Todo mundo morre.
por maneco nascimento
“Na vida diária nos aferramos à representação cronométrica do tempo, embora falemos de ‘mau tempo’ e de ‘bom tempo’, e ainda que em cada 31 de dezembro façamos a despedida do ano velho e saudemos a chegada do ano novo (...) Nosso ‘bom tempo’ não se desprende da sucessão; podemos suspirar pelo passado – que tem fama de ser melhor que o presente; sabemos, porém, que o passado não voltará. Nosso ‘bom tempo’ morre da mesma morte que todos os tempos: é sucessão.” (Paz, Octavio. O Arco e a Lira. Trad. de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. [Coleção Logos])
Um dos maiores símbolos da riqueza cultural do estado da Bahia, segundo ACM Neto, a mãe de oito filhos, Dona Canô, partiu para as estrelas, terra de todos os santos e geografia dos despedidos da vida mortal. A Bahia de Todos os Santos e suas terras festejadas de Santo Amaro da Purificação, legado do Recôncavo Baiano, abriu mão, à força do divino, da grande matriarca de tradição celebrada que, longe de se fazer rogada, semeou discurso sensível de humildade, cavando margem à harmonia e união entre o povo brasis a baiano nenhum botar defeito.
por maneco nascimento
“Na vida diária nos aferramos à representação cronométrica do tempo, embora falemos de ‘mau tempo’ e de ‘bom tempo’, e ainda que em cada 31 de dezembro façamos a despedida do ano velho e saudemos a chegada do ano novo (...) Nosso ‘bom tempo’ não se desprende da sucessão; podemos suspirar pelo passado – que tem fama de ser melhor que o presente; sabemos, porém, que o passado não voltará. Nosso ‘bom tempo’ morre da mesma morte que todos os tempos: é sucessão.” (Paz, Octavio. O Arco e a Lira. Trad. de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. [Coleção Logos])
Um dos maiores símbolos da riqueza cultural do estado da Bahia, segundo ACM Neto, a mãe de oito filhos, Dona Canô, partiu para as estrelas, terra de todos os santos e geografia dos despedidos da vida mortal. A Bahia de Todos os Santos e suas terras festejadas de Santo Amaro da Purificação, legado do Recôncavo Baiano, abriu mão, à força do divino, da grande matriarca de tradição celebrada que, longe de se fazer rogada, semeou discurso sensível de humildade, cavando margem à harmonia e união entre o povo brasis a baiano nenhum botar defeito.
“Ela tinha 105
anos e estava em casa, na cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia.
Claudionor Viana Teles Veloso morreu depois de passar a noite de Natal com os
filhos (...) Dona Canô teve oito filhos, entre eles Caetano e Bethânia. Em
outubro de 2011, perdeu a filha adotiva Eunice Veloso, aos 83 anos, que morreu
com insuficiência respiratória.” (g1.globo.com/pop-arte/noticia...25/12/2012
11h50 - Atualizado 25/12/2012 20h51)
Uma voz generosa e reverenciada por todos e que não se deixou iludir pelo sucesso natural e necessário dos filhos famosos, Dona Canô manteve sua vida de senhora de si mesma, mãe baiana e orgulhosa de sua terra. Como qualquer soteropolitano, manteve-se fiel as suas crenças e coração sincero para conviver com o assédio natural da fama de dois de seus rebentos, mas sempre Dona Canô, a senhorinha educada, sincera e despachada de Santo Amaro da Purificação.
Uma voz generosa e reverenciada por todos e que não se deixou iludir pelo sucesso natural e necessário dos filhos famosos, Dona Canô manteve sua vida de senhora de si mesma, mãe baiana e orgulhosa de sua terra. Como qualquer soteropolitano, manteve-se fiel as suas crenças e coração sincero para conviver com o assédio natural da fama de dois de seus rebentos, mas sempre Dona Canô, a senhorinha educada, sincera e despachada de Santo Amaro da Purificação.
(Claudionor Canô Viana Teles Veloso/foto: Egi Santana G1)
(Dona Canô, em casa, ano 2010/foto colhida da wikipédia)
Todos nós morremos um pouco a cada dia e quando sentimos a passagem “abrupta” de alguém que amamos e que precisa voltar ao seio primordial. Não será fácil, aos filhos de Dona Canô, esse breve desligamento da mãe, mas necessário à sucessão da natureza da espécie e tempo completado em terra de mortais.
De certo que foram 105 anos bem vividos, lúcidos, de coragem posta à prova numa Bahia que, com toda certeza, fora do ciclo romântico e midiático que construiu às próprias custas e mérito, também teve vida comum de gleba brasileira desde os dias de início de século em que a matriarca nasceu à Bahia até os dias desse contemporâneo.
Nascida em 1907, Claudionor Viana Teles Velloso, no dia 16 de setembro, + conhecida como Dona Canô, “(...) foi uma cidadã baiana centenária (...) era viúva de José Teles Velloso (Seu Zeca), funcionário público dos Correios, falecido em 13 de dezembro de 1983, aos 82 anos. Considerada uma das mais ilustres cidadãs de Santo Amaro da Purificação, teve publicadas suas memórias no livro ‘Canô Velloso, lembranças do saber viver’, escrito pelo historiador Antônio Guerreiro de Freitas e por Arthur Assis Gonçalves da Silva, falecido antes do término da obra[3]. Organizava periodicamente Terno de Reis na cidade.”. (www.wikipedia.com.br/acesso 26.12.2012, às 14h20)
(Dona Canô, em casa, ano 2010/foto colhida da wikipédia)
Todos partem, transcendem, vão-se desta para melhor, encontram o Criador, “desaparecem”, partem a um novo plano. Longe de qualquer eufemismo, morrem. Porque é da natureza mortal. Marcos Paulo, Oscar, Ledo, Thelma, Dona Canô, entre tantos e outros, os também anônimos, estão mortos. Vivos em memórias preservadas, porque continuamos a história.
A seu tempo, o tempo de cada um fecha uma cancela para derivar nova chave a outras cartografias astrais. Agora, aos que se vão, só o bom tempo.