quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Boca voltou

com rap e rap/reggae
por maneco nascimento

Na noite do dia 26 de outubro de 2016, após dois meses de pausa, para reestruturação do espaço físico do Bar do Club dos Diários, se deu um novo encontro de público e artistas que circulam pelo Espaço Cultural "Osório Jr.", na cata contumaz das quartas feiras, quando acontecem os shows do Projeto Boca da Noite.

As atrações, a Banda Flip LP, com seu rap pop rock presença, no primeiro momento, e o rap/reggae de Preto Kedé, na sequência shows.

A Flip LP deu seu melhor e, com um histórico de viagens, shows, disco e uma maturidade da boa juventude que a brisa bem canta nos palcos da cidade, não deu por menos, cumpriu agenda quente e atraente de performance musical pop profissa.

Uma Banda em ótima sintonia, tanto de postura em cena de palco, como em respostas de interação com o público, que veio prestigiar os meninos da Flip LP.

Cadenciados e melódicos poéticos, feitos canções que contam e cantam a própria história de ser musical e jovializar a arte de compor e expressar a identidade música.

Felipe Barros, o vocalista da Flip, tem sangue no olho ardente e arca com o domínio de dialogar com a assistência. Detém atitude que o deixa em lugar de estar em casa, fazendo o que quer, com a alegria de olho no olho do público e tempo de interação eficiente. Aliado aos outros componentes, que intrinsecam cumplicidade, deram um show de boa arte musical.

Depois foi a vez de Preto Kedé. Bonito. Grande enquanto interage sua música. Brilha felicidade em forma de canção. Seus rapreggae abraçam a plateia e deixam-na envolvida, sem perder o balanço.

Salvo o fato de seu show ter sido de meia banda, digo meia hora, mal começou, acabou. Foi o show + curto que fui. De todo o + foi empolgante, envolvente e corpo a corpo com sua plateia.

Desceu do palco, quebrou a quarta parede e veio pra galera. Não houve como não curtir e estar + próximo da boa energia e átomos musicais gravitados na matéria da canção de PKed.

Ao final de um pouco + de meia hora de canção, o ébano Kedé marcou um "strip" poético e de peito nu encerrou sua participação força musical no Projeto Boca da Noite, de 26 de outubro.

O Espaço Cultural "Osório Jr."/BCD reteve uma boa agenda de sons e Tons e melodias suingadas e quem não foi, só perdeu a chance  de ver duas vertentes da boa e jovem geração que marca espaço na cena musical da cidade.

O Projeto Boca da Noite está de volta e as noites de quartas feira ficam + atraentes no Corredor Cultural do centro da cidade.

Salve, Simpatia! 
Asè, 
Flip e Kedé!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Memórias ancestrais

"África de Onde Viemos"
por maneco nascimento

O espetáculo de dança já marcou agenda prestigiosa durante o aniversário de 122 anos do Theatro 4 de Setembro.

A apresentação foi na Galeria de Arte do Club dos Diários "Nonato Oliveira", dia 01 de setembro, às 17 horas.

Corria a Semana de Aniversário do Theatro 4 de Setembro 122 Anos, de 01 a 04 de setembro de 2016.

 Agora, ele está de volta e, dessa vez, se apresenta no palco do Theatro 4 de Setembro, nesta terça feira, 25 de outubro, às 19 horas.

Concorre, em pauta, dentro do Projeto Terças da Casa, na edição Terça Dança. Projeto idealizado pela coordenação do Complexo Cultural Club dos Diários/Theatro 4 de Setembro, o Terças da Casa contempla as linguagens artísticas de Teatro, Dança e Música (Terça Teatro, Terça Dança e Terça Som Três em Um), respectivamente.

Nesta terça, cabe ao espetáculo "África de Onde Viemos" brilhar no tablado da Casa + charmosa de Teresina, que há 122 anos recepciona e dá guarita às manifestações artístico culturais da cidade e do estado do Piauí e aos espetáculos e companhias de outros estados que nos visitam.
 "África de Onde Viemos", com direção e coreografias de Samara Rocha, realiza um passeio de imersão pelas manifestações religiosas de matriz afro-brasileiras e festeja os santos e suas luzes e brilhos de representatividade, identidade e pertencimento das memórias de origens ancestrais africanas, que ganham reprodução cultural na história de festas, religião e orgulho afro-descendente.
O espetáculo que reúne + de vinte artistas consegue trazer, como peça de manifestação, todo o rigor e plástica de estético de dança, música, sons e representação de deuses e mitos herdados ao culto afro-brasis.
 Só hoje, às 19 horas, no Theatro 4 de Setembro, na agenda do Terças da Casa - Terça Dança.


***Serviço:
Projeto Terças da Casa - Terça Dança
espetáculo "África de Onde Viemos"
às 19 horas
no Theatro 4 de Setembro.

Ingressos: R$ 10,00 (meia)/R$ 20,00 (inteira)
Informações: 3222 7100






fotos/imagem: (acervo África de Onde Viemos/Samara Rocha)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Rap na parada

Flip & Kedé
por maneco nascimento

A volta do Boca da Noite, após uma pausa pra reajustes estruturais do Bar do Club dos Diários, está com data marcada.


É nesta quarta feira, 26 de outubro, às 18 horas, no Espaço Cultual "Osório Jr."/Bar do Club dos Diários. E o tempo será pancada rap e reggae tradição.

Band Flip & Preto Kedé fazem a noite do Corredor Cultural do centro da cidade, no palco do Projeto Boca da Noite.

"O Boca da noite está de volta!
(...) o Bar do Club dos Diários reabre as portas e abre os braços às noites de quarta feira do Corredor Cultural e do Projeto Boca da Noite.

Pra você que não esqueceu... Aquele abraço do Boca da Noite, que ganha em arte e cultura musical no Espaço Cultural “Osório Jr.”/Bar do Club."

Nesta quarta, 26, em horário extraordinário das 18 horas. 

 A Voz da cidade, o rap harmonia da Banda Flip e o rap-reggae de Preto kedé.


A Banda Flip apresenta o rap que canta, conta as vozes, os sons melódicos da cidade, as identidades da periferia e falas sociais que ganham ritmo e ampliam o fazer rap, que percorre as noites, shows e movimento artístico que  a linguagem defende.
Preto Kedé, essa estrela da comunidade abraça o bairro, as cidades da cidade e espelha as periferias da própria identidade, as vidas que falam do cotidiano, das conquistas e da arte e cultura que nascem da comunidade, na comunidade e gritam palavras de ordem de permanência e confirmação da arte e cultura da periferia.
De Teresina, Preto Kedé redimensiona o rap/reggae e através da gravadora QuilomboLouco Records realiza a distribuição do produto musical que fala a voz de casa e reafirma cultura da periferia. 
Recentemente, Kelé brilhou na França, Cannes, com o filme “Deixa a Chuva Cair”, em que o rapper é destaque pelo trabalho social que desenvolve nas comunidades de Teresina. O filme-documentário, dirigido por Juscelino Ribeiro, empenha olhar sobre as rotinas das periferias e tem como condutor dessa viagem, o artista rapper Preto Kedé.
Só nesta quarta, 26, às 18 horas, no Espaço Cultural “Osório Jr.”/BCD, as vozes de rappers e as falas das comunidades regem a noite do Projeto Boca da Noite. 

Numa realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Piauí, o Projeto permanecerá com atrações, sempre às quartas feiras, até quando entrar dezembro.

Siga o Corredor Cultural do centro da cidade, afine-se às noites de quartas feira e curta o Projeto Boca da Noite. 

A entrada é sempre franca.

Serviço:
Projeto Boca da Noite
Banda Flip & Preto Kedé
26 out. quarta
18h
Espaço Cultural "Osório Jr."/BCD
Entrada Franca.
informações: (086 94626481 / 086 88912509
pretokede@hotmail.com)

fotos/imagem: (pages B. Flip/ Preto Kedé// ascomSeCult)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Corpos que riem

em linguística musical
por maneco nascimento

O espetáculo tem linguística de musicais. Estão lá as trilhas, as canções interpretadas, os cantores e cantoras virtuosamente pop, os músicos e seus instrumentos selvagens, o mapa dramático e estético de persuasão e convencimento da recepção, os atores e atrizes e os bailarinos e bailarinas. Está lá o espetáculo estendido na távola do lúdico, mágico, científico e sensível à práxis de show biz.

Nesse terceiro vértice de comentário ao espetáculo #FAMA#emtemporeal, que estreou à primeira temporada, dias 15 e 16 de outubro, no palco do Theatro 4 de Setembro, a atenção volta-se aos bailarino(a)s que imprimiram falas, através de corpos graciosos e desenhos da partitura individual de quem dança às respostas do coletivo.

Chica Silva, que também assina coreografias do espetáculo; Jeciane Sousa; José Carlos dos Santos e Robert Rodriguez, o quadrilátero que enfatizou a dramaticidade dalgumas canções no enredo de #FAMA#emtemporeal.

Na metalinguagem, de prólogo do espetáculo, Jeciane, José e Roberty concorrem em audição a uma vaga do espetáculo. Antes José Carlos e Robert Rodriguez tentam cantar, mas seriam desastrosos como cantores e, reconduzidos ao teste de dança, acabam aprovados ao espetáculo.

Na metacena, os bailarinos ganham força e expansão da carreira de primeira incursão musical (metateatro em tempo real) e vão ampliando as identidades de movimento e deixando rastro de talento, ao longo dos 60 minutos de atração musical.

Chica Silva é estilo de economia e concentração, sem qualquer necessidade de arroubo de vaidade. Sua versão de Gene Kelly, à canção "Singin in the rain" (Cantando na Chuva), consegue afiar a atenção do público e a licença poética de reprodução da cena do clássico do cinema ganha sabor de liberdade dialogada pelas linguagens intertextuais.

Em "Bete Balanço", a canção do filme homônimo, lá está também Chica em seu contributo de dança, na pedagogia de leitura de versos composicionais, através do corpo. Outras passagens quentes que a dança exige imagem, movimento, linguagem e falas do corpo, o corpo de Chica Silva também é voz que emblematiza frases na dança.

Jeciane Sousa consegue ser uma espécie de "al faz tudo" da cartografia dançada do espetáculo, parece está em 90% do que se dança no espetáculo. Essa quase sempre presença dela na cena se nos dá uma alegria e felicidade de ver uma artista em poder e performance eficientes ao deslizar passes e marcas intrínsecas de talento e fraseados corporais à dança.

Desde o teste ao espetáculo, com "Billie Jean" e, enveredando por "New York, New York" (filme e musical Cabaret), da cena clássica de Liza Minelli, é a Jece quem divide a cena com Edithe Rosa e Stella Simpson. Domina fácil o palco e atua muito bem, obrigado, para dança e teatro sugeridos.

Vem também em "Bete Balanço", ao vigor de coletivo; "Maniac" (filme Flash Dance), para solo que impõe não só energia, mas muito preparo técnico. Preparo esse para percorrer em segundos uma coreografia, sair, trocar de figurino e retomar a outro enredo com + garra, que bem ilustra a personagem de "Flash Dance".

Seu metateatro, um ritmo quente pé dentro da cartografia coreografada. Os Embalos ganham sábado, domingo e geracionam outros ritmos dominados da intérprete criadora.

Em "Vogue" (Madonna) é de novo peça no coletivo que bem expressa práxis eficaz de dançar com o Balé da Cidade de Teresina. A sua presença é bela, bela, bela, bela, a sua presença. Um cisne arbitrado fora das fábulas trágicas e mergulhado no fabuloso do contemporâneo à nova dança.


José Carlos dos Santos, ator e bailarino e educador físico reúne disciplina, amor ao que faz com verdade de cena e uma paixão vazada aos poros, quando está no centro da dramaturgia que lhe caiba. Postura, presença, domínio da cena que está para sua partitura e um belo de acreditar no que faz, que é peça chave de persuasão. Quem não acredita no que está fazendo, não convence ninguém.

Dança com domínio da própria técnica que consegue presenciar e está eficiente, também, no coletivo quando divide cena com Jeciane e Roberty Rodriguez, ou quando elementa passagem de identidade no palco, ou à própria repercussão de Narciso à cena dos espelhos. Um ponto alvo, é quando realiza teste para cantor. A personagem premeditada avança sobre o ator, mas não é cavalo do santo. É ciência do teatro experimentada.

O quarto bailarino, Robert Rodriguez, é o que + audaciona-se sobre o coletivo e impõe a própria idiossincrasia de brilhar na cena, mesmo quando o roteiro exige equidade na coreografia. Gestos longilíneos e amplificados pela energia big bang em fúria de formação de nova estrela.

Por outro lado, expele felicidade natural, preenche a cena com sua grandeza de falas quase de alguém que está reaprendendo a ouvir. O quarto cavaleiro da apologia de musicais ao #FAMA#emtemporeal, sola sua identidade feliz e tem seus 60 minutos de fama, junto com os colegas de palco,

Se houver uma alusão à memória de Lennie Dale, ou ao movimento de afirmação cultural pela dança e teatro musical dos Dzi Croquettes (contracultura, realidade, ruptura ideológica e transformação social dos anos 70 carioca, pela ironia e inteligência de confronto realizados pelos atores/bailarinos daquela geração política), ela aparece na persona de Robert Rodriguez em #FAMA#emtemporeal.

O coletivo que dança no espetáculo, não dança feio nem quando está nas coxias. Devem a si mesmos o talento demonstrado e o vigor de bem dançar quando falam pelas siglas e signos do corpo que expressa linguagem.

Em tempo real não perdem a prosa, nem a linguística do que se propõem enquanto dançam.

Evoé, Chica, Jeciane, José Carlos e Robert!

fotos/imagem: (josé carlos santos/  m. nascimento//

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Sete Destinos

Sete filhas de Jesus
por maneco nascimento.

Sete linhas dramáticas, sete flechas errantes, sete traçados à obra do Senhor morto, sete mulheres desposadas por Jesus, sete irmãs de hábito e fé duvidosa, sete divagadoras dos destinos à escolha d'Elas, ou doutrem, sete pecados capitalizados à sombra do Convento, sete orações profanadas, às sobras divinas, pela licença poético-lúdico dramatúrgica cinzelada, de Walden Luiz, autor cearense, que ganha força histriônica na verve de atores/atrizes do Humanitas de Teatro 16Anos.


Depois da estreia festejada, de nova investida e do início da Temporada Popular, no Teatro "Torquato Neto", de quatro terças feiras, 04, 11, 18 e 25 (última data), a R$ 1,99, tive a feliz oportunidade de assistir ao espetáculo "As Sete Irmãs".

As filhas e esposas de Jesus (esse paradoxo que só a religião e igreja das instituições podem permitir ocorrência), se dividem entre habituais irmãs de fé (duvidosa) e freiras em convento que o cotidiano prepara à chegada da madre Superiora e do Bispo da comarca, este que vem em visita a clausura das escolhidas em Cristo.

Walden consegue eliminar as "bondades" do hábito e por à mostra o lado obscuro do ser das freiras. Mulheres com pecados naturais, falhas trágicas tradicionais, elo fraco da corrente de fé que as impõe como sujeitas do projeto de Casa, perna institucionalizada ao grande polvo, que forma o condomínio das pontes ao céu.

O mote se repete, das dramaturgias universais, sete mulheres presas numa casa (convento) lutando por uma causa, ou à própria causa. Ai temos A Casa de Bernarda Alba (Lorca);  A Casa das Sete Mulheres (série de televisão, adaptada da obra de Letícia Wierzchowski Gomes, de Porto Alegre, brasileira nascida em 4 de junho de 1972)  e "As Sete Irmãs", de nordestino do Ceará, W. Luiz.

Mulheres em seus contextos sociais, religiosos, políticos, econômicos e trágico humanos. Contam, desfiam suas histórias e vivem a seu tempo e tema dramático o que pesa a enredo de identidade, reflexão, crítica e exegese da vida em oráculos inconscientes.

"As Sete Irmãs" empareda no Convento as personagens de Irmã Angélica (Júnior Marks), a sombra viva da Madre Superiora, a amiga da Rainha; Irmã Benigna (Iarla Ribeiro), a mais nova, fez dança e não queria ser freira (destino da que nada na contramão da instituição e convenção familiar, uma espécie de Adela lorquiana, presa ao hábito); Irmã Celeste (Sandra Lima), a fada da cozinha, dos segredos e de acesos de libido; Irmã Dulcina (Marcelo Rêgo), avara controladora da despensa, comeria escondido para recusar as refeições habituais? Seu segredo está roupa íntima.

E mais, Irmã Excelsa (Flávia Moura); Irmã Felícia (Solange Santos); Irmã Glória (Vitorino Rodrigues), a com um cérebro de guloseimas, sempre a desafiar o pecado da gula. Todas, em suas medidas de psicologia da carpintaria dramática, carregam consigo a falha trágica dos destinos entregues às mãos do Senhor.

O texto de Walden é enérgico, direto, sem falso moralismo, nem maniqueísmo de lição de redenção. A pilhéria está em se ri de si mesmo. Então é venal, bocarrudo, discreto sem assepsia do cardápio do cristão movido à fé cega. Revela a nudez das freiras, sem despi-las. Mesmo quando uma é despida, continua bem vestida, porque seus hábitos estão à mostra ao longo do enredo.

Um elenco que converge à histrionia da cartografia escrevinhada pela dramaturgia do autor (W. L.) e do diretor de dramaturgia de palco, Júnior Marks (diretor do espetáculo). As irmãs gravitam no escolho da vida, em fé imposta, e ao escamoteio da vida, em real presença das verdades inteiras para Deus e, entronizadas pelas verves dos intérpretes, ganham energia melodramática e elipses de trágico premeditado.

Os sonhos, pavores, pesadelos, desejos "reprimidos", quebra do protocolo rigoroso e memórias regurgitadas vão-se aplicando, feito água na fervura que mantém o calor de reverbero das sensações e sinestesias das mulheres cobertas por manto religioso.

Júnior Marks, Iarla Ribeiro, Sandra Lima, Marcelo Rêgo, Flávia Moura, Solange Santos, Vitorino Rodrigues, cada um a seu modus operandis dramático ganha a causa, de compor e vitalizar a personagem que lhe caiba no latifúndio do Convento e, no contraponto, recebem a visita de um Anjo (o primo Basílio das freiras que macula as servas do Senhor, ou divino pasoliniano que deixa rastro de mudanças no hábito das religiosas).

Luiz Gonzaga faz uma entrada tímida, de presença ainda discreta que margeia um neutro sem atomização de anjo. + ímpeto para a carga de responsabilidade no sonho erótico das mulheres cairia bem das asas do Anjo. 

Esse, que decaído vira o mortal dos sonhos + instigantes das freiras, poderia deixar-se, sem perder a angelicadeza que o ator passa, ganhar ares da personagem que vigora Teorema em Pier Paolo Pasolini. Nada que a maturação de um velho carvalho não obre uma safra de 30 anos.

Júnior Marks assina direção, pesquisa à sonoplastia e concepção de cenário, este que reúne peças móbiles (praticáveis) que variam desde casa-varanda de histórias orais, sala de costuras e coser os destinos e, quando necessidade de passarela, os praticáveis são deslocados para receber a ostentação do poder. Os banquinhos de sentar o tempo também são de mobilidade a cada variável de ação.

No fundo, ainda cenográfico, um porta-passagem, ou porta retrato. Moldura de ações de entre o espelho da madrasta Superiora e de margem às outras irmãs, as que que desenham o caminho santo do poder instituído.

É nessa moldura que a fotografia do Álbum de Família (porque também há Nelson Rodrigues) finaliza o enredo contado pel'As Sete Irmãs. Na posteridade, ficam reunidos as irmãs e o Bispo, que recebe as vestes cosidas pelas freiras e compõe a história oficial de preservação e permanência da igreja institucional em iconografia rebuscada.

Para a técnica que infere seu contributo na estética e plástica do espetáculo, vigilam o Figurino (que matiza o hábito de cores do arco íris e um véu preso, ao alto da cabeça, aplicado por uma trave horizontal, talvez a inferir a linha do sintagma na linguística semiótica da cruz); Maquiagem (bocas seladas com uma tarja vertical, cor branca de pureza, ao símbolo de nada falo) e Adereços à assinatura de Hugo Leonardo.

As coreografias de cena, por Eristóteles Pegado e Marcelo Rêgo, alinhavam deslocamentos na economia do campo santo. A luz, de Renato Caldas, gera a energia e defende a atmosfera de pequenos crimes e percados perdoáveis. As fotos de Amilton Carneiro têm uma atmosfera que prende detalhes sórdidos das personagens impressos na máscara dramática.

Uma divertida ação de apelo gracejado dramático às expensas de (in)delicados do veneno, impresso no texto, destilado às falas das irmãs de mesma fé e oralizados pelo(a)s intérpretes em suas particulares partituras de ator/atriz e método.

Quer conferir de perto? Vá ao Teatro "Torquato Neto" (Club dos Diários), dia 25 de outubro, às 19h30. Veja com seus próprios olhos e tenha fé, você vai se divertir mesmo.

fotos/imagem: (Amilton Carneiro) 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

As Divas

e os Brothers pop são #FAMA!
por maneco nascimento

Cláudia Simone, Gislene Danielle, Lucas Coimbra e Vieira Neto (Kiko), esse(a)s vozes ouro, a cereja "delicious fruit" do bolo da festa #FAMA#emtemporeal, que foram show na estreia, deste último final de semana, 15 e 16 de outubro, no Theatro 4 de Setembro, às 20 horas.

Para #FAMA#emtemporeal, Cacau, Gil, Coimbra, Kiko e, ainda, o contrabaixista do musical, Machado Jr., que cantou "Footloose", intimista acústico, em companhia da escaleta quente de Fábio Mesquita, realizaram a arte de bem cantar, na primeira temporada, a de estreia, do espetáculo imerso nas trilhas, músicas, musicais, cinema, teatro, shows pop e rock e teatro musical nacional.

Um arroubo de felicidade musical, teatral, artístico-técnico, compondo a cena que cresce aos olhos da plateia que se vê enleada em metateatro, cinema projetado, musicais revisitados e canções pop rock das maiores estrelas de todas as épocas festejadas.

Cláudia Simone, que inicia sua participação em "Como Nossos Pais" (Belchior), sucesso do Show Falso Brilhante, de Elis Regina, também brilha + em "Bete Balanço" (filme homônimo) e "Vogue" (Madonna) e em diálogos de outras grandes canções, quando divide a cena com Gil, Coimbra e Kiko.

Cláudia detém uma força de cantar e se impor como intérprete, que não nega o sangue pagão familiar, herdado da brilhante Bebel Martins. Cacau assegura beleza, presença, talento e átomos expandidos, enquanto dramática força de cantar e assinar o próprio nome em tudo que faz e para #FAMA#emtemporeal fez +. Faz bem ouvir cantar Cacau.

A entrada de Gislene Danielle começa muito bem, já de início, na metalinguagem da cena, quando concorre a uma vaga no espetáculo que será montado em 15 dias.


Depois Ela reaparece em homenagem de voz, presença e arte de cantar na "The hell are alive” (A Noviça Rebelde, na cena clássica em que a personagem corre e canta no campo montanhez). 
Também brilhante em "New York, New York" (musical e filme Cabaret), ao lado de Vieira Neto (Kiko); "Mamma Mia" (ABBA/ filme Mamma Mia), dividindo a cena com Lucas Coimbra e a outros bons momentos dinâmicos. 

Espetáculo em que o(a) intérprete é peça dentro, em tempo real, o tempo todo, Danielle compõe sua trilhada voz, a uma erudição pop, em todo o conjunto da obra dramatúrgico musical que instala o(a)s artistas como ponto chave da felicidade sonora e cênica apresentada.
Vieira Neto, por não ter tido, até peitar de frente com #FAMA#emtemporeal, nenhuma incursão pelo mundo do teatro, por onde Cacau, Gil e Lucas já têm passagem, é de impactante aparição. Desde que faz o teste para o musical em "All my loving" (Beatles) já define presságio de luz que clama atração fatal em noite adentro. "New York, New York" e em todas as demais canções, que incide reforço de coro, back vocal e presença musical caliente, faz por merecer a força de coração que pulsa emoção de ser artista.



Em "Maniac", outro momento de gerar  a própria cena dialógica, divide a cena com a bailarina (Jeciane Sousa), quando reproduzem diálogo dançante do filme Flash Dance. Se já vencia desde o teste com a canção dos Beatles, em "Maniac" investe o ator e, no desafio de encenar, não perde a deixa e a natureza trata de realizar o amante, em potencial, que pulsa do intérprete ao ator. Diz que sabe +, quando fala o coração do artista.

                                        *****(jeciane sousa em flagrante de vany fortes)

Lucas Coimbra desempenha, no espetáculo, bons  momentos e concentradas personagens. Diretor musical que conduz, junto com João Vasconcelos (Diretor geral) e Adriano Abreu (Diretor de cena) e Chica Silva (coreógrafa), o mapa dramático musical e, os testes de cantor(a) ao espetáculo; ator/diretor musical em tempo real, intérprete de outras belas canções e uma econômica graciosidade ao cantar. 
Defende muito bem a boa parte que lhe cabe nas canções e, se veste, em alusão elogiosa, a Gene Kelly, com um registro vocal que lembra o do ator, dançarino, cantor, coreógrafo, produtor e diretor norte americano. 

Na "Singin in the rain (do filme Dançando na Chuva) divide a cena com Chica Silva, que executa a mis-èn-scene de sapateado no palco da chuva lúdica. Coimbra converge tranquilo ao todo do espetáculo e está lá assomando a alegria de escolher-se ao #FAMA#emtemporeal.

Machado Jr., na personagem de contrabaixista e cantor intimista para a canção "Footloose" (filme Footloose Ritmo Louco) não perde o ritmo e está para o espetáculo, como a música, a composição, a poesia e seus cordas de aço estão para a própria carreira. Soma nome, talento e arte de defender música. E o faz em #FAMA#emtemporeal.

A música se garante (Fábio Mesquita, piano e escaleta), Lucas Coimbra (Direção musical), Lucas Santana (guitarra), Machado Jr. (contrabaixo) e Roberto Carvalho (bateria). 


As vozes (Cacau[Cláudia Simone], Gil[Gislene Danielle], Coimbra[Lucas Coimbra], Kiko[Vieira Neto] e Machado[Machado Jr.]) são o diferencial, na cidade, na música, no espetáculo musical, na cena em tempo real que cresce à fé e impetuosidade cênica de propósitos artísticos definidos.

Somem-se ainda o(a)s bailarinos Chica Silva, José Carlos Santos, Robert Rodriguez e as atrizes Edithe Rosa  e Stella Simpson (que acumula arte de figurinos e caracterização), o Balé da Cidade de Teresina + a luz, de Pablo Erickson ; a gerência de som, de Fabiano Bezerra; a operação de vídeo-exibição renderizado, de Márcio Brytho e a gerência de palco, de Antonio José, que amplificam o bom resultado conseguido ao sabor de time que joga junto, é campeão junto.

#FAMA#emtemporeal tem a alegria de brasis, o talento bossa nossa, a ousadia que infere quebrar paradigmas e reinventar a cena posta e, especialmente, imprime artistas-solo e em coletivos nas suas melhores expressões de amor e prazer de ser e viver vida de artista na cena apropriada.

É mesmo para Divas e Brothers pop que deitam na #FAMA#emtemporeal.

fotos/imagem:
jeciane sousa em voo, (de Vany Fortes)
outros flagrantes (Luciana Marreiros)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Musical

é #FAMA#emtemporeal
por maneco nascimento

A estreia deu-se em temporada de dois dias (15 e 16 de outubro), às 20 horas, no Theatro 4 de Setembro, tudo sendo construído na hora, em tempo real de uma hora. O elenco, 20 artistas das vertentes da linguagem da cena de teatro, dança, música, técnica de palco, bastidores, vestuária e caracterização, som, luz, video-exibição.

O espetáculo, um mergulho pelas trilhas de cinema estrangeiros e nacionais, musicais, grandes ídolos, Divas, música pop, clássicos orquestrados, rock pop. Musicais e shows e filmes, que marcaram a história da cultura pop e que reverberam, desde que o homem não pisou na Lua, ou um pouco antes quando se começava a grande disputa das indústrias culturais e cultura e arte que se inscreveram, em paralelo, ou em simbiose com as novidades do século 20 e 21, entrecruzados pelo mundo pop art business, show espetáculos biz.

A trilha sonora, que desenha o espetáculo e amplia as licenças poético dramáticas e conflui com imagens de cinema e musicais e clipes icônicos pop, revela a feliz ideia de imergir nas memórias musicais que marcaram gerações e imprimiram razão e sensibilidade à cultura de massa e a força do mass media artístico ao redor do mundo criativo.

Louis Armstrong, “What a wonderful world”; "Como Nossos Pais” (sucesso de Belchior, por Elis Regina, do show Falso Brilhante); “All my loving” (Beatles); "Meu mundo caiu”(de Maysa); “Billie Jean” (Michael Jackson); do filme A Noviça Rebelde, "The hell are alive”; “Singin in the rain” (filme Cantando na Chuva); projeção de áudio original e imagens de "Moulin Rouge”.


E, “New York, New York” (musical/filme Cabaret); música do filme “Bete Balanço”; “Lay your Love on me”; do filme “Flashdance”; “Maniac”; "Mamma Mia", ABBA e filme Mamma Mia; filme “Hair”, “Staying alive”, filme Embalos de sábado à noite; musical/filme “Fame”/versão de Sandra de Sá: Sol de Verão/Fama; musical de Madonna, “Vogue” (com a participação super especial do Balé da Cidade de Teresina) e Elis Regina (Aquarela do Brasil) e Marília Pera (Elas por Elas) e as Marchinhas populares brasileiras.

Cena que se vai construindo, numa desconstrução matalinguística à geografia da cena, #FAMA#emtemporeal vem, desde a primeira entrada, para um desvelar de impactos e cenas humoradas que reviram a história de Shows de auditório e trazem, nas entrelinhas, também, a Era do Rádio, o teatro musical, programas de calouros (que aparecem na carpintaria dramática, como os testes para participação no espetáculo, que deverá ser montado em 15 dias).

A metalinguagem do teatro dentro do teatro, as revelações de bastidores in loco, e o construtivismo da cena que, num crescente, vai revelando uma feliz e criativa solução de contar a história, através das músicas e imagens originais, projetadas em telão ao fundo, que se fundem com a cena, de primeiro plano, quando os intérpretes/cantores "dublam", dividem a cena com grandes ícones e as canções + populares de todos os tempos.

Cláudia Simone, Gislene Danielle, Vieira Neto (Kiko) e  Lucas Coimbra e Machado Jr., os cantores/atores vão distribuindo sabedoria musical e vocal, enquanto costuram a própria cena de metateatro na profissão de intérpretes, sejam os que venceram o teste para cantor(a), durante as audições, sejam os que já estão para a cena para seu solo de bem cantar. Há um sinergia e felicidade em cada canção encenada e nada a dever, "nem a você, nem a ninguém...". 


Um gracejo, um drama, um rock, um pop music, um deus Ex-machine ampliado ao teatro musical contemporâneo em que a desconstrução é construtiva do enredo dinâmico, afiado e afinado às vozes e aos vozes de ouro bossa nossa. Cacau, Gil, Kiko e Coimbra estão indomavelmente doce deleite de bem cantar e respirar teatro trilhado às vezes de musical.



A companhia luxuosa da Banda composta por Fábio Mesquita, piano, teclados e escaleta (ponto comovente em "Footloose", quando dialoga com Machado Jr.); Lucas Coimbra, Direção Musical e voz; Lucas Santana, guitarra; Machado Jr., contrabaixo e voz e Roberto Carvalho, bateria, consegue ser a melhor base de lançamento, às estrelas, de todo o elenco classe A que interage a história contada.

Confluem em mesma e intensa energia os intérpretes criadores, bailarino(a)s, Chica Silva (coreógrafa e bailarina), bailarino(a)s Jeciane Sousa; Zé Carlos Santos e Robert Rodriguez, que deslizam feito agulha e linha, costurando um ilustrado elegante de coreografias e manifestado de diálogos pelo corpo que discursa as vozes às musicas e musicais representados.

Os técnicos/atores que interagem diretamente e geram  novidade de também contar o enredo, em que o fim é o começo e as variações de cenas, à toda a importância de todas as personagens que cantam e oralizam o mapa dramático e revivificam as profissões envolvidas na trama, sabem do convencer.

João Vasconcelos, Direção e Produção Geral;  Adriano Abreu, Direção de Cena, somam-se a Pablo Erickson que traz uma luz limpa, delicada e envolvente à linguagem de shows musicais, a escrita que sobrevaloriza o artista que gera a luz e aquece o que é tempo de Estrela.

Fabiano Bezerra, o Sonoplasta; Edithe Rosa, na personagem de contrarregra-atriz e de impulso de vencer como cantora de musicais; Stella Simpson, investida na cena como camareira/atriz de musical e assinante de Figurino e Caracterização do elenco; Antonio José, como o Gerente de palco e Marcio Brytho, na pele de Operador de video-áudio renderizado. 

Se as imagens confluídas a um conjunto estético plástico, cartografado no desenho dramático, não falassem nada e o reunido técnico profissional, que gerou o ótimo resultado, não vingasse horrores, ainda haveria que dar crédito a um grupo de artistas, atores, atrizes, cantores, cantoras, músicos, técnicos que internalizaram uma fórmula de sucesso impactante-feliz e um redondo espetáculo, em persuasivo suporte de atrair a recepção e deixá-la envolvida na teia criativa e expressiva de bem realizar.

+ do que ser só entretenimento, o espetáculo com características de linguagem musical rapta a atenção do público, desde a primeira imagem de Louis Armstrong e sua bela voz e carisma emprestados a uma sequência da sétima arte, na valorização dos temas, das discussões sociais e políticas, das imagens imortalizadas por "uma ideia e uma câmera na mão" e a ditadura do montador que posterizou cenas inesquecíveis à arte do cinema.

Não faltou, na tessitura do espetáculo, as homenagens aos Estelares que se nos são caros na nossa proximidade cultural de arte, artistas, fãs e às memórias inesquecíveis, Marylin Monroe, Júlio Romão, Amy Winehouse, Junior (Salve Rainha), Marília Pera, José Wilker, Dr. Rubens Lima. 

A grata forma do dramaturgo, J. Vasconcelos, dizer o quanto podemos ser sempre gratos a arte e ao artista, sejam os nossos, sejam os nossos outros de outros países.


#FAMA#emtemporeal é uma pancada de qualidade e surpresa, em resultado final apresentado, para quem se atém a música e musicais e teatro de representação dos melhores dias de nossas vidas, pela memória da arte e cultura da cena de espetáculos, nas linguagens reunidas à metalinguagem proposta ao espetáculo.

Teatro construtivista, que o elenco se desconstrói enquanto alinhava felicidade cênica. 

Dobra um Cabo da Boa Esperança e deságua nas terras apropriadas ao ato de representar e representar-se na arte de ser artista e dialogar com seu público. O faz bem e deixa um rastro de competência artística.

A proposta, de construção ao vivo da cena, deixa margem para maturar o vinho, nas repetições do resultado, e festejar Baco como bem detém o corpus que construiu o corpo sinérgico  de #FAMA#emtemporeal.

Valeu o quanto pesa na balança do bom dramático.


fotos/imagens: (Luciana Marreiros)