Visse e Versa teatro popular
por maneco nascimento
A Cia. Visse Versa de Ação Cênica, de Rio Branco (AC), deu seu ar da graça, na tarde do dia 19 de agosto, a partir das 16 horas, no Largo da Praça do Liceu Piauiense, a Landri Sales, centro da cidade de Teresina, advinda do circulação AmazôniadasArtes.
(comédia satírica acreana, na Pça do Liceu/fotos m. nascimento)
Cumpriu rito de passagem pela cidade verde, em exercício do exercício do fingimento e práxis de convencer pela arte da construção da personagem. Seu teatro popular revisitando velhas marcas e signos de tradição reinventada tomou, de assalto, corpo e atenção de estudantes, transeuntes, artistas e toda sorte de quem manteve curiosidade concentrada no gracejo molieriano, sob viés de artistas da cena do Acre.
A peça se impõe a partir da "ruidosa" atração de sons vocais, pregoeiros, e instrumentos extensores à busca da atenção dos audientes (megafone, tarol, bumbo, pandeiro, escaleta, matracas, entre outros facilitadores de sons e impactos de atração cênico-sonoros). Toda composição musicalizada se instaura para que a peça peça passagem com alegria, riso e diversão garantidas.
"As Mulheres de Molière", a pecha do riso e entretenimento, em palco a céu aberto e, às vezes do teatro de rua e na praça, ganhou toda a assistência. Teatro de classificação livre, com 50 minutos de ação caliente e revelada para aproximar dramaturgia de avançados medievos ao estilo comédia satírica do século 17 francês, mergulhada em dias de contemporaneidade convulsiva dos novos tempos, de fluxos e refluxos de informações substituídas na efeméride das novas tecnologias. Tradição de cultura universal apropriada ao eixo local de arte regurgitada à manutenção de memórias consignadas.
A cenografia, um baú de figurinos e novidades ( contrarregra) que vão compondo atos e tratos e desatos da narrativa. O baú também faz as vezes de andor à aristocracia forjada, ou à mocinha empertigada.
Os figurinos repaginam design de agora em mergulho a estilo e risco de contexto da "época" original, de vestimentas das personagens em franca atualização. Estão lá, representados na Corte da farsa em comèdie satirique e no corte das roupas simplificadas e identitárias, os nobres e os pobres, empregados e patrões, mocinhos e mocinhas, a bela e a feia e a dramaturgia histriônica dos erros e brinquedos do destino na comédia e crítica dos costumes.
A música, recolhe pérolas populares de dúbio sentido e aplicação de apelo risível, no uso de sucessos brasis, não ofensivo. Intertextualiza o discurso musical ao contexto da narrativa.
Também costura determinados momentos com afrancesamentos dos cancioneiros e links com a linguística ibérica à origem do autor, que se posterizou como o melhor representante da dramaturgia farsesca do mundo da França, em seu tempo de atrair a atenção à corte e à recepção popular como mote de crítica social sob a boa égide da comédia da arte dramática. Sambinhas nacionais também reúnem pontos e alinhavos gracejados das vidas das personagens narradoras da própria sorte contada.
O elenco de "As Mulheres de Molière" super entrosado, inflexiona vozes e falas sociais com a a garantia de manter a atenção do público, comunicar ação cênica e rigor flexionados pelo riso, em vezes da prática teatral, e um natural dialogismo com a plateia que atesta a prova dos nove, na interação direta entre artistas e a recepção voltada ao ato de relação técnica, estética, plástica e dona da própria cena proposta.
Cada artista, a seu tempo e solo da personagem apresentada na partitura do roteiro da comédia de tradição, esteve muito bem e afinou interesse de quem parou para ver o Molière, da Cia. Visse Versa de Ação Cênica, em confirmação do seu bom teatro em expansão do norte a outros territórios curiosos.
A peça dá ao público incidental uma ótima oportunidade de rir a riso largo e fazer bem à pele de quem se torna cúmplice da dramaticidade e se integra ao mundo molieriano, revisitado pelo circo popular enfronhado nas memórias do carroções itinerantes do teatro de amealho de fronteiras (des)conhecidas e incorporadas ao histórico do cerco dramático e casa de criação apaixonada da Visse Versa de Ação Cênica.
Sobre a Cia. acreana, foi fundada em 2008. A Cia. Visse Versa de Ação Cênica vem ganhando destaque no cenário cultural acreano, através da montagem de diversos espetáculos como Comédia Del'Acre, As Mulheres de Molière, Piquenique no Front e Desencaixotando Nós.
A Cia. agrega atores interessados no trabalho de pesquisa e preparação corporal para exercer sua prática teatral. Com a colaboração de fazedores de teatro local e de outros estados, a Cia. se prepara contínua e intensivamente para este desafio, pois acredita que a arte, em especial o teatro, é bem mais precioso, capaz de conscientizar, transformar, encantar e traduzir o imaginário através de sensações e emoções." (fonte: cia.visseeversa@gmail.com/facebook)
Serviço:
Filho de um artesão
parisiense (Jean-Baptiste Poquelin), Poquelin ficou órfão da mãe (Marie Cressé) quando ainda era criança.Em 1633 entrou na prestigiada escola de
Jesuítas do
Collège de Clermont, onde completou a sua formação acadêmica em 1639.
É certo, contudo, que foi amigo íntimo do
abade La Mothe Le Vayer, filho de
François de La Mothe-Le-Vayer, na altura em que este publicava as obras de seu pai. Poquelin poderá ter sido influenciado pelos dois. Entre as suas primeiras obras encontrava-se uma tradução, hoje perdida, do
De Rerum Natura do filósofo romano
Lucrécio.
Quando chegou aos 18 anos, o seu pai passou-lhe o título de
Tapissier du Roi (Tapeceiro ordinário do rei), e o cargo associado de
valet de chambre (criado de quarto), pelo que teve desde cedo contacto com o rei. Há quem afirme que terá tido formação em
direito em
Orleães em
1642, mas subsistem algumas dúvidas quanto a isso.
Molière numa gravura do frontispício das suas "Obras"
Desde cedo se interessou pelo teatro que estava muito na moda na altura, principalmente depois de Luís XIII, a pedido de Richelieu (que também era apreciador desta arte), ter honrado a profissão de comediante com um código de moralidade.
Em Junho de
1643, juntamente com a sua amante Madeleine Béjart e um irmão e uma irmã dela, fundou a companhia (
troupe) de teatro
L'Illustre Théâtre. Fazem algumas actuações na província e, em 1644, apresentam-se em Paris, no Jogo da Péla dos Métayers. Nesta altura passa a dirigir a companhia, que, entretanto, entra na bancarrota em
1645.
A partir dessa altura assumiu o pseudónimo de Molière, inspirado no nome de uma pequena aldeia do sul de França. A falência da companhia valeu-lhe algumas semanas de prisão por causa das dívidas. Foi libertado graças à ajuda do pai.
Partiu, então, numa turné pelas aldeias como comediante itinerante. Esta vida errante durou cerca de 14 anos, durante os quais actuou com a companhia de
Charles Dufresne. Mais tarde, voltaria a criar uma companhia própria. Durante estas viagens conheceu o Príncipe de Conti, governador do
Languedoc, que se tornou seu
mecenas de 1653 a 1657, pelo que deu o seu nome à companhia. Esta amizade terminaria mais tarde, quando Conti se uniu aos inimigos de Molière no
Parti des Dévots (a "Cabala dos Devotos").
Em Lyon, Mme Duparc, conhecida como la Marquise, juntou-se à companhia. A marquesa tinha sido cortejada, em vão, por Pierre Corneille, tendo-se tornado, mais tarde, amante de Jean Racine, que ofereceu a Molière a sua tragédia Théagène et Chariclée (uma das suas primeiras obras depois de ter terminado os seus estudos de teologia), mas Molière não a encenou, ainda que tivesse encorajado Racine a seguir a carreira de escritor. Diz-se que pouco depois Molière teve uma zanga com Racine que terá também apresentado, secretamente, a sua obra à companhia do Hôtel de Bourgogne.
Frontispício de uma edição das obras de Molière, de 1734
Molière chegou a Paris em
1658 onde apresenta no
Louvre a tragédia
Nicomède de Corneille e a sua pequena
farsa Le docteur amoureux (O Médico Apaixonado), com algum sucesso. Data desta altura o témino da relação de mecenato que mantinha com o príncipe de Conti, já que a companhia passa a ser a
Troupe de Monsieur (o
Monsieur era o irmão do rei) e com a ajuda do novo mecenas, junta-se a uma famosa companhia local italiana dedicada à
commedia dell'arte.
Estabelece-se definitivamente no teatro do
Petit-Bourbon, onde, a
18 de Novembro de
1659, faz a estreia da sua peça
Les Précieuses ridicules ("As Preciosas Ridículas") - uma das suas obras primas que não era mais que a primeira incursão do autor na crítica dos maneirismos e modos afectados que então eram comuns em França e considerados "distintos".
Apesar da sua preferência pelo género trágico, Molière tornou-se famoso pelas suas farsas, geralmente de um só acto e apresentadas depois de uma tragédia. Algumas destas farsas eram apenas parcialmente escritas, sendo encenadas ao estilo da
commedia dell'arte' com improvisação a partir de um canovaccio (esboço muito geral da peça).
"Les Précieuses" suscitou interesse e críticas em relação a Molière, mas não foi, contudo, um sucesso popular. Pediu, então, a ajuda do seu sócio italiano,
Tiberio Fiorelli, famoso pela sua peça
Scaramouche, para se inteirar da técnica própria da
Commedia dell'arte.
A sua peça de
1660,
Sganarelle, ou le Cocu imaginaire ("O cornudo imaginário") parece um tributo à
Commedia dell'arte e ao seu mestre. O tema das relações matrimoniais era aqui enriquecido pela perspectiva de Molière em relação à falsidade das relações humanas, descrita com um certo grau de pessimismo. Isso tornar-se-ia evidente nas suas obras seguintes e tornar-se-ia a fonte de inspiração de futuros dramaturgos como, por exemplo (e ainda que noutro campo e a outro nível),
Luigi Pirandello.
Em 1661, com a intenção de agradar ao seu mecenas (Monsieur), escreveu e encenou
Dom García de Navarre, ou le Prince jaloux ("O Príncipe ciumento"), uma comédia heróica derivada de uma obra de
Cicognini. Monsieur, que era Philippe, Duque de Orleães, estava de tal forma seduzido pela arte e pelo entretenimento que rapidamente foi excluído das suas responsabilidades de estado.
1661 foi ainda o ano da bem sucedida L'École des maris ("Escola de Maridos") e de Les Fâcheux ("Os Importunos"), com o subtítulo Comédie faite pour les divertissements du Roi (Comédia para divertimento do Rei), já que foi encenada por ocasião de uma série de festas dadas por Nicolas Fouquet em honra do soberano. Estes divertimentos deram azo a que Jean-Baptiste Colbert ordenasse a prisão de Fouquet por gasto desnecessário do erário, e que terminaria com uma sentença de prisão perpétua.
A guerra cómica
Em
1662, Molière mudou-se para o Théâtre du Palais-Royal, ainda com os seus colegas italianos, e casou-se com Armande, acreditando ser irmã de Madeleine Béjart - na verdade, seria sua filha ilegítima, nascida de um caso passageiro com o Duque de Modena, em 1643, quando Molière e Madeleine iniciaram a sua relação amorosa. No mesmo ano, encenou
L'École des femmes ("
Escola de Mulheres"), que é, sem dúvida, uma das suas obras-primas.
Tanto a peça quanto o casamento foram razão para críticas. Molière respondeu às críticas que se relacionavam com a peça, escrevendo duas obras menores mas, ainda assim, de interesse reconhecido:
La Critique de "l'École des femmes" (na qual imaginava a reacção dos espectadores vendo a peça referida) e
L'Impromptu de Versailles ("O Improviso de Versalhes") (sobre um improviso feito pela sua companhia teatral). Estava aberta a
la guerre comique (Guerra cómica), onde Molière tinha como rivais
Donneau de Visé,
Boursault e
Montfleury.
Um chamado
parti des Dévots começou a emergir de entre a alta sociedade francesa, protestando contra o excessivo realismo e irreverência de Molière, "defeitos" que já estariam a causar embaraços. Outros acusavam-no de se ter casado com a própria filha.
O Príncipe de Conti, que o apoiara no seu início de carreira teatral, voltou-se também contra ele. Entre outros inimigos, podiam-se ainda contar os
jansenistas e alguns dramaturgos da escola tradicional. Os "devotos" insurgiam-se contra a "impiedade" do autor que, aliás, pertencia a um círculo de amigos que defendia ideias
epicuristas, de acordo com as teorias de Gassendi.
O rei,
Luís XIV que lhe tinha ainda há pouco concedido uma pensão (privilégio pela primeira vez efectuado por um rei a um comediante), não deixou, contudo, de tomar o partido de Molière. Mesmo com a inclusão de Molière no Índex da Universidade de Paris, Luís XIV decide mostrar o seu apoio ao tornar-se padrinho do primogénito do dramaturgo.
Boileau também o apoiou, como se pode verificar em várias passagens da sua
Art poétique.
Le Tartuffe ("Tartufo"), foi também encenado em Versalhes, em 1664, tornando-se no maior escândalo da carreira artística de Molière. A descrição da hipocrisia geral das classes dominantes e, principalmente, do clero, foi considerada ofensiva e imediatamente contestada. Por influência da rainha-mãe e do Partido dos Devotos, o rei vê-se obrigado a suspender as actuações desta peça.
Molière escreve, logo de seguida, em
1665,
Dom Juan (traduzido também por "Dom João"), ou
Le Festin de Pierre ("O Festim de Pedro") para substituir "Tartufo". Esta obra, considerada uma das mais intemporais de Molière, baseava-se numa peça de
Tirso de Molina, passada para prosa, inspirada na vida de Giovanni Tenorio. Descreve a história de um ateu que ao assumir hipocritamente o papel de religioso, é punido por Deus. A obra é interdita logo depois. O Rei, ainda assim, mantendo o seu apoio a Molière, torna-se o patrocinador oficial da companhia, concedendo-lhe £6000,00 de pensão.
A amizade que estabelecera com
Jean Baptiste Lully levou-o a escrever
Le Mariage forcé ("O Casamento Forçado", de 1664) e
La Princesse d'Élide ("A Princesa Élida", com o subtítulo "Comédie galante mêlée de musique et d'entrées de ballet" - "Comédia galante com música e números de dança"), apresentadas nos "divertissements" de Versalhes.
Também com música de Lully, Molière apresenta, depois, L'Amour médecin ("O Amor Médico"). Cartazes da época indicam que a obra tinha sido pedida "par ordre du Roi", por ordem do Rei, o que poderá explicar, também, o acolhimento mais favorável do público.
Em
1666, apresenta
Le Misanthrope ("O Misantropo"). Considerada, hoje em dia, uma das obras mais refinadas e com um conteúdo moral mais elevado das peças de Molière, foi, contudo, pouco apreciada no seu tempo, tendo sido um fracasso comercial.
Retrata uma personagem que se recusa a integrar-se no mundo devido à sua exigência de sinceridade e aversão à hipocrisia. Donneau de Vasé, que fazia parte dos seus opositores rende-se, devido a esta peça, ao génio de Molière e torna-se um dos espectadores mais assíduos do seu teatro.
Molière no mesmo ano escreve
Le Médecin malgré lui ("Médico à Força") para fazer face ao insucesso da obra precedente. O Príncipe de Conti escreve nessa altura um tratado de moral onde critica o teatro em geral e Molière em particular. "Médico à força" é, no entanto, um sucesso.
Depois de Mélicerte e da Pastorale comique, tenta pôr em cena, mais uma vez o seu "Tartufo", agora designado de Panulpheou L'imposteur.
Doença e morte
Tendo adoecido, a produção teatral de Molière teve uma quebra na quantidade.
Le Sicilien ou
L'Amour peintre ("O Siciliano" ou "O Amor Pintor") foi escrito para as festividades do castelo de Saint-Germain, tendo sido seguido, em 1668, por
Amphitryon ("O Anfitrião"), peça inspirada na peça homónima de
Plauto e com alusões mais ou menos óbvias aos casos amorosos do rei.
George Dandin ou
Le Mari confondu ("O Marido Confundido") foi pouco apreciado na altura, mas voltou a ter sucesso com
L'Avare ("O Avarento"), comédia (mais na forma que no conteúdo) ainda hoje muito representada, inspirada na peça
Aulularia, de Plauto.
(fonte: wikipedia - a enciclopédia livre. acesso 20.08.2014, às 13h02)