quarta-feira, 30 de abril de 2014

FormArCen 2014 (III)

Fórum - Terceiro Dia
por maneco nascimento


O Fórum das Artes Cênicas 2014, nesse terceiro dia de trabalho, terça feira, 29, teve a presença luxuosa de Jairo Araújo, Aci Campelo, Francisco Pellé e Scheyvan Lima, Presidente da Fundação Estadual de Cultura - Fundac.

Scheyvan, para responder questões da pasta da cultura do Piauí e, mais precisamente, do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura - SIEC, visto que os diálogos da manhã seriam em torno de  “Fundac - Plano Estadual de Cultura 2014”.

Trabalhos abertos por Lari Salles, presidente do SATED-PI, a palavra foi franqueada ao artista, técnico da área de cultura e sociólogo, Jairo Araújo, que nos brindou com um tema instigante e necessário. 

Plano Nacional de Cultura, Sistema Nacional de Cultura e Conselho Nacional de Cultura, para espelhar processos de experiência à necessária e emergente implantação do Plano e Conselho Estadual de Cultura, estiveram em seu tempo de diálogos ao invés de debates, como esclareceu Jairo Araújo, para aproximar + a dialética de entendimento do projeto de políticas públicas de cultura.

Jairo iniciou suas falas atestando que as políticas públicas de cultura nos abrangem. E que essa proximidade prática com as políticas foram possibilitadas graças a um momento do MinC, com Gilberto Gil e Juca Ferreira. 

O Ministério da Cultura abriu caminhos para "ir pro mundo", disse. Convidou a sociedade brasileira a ser partícipe da construção de nova história às políticas públicas, através dos editais de concorrência e participação expressiva de todo o país. Assim surgiram no estado os Pontos de Cultura, interrelações com as Teias, prospecção de tradições e novos olhares ao diverso cultural.

Que antes se via a cultura como arte, cultura acadêmica. Hoje o entendimento de cultura é antropológica, mais ampla. O MinC descentralizou a cultura, fez um chamamento público coletivo. Esse chamamento culminou também com a implantação de novas ações, o Plano Nacional de Cultura e Sistema Nacional de Cultura à organização de políticas públicas de cultura.

Lembrou da necessidade de implantação do Plano Estadual de Cultura para que o estado possa coadunar ações com o Plano e Sistema Nacional de Cultura, pois que essa deve ser a ordem natural e legal de dialogar com o governo federal e as políticas públicas nacionais.

Ainda atentou para os processos de dialogismos à construção dessa nova orientação cultural nacional de políticas públicas de base com  o Sistema Nacional de Cultura. Que no estado foram realizadas conferências de cultura que funcionalizaram o interrelacionamento ao novo momento. O MinC dialogou com o país para as variantes, setores, áreas culturais, teias de cultura numa discussão ampliada para país de grande diversidade de manifestação.

"Arte é extremamente política. Houve diálogos com todos os setores sociais", confirmou. Diálogos e organizações setoriais amadureceram o Plano Nacional, pensado para dez anos. Na realidade local apontou a urgência de criação do Conselho Estadual e Municipal de Cultura que sejam paritários.

Só com esse novo perfil de Conselhos, disse Araújo, é que se poderá efetivar que o Fundo Federal de Cultura possa aportar recursos financeiros aos Fundos Estadual e municipais para demandas da sociedade e não para custeio de despesas das fundações de cultura. O aporte federal seria transferido de fundo a fundo aos inscritos no cadastro nacional.

Aci Campelo começou saldando Reijane Telma, da Federação de Teatro Amador do Piauí - FETAPI, e Luzia Amélia, diretora da Escola Técnica Estadual de Dança. Esclareceu que tinha um olhar por fora da Fundac e que mantinha em casa pelo menos vinte Planos de Cultura e que nunca vê Plano de Cultura ser executado, seja no município ou estado. 

Que o único Plano executado foi quando esteve na equipe técnica da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, período em que surgiu o Balé da Cidade de Teresina, mas que foi uma decisão política do prefeito Wall Ferraz. Testemunhou que o "Conselho Estadual de Cultura deve ter Planos esmerados, mas não detém nenhuma decisão política para realizá-los", contou.

Falou que ainda não existem as Câmeras Setoriais de Teatro, Dança, Música, por exemplo, que ampliem discussões de políticas práticas de cultura e, que nesse momento, estamos como discussões no facebook,  é como "discutir a camada de ozônio" com a propriedade democrática das redes sociais. "Ou se vai para a prática ou se vai continuar discutindo no vazio", profetizou.

Sobre o SIEC disse que a Lei é boa, mas a implantação da Lei é capenga. Não tem direcionamento correto, as pessoas que estão lá não estão capacitadas, precisam conhecer a Lei para discuti-la. Outro problema é que a Lei não pode ser sempre mudada para beneficiar aos amigos. A Lei está picotada com novas alterações e pode aprovada, na Assembleia Legislativa, pelo esforço de determinado deputado.

Para o Plano Estadual de Cultura defendeu que "ele precisa ser executado a partir de nós mesmos", disse. Que há na cidade os mandões da dança, do música, do Conselho, que determinam como é que devem ser as coisas. Existe uma superestrutura política. "Quebrar a superestrutura é nos reunirmos e entendermos e pleitearmos a mudança dos atuais Conselhos para seguirmos o Conselho Nacional", acentuou.

Também lembrou que o Conselho Municipal é deliberativo e pela força da Lei ele manda na Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves e deveria definir as políticas culturais públicas, mas não funciona. Só funcionará se modificarmos o Conselho. Quanto ao Conselho Estadual de Cultura, acrescentou que uma pessoa cristalizada no Conselho não vai impedir a mobilização de políticas culturais públicas.

Aci apontou que os Projetos culturais vão desaparecendo com o tempo. A Fundac tem Conselho Editorial e não funciona. A Monsenhor Chaves não cumpre as metas do Conselho Editorial Municipal. "Eles não existem porque deixamos de observar o que precisa ser modificado", finalizou seu momento das falas. 

O Presidente da Fundac, Scheyvan Lima, abriu sua fala cumprimentando a Mesa e a plateia, os amigos e admirados. Disse, em seguida, que sua vinda à Fundac tinha características artísticas, não como a Sônia Terra e Bid Lima, para assumir a Fundação. 

Queria repetir mais uma vez que sua característica é mais de formação na área administrativa, mas isso sem impedir de estudar as ações de políticas culturais. A Fundac começa, nesse momento, a sinalizar para políticas de movimento e que entendia que os Conselhos precisam ser paritários, ele mesmo com experiência de movimentos sociais não poderia ver diferente.

Scheyvan acrescentou que a Fundac, hoje, traz valores do governo que defende. E que ela deve parar de ser mecanismos de imediatismos. As coisas têm seu tempo de acontecer dentro de regras e observância da lei. Disse que já existe uma minuta da Lei do Plano Estadual de Cultura no Karnak. Que precisa ser resgatada para novas discussões e alterações. A Fundac no governo, na mídia, é uma grande aliada na execução efetiva da Lei.

Falou " não defendo, não apoio a unilateralidade. A Lei tem que ser coletiva, se deve pensar a Lei de forma imparcial. Os artistas têm que estar unidos para conseguir um resultado. A Fundac é impessoal, as mudanças devem existir para todos os setores culturais", afiançou . Que a partir da Lei, da Conferência Estadual de Cultura se deve construir novas discussões e acrescentar, nas modificações sugeridas na Lei, a criação da Secretaria de Cultura do Estado. As mobilizações coletivas devem estar presentes na Lei Estadual de Cultura.

Sobre o SIEC apontou que quiseram modificar a Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Ela dizia no artigo sobre aporte de recursos que fosse de até 0,5 e na modificação ficou a partir de 0,5. Houve um retrocesso na Lei. Ela já funcionava, se já havia problemas, ela funcionava bem. As modificações foram vetadas pelo governador, não foram discutidas coletivamente.

A Fundac e os movimentos culturais devem definir, de forma plural, as mudanças na Lei. "Fazer minuta, resumo, de importância numa única pasta para conseguirmos eficientizar as políticas públicas culturais", finalizou.

Francisco Pellé abriu questões de esclarecimentos para falar do Plano Estadual de Cultura e de avanços que já existem no Piauí. O Plano e Sistema Nacional de Cultura é lei federal de políticas públicas efetivadas. Houve no estado discussões de preparação, de 2003 a 2010, na área do Plano. O estado não está desapegado do Sistema Nacional. "O estado já aderiu ao Plano Nacional. O Piauí até 2011 só doze municípios haviam aderido. Hoje sessenta e cinco municípios aderiram e uma leva está em processo de adesão", contou.

Acerca da minuta da Lei, Francisco Pellé sugeriu que se trouxesse a minuta da Lei para nova discussão, ela está parada na assessoria jurídica do Karnak. A minuta não contempla a Secretaria de Cultura, então deve-se retomá-la e modificá-la, discutindo com os movimentos para a criação da Secretaria, e também para a manutenção da Fundac que vai planejar, pensar as ações culturais; criar o Conselho Estadual de Políticas Culturais; o Fundo de Financiamento da Cultura e definir orçamento cultural da Fundac, porque ela não tem orçamento, tem cota. Criar o sistema de gerenciamento estadual e setoriais.

Com relação ao Plano Estadual de Cultura, disse Pellé que há um avanço, se pode reparar a Lei e organizá-la com o apoio desse momento da Fundac. Assinalou ainda que, sem integração ao Sistema Nacional de Cultura não haverá aporte do Fundo Nacional de Cultura às políticas públicas do Sistema Estadual e municipais. A Lei deve definir também o orçamento público estadual. "Não há possibilidade de fazer cultura sem orçamento", afiou.

Francisco Pellé também falou sobre Fórum ideal para germinar nas outras áreas culturais e criar os setoriais para modificar a minuta da Lei e que Plano de Governo não é Plano de Cultura. Que se deve consultar os Planos que estão em posse do Aci Campelo e os do Conselho Estadual de Cultura e as propostas do município que alimentem o Plano Estadual de Cultura. "O Nacional não tem dez anos? Então se deve definir em metas e ações o universo da cultura diversa do estado ao Plano Estadual", fechou suas falas.

Lari Salles se posicionou sobre a profissão, do artista das cênicas, que está completando trinta e cinco anos. Uma profissão nova de registro e direito. "Tudo muito recente e a profissão sempre será construída por nós. Aproveitar esse tempo pequeno e podermos ser mais eficientes", declarou. Também falou da sinalização de documento de reafirmação da Secretaria de Cultura.

"Outra questão é que não adianta planos sem dinheiro. É preciso que haja recurso para desempenho cultural. Fazer chegar ao poder a necessidade de aporte de recursos para a cultura. Daqui pra frente é ação. Atitude", concluiu Lari.

Manhã produtiva de diálogos e confirmação de esclarecimentos ao assunto comunicado. Francisco Pellé apresentou uma moção de repúdio, ao Fórum, para que fosse registrado e transformado em documento a indignação dos artistas sobre a não instalação do Centro Cultural Banco do Nordeste, em Teresina, prometido pelo Banco do Nordeste. "Um descaso com a cidade e o Banco não se manifesta. O Centro Cultural não foi instalado pelo Banco e o prédio está para cair, denunciou Pellé.

Scheyvan Lima ainda tratou, entre outras perspectivas apresentadas, de caminhar junto com os artistas para concretizar o Plano Estadual de Cultura e, sobre a imagem pública do SIEC, disse que "a imagem do Siec é moeda de troca e que as brigas internas devem ficar nos encontros e não serem levadas para o facebook", aconselhou. Empresários não vão apoiar projetos do Siec que têm problemas expostos nas mídias.

Ainda sobre Conselhos culturais devem haver critérios de escolha de Conselheiros porque as mudanças da Lei precisam da eficiência de Conselho e que para conseguir  bons resultados pleiteados é preciso haver discussão e alinhamento de ideias, buscar relações com o governo de forma inteligente e a volta às discussões. Sugeriu discussões e encontros pelo menos uma vez por mês para fóruns culturais.

Scheyvan também provocou aos artistas para que fosse priorizado 2014 e se discutir mudanças no SIEC; aprovar a nova minuta da Lei do Plano Estadual de Cultura. Que seja aprovada a Lei Estadual de Cultura e haja resultados de evolução e conforto em 2015.

O terceiro dia de Fórum das Artes Cênicas 2014 rendeu um esforço e respostas culturais.  

terça-feira, 29 de abril de 2014

FormArCen 2014 (II)

Fórum - Segundo Tempo
por maneco nascimento


No segundo momento, manhã do dia 28, dessa segunda feira, o Fórum das Artes Cênicas 2014 contou com o tema "Produção e Mercado de Trabalho".

Às 11h30, os promotores culturais Francisco Pellé, Walfrido Salmito, Adalmir Miranda e o Palhaço Tio Boscoli desenvolveram suas falas acerca das experiências na cadeia produtiva do mercado de trabalho ao teatro.

O ator e produtor executivo Francisco Pellé abriu a conversa temática apontando serem poucas as iniciativas, nas universidades, de formação voltada à área específica. E que, como não se pode tratar de formação cultural sem a inclusão de mercado, a preocupação com o fazer cultural estará sempre dentro das perspectivas de mercado.

O conhecimento do mercado de trabalho determina ações de produção. Em Teresina o mercado não é amador. Não existe mesmo é mercado. Trabalho para o artista de teatro depende de eventos públicos oficiais. "O ator é o último da cadeia produtiva, às vezes nem recebe o cachê", declara Pellé. Quanto a trabalho no mercado da publicidade, o artista é substituído pelo rostinho bonito.

(Lari Salles e debatedores culturais à produção e mercado/foto Vítor Sampaio)

Francisco Pellé apontou, como sobrevivência da arte de teatro local, o mercado interno dos grupos. Os artistas locais acabam sendo absorvidos pelo mercado de grupos, associações sem fins lucrativos, entre outros, como é o caso do Grupo Harém em que as montagens e produções empregam os profissionais das cênicas, figurinistas, aderecistas, maquiadores, iluminadores, etc. E há casos em que os grupos têm, por extensão, a própria produtora cultural e, dessa forma, acabam também no papel de empregador.

Sobre iniciativas no mercado, o ator disse que ainda são muito acanhadas e "não vencemos ainda os percalços do mercado", declarou. Por outro lado "temos oferta de produção e profissionais de teatro, na cidade, não absorvidos ainda", constatou. Quanto aos novos profissionais que têm surgido, que lugar vão ocupar na cadeia produtiva, haja vista que "continuamos a fazer a produção para nós mesmos, para consumo próprio", acrescentou.

Pellé ao falar de pleito de financiamento para realização de um produto cultural aciona que a ideia de produção deve ser imortalizada no papel. Elaboração deficiente na proposta cultural inviabiliza qualquer absorção da ideia que queira vender. Conhecer o foco de atuação da empresa em que se vai concorrer também facilitaria conseguir o intento, em edital específico e formato que mantenha o foco de interesse do patrocinador.

O mercado de trabalho empregador é curto e os eventos públicos oficiais são ventos. "As fundações culturais executam eventos e não há políticas públicas na área da produção cultural do Piauí", apontou Pellé. O funcionamento pleno das leis de incentivo objetivaria a produção cultural que o artista mereceria ter no estado, foram as falas finais do ator e produtor executivo de teatro.

Na sequência se manifestou Walfrido Salmito, que disse não iria redundar sobre o que já havia tratado Pellé. Falou de sua produtora, apta a realizar projetos culturais. Quanto a produção cultural e mercado, na realidade local, disse que o artista vai sempre com o pires na mão na tentativa de viabilizar seu projeto.

O artista deve contratar produtores executivos e ficar mais livre só para atuar. Divulgou sua empresa de produção executiva e nomeou os projetos que irá executar a partir de concorrência ganha em edital (Amazônia das Artes local, Mostra de Cinema SESC e Pipoca com Guaraná).

Nas palavras do artista de circo, o Palhaço Tio Boscoli, uma radiografia da própria experiência e de como o artista criou o seu método empreendedor de produzir, penetrar no mercado e manter-se a partir da arte que desenvolve, com criatividade e fé no trabalho. Confessou ter aprendido a fazer produção cultural e que venceu da plateia dos 14 para a de 800 espectadores. 

Multimídia do próprio trabalho, tem coragem e crença em produzir a sua arte, "sou artista da alma, da gema, vivo felicíssimo", falou ao confessar não querer saber de estar preso a emprego formal. Gosta da escola livre e no mercado do espetáculo para crianças desenvolveu a produção de shows infantis em teatros, ginásios, praças da capital e do interior e que criticar é política para cego, tem sobrevivido do próprio esforço com criatividade e muita força de vontade. Fechou sua explanação dizendo que "o mercado é acreditar no que se faz", vaticinou.

Adalmir Miranda, ator e diretor de teatro, o artista deixou claro que não é produtor "produzo porque não há produtor. Sou ator e diretor", pragmatizou. Quanto a penetrar no mercado e avançar nessa onda de ganhar sobrevivência e não morrer na praia "a gente tem que aparecer bem aparecido", apresentou a constatação ao deter à experiência de que o incentivador só vai se interessar pelo projeto cultural "se  a gente realmente for visto", encerrou suas falas.

Esse segundo momento, na manhã da segunda feira e segundo dia do Fórum das Artes Cênicas 2014, ação promovida pelo SATED-PI, fechou exposições diferentes e olhares comuns para estratégias de produção e mercado de trabalho do movimento cênico local. 

Conversas afiadas e produtivas ao produto cultural que o artista de Teresina discute em afinação da arte e sobrevivência. Esse Fórum ainda tem + a render nos dois dias que seguem.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

FormArCen 2014

Fórum das Cênicas
por maneco nascimento


Manhã extra proveitosa, essa de 28 de abril, em que na Sala Torquato Neto (Complexo Cultural Clube dos Diários/Teatro 4 de Setembro) se confirmou encontro para discutir arte e cultura, política e mercado cultural durante o segundo dia do Fórum das Artes Cênicas 2014. 

No último sábado, 26, o primeiro dia do Fórum trouxe o Presidente do Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Ceará - SATED CE, Oscar Rooney, que tratou sobre "Modelos e Manequins - Direitos e Deveres da Profissão", direcionado a profissionais da área fim.

Nesta segunda, artistas, técnicos, amigos e representantes culturais desempenharam conversa em dois momentos. Às 9 horas, o primeiro tema "Formação e Qualidade Técnica”. Na mesa com representação diversa e embasada, a presença de Ací Campelo, diretor de cena e dramaturgo; Adriano Abreu, ator e diretor de teatro; Franklin Pires, diretor da Escola Técnica de Teatro Gomes Campos; Luzia Amélia, diretora da Escola Técnica de Dança do Estado, Roberto Freitas, coordenador do Grupo Estação Cordão de Dança e Odailton Aragão (UFPI).

O privilégio e o nível das conversas, discorridas, estabeleceram bem qual seria o caminho que o encontro planejou que se chegasse. Os trabalhos foram abertos por Lari Salles, Presidente do Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Piauí - SATED PI. 

Em suas falas reiterou a necessidade de compreender-se a importância do sindicato e da profissão do artista e acrescentou que, às vezes, "exigimos muito do outro lado e damos nada para que aconteça um melhoramento no movimento teatral, como um todo", ao lembrar que as mudanças dependem de todos e que o SATED é feito pelos associados participativos.

(mesa de debatedores culturais do FormArCen 2014/foto Vítor Sampaio)

O professor doutor, Odailton Aragão, discorreu sobre o Parfor - Programa de Formação de Professores (UFPI). Projeto de habilitação para quem não tem formação e habilitação para quem tem formação em outra área, mas transversaliza pedagogia ao artístico (artes visuais e música). Ainda informou que a coordenação geral do Parfor, Glória Fe, espera instalar em breve o Programa de Formação que atenda também as áreas de Teatro e Dança.

Lembrou ainda do Curso de Artes de Corpo, Música e Teatro, da PUC, para reforçar sua atenção de que seja implantado, no Piauí, o Curso Superior de Artes Cênicas e Dança (UFPI). O Parfor é curso de férias e, sem abrir mão dessa perspectiva, será preciso juntar forças para a instalação do curso regular das cênicas. Amadurecer o Parfor não deixa de ser uma maneira de sedimentar a implantação do Curso de Artes Cênicas.

Aci Campelo lembrou do assunto, Comissão da implantação do Curso Regular de Artes Cênicas na UFPI, na qual está incluído. Disse da importância do Parfor, de ter professores qualificados às cênicas, mas o curso superior é indispensável para a cidade de Teresina. Lembrou do princípio da Escola Técnica de Teatro Gomes Campos e que, anteriormente, foi criado o Núcleo de Teatro como ideia inicial à fundamentação da escola. 

Mas que, mesmo com a existência da instituição, existe uma dificuldade de melhor formação por conta das circunstâncias em que se consegue manter as iniciativas na instância pública. A falta de informação pesa sobre quem chega a escola. "Às vezes, nem o ator sabe ler uma peça de teatro e aqui vai uma metáfora", disse Aci ao definir o despreparo até de quem já está no "mètier" da cena local. Acredita que seja hora e necessidade de levar a escola para a comunidade e que se tenha uma aproximação real dela.

Acerca da relação academia e artistas da cidade, há uma distância para quem não tenha formação acadêmica nessa área específica e que "vamos continuar nessa periferia, rondando o saber", sem participar efetivamente dele, haja vista não haver o curso superior das cênicas. Também apontou a importância do "ator politizado", esse ator, artista precisa ter o corpo político para existir como corpus social.

Franklin Pires tratou da Escola Técnica Professor Gomes Campos e disse que montar escola técnica sem instrumentos materiais, equipamentos, dificulta bastante manter uma eficiência de trabalho. Sobre o quadro de professores e disciplinas, disse que será necessário sair da teoria e ir à prática. A disciplina precisa ser melhor eficientizada e otimizar a pedagogia de ensino aprendizagem. O aluno tem que sair da escola, praticar. Ter o momento cênico fora da escola, na comunidade. A escola saindo da escola. 

Sobre a qualificação do professor, ela deveria ser diferenciada para que o aluno receba uma prática mais formadora. O professor(a) de canto, por exemplo, deve estar apto(a) a desenvolver o canto para teatro, bem como a pedagogia de dança também deve ter aplicabilidade da manifestação à linguagem de teatro. Quanto à infraestrutura da escola, caso não atenda às necessidades das demandas, não se poderá evitar a evasão escolar. Defender espaço eficiente para manter o aluno na escola.

Roberto Freitas nomeou palavras ouvidas nas falas anteriores as suas. Atitude, qualidade, formação, ação política, palavras que se completam na prática artístico cultural. Discorreu sobre o processo de formação de novos artistas, com proeficiência, para que se possa negociar com administradores públicos e políticos. Pensar a formação como qualidade ao campo profissional e que pleiteou a formação dos componentes do Grupo Cordão de Dança para torná-los instrutores e ganharem o mercado de trabalho.

Conseguiu parcerias, com secretarias municipais, que sedimentaram o projeto de qualificação dos aluno(a)s da Cordão de Dança e comunidade em geral. Curso de Metodologia do Ensino da Dança, Canto, Dança e Teatro são as oficinas oferecidas para a comunidade, tendo como sede de prática a Escola Porfírio Cordão. Disse que "se produz muito em Teresina, mas ninguém sabe. Produzir e registrar o trabalho. Um trabalho registrado vira arma para negociar novos projetos de formação de artistas", concluiu.

Nas falas de Adriano Abreu, reverenciou Aci Campelo pela criação da Escola Técnica de Teatro e pela pesquisa da história do teatro piauiense. Depois tratou da experiência como praticador de teatro, que vive vinte quatro horas e viveria trinta, se existissem, pensando o teatro. Que quer "tentar chegar, algum dia,  onde eu desejo ser", depôs. 

Gosta do que faz e está sempre aprendendo e que como artista confirmou que "sou aprendiz e não quero perder essa condição", definiu. Sobre dificuldades em praticar teatro, defende que os problemas daqui são os mesmos de qualquer lugar.

Estudioso do método de teatro, Adriano falou que gostar de teatro não operacionaliza fazer teatro. "Querer se projetar, estar em grupo é maneira muito ruim de fazer teatro", apontou, e que é preciso que as pessoas saibam porque estão no teatro. Devem se perguntar "O que que eu estou fazendo dentro do teatro? O que eu fiz no teatro tem que ter valor intrínseco. Tem valor cultural para a sociedade. Essas perguntas e saberes devem ir ao outro ponto, a simples compreensão do teatro", disse.

A prática de teatro dá trabalho e exige mergulho na informação. Uma cena detém tempo de criação e que um minuto consome trabalho de horas. Exige competências multifaces do teatro e interfaces que consignem edificar linguagem cênica que influencie cultura de permanência no tempo, espaço, memória cultural. Que no teatro existe tradição. Agir como teatro pronto é suicídio. O artista deve ter habilidade de fugir do vício, armadilhas, dependências, "querer fama, dinheiro, não é papel do teatro", completou.

E que criticar sem fundamento a nada, "gostei, não gostei", não influencia resultados reais de teatro. Ator é suscetível às críticas e elas devem existir e serem sinceras. Sobre criação e continuidade de estética de trabalho construída, devem haver variações criativas, "estéticas diferentes na construção artística, o público reconhece a recorrência sem novidade", confirmou. 

O artista de teatro deve "ser responsável pelo que cria, sem egoísmo, vaidade, preguiça", que todo ator é vaidoso e que "talvez seja o mais vaidoso de todos, tente segurar isso", contou  Adriano Abreu enquanto defendeu o teatro como arte que tem compromisso com estética e formação e informação e responsabilidade com o que se está fazendo, com paixão e liberdade. Finalizou com a poesia "Paixão e liberdade", de Thiago de Melo.

A bailarina e coreógrafa, Luzia Amélia, falou da sua experiência na dança e da escola técnica dessa área. Que o que a faz batalhar pelo curso de dança é que a dança é área de conhecimento, solução, meio a sociedade mais digna e fraterna. Que criar e manter uma escola de formação exige Plano Político Pedagógico e Plano de trabalho, formadores com talento e muito trabalho.

Apontou que depois que voltou do mestrado, percebeu que não houve muitas mudanças em Teresina. Viu a mesma qualidade de trabalho na cidade. Que é preciso haver formação e eficiência, as escolas de artes devem ser escolas de gestão. O dever do estado é implantar serviços de educação e que gestores têm obrigação de servir aos serviços de fins coletivos "não é questão de gostar, ou não dos cursos de dança e teatro. É obrigação de ofertar os cursos", falou.

Para a professora de dança, o profissional das cênicas não tem que estar atrelado a favores políticos, ou dependências de cargos. Sua defesa é sua profissão. Administrador, político, não tem que gostar, ou não, do artista, "o artista tem que estar além do que eu gosto. Como se meu lugar não fosse legítimo", questionou. O artista deve ser colocado no lugar de profissional. 

Quanto a prêmios e festivais, lembrou que "99 crianças reprovadas em teste de dança vão para onde?", perguntou. Uma criança vai dançar em Nova Iorque, ou Bolshoi" e as outras vão ser descartadas, sem chances de progressão artística e social. Acerca de seu mestrado em dança declarou que tem importância de torná-la artista melhor, provar que a dança é uma área de conhecimento.

A professora ainda disse que vai ministrar aulas numa especialização em dança e que "esse momento nos fortalece" e que vaidade não é o maior problema entre os artistas. "Nós não existimos. A questão é muito maior, é termos uma base de formação sólida para existirmos", complementou.

A Escola Técnica de Dança existe e já está em andamento em sua primeira turma na área que forma e alimenta na dança e tem muito trabalho, nessa construção pedagógica de educação e formação. "A dança para todos", concluiu.

Durante as falas da professora Luzia Amélia, o professor doutor Odailton Aragão abriu intervenção para dizer que estava assumindo o compromisso de fazer, embora tenha muitos compromissos na UFPI, com que seja eficientizado o processo à instalação dos cursos de dança e teatro na instituição superior.

Um amanhã para uma manhã que começou a ser construída com conversas francas e posturas políticas para a construção de políticas público coletivas de sedimentação das artes cênicas. 

Era o primeiro momento, da segunda feira, no Fórum das Artes Cênicas 2014. Ação positiva, arte em franca expansão.

domingo, 27 de abril de 2014

É Cultura

Que vinga
Nesta segunda feira, 28, a partir das 9 horas da matina, na Sala Torquato Neto, o Fórum das Artes Cênicas 2014 está de portas abertas para receber a classe artística, comunidade e debatedores culturais. Promovido pelo Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão - SATED PI, o Fórum vai ganhar corpo e abrir discussões acerca do movimento e ações culturais da cidade e estado.
Depois do encontro ocorrido sábado, 26, na Casa da Cultura, que reuniu o Presidente do SATED - CE, Oscar Rooney, a equipe do SATED - PI, artistas associados e profissionais da área de moda (passarela e fotografia) para uma conversa sobre o tema "Modelos e Manequins - Direitos e Deveres da Profissão", nessa manhã da segunda feira, os trabalhos se reiniciam e continuam até quarta feira, 30.
(Oscar Rooney e Lari Salles, presidentes do SATEDs Piauí e Ceará/divulgação)
Dia 28 de abril, as atividades acontecem na Sala Torquato Neto (Complexo Cultural Clube dos Diários/Theatro 4 de Setembro). Às 9 horas, o Debate será sobre “Formação e Qualidade Técnica”. Na mesa de debates estarão Ací Campelo, diretor de cena e dramaturgo; Adriano Abreu, ator e diretor de teatro; Franklin Pires, diretor da Escola Técnica de Teatro Gomes Campos; Luzia Amélia, diretora do Núcleo da Escola Técnica de Dança e Roberto Freitas, coordenador do Grupo Cordão de Dança.
Em seguida, o Parfor (UFPI), com os professores doutores Odailton Aragão e Zozilena Froz, toma a cena. Ainda na manhã, haverá uma pausa às 11 horas e, às 11h30, o tema seráProdução e Mercado”, com César Crispim; Francisco Pellé, Walfrido Salmito, Tio Boscoli, Rui Miranda e Antoniel Ribeiro.
Terça feira, 29, às 9 horas, o tema em questão, “Fundac - Plano Estadual de Cultura 2014”, contará com a palavra de Scheyvan Lima, Liana Santana, Jairo Araújo, Francisco Pellé, Ací Campelo e Francisco de Castro. Um intervalo, às 11 horas, antecederá a discussãoFCMC – Plano Municipal de Cultura – Lei A. Tito Filho”. Os convidados ao tema, Lázaro do Piauí, Daniel de Aracacy, Jairo Araújo, Francisco Pellé, Ací Campelo e Francisco de Castro.
Dia 30, quando serão encerrados os trabalhos do último dia do Fórum, já às 9h, a Palestra a ser proferida apontará a temática O Profissional das Artes Cênicas”. A  Presidente do SATED - PI, Lari Salles, encaminhará o assunto. Às 9h30, a professora doutora Ana Regina Rêgo (UFPI) e o deputado estadual Fábio Novo discorrerão sobreProjetos e Leis em ano Eleitoral”.
Na conclusão, do Fórum das Artes Cênicas 2014, acontecerá uma homenagem, prestada pelo SATED-PI,  a artistas que desenvolvem ações culturais continuadas nas artes cênicas em Teresina e no estado.
 (arte identidade do SATED-PI/divulgação)

A homenagem especial do Fórum 2014 indica a atriz Lorena Campelo. Os demais homenageados receberão Placas de “Prêmio Especial do Teatro Piauiense” e Medalhas de Honra ao Mérito SATED-PI.      
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."   sated piauí       

Pic pic

Nic Deu
por maneco nascimento


"PICNIC PASSEIO COMPLETO 11 MARÇO A 11 MAIO 14 CASA DA CULTURA TERESINA_PI" é a chamada do material gráfico (arte visual) que atrai a atenção do visitante da CCT em acorrência às instalações, videoarte, telas, indicações de pés adesivados no soalho dos ambientes da Casa Museu e a advertência de que o observador vai circular na arte proposta.

 "Exposição Passeio Completo se aventura a buscar diálogos entre não mais que seis trabalhos distintos em temáticas, estilos, técnicas, datas, pretensões... a ideia que levou às escolhas das obras pode ser desenhada como um vislumbre do ato depassear (...)" (defesa do projeto em programa gráfico).  

Projeto arrojado de sintaxe contemporâneo e a interdisciplinaridade e intertextos em linguagens arte visual, áudiovisual a provocações à reflexão e reiteração, ou recuperação de memórias e histórias que, por vezes, estão em nosso cotidiano e vemos, mas não enxergamos. 

Pic Nic, em um mês de atuação, a completar no próximo dia 11 de maio, em que a intervenção interpôs Oficina de Cinema Expandido e Found Footage Filme; Oficina de VideoMapping; Encontros Educativos; Mostras de Vídeo de Cinema Experimental; Seminário de Reflexão Crítica; Ações Efêmeras; Mais Informações e a Exposição Passeio Completo já definiu o perfil da ousadia implementada pelo grupo de artistas reunidos ao projeto.

(intervenção videoarte/fotos maneco nascimento)

Segundo a curadoria da Exposição, "E é de bom tom, nesse passeio, rodar até ficar tonto". Há mesmo um diverso de informações em que se materializa passeios por vários espaços de acomodação de peças expostas, da Casa da Cultura, em que estas recebem novas intervenções impactantes. Fluxionais de informações e efeméride da panaceia de comunicação, às novas tecnologias, em detrimento das velhas e detidas mídias tradicionais concentradas em talvez melhor comunicar.

(linguística transversalizada/fotos m. nascimento)

O intervencionismo da Exposição Passeio Completo leva a assinatura do Grupo Mel de Abelha, Adler Murad, Narcísio Sousa, Valderi Duarte, Jozias Benedicto e Solon Ribeiro. 

(intervenção na instalação/fotos m. nascimento)

Há experimentações do tradicional ao novo, da negação e aceitação da nova sociedade em que se está inserido nesse mundo de estar verbo de ligação e não deixar de ser porque sensibilidade artística se instala para refletir a própria história do homem (genérico) e sua interação sóciocultural, reverberando conflitos e repercutindo a cura pelo viés do reflexivo e do sensível estabelecido na obra experienciada na discussão estética.

( o fundo da intervenção na instalação/ fotos m. nascimento)

Discutir memóriairrecuperável, signos de consumo, o circo bienal, as cidades vitrines, paisagens urbanas perdidas e recuperada em memórias midiáticas recolhidas e inferências de pichações em sentidos sócioculturais autoflagrantes detém proposição de, a partir de caminhos e trilhas dados, abrir picadas à outras compreensões do mundo que rodeia o mundo que se julgue (ab)sorver no curso transeunte de sobrevivência e percepção da vida e cotidianos incidentais.

As siglas e signos que caracterizam ideias e utilitários domésticos na indicações dos núcleos de atuação de oficinas e exposição (visualizados na arte gráfica - programa do evento/Projeto Gráfico de Fabio Estefânio) já definem a fuga do lugar comum, embora a alocução force a percepção do comum, reinventado para semânticas abertas.

(quem vê o que/fotos m. nascimento)

Seja o Mel de Abelha em afinação doce em cores captadas, ou design do comum revalorizado, a arte gráfica discutida é e está na natureza criativa e criadora de refletir a sociologia da comunicação artística apresentada em toda o círculo e rota que vincula a proposta.

Quem ainda não curiou a Exposição, ainda em vigor até 11 de maio, desarme a mente e caia no caminho de entrever a arte para questão, conflitos naturais, identidade e pertencimentos, empoderamento do que caracterize vida e obra na cidade que verseja dormir com um novo e acordar com a história reinventada, no revisor das causas sempre humanas e revisitadas.

 E como define o programa do evento, ainda em realização, "Picnic é um acontecimento em torno de vídeo e cinema experimental. Picnic é um combo que reúne várias peças numa mesma cesta (...)
Obra Incidental - Atalho Para a Vergonha, Granizo" (tema detido no programa)
 
(veja o que queira ver/fotos m. nascimento)

Incidente sua atuação nesse fluxo artístico, retroalimente sua curiosidade e visualize essa ação cultural. Ainda dá tempo em tempo de se ver em quem cultua arte inflexionada.

Serviço -
Picnic
Exposição Passeio Completo
Casa da Cultura de Teresina
- Praça  Saraiva Teresina Piauí -
Visitação - 8h às 11h/14h às 17h30
Informações - (86) 3215 7849

A Bahia é Gira

Teatro de Tradição
por maneco nascimento


Teresina recebeu, dia 26 de abril, a partir das 19 horas, no Teatro do Boi - Matadouro, o espetáculo monólogo "Sargento Getúlio", com o ator baiano Carlos Betão. 

O projeto de encenação da cia. Teatro Nu, de Salvador, com duração de cinquenta minutos, tem pedra base na obra original homônima de João Ubaldo Ribeiro.

Com carreira premiada de técnica, experimentação assentada de teatro de raiz, o espetáculo girou boa representação da cena baiana e apresentou palco a intérprete em sincronizada ação de ator e método, quebra para diacronias de intenções e nuances das interfaces da personagem anti-herói construída e as variantes do dialogismo possível no solilóquio jogado, no campo tablado, em que se assenta o enredo da dramaturgia da companhia baiana.

(o contador de histórias Sgto. Getúlio/ fotos divulgação)

Num fôlego extenso, Carlos Betão dispara a força e carisma da personagem na saga aguerrida de retratar as memórias afetivas de vida e mortes que sublinham a trama preparada em falas sociais de Ubaldo Ribeiro e as d+ polifonias acrescidas pelo corpo do corpus teatral, que o artista defende, com toda a força e emoção de configurar teatro qualificado. 

Do valentão e gracioso e, presentemente, incircunstancial anti-herói da literatura nacional, para identidade aproximada com ícones como Augusto Matraca, Lampião, Maria Moura, entre outros signos do memorial nacional nordestino do dramático trágico ao risível e disfarçado humor e arremedos, o Sargento Getúlio, de Betão, varia fole frenético e xaxado em marcha batida, na poeira da caatinga, para valentia, rudeza e guerra de honra provadas e empenhada confirmação da ordem apalavrada. 

Em tão energética e dinâmica inflexão da personagem integrada, que por certos momentos, parece andejar nalguma monocordia de deslize sobre a técnica apurada de atuar do artista,  a peça se estabelece com firmeza.

Com cinquenta minutos de intenso e fértil fervor de (re)contar o homem Sargento Getúlio, o ator dignifica a profissão e oferece à recepção um ato de amor para a cena e lavor de bem representar a si próprio enquanto autor de licenças poéticas e lirismos, em gêneros textuais, presentes na sintaxe, semântica e nas falas do corpo que implementam a construção da personagem.

(o homem agrestino e seus causos/fotos divulgação)

Há uma linha dramática perfilada na extensão do corpo do ator que caracteriza um durão, com maneirismo bonachão, e prosaísmos inconfundíveis, da cultura típica rural, da zona da mata de "nortes" brasileiros, oralizados para gracejar dentro da marca identitária do valentão, marcador das histórias e memórias obradas ao rico inventário popular, ressignificado no espelho sócio cultural das brasilidades indispensáveis, seja na origem, seja na releitura apresentada na marca teatral.  

Os elementos de cena, o punhal (quase extensão do corpo e punho) na mão do "anjo" vingador, o chapéu do aboiador da tragédia anunciada e a cenografia composta de uma lataria (porta de uma caminhonete) fincada sobre tablado, terra limitada da personagem, e um tamborete estão ali por razão estratégica da dramaturgia e desenho da composição espacial. 

A porta do veículo sinaliza a alguma interação da personagem que se recosta em certo momento, ou de passagem a passageiro que observa da janela. Noutra circunstância, quase inspira ilustrativo ou talvez anacronismo. Caso verbalize trânsito da personagem, ou dialética de deslocamento, ainda assim a função fica menor, encoberta pela proeza de convencer do ator em sua arte.

A luz compete para suporte ao vetor dramático, à personagem, o bicho emparedado pela falha trágica que inspira heroísmo e ruína, morte e redenção. + uma vez a luz própria do ator detém maior luminosidade e atomização da explosão do drama. O figurino, limpo, distanciado e realista, sem cair no óbvio, emblematiza efeito do discurso contido no mapeamento dramatúrgico. A música embala trama e drama e fisicaliza o trágico apostado.

A Direção (Gil Vicente Tavares) foca, no detalhe, o tempo do ator e marca determinante do Sargento Getúlio, pondera a empoderamento da identidade na personagem. A dramaturgia textual, de Gil V. Tavares, a partir do original ubaldiano, fideliza o autor sem comprometer a geografia de dramaturgia inspirada.

Carlos Betão consigna carisma, a Sargento Getúlio, que se afina pelo corpo e ânima expressionista. As salivadas, cusparadas e "mungangos" em econômicos trejeitos na cartografia corporal e prosódias, bem naturais, conspiram feliz encontro da personagem com o ator, na manobra inteligente de interagir, gerar eficaz interlocução com o espectador colhido na narrativa de convencimento.

(um corpo que fala/fotos divulgação)

Um denso teatro a moderno e contemporâneo olhar, não foge à luta, topografa território no teatro brasileiro e impõe a cena nordestina, da Bahia, para liberdades e confirmação da tradição que personaliza ato regurgitado. É bom teatro.

 (arte divulgação Sargento Getúlio)



Serviço -
A obra Sargento Getúlio, escrita em 1971, deu a João Ubaldo Ribeiro o Prêmio Jabuti de Autor Revelação, no ano de 1972. A peça inspirada foi realizada em comemoração aos 40 anos de lançamento do livro e os 70 anos do autor.
A montagem da cia. Teatro Nu venceu o Prêmio Braskem de Teatro, na Categoria de Melhor Ator, em 2011.


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Movimente-se, é rock

MovimentoAutoralRock
por maneco nascimento

Nesse sábado, 26, + uma edição do MovimentoAutoralRock ganha a ágora do Espaço Cultural "Osório Jr."/Bar do Clube dos Diários. 

Quem não gosta de rock, bom roqueiro não é, é ronin das cavernas, ou duende da pré escala de aprender a ouvir os sons de todas as ALDEIAS.

A partir das 20 horas, o palco do "Osório Jr." vai aquecer a noite e quem quiser bater cabeça, bata. Quem quiser só curtir, curta. Nas horas de diversão e prazer musical, AUMENTA QUE É ROCK!

Na Grade de Programação, só pancada. Rock n roll para roots, reggae, heavy, rock, roll e punk SHOW. + diverso, só se repetir a dose. 

Então não encurta a hora de ser feliz, CURTA MovimentoAutoralRock!

Olha só quem faz as vezes dessa noite UNDEROCK'N

# 4i20 ROOTS (REGGAE ROOTS)
# NADA SEXY (GRUNGE)
# REAL FATE (HEAVY METAL)
# AUDIOTEIPE (ROCK AND ROLL)
# DILACERALMAS (HORROR PUNK)


Serviço -
MovimentoAutoralRock
Dia 26 de Abril (Sábado)
Às 20 horas
Espaço Cultural "Osório Jr."/BCD
Investimento R$ 5,00

Abrace esse som das BANDAS da terra.
Ouça essa EMOÇÃO musical.

MovimentoAutoralRock! UHUHIEHIÉ...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Da pecha pública

Dos serviços públicos à comunidade
por maneco nascimento
 
Após + de quinze dias de observação do surgimento de um buraco, no cruzamento da Rua Abdias Neves com Esmaragdo de Freitas (bairro Cristo Rei), buraco este na caixa de controle de água, de responsabilidade da concessionária de águas e esgotos de Teresina, resolvi registrar o descuido da empresa em reparar o problema.
 
Registros fotográficos falam por si mesmos, e assim + pessoas saberão em que falta de pés está o serviço público e sua desassistência a quem paga taxas significativas para ter, no mínimo, prestação de serviços elementares, como recuperar o desgaste de uma caixa de controle da Agespisa.
 Uma informação às autoridades, acomodadas em suas cadeiras e gabinetes de serviços públicos, sobre o buraco surgido nas imediações de minha casa.

O buraco da agespisa na Abdias Neves com Esmaragdo Freitas.
 
"esse ‘insignificante’ buraco (caixa de controle de água - agespisa) está há + de quinze dias assim, lindamente exposto. Na Rua Abdias Neves, a da APAE, e que dá acesso aos conjuntos Cristo Rei e IAPC (João Emilio FAlcão), inclusive a linha de ônibus destes conjuntos tem desviado do buraquinho e passa à margem dele.
 
O buraco divide o cruzamento da Abdias Neves com a Esmaragdo Freitas (rua em que resido). Os vizinhos temerosos que alguém se machuque, conseguem ser bastante criativo. 

Deixam sinais para que os motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres não caiam na armadilha do acidente. 

Para alertar aos desavisados há, na boca do buraco, um tronco de árvore para aliviá-lo, um galho de árvore seca, uma camisa vermelha em sinal de atenção (pare! antes que se estrague) e um outro objeto também vermelho para testemunhar signo de perigo.


Os vizinhos, do cruzamento, estão sempre lá observando o buraco. Seu Barbosa, Dona Ritinha, entre outros, recolhem os cuidados à proteção dos transeuntes e veículos.



De quem é a responsabilidade de recuperar a rua? Quem poderá nos socorrer? Será que o Chapolim Colorado?

  • fotos de hoje à tarde (23 de abril de 2014), lá pelas 12h30, tiradas(via celular) enquanto aguardava o ônibus, na parada próxima do buraco da agespisa.