segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma boa leitura

por maneco nascimento

Uma boa leitura do mundo começa com iniciativas que reúnam público e estratégias para atingir-se a apreensão dos signos e siglas do universo da informação e do conhecimento. Atrair a atenção, despertar o interesse de uma boa leitura é tarefa pública e de interesse coletivo planejado.


(Público infantil escolar. foto: Diego Iglesias)
A Praça João Luis Ferreira, palco cativo de atividades culturais da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves recebeu no dia 18 de abril de 2011, a partir das oito da matina, as comemorações ao Dia Nacional do Livro Infantil. A manhã possibilitada pela Prefeitura de Teresina, através da FMC, foi de encher olhos de crianças e também dos mais grandinhos.
(Coral Infantil Pássaro Dourado. foto: Diego Iglesias)
(Crianças na cama elástica Circo Zoin. foto: Diego Iglesias)

Escolas da rede municipal de ensino, com infantes de 1ª. e 2ª. séries do ensino fundamental, fervilharam o logradouro. A idade curiosa, entre 6 a 10 anos, foi de olhos acesos e ouvidos atentos às atividades lúdicas em pacote infantil de contação de histórias (Marilene Evangelista); Teatro de bonecos (Cia. do Riso de Fernando Machado); Performances circenses (Circo Zoin); Coral Infantil Pássaro Dourado ( regência de Alcides Valeriano) e o Grupo musical “3 Contigo”.


A manhã de mergulho ao mundo de encantos e fantasias, através da leitura transversalizada, teve na recepção às crianças a participação da Banda Municipal 16 de Agosto, que não fez feio.

                       ( Grupo Musical 3 Contigo/Emília(Marilene Evangelista e público infantil. foto: Diego Iglesias)

As Bibliotecas públicas municipais e a Coordenação de editoração fizeram as vezes da Casa, Fundação Monsenhor Chaves, na preparação do evento. As parceiras Semec, Semtcas, Fundação Municipal de Saúde, com suas cartilhas de educação ambiental e combate a dengue, a Senjuv, Semel e a Sema, que distribuiu mudas de plantas às crianças, também deram sua contribuição de leitura cidadã.

A festa comemorativa ao Dia Nacional do Livro Infantil acontece em homenagem ao + expressivo autor brasileiro, em que pese à literatura infantil, Monteiro Lobato. O escritor José Bento Monteiro Lobato, nascido em 18 de abril de 1882, posterizou-se ao criar a literatura infantil no Brasil.


As fantásticas histórias de Monteiro, em seu famoso O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, deram vida fascinante a Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Pedrinho, Narizinho e Emília, a boneca de pano + amada do Brasil.


Um país continental para homens e livros, só se fortalecerá se houver mais leituras, mais arte e cultura e, principalmente, outras iniciativas que incentivem o novo leitor a se ver sujeito de suas próprias escolhas, que passam também pelo livro decodificado.


A FMC e suas parceiras numa ação contextualizada ao universo infantil acertaram a veia da leitura e do futuro leitor. As diversas crianças que passaram pela Praça João Luis Ferreira, na manhã de  exercício a olhos curiosos e mentes despertadas, levaram a melhor lição.


Ler faz muito bem à pele, à alma, à mente e ao coração
. E os efeitos colaterais certamente transformam para sempre a vida de qualquer infante. Aqueles pequenos leitores, presentes no 18 de abril da Praça, nunca mais serão os mesmos. E, em seu futuro cidadão, deverão ser cheios de memórias de aprendizes do conhecimento, revelado pelas letras pensadas à literatura.


sábado, 16 de abril de 2011

Porque Amiga não tem preço

por maneco nascimento

Lá pelos idos dos anos de 1990 tive o privilégio de trabalhar na Fundação Antares Rádio e Televisão Educativas do Piauí. Contratado para o departamento de Produção e Criação de Tevê aprendi a lidar com os bastidores criativos e novas formas do fazer televisão local.

Naquele departamento, dividindo horas de prazer trabalhadas com Lury de Almeida, Solfiere Markhan, José Galas, Fifi Bezerra, Zé Dantas, Maia Veloso, Selma Bustamante, Laurent Mattalia, Valdemar Neto, Roger Arruda, entre outros, brincou-se de fazer coisas sérias e semeou-se resultados memoráveis.
(Zilma Martins e Maneco Nascimento em entrevista pelo aniversário da Rádio Antares, ano 2009. foto: Solfiere Markhan)

O prédio que sediava a Emissora de Rádio e Televisão Educativas continua plantado na avenida Walter Alencar, vizinho de “quina” com a TV Rádio Clube de Teresina e também das outras emissoras no entorno. A Casa “Fundação Antares”, de dois pavimentos, abrigava no inferior a vida da televisão, produção de programa e jornalismo e, no superior, os caminhos levavam à Rádio Antares 800.

O pessoal da tevê mantinha naturalmente integração afinada com o da Rádio. Em dois lances de escadas se estava nos estúdios A e B, no Arquivo Musical e memorial de U-Matics e corredores de produção do radiojornalismo. Nunca foi preciso se esforçar muito para se dar bem com o pessoal do rádio. Formávamos uma mesma e ótima energia.
 (Américo Abreu e Zilma Martins. foto Agecom)

Num desses bons encontros, que a vida nos propõe, conheci uma dupla dinâmica da produção de rádio. Filhos do curso de jornalismo da UFPI, Zilma Martins e Américo Abreu, sabiam porque estavam em passagem pela Rádio Antares. Dinâmicos, perspicazes e antenados com a verve estudantil curiosa e projetada de propósitos, deram um movimento incomum a horário de boa audiência.

Rádio Movimento” era o nome do programa, produzido por Zilma e Américo, de variedade luxuosa que apresentava o locutor noticiarista Roger Arruda, como âncora. Três horas quentes de boa informação, interação com um público ouvinte, fiel e um fã clube de causar alguma inveja saudável.

Amigo de R. Arruda, já que trabalhava com ele no departamento de produção da tevê, acabei estreitando alguma amizade com Zilma e Américo, quando o cinegrafista subia para a Rádio, em suas horas de ação no Rádio Movimento”. Os dois jornalistas, à época namorados e logo depois marido e mulher, me conquistaram de boa. Meu sonho era ser como eles quando crescesse.

Essa doce amiga, de riso largo e cheio de alegria solidária, seguiu seu caminho com seu companheiro Américo. A vida nos afasta e nos faz esbarrar nos velhos dias de encontros de memória, quando é possível. Vi-a algumas vezes na Faculdade CEUT onde construiu carreira exemplar e, em outras, guardei sempre aquele sorriso amigo, fiel e voz serena e risonha de dizer como é bom te encontrar.
                                       (Teo, Zilma e Américo. foto: reprodução)

Com Américo teve Téo e completaram um triângulo que a natureza explica, acomoda e orgulha pelo feito possibilitado. Essa doce amiga cumpriu sua parte por aqui e deixou-nos o legado de sua memória em saudades tranqüilas. No último dia 15 de abril, participei de missa de sétimo dia, desde sua passagem. Na igreja do Saci, família, amigos, colegas de profissão estiveram lembrando Zilma Martins da Silva Abreu que evoluiu em tenra idade.

Na mensagem deixada aos amigos, lida na cerimônia por Roger Arruda, nos falou de esperança, de entrega, de aceitação, de sentimento que variou, para ela, entre temor e fascínio na luta contra o câncer. Quanta fibra em lição nos foi deixada em uma lauda apenas de texto bem escrito.

Da cura almejada na brava batalha à auto cura abraçada em encontrar a resposta ao imponderável, nos apontou, a seu modo, que “(...) Com efeito, o nosso conhecimento é limitado, como também é limitado nosso profetizar. Mas quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito (...)” (1ª. Carta de São Paulo aos Coríntios)

Aprendi com essa ótima amiga que sem amor ninguém é nada. Talvez ainda não tenhamos entendido essa premissa cristã e barata de se realizar. Zilma Martins nos confortou abrindo nossa curiosidade para entendermos que o último inimigo a vencer será a morte”. Ela começou a exercitar essa curiosidade. Lembrar da amiga será sempre buscar abrigo nas falas sãopaulinas que nos lembram:

O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (Idem).

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Merde!

por maneco nascimento

Toda boa sorte começa a ser construída por quem a almeja em pulsos constantes, ou por quem a retribui a outrem. Assim, corre a lenda que os franceses desejam boa sorte às estréias de espetáculos com a saudação, merde. A tradição correu mundo e, em nossos dias, não há quem, no meio contextual das cênicas, não tenha desejado boa sorte no uso da expressão francesa.

Teresina detém, ao longo de suas inquietações e dinâmicas para os dramas, dramaturgias e novas leituras teatrais, o desempenho dessa lavoura dos palcos e acumula celeiro de representações naturais e identitárias do fazer teatral local. Os ritos iniciáticos ganharam novos corpus e diversas gerações comtemporaneam o viés da tradição em olhares abertos.

Ganha-se em diversidade. Compõe-se uma verve cultural conspirando um velho ato de liberdades coletivas em que o espírito humano dá mostra do criativo, do lúdico, de cultura e arte sempre em forja de reelaboração.

Instituído pela UNESCO, órgão das Nações Unidas, responsável pela proteção das Liberdades Coletivas e da Cultura, o Dia Mundial do Teatro e do Circo, comemorado em 27 de março, aglutina festejos de um dos pilares da formação sociocultural da humanidade. A mímesis de rituais religiosos gerou o espetáculo de reprodução de cotidianos e de espírito de expansão do ato de vidas em cena.  

Teresina também comemora sua práxis de ação teatral. O Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão – SATED /PI; a Federação de Teatro do Piauí; a Fundação Estadual de Cultura – FUNDAC; a Fundação Cultural Monsenhor Chaves; Grupos (Harém, Sinos de Teatro) e artistas das cidades de Teresina e Timon, no Maranhão, abraçaram a iniciativa da Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ ao “Festival Cenas Curtas” e à “Virada Cultural”. Ganhou-se a festa.

O “Cenas Curtas” ocorrido sábado, 26 de março de 2011, no Espaço aberto do Ponto de Cultura nos Trilhos do Teatro – Grupo Harém, reuniu público e manifestações cênicas aos + diversos prazeres. O homenageado da noite, Paulo de Tarso Batista Libório, agradeceu a escolha de seu nome à homenagem a um ator da terra e interpretou poema de sua autoria.

De densidade dramática e técnica invejável de ator, Libório foi emoção transformada. A homenagem recebida virou espetáculo em que a fala de um artista da cena não poderia ser fora dela. Já a “Virada Cultural” iniciada às 8 da manhã de 26, encerrou-se em mesmo horário do dia 27 de março, na data mundial do teatro e circo.

Na mesma esteira deusexmachiana, a Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, ofereceu à comunidade um dia 27 cheio de diálogos em cena. Às 10 da manhã, no palco do Teatro Municipal João Paulo II, a vez foi do público infantil que conferiu “O diário da Bruxa”, montagem do Grupo Proposta de Teatro, de Timon, no Maranhão.

O espetáculo do começo da tarde, às 17.30 horas, de linguagem para a rua, apropriada à Praça Aberta do Teatro Municipal João Paulo II, foi “Dona Flor e seu único futuro marido”, do Grupo Sinos de Teatro, também da cidade de Timon. Um doce deleite para o público diverso que formou a arena à cena.

A última encenação conferida pela assistência foi “Notas de um Poeta Santo ou Torto”, do Grupo Vetor de Teatro, de Teresina. No mágico e fantástico mundo do fingimento e em terra imolada ao deus Baco, tudo foi festa em noite ensaiada.

Cenas de intervenção, interação de identidades e linguagens distintas distribuíram ao público da região do Dirceu Arcoverde prazeres do lúdico e das fantasias encenadas. Aproximaram gentes da arte de interpretar de gentes da arte de se reconhecer e rir de si mesmo.

 Para não esquecer a máxima atribuída a Aristóteles de que o homem é o único animal que ri de si mesmo, a arte do teatro vem trazer redenção ao dias de cão. Composta à reflexão, à autocríitica ou emoção de invisível revelado. 

Através do teatro brinca-se de felicidade e abre-se a cada espetáculo novas fronteiras para o ato invejável de ser artista das cenas e da ciência das dramaturgias.

Para novos dias de encenação, merde!

A Felicidade é simples

por maneco nascimento

O Teatro Municipal João Paulo II realizou, em 17, 18 e 19 de março de 2011, em parceria com Bandas de Rock da região do grande Dirceu, uma empreitada de três dias para deleite de todas as tribos de heavy e metais diversos. O “Cena Rock Dirceu – Ano II, sempre a partir das 19 horas, no palco da Casa de espetáculos, fez-se show.

No último dia 30 de março, o “Cena Rock Dirceu – Ano IIconcluiu os serviços planejados. Entregou o alimento arrecadado na bilheteria do evento ao Lar de Maria. A entrega oficial de 371 pacotes de leite em pó, equivalente a 75 kg, ocorreu à tarde daquele dia, às 15 horas, na sede da Casa de apoio a crianças portadoras de câncer.

A Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves e Teatro Municipal João Paulo II, não só possibilitou a realização do evento como também facilitou ainda uma tarde de atividade cultural às crianças visitadas.

Para abrilhantar a tarde em visita àquela organização social e a suas crianças assistidas, foi agendado um momento cultural que envolveu contação de histórias e teatro de bonecos. Muito bonito de ver os olhos atentos e sorrisos sinceros colhidos dos pequenos que estiveram presentes aquele momento lúdico.

Marilene Evangelista, a contadora de histórias, plantou felicidade e prazer tão simples durante as intervenções fabulares e cheias de fantasias infantis. A platéia, enredada, ouvia atenta as falas mágicas do “País quadrado”. Princesas quadradas que descobrem a alegria ao se transformarem em borboletas rainhas e ganharem o mundo de novas cores.
Marilene apreendeu a infância de pais e crianças assistentes e, entre narrações fabulares e outras histórias, encheu de risos e alegria os coraçõezinhos desarmados. Já o bonequeiro Fernando Machado e sua “Cia. do Riso” trouxeram os inestimáveis mamulengos, prosódias e peripécias do mundo popular do teatro de bonecos.

As aventuras das personagens fantásticas do mundo mágico da manipulação trouxeram educação ambiental, educação em saúde, direitos humanos e respeito ao outro. A fábula do “Chapeuzinho Vermelhofechou a festa dos bonecos animados.

Para Benilce Ferreira Batista, de Sebastião Barros, município do sul do Piauí e que está no Lar de Maria acompanhando o tratamento de seu filho, Leonardo Batista, as apresentações “desperta a criança que há na gente”. Reginaldo Moura, de Picos, muito atento a todas as tramas dos mamulengos, achou tudo muito bom, porque fez todo mundo rir.

Já a mãe de Alisson Silva, Catiane Mendes da Silva, natural da cidade de Corrente, achou ótimo, porque distraiu-se. Também foi muito divertido para Luciano Sousa Bezerra e sua mãe Luiza Vieira de Sousa. Quando voltarem a Canavieira, zona rural de Várzea Grande, terão muito que lembrar.

Para os artistas que dedicaram uma tarde às crianças protegidas pelo Lar de Maria foi uma tarde gratificante e de muita doação. Marilene Evangelista apontou que só ter visto aquele sorriso no rosto das crianças e as gargalhadas sadias tiradas delas proporcionou um grande prazer.

As crianças visitadas àquela tarde, no Lar de Maria, com certeza levarão consigo uma boa memória da fantasia, do lúdico e da alegria do teatro, da história oral popular ali apresentada. A felicidade simples e natural conquistada não teve preço e a vida infantil ficou + rara.