou a “A Filha da Chuiquita Bacana” para 1975. 

Outras raridades do carnaval ganharam memória, como “Tomara que chova”, de Paquito e Romeu Gentil; “Roubaram a Mulher do Ruy”, de José Messias; “Maria Sapatão”, de Chacrinha, Roberto, Don Carlos e Leleco; “Marcha da Cueca”, de Carlos Mendes, Livardo Alves e Sardinho; “Tristeza”, de Haroldo Lobo e Niltinho e também “Até Amanhã”, de Noel Rosa, o poeta do Morro.

Memórias dos dias de 20, 30 e muitos anos outros que preencheram os salões e alegorias, à produção em série, a uma das maiores expressões artísticas nacionais. Porque este é o “País Tropical” (Jorge Bem Jor) e, hoje e sempre, ainda é samba.

 Deixa o carnaval passar... porque se lá atrás havia gênios do samba, nesses dias de novos hits salvam-se os bambas que fizeram memórias de outros carnavais.

Fonte: veja.com
             terra.com
www.samba-choro.com. (letras de marchinhas de carnaval... por Paulo Eduardo Neves)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Você abusou...


Você abusou...
por maneco nascimento

Você abusou, tirou partido de mim, abusou/Você abusou/Tirou partido de mim, abusou/Tirou partido de mim, abusou/Tirou partido de mim, abusou (...)(Você abusou/Toquinho)

O Portal Vooz publicou matéria, hoje, com a manchete: “Família de Fernanda Lages irá processar sambista que criou marchinha sobre a estudante” e no desdobramento “Uma marchinha divulgada na quinta-feira (16) está gerando polêmica nas redes sociais e até mesmo fora dela. A marchinha que faz alusão ao caso Fernanda Lages, foi criada pelo carnavalesco José Marques (Zemarx).” (www.vooz.com.br/publicado em 17/02/2012, às 15h16)

Após a publicação no facebook e percebendo a repercussão negativa de sua postagem, José Marques retirou a postagem do dia (16/02) e publicou a marchinha, modificada, nesta sexta-feira(17). José Marques substituiu o nome de Fernanda, por “Maria” e disse ainda que qualquer semelhança era mera coincidência.” (Idem)

Podia, o compositor/sambista, passar um carnaval, se não em brancas nuvens, pelo menos em esparsos dias de sol e chuva, mas com alegria de brinquedos momescos. Mexer com assuntos de fórum íntimo, “não pega nem bem, né?”

Em trocadilho para a ótima música, sambinha bossa nova, sem desrespeitar o autor, nem seu tema gostoso de ouvir cantado, diria eu: você tirou partido do que não devia, abusou e me perdoem se insisto nesse tema, mas se não sabe fazer poema ou canção sobre amor e paz, que fale de outra coisa que não seja algo que nunca terá domínio, seus versos perdem-se da aritmética, pouca estética e tamanha “ingenuidade” em indisfarçada pele de cordeiro. Você abusou...

O portal ainda divulga na matéria as duas versões compartilhadas da “marchinha” de carnaval, em que há uma súbita substituição do nome da estudante por o de uma Maria. Joga-a na vala comum e ainda transforma as Marias em estudante descuidada e sem educação ambiental, haja vista ir a um prédio em construção fazer necessidades fisiológicas.

A “marchinha”, de sambista local, desfila na contramão da história. Naturalmente gerou indignação às pessoas + inteligentemente sensíveis. Chifre nunca nasce em cabeça de burro, mas pode ser plantado e criar essa realidade.

Na marchinha, a quem tiver olhar + atento, verá que sendo Maria, ou outro nome qualquer o acinte é de margem do descuido da ética, ou arroubo de vaidade que sobrepõe-se entre o respeito e a dívida de silêncio devido aos mortos.

Não diria que uma intertextualidade com a composição “Mônica”, de Ângelo Ro Ro, porque esta tem função social de denúncia e crítica embasada. Aquela, um ímpeto de criar novidade que fez do giro um giral caído sobre seu criador. Male sorte!

Qualquer iniciativa dessa natureza seria agravante, agressiva gratuita e de denúncia vazia, porque não cabível a tema de carnaval. Não como chacota, com discurso embutido para manter o assunto vivo. Não se mexe com mortos para destratá-los. Perdeu o humor que nunca aprendeu a desempenhar.

Quisesse brincar, numa falsa distância da coincidência, falasse da comunidade e de suas próprias mazelas. Deixasse os mortos descansarem em paz. O risco de se viver sempre criando “espécies” na mídia, é que uma hora elas vêm morder o calcanhar de seu criador.

A mesa está posta, de resto é comer e beber o amargo do joio cultivado.

Qual é a sua cor?




Qual é a sua cor?
por maneco nascimento

Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, ainda haverá guerra.” (Bob Marley)

Nos dias noticiosos, que nos perseguem, à manifestação humana sobre o princípio do poder e violência do homem, lobo de si mesmo (Hobbes), tem-se exemplos emblemáticos, a ver:

O da tomada violenta das vidas simples de Pinheirinho; a força policial sobre estudantes e grevistas; moças atiradas de edifício e a investigação policial local empurrando os indícios para debaixo do tapete oficial; as mortes “insuspeitas” dentro dos presídios superlotados por pobres e mestiços, e outras idiossincrasias que envolveriam papel e poder de determinadas forças oficiais patenteadas de lógica pragmática.

Poder, determinação e determinismo social sempre foram pedra de estoque de quem detém a força sobre as minorias. Os discursos ganham reveses do diverso, pernicioso, e sempre um grave perigo aos de menor força.

Do Brasil da unidade nacional, por exemplo, a política getulista assim manifestava-se pela autoridade local, em jornal de Teresina, na opinião de Pires Gaioso, diretor, à época, do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP):

No Brasil a grande raça, que assimilou e se depurará das outras que são indesejáveis apenas por incultura e fealdade, - é a raça branca. Queira ou não queira a política. (...) A decadência desses negros puros é sentida e demonstrada pela estatística. Se nos centros populosos parecem muito evidentes é que acorrem a eles, desde a abolição, empregados na indústria doméstica e servis, onde não tem a concorrência branca. (...)” (Melo, Salânia M. Barbosa. A Construção da Memória Cívica – Espetáculos de civilidade no Piauí (1930 – 1945). Teresina: EDUFPI, 2010)

O assunto é tema de discurso, transcrito pela professora doutora S. Melo, contido no Jornal O Piauí, acerca da Conferência do Dr. Pires Gaioso sobreunificação étnica e unidade política. 1943”. Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda, com data de 22 de Setembro de 1945.

Continua o douto: “Os descendentes destes mestiçados com os brancos são produtos de passagem, porque além de vítimas preferidas pela tuberculose (por má higiene, alcoolismo e sensualidade)... pela neuropatia, são branqueados por sucessivas gerações ao ponto de parecerem de raça branca. Hoje em dia muito branco pela pele e cabelo, por outros índices recorda o labéu colorido.” (Idem, pag.66)

Se em 1943, auge do anti semitismo alemão e eugenia de raça, no Piauí o político assim fazia ideia de seus pares, em suas palavras, “mestiçados”, para política de higienização determinista e exclusiva à fomentação de “unidade nacional” e belepoquismo canhestro, o que dirá de novos discursos a esse admirável mundo contemporâneo de novíssimas tecnologias e neoprofetismo de fé e inclusão celestial.

Corre no facebook, com direito a foto da personagem “destacável”, discurso do Pastor Marco Feliciano que assim se expõe, imagino que em seu púlpito: “Os africanos descendem de ancestrais amaldiçoados por Noé. Isso é fato. Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, AIDS, fome...

Quem atentar à ciência lingüística defenderia que os contextos da língua, linguagem, fala e oralidade sempre acompanham particularidades para defesas da comunicação, da expressão e do turno de se fazer entender e ter absorvido o discurso apresentado sob uma polifonia de textos impressos na interlocução desejada.

Uma amiga, Dadinha Leal, me marcou no facebook. Tratava das falas do pastor e assim se manifestou:a biblia fala mesmo da maldição de um dos filhos de Noé chamado Cam. A igreja católica é que afirmou que se tratava dos africanos, eles seriam os descendentes de Cam, mas isso foi na Idade Média. Agora vem esse amaldiçoado por mim (e vai pegar), dizer uma estupidez dessa? Cadê a polícia?

Polícia para quem? Veio-me a pergunta, imediatamente, após conhecer sua indignação. A força coercitiva está onde o povão está, a essa gente tratada como “índices de labéu colorido”, segundo o político Pires Gaioso. A polícia está para espancar, atirar com balas de efeito moral (borracha), spray de pimenta, cacetetes, tapas e arrastões, no asfalto quente, de “desordeiros e obstruidores da lei”.
(rone em ação/foto colhida do blog de john cutrim/jornal pequeno - o órgão das multidões online)

Afrontar a elite branca e racista de São Paulo foi a estratégia de centenas de manifestantes – em maioria, negros – que, no sábado (11), saíram com bandeiras e faixas do largo Santa Cecília, subiram a avenida Higienópolis e ousaram entrar naquele que é o mais genuíno templo do racismo na cidade.” (Eles escandalizaram o templo do racismo em São Paulo, texto de Eduardo Guimarães/colhido de http://exurbanos.blogspot.com)

A matéria aponta que o ato público foi organizado pelo “’Comitê contra o Genocídio da Juventude Negra` e protestou contra a reintegração de posse do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, contra a ação truculenta da PM na Cracolândia e contra o caso de uma funcionária negra da escola Anhembi Morumbi que alega que a direção a pressionou a alisar os cabelos” (Idem)

Quem está incluído à repressão oficial e quem fica de fora, excluído do Estado repressor de desprotegidos, na hora de pesar interesses de política de sobrevivência do estado de governo.
 (charge de latuff 2012 sobre reintegração em Pinheirinho/arte colhida de exurbanos.blogspot.com)

Ao mesmo tempo em que se reforça sobre as periferias, favelas e ocupações, em que intimida e maltrata mais os negros e mestiços do que nunca, a polícia começa a sentir o gostinho de estender a mão também a um público mais seleto, carne nova, de classe média, que, até pouco tempo, não fazia parte do seu cardápio habitual: alunos do ensino secundário, estudantes de universidades federais, doutorandos, professores doutores.” (O Brasil reinventa o totalitarismo – a nova máquina policial. Texto de Bajonas Teixeira de Brito Junior/colhido de http://exurbanos.blogspot.com)

Quando você for convidado pra subir no adro/Da fundação casa de Jorge Amado/Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos/Dando porrada na nuca de malandros pretos/De ladrões mulatos e outros quase brancos/Tratados como pretos/Só pra mostrar aos outros quase pretos/(E são quase todos pretos)/E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos/ E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados (...)
” (Haiti, Caetano Veloso)

Qual é a sua cor? De que raça brasilis o brasileiro forjou-se, ou a qual se declara. Brasil sem preconceito, sem discriminação e sem indivíduos de “não-lugar” (grifo de Edmar Oliveira) é o de uma ilha da fantasia. A realidade do país é crua e dura, mesmo que muitos a empurrem para debaixo da indiferença.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Impedimentos



Impedimentos
por maneco nascimento

Da coluna de Dora Kramer, para pauta de reflexão, “Passo consumado. Espera-se para hoje a retomada sobre a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal. Se confirmado, já vem tarde esse julgamento. Se não, o STF continuará devendo uma resposta à sociedade.” (últimas, pag. 5, 15/02/2012, O DIA)

(ministros do STF em sessão de 1a. turma/foto: nelson jr./ www.stf.jus.br)

Para a colunista, por todas as contas feitas, a decisão seria em favor da Lei e que não será examinada a validade desta para a próxima eleição, mas se a LFL é ou não constitucional. Manifestos votos acenam que a exigência de contas zeradas com a Justiça, a quem pleiteie futuras candidaturas, que estaria de acordo com a Constituição, vieram dos supremos juízes Luiz Fux e Joaquim Barbosa. “Outros três – Ricardo Lewandowski, Carmem Lúcia e Carlos Ayres Brito -, embora ainda não tenham votado, em outras ocasiões manifestaram-se do mesmo modo.” (Idem)

(ministra Carmem Lúcia/foto: nelson jr./www.stf.jus.br)

O discurso do ferimento do princípio da presunção da inocência para justificar o não impedimento de candidaturas de condenados em primeira instância, na espera do trânsito em julgado, é de defesa de outros ministros daquela Casa suprema.

De sorte é que já lambe o calcanhar de certos políticos a possibilidade da aprovação de constitucionalidade da Lei que faria uma varredura no “modus operandi” de uma “boa” casta política do país, contumaz em varrer para interesses privados o recurso público, esse bem coletivo e de alcance social que, em tese de direito constitucional, deveria abraçar a grande maioria da sociedade brasileira, urbana ou rural, que paga imposto caramente regular.

Esse comportamento protecionista e corporativista de condução de intenções que defendem, ou protegem e criam malhas de “imunidade”, traduzidas à maioria brasileira como impunidade, parece estar perdendo esse contorno de justiça dos seus para tornar-se justiça constitucional plena. A política do “rouba, mas faz” tem tido que encontrar maneirismos para livrar-se da fiscalização e investigação de quem acredita no peso e medida justos.

Um dos personagens + emblemáticos de corrupção ativa e direcionada que ganhou mídia e envolveu o congresso nacional e o clube dos mensaleiros, Marcos Varélio, foi recentemente condenado à “menor idade” de 9 anos de prisão por estar envolvido em prática do crime de sonegação de impostos, para uma monta de 90 milhões de reais, e por falsificação de documentos públicos.

 (Marcos Valério, pivô do mensalão/foto: veja.abril.com.br/noticia)

A decisão da Justiça Federal em Belo Horizonte (MG) aponta também outros dois colegas do esquema milionário de prevaricação. A decisão acompanha desdobramento das investigações do escândalo do mensalão, desbaratado em 2005.

O escândalo financeiro trazia o empresário e sua empresa-laranja de ouro com suposto usofruto em esquema de repasse de dinheiro ao PT e a políticos ligados ao governo de companheiros. O Partido dos trabalhadores tornou-se um dos + ricos na região desse mundo tropical do entorno da linha do equador.

As denúncias do Ministério Público Federal levaram à fiscalização da Receita Federal à empresa de publicidade de M. Valério e apurou irregularidades entre os anos de 2003 e 2004, quando já estaria em ação o esquema financeiro que favoreceu o PT (...) à movimentação bancária efetuada pela empresa junto a diversos bancos: vultosos recursos entraram e saíram de suas contas, a maioria deles lançados a título de empréstimo para o Partido dos Trabalhadores, mas com registros incorretos na contabilidade original da SMPB, (...)” (da folha.com In nacional: meionorte, A/8, 15/02/2012)

Uma condenaçãozinha aqui, outra em andamento por acolá ganham força de novos sinais de justiça. Políticos com práticas irregulares começam a perder mandatos por tentarem escamotear a Lei de Responsabilidade Fiscal. E aqueles que ainda insistem em manter a azeitada práxis de molhar a mão do eleitor, parecem sujeitos a perder os dedos encravados em anéis do coronelismo.

Também, recentemente, a manobra de cerceio do poder de investigação do CNJ veio abaixo por decisão do colegiado do Supremo Tribunal Federal. Ficou decidido que magistrados suspeitos de envolvimento em atos ilícitos, no exercício do serviço público, devem ser investigados pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça.

(Corte Suprema em sessão/foto: nelson jr./www.stf.jus.br)

Uma nova batalha do povo contra as arbitrariedades da política nacional esperta ganha êxito e força de novas discussões na Corte Suprema. A constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa volta à pauta e, dessa feita, espera a nação brasileira que saia vencedora a tese de que é preciso que se criem impedimentos aos criminosos de fraudes públicas que posam de bons moços, no Congresso Nacional, como legais representantes do povo.

Não havendo impedimentos aos viseiros políticos ficha suja, ou outros representantes desse clube no serviço público, que futuro limpo pode esperar a nação brasileira.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carnaval na cidade


Carnaval na cidade
por maneco nascimento

Entre tradição e rupturas, Teresina tem sobrevivido aos dias, ditames e memórias da folia. Desde o ano de 2011 que, por determinação judicial, a Prefeitura de Teresina não pode + despender recurso público para desfile das escolas de samba da cidade. Estas que mantinham uma tradição de cortejo, em vias públicas definidas, durante dois dias dos dedicados às festas momescas, se dizem órfãs.

Polêmicas e disputadas falas de parte a parte, em defesa ou ataque dos desfiles das escolas de samba, o carnaval passou incólume para o ano passado com apenas shows de bandas para o povo afeito a esse tipo de folia amarrada a cordões de axé, suingueiras e outros bichos que balançam aos sons de instrumentos.

2012 começou bem seus dias de preparação para as festas de confetes, serpentinas, “águas” que, naturalmente vão rolar, e o “metier” das manifestações oficiais. Desde o dia 28 de janeiro que a Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves vem realizando o calendário festivo, bancado pela Prefeitura de Teresina.

O Jockey Clube recebeu o Concurso de escolha do Rei e Rainha do Carnaval 2012 que aconteceu durante Baile Municipal. À Rainha concorreram onze candidatas. A premiada foi Larissa Karielle Moura. Seis concorrentes a Rei Momo também deram sua graça e virtuose ao evento, o vencedor foi Paulo Fagundes dos Santos.
(rainha Larissa Karielle, carnaval 2012/foto colhida do teens 180 graus)

À realeza da 3ª. Idade, doze senhoras disputaram o título, levado por Edilmar Sônia. Os jovens senhores concorrentes, em número de sete, tiveram que ceder o lugar ao + desenvolto, José de Ribamar.

E as obrigações de suas majestades a ofícios e oficialidades, em reinado com duração de um ano, não é só de festas estabelecidas. Têm que cumprir jornadas de trabalho e visitas a Casas de apoio a idosos, crianças carentes, com câncer, etc.

O samba no pé, beleza e ginga de campões têm que compor a política da solidariedade, simpatia e bom coração, como manifesto serviço social e público, realizado este por quem está alçado a cargos de majestades, bancados pelo recurso público.

Em 03 de fevereiro, o Baile dos Artistas, a caráter de fantasias por demais criativas, ocorreu na Galeria do Clube dos Diários. Atores, músicos, fotógrafos, dançarinos, artevisuais, circenses, travestis e um infindável mundo folião animaram a noite e ainda concorreram à melhor fantasia em evento já pontual do carnaval de Teresina.
(músicos em folia, Baile dos Artistas, no Clube dos Diários/foto: divulgação)


Os artistas a cada ano elegem a Rainha da classe, numa iniciativa do Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão - SATED – PI e realização da PMT, através da FMC.
 (rainha Silmara Silva, majestade dos artistas/foto: divulgação)

A Rainha dos Artistas, eleita para todo o ano de 2012, com quase trezentos votos, foi Silmara Silva. Na ocasião, para a manutenção da tradição, também foi aclamada a melhor fantasia e a conquista foi à inspirada em oO Chapeleiro Maluco”, da históriaAlice no País das Maravilhas”. Venceu numa disputa acirrada entre dez finalistas.

No último dia 11 de fevereiro, sábado, foi a vez do Corso do Zé Pereira que teve início em frente ao 1º. Batalhão da Polícia Militar, com a perspectiva de entrar para o livro dos recordes, como o maior cortejo do mundo. A concentração a partir das 14 horas, na avenida Marechal Castelo Branco, ilhotas, foi um olho cheio de novidades, humor e criativo para carros e foliões fantasiados e descolados.

Os prêmios aos melhores variariam de R$ 1.500,00, R$ 1.000,00 e R$ 700,00 reais aos 1º., 2º. e 3º. Lugares, respectivamente.

O previsto aconteceu e o teresinense motorizado caiu na folia de cortejo de máquinas e feras soltas muito animadas. O evento confirmou o Corso do Zé Pereira como o maior desfile de carros decorados do planeta.

(Corso Zé Pereira 2012/foto: divulgação)

Pela contagem realizada para o Guiness Book foram 343 grupos de carros caracterizados na Mal. Castelo Branco. Entre inscritos e não inscritos o número chegou a + de hum mil. De acordo com release da assessoria de comunicação da FMC, havia cerca de 150 mil foliões.
 (Corso Zé Pereira 2012/foto: divulgação)

E, como quem concorre quer ganhar, foram premiados os vencedores do Corso do Zé Pereira. O julgamento, aos melhores do corso, levou em consideração a temática, decoração, animação e originalidade dos concorrentes. “O Caminhão das Cavernas”, de Ruama Coelho Frota Bonfim levou o primeiro lugar, traduzido em hum mil e quinhentos reais.

A segunda colocação ficou para “Era Discorso”, de Greiciane Barros de Oliveira e o prêmio de hum mil reais e “Hoje é dia de Rock”, de Marcelo Ricardo de Sousa Lima, foi compensado com o terceiro lugar e faturou setecentos reais para brindes foliões.

Como + uma vitória deste para memórias de tantos carnavais e, na esteira de tradições e rupturas, tudo foi só alegria e tamanha alegoria.

A ver tradição “esquerda”, desde o mito da engorda do melhor soldado romano, de um ano ao outro, para ser devorado como o escolhido, imolado ao privilégio de ser banquete ao prazer e fúria gastronômica “divinizada”, há o mito de rei momo reinventado. E a festa segue seu curso.

Ou ruptura “direita” do encolhimento do tradicional Corso do Zé Pereira e alojamento deste no corredor da folia, estabelecido pelo oficial da Prefeitura, à avenida Mal. Castelo Branco.

Fica perdido o passeio pelas ruas e bairros selecionados do município, em cortesia às famílias nas portas saudando o cortejo e ganha o trânsito dos negócios do não engarrafamento em uma única tarde do ano em curso de fevereiro ao corso.

Devora-se qualquer pão e todo o circo que for apresentado em nome do povo. Algumas gentes perdem o “in loco” e ficam com as imagens de tevê.

Os + afoitos, destemidos e irreverentes vão onde a festa está. Chegam a pé, de ônibus, carona, de frete, de frente com a folia ofertada e divertem-se não por isso, mas apesar disso tudo que pareça + coletivo e de graça.

Máquinas aquecidas! Agora é só esperar os dias da grande festa foliã. Porque carnaval é para aproveitar e ser feliz. E o folião da cidade sabe se divertir.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Sou Francisco"

“Sou Francisco”
por maneco nascimento

Recentemente li, com muito prazer de descoberta dessa leitura, uma biografia feita à própria memória, sem consultar ninguém, como defende o autor. Feito a partir das próprias lembranças que foram assomando-se aos capítulos do livro intitulado “Sou Francisco”, em idas e vindas que finalizaram uma boa leitura da memória, história e vida rica de profissional da rádioteledramturgia nacional.

O livro, no primeiro capítulo, apresenta o artista: “Eu sempre digo que sou ator porque esqueci o tênis. Isto pode não ser uma verdade absoluta, mas é relativamente uma verdade (...) Por acaso eu sou ator. Talvez eu não seja o ator que imagino(levando-se em conta o que todos imaginam ser um ator), mas ator, porque dois terços da minha vida eu dediquei a este trabalho onde um cara faz o papel de médico ou palhaço, de chofer ou milionário, de mendigo ou pastor de almas, seja lá que personagem for. E isso é o que faço.”(Anysio, Chico. Sou Francisco. Rio de Janeiro: Rocco,1992. pag. 9)

No decorrer do corpo do livro, trabalhado pelo cearense de Maranguape, Francisco Anysio, se descobre o que representa um tênis na decisão de tornar-se ator e não jogador de futebol. Ganhou a rádioteledramaturgia brasileira. A cada capítulo é desvendado o papel do grande artista Chico Anysio. E como sua vinda do Ceará ao Rio de Janeiro deu ao rádio, início de carreira na Rádio Guanabara, com rádioator(em sétimo lugar no teste) e locutor (em segundo lugar) e à televisão que começava a criar forma e abrir desempenho ao que hoje se estabelece como sinais de domínio de mercados.
(chico anysio ao vivo/foto: grandesimagens.com.br)

Ator, humorista ou comediante? Chico Anysio se encaixa nas três categorias com talento, charme da profissão e dedicação provada a perder de vista. Quem nunca viu um tipo ou personagem ímpar de Anysio. Não fosse nos programas de humor, na televisão, vide papéis inclusive dramáticos no cinema. Cito o pai de Tieta do Agreste, na telona, por exemplo.

 
Anysio assim se define quando faz “critica” aos críticos, que segundo ele, como as demais pode ter sido ridícula: “A minha dúvida de ser ou não ser ator é produzida pelo descrédito dos críticos do meu país, que sempre preferiram me chamar de humorista ou de comediante, (...) Sou um ator, queiram eles ou não. Desde o rádio, época em que muitos ainda nem tinham nascido, até à televisão, veículo onde a crítica perde, inclusive, o sentido (...) deixe-me explicar que nunca me senti diminuído ao ser chamado de humorista ou comediante, porque isso eu também sou, orgulhosamente. Se me permitem: ‘modéstia-à-partemente`.”(Idem. pags. 9, 10)
(chico anysio: professor raimundo canavieira/foto: popero.net)


Aos que tiveram o privilégio de acompanhar as rádionovelas e os grandes astros dessa linguagem que encantou ouvintes nos distantes rincões brasileiros sabem bem do que fala Chico em suas memórias. Com o advento da televisão os rádioatores, criadores, redatores, diretores e toda uma gama de profissionais da dramaturgia do rádio migraram, naturalmente, para essa novidade que envolvia não + só a voz e os efeitos especiais, mas trazia também a imagem.

(chico anysio: salomé de passo fundo/foto: televisão.uol.com.br)

O rádio não desapareceu porque as vedetes da locução já existiam e permanecem até hoje nos novos contextos midiáticos. Mas àquela época Chico só se ressente do número de horas que gostaria que fossem maiores para trabalhar mais, “A grande falta que sempre senti na vida foi de dias mais longos, para que eu pudesse espalhar por muitas horas extras a compulsividade do meu trabalho. Trabalhar, para mim, é tão importante quanto respirar (...) Creio que esta é a razão de poucas vezes ter dito não a qualquer trabalho que me fosse oferecido (...)” (Idem. pag. 10)

(chico anysio: painho/foto: abdic.org.br)

E continua: “(...) Isto talvez explique o fato de ter sido, a partir de 1948, locutor, narrador, galã de novelas de rádio, locutor ‘atrás do gol`, locutor de futebol no segundo jogo, comentarista de futebol, locutor de radiobaile, ator característico, novelista, redator de todos os tipos de programas do rádio, teleator, escritor, autor de letras de música, compositor, imitador, pintor e ainda ter tido tempo de namorar centenas de vezes, casar cinco e produzir cinco filhos, por enquanto.” (Idem. pags. 10, 11)

As memórias de Anysio, um cabedal de pesquisa para estudantes da comunicação social, porque traz riquezas de detalhes de épocas, nomes do rádio e da televisão brasileira, nomes esse que muitos, salvo os que encantaram-se, ainda brilham em veículos de comunicação de massa, com muita honradez da profissão.

(chico anysio: bento carneiro, vampiro brasileiro/foto: chicogeeko.com)

O próprio Chico Anysio, se a idade e problemas de saúde não o impedissem de trabalhar, ainda estaria com certeza preenchendo esse rico espaço do humor nacional, com seu talento, sem precedente, e tamanha energia criativa para o diverso.

Chico Anysio fala do progresso que acompanhou nesses anos de trabalho, e olha que o livro de memórias data do ano de 1992, de lá até esses primeiros dias do ano doze do século 21, já se vão outros vinte anos. O autor aponta que o progresso o afasta de encontro com velhos amigos de profissão, das conversas em bares e noites cariocas “(...) Eu adoro o progresso. Tanto quanto o odeio. Ele não me deixa participar do todo (...)” (Idem. pag. 42)

(chico anysio em entrevista/foto: hojeemdia.com.br)

Para Chico o progresso limita seu trabalho, tira-lhe a chance de participar do geral. “(...) Ainda bem que eu pude aproveitar aquela época romântica, dos bondes, dos realejos e dos caminhões de laranja (...) Saudosismo à parte, a verdade é que quem não viveu no Rio de Janeiro entre 50 e 60 não sabe o que perdeu.” (Idem. pag. 42)

De Chico, só ótimas lembranças dos tipos característicos, impagáveis, que construiu à televisão brasileira. Acompanho, desde criança, essa façanha do Chico Anysio e seu exemplar show de humor, na tevê Globo que afirma ter ajudado a construir.


(chico anysio da tevê/foto: businesstelevision.com.br)

Ator, comediante, humorista. Um grande homem, grande artista inigualável que atesta que Sempre detestei a piada-pela-piada, a graça ‘de graça`, porque na minha concepção, humor é algo que pode ser tudo, até mesmo engraçado. Charlie Chaplin prova isso.” (Idem. pag. 12)

Grande Francisco!