incondicional é a palavra do futuro
por maneco nascimento
"Talvez quem sabe um dia Por uma alameda do zoológico/Ela também chegará Ela que também amava os animais/Entrará sorridente assim como está Na foto sobre a mesa/Ela é tão bonita Ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão/O século trinta vencerá O coração destroçado já/Pelas mesquinharias/Agora vamos alcançar/Tudo o que não podemos amar na vida/Com o estelar das noites inumeráveis/Ressuscita-me ainda que mais não seja/Porque sou poeta E ansiava o futuro/Ressuscita-me Lutando contra as misérias do cotidiano/Ressuscita-me por isso/Ressuscita-me Quero acabar de viver o que me cabe/Minha vida para que não mais existam amores servis/Ressuscita-me para que ninguém mais tenha de sacrificar-se/por uma casa, um buraco/Ressuscita-me Para que a partir de hoje/A partir de hoje/A família se transforme/E o pai/Seja pelo menos o Universo/E a mãe/Seja no mínimo a Terra/A Terra/A Terra" (O Amor, de Caetano Veloso e Ney Costa Santos/Sobre um poema de Vladimir Maiakovski)
O poeta que sempre está na fronteira de quebrar velhos paradigmas e abrir novas perspectivas de aceitação e convivência humana, já sugeria que não há sociedade livre e + mais humana sem que compreenda-se que o mundo é de todos, indistintamente, e que a terra também é natureza diversa e sem áreas fechadas para alguns que queiram tornar-se tutores da verdade. Pai e mãe representam maior que olhares enviesados e presos a dogmas, preconceitos, leis azinhavradas no mito e místico mal interpretado e regras impositivas e separatistas, ameaçadoras e proselitistas.
Nesse último domingo, 28, em programa de tevê que inclui debates de campanha eleitoral, um candidato à presidência a república manifestou-se sobre homofobia e uniões homoafetivas e delineou sua postura, "verdade" de religiosidade fundamentalista, definindo seu discurso violento, perigoso, apólogo e, sem sombra de qualquer dúvida, formador de opinião deformada, em fé cega de deus de fogo vingador e vingativo em sociedade que avança nos direitos civis.
No programa de Debate na TV Record, domingo, dia 28 de setembro de 2014, às 22h:00, a candidata a presidente da República, pelo PSOL, Luciana Genro perguntou ao candidato Levy Fidelix (PRTB), de 62 anos, sobre qual seria sua postura, se eleito presidente do Brasil, acerca da Homofobia. Sua resposta surpreendente e dona de sua verdade própria foi assustadora.
(candidato Fidelix e candidata L. Genro/divulgação)
[Resposta (90 segundos):
"Jogou
pesado agora, hein. Nessa aí você jamais deveria entrar, economia tudo bem.
Olha, minha filha, tenho 62 anos, pelo que eu vi na vida dois iguais não fazem
filho. E digo mais, desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. É feio dizer
isso, mas não podemos jamais, gente, eu que sou um pai de família, um avô,
deixar que tenhamos esses que aí estão achacando a gente do dia a dia, querendo
escorar essa minoria, à maioria do povo brasileiro. Como é que pode um pai de
família, uma avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro
não ter esses votos, mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que
instrua seu filho, que instrua seu neto. E vou acabar com essa historinha. Eu
vi agora o santo padre, o Papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano um
pedófilo. Está certo. Nós tratamos a vida toda com a religiosidade pra que
nossos filhos possam encontrar, realmente, um bom caminho familiar. Então,
Luciana, eu lamento muito. Que façam bom proveito se querem fazer e continuar
como estão, mas eu, presidente da República, não vou estimular. Se está na lei,
que fique como está, mas estimular jamais a união homoafetiva."]
[Réplica
(30 segundos):
"Luciana,
você já imaginou que o Brasil tem 200 milhões de habitantes. Se começarmos a
estimular isso aí daqui a pouquinho vai reduzir pra 100. Vai pra Paulista e
anda lá e vê, é feio o negócio, né.Então, gente, vamos ter coragem, nós somos
maioria, vamos enfrentar essa minoria. vamos enfrentar, não ter medo de dizer
que sou pai, mamãe, vovô. E o mais importante é que esses, que têm esses
problemas, realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem
longe da gente, bem longe mesmo por aqui não dá".]
A Yahoo que reproduz o discurso do candidato esclarece a própria postura em defesa da informação e notícia e afasta-se, como qualquer cidadania de bom senso:
"O Yahoo
Brasil repudia qualquer tipo de manifestação preconceituosa contra minorias,
bem como discursos de ódio. Dessa forma, a citação acima trata-se apenas de uma
reprodução do discurso do candidato à Presidência Levy Fidelix, do PRTB, no
debate da TV Record, realizado no dia 28 de setembro de 2014."
Os dias de novas conquistas de direitos civis brasileiros acompanham o mundo que nos cerca, não parecem precisar de pais e avôs que concorrem para a apologia ao ódio, incitação ao crime de violência física e moral, homofobia por tabela periodicamente praticada no Brasil continental.
O velho discurso popular "não tenho nada contra gay, só não quero ter um na família" tem perdido força, porque as sociedades mudaram, os comportamentos sociais ganham melhor evolução e a cidadania tem abraçado + amplamente a todos em direitos diversos. Crê-se que no país de terras brasileiras se avance também.
O candidato a presidente da República tem direito democrático e constitucional de se pronunciar e defender sua postura de "verdade" de terra, família, propriedade e profissão de fé, cega, aos brasileiros que acreditam nele e também aos que jamais creriam em tais profecias.
O que ele defende como maioria, de pai, mãe, avô, contra "(...) essa minoria. vamos enfrentar, não ter medo de dizer que sou pai, mamãe, vovô. E o mais importante é que esses, que têm esses problemas, realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem longe da gente, bem longe mesmo por aqui não dá (...)" [Debate TV Record, 28.09.2014), torna-se uma grave ameaça a sociedade diversa, que vive, muito bem, fora do eixo particularizado de sua visão e leitura de mundo.
[Após associar homossexualidade à pedofilia e afirmar que gays precisam de atendimento psicológico "bem longe daqui", durante realizado na noite de domingo (28) pela TV Record, o candidato à Presidência Levy Fidelix (PRTB) passa a ser "responsável" por gays mortos em crimes de homofobia, dizem militantes dos direitos LGBTTS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Simpatizantes) {...}]" (http://eleicoes.uol.com.br/Gil Alessi Do UOL, em São Paulo 29/09/201414h18 > Atualizada 29/09/2014 15h01)
Senhor candidato, seu discurso é assustador, em país que a violência contra homossexuais tem tomado proporções de difícil controle. Sorte que em país como o Brasil, há quem acredite inversamente no que apregoa as suas falas sociais e políticas. Ninguém está livre de ser bombardeado com sua "verdade", mas ela pode ser a mentira + perniciosa que o país vê formar-se e ganhar força entre os pares de sua retórica.
Um amigo me envia um e-mail e provoca: "AMIGO, COM TODA A SUA VERVE DA ESCRITA, POR TODOS, DÊ O TROCO A ESTE SENHOR QUE POSTULA SER PRESIDENTE NO SÉCULO XXI, INDO NA CONTRAMÃO DE TODOS OS DIREITOS SOCIAIS E HUMANÍSTICOS." E acrescenta, esse amigo, "O CANDIDATO TRATOU TODOS OS HOMOSSEXUAIS COMO PEDÓFILOS EXPURGADOS. É DE CAUSAR INDIGNAÇÃO."
Sorte que esse tipo de político só tem os votos dos seus
pares e esses, se existirem, podem representar uma minoria equivocada, retrógrada e
perigosamente destrutiva em seu discurso preconceituoso, discriminador,
desagregador e incitador da violência.
Qualquer pessoa de bom senso, solidária,
caridosa e boa entendedora de direitos humanos e cristã, saberá dar a resposta
certa a esse candidato, nas urnas. As liberdades democráticas nos possibilitam ouvir
muitas idiossincrasias, inclusive de candidato a postos públicos e coletivos,
mas estes estão na contramão das conquistas sociais e avanços civis que a
sociedade brasileira tem assumido, naturalmente.
Sorte e luz da razão a esse
candidato que anda feito caranguejo, sem ofender o bichinho que tem natureza
livre e avança mesmo quando anda no anti sentido da simetria do andar para
frente.
Senhor Fidelix, faça uma pesquisa sobre o significado de seu nome. O pai e avô que o senhor representa não pode ser tábua mosaica de lei. Não é eleito nem nas urnas, nem no princípio primordial da construção da natureza humana, creditada à equalização do espírito, que
é isto e aquilo e nunca isto ou aquilo.
Vá dormir melhor e criar os seus, deixando-os livre para amar, livres para amar de qualquer maneira que o comportamento humano permita, sem dogmas, regras impositivas e inquisitórias. Sem maniqueísmo que transforma as pessoas em boas e más, as "eleitas" e as expulsas do paraíso, de intenção de moral distorcida e mortal, criado pelo homem(genérico).
O mundo, graças a Deus, é maior que o pregado pelo candidato derrotado pelo próprio discurso. Senhor fidelix, com letras minúscula, cresça em atenção e solidariedade ao humano e ame ao outro, como rege a sabedoria cristã.
(imagem stil Debate TV Record/divulgação)
E, de acompanhamento psicológico necessita a excelência de sua pessoa, equivocada,
que não poderá se confirmar nas urnas, graças a eleitores esclarecidos sobre direitos humanos irrestritos.