Estudo de casos
por maneco nascimento
“Estudo Sobre o Corpo No. 0224” - Valdemar Santos e Da Costa e Silva, é o nome de batismo do Solo, de pesquisa e intenções corporais, que o coreógrafo-intérprete estreou, dia 23 de novembro de 2011, a partir das 19 horas, no Palácio da Música. Projeto facilitado pela OPEQ, sob olhares externos de Beth Bátalli e Luis C. Vale, com produção de João Vasconcelos, chega como reforço do repertório da Cia. de dança revelado.
(arte do "Estudo...."/criação de Dino Alves)
(arte do "Estudo...."/criação de Dino Alves)
Com uma qualidade de humor e traquejo para atrair a atenção e manter o público interlinkado, o coreógrafo Val Santos, em suas tiradas de corpo, dança, movimento e discurso oral, traz uma natural força de aglutinar olhares de amigos, colegas de trabalho e público curioso. E quando o assunto é: "no meu corpo em que me encontro", está sempre muito à vontade para ousadias e devoluções da natureza inquieta e evoluções latentes do corpo-pulso.
Projeto incentivado pela Lei A. Tito Filho, “Estudo Sobre o Corpo No. 0224” inspira-se numa regressão aos primeiros impulsos de aprender a aprender do fazer o corpo falar. Assim Val Santos dá o testemunho e demonstra a prática do observável em corporalizações, a partir de memórias afetivas e deslumbramento pelos primeiros sinais de dança apreendidos em criança.
("Estudo sobre o..."/foto: divulgação)
("Estudo sobre o..."/foto: divulgação)
Mímesis de coreografias de músicas infantis como, “Passarinho quer dançar”, por exemplo, e performances de paquitas de programa da Xuxa, como também as lambadas de Beto Barbosa e afins, ilustram os contatos iniciais que o levaram a descobrir-se bailarino em pontencial, para depois em evolução de limites geográficos e estéticos saltar de Amarante e sentar marca em Teresina, terra capital.
Aqui, na cidade, como mesmo apontou, teve as primeiras impressões de quem já referenciava a dança àquele momento. Entre os nomes destacados, Frank Lauro, Hely Batista, Sidh Ribeiro, Luzia Amélia e “A Dança do Calango”, Fernando Freitas, Socorro Bernabé, Marcelo Evelin. De todas as tendências e perfis composicionais e identitários dos coreógrafos lembrados, fez uma demonstração bem humorada, mas de tônus estético e plástico para corpo de aprendiz de feiticeiro.
O que parece despretensioso carrega um cuidado e determinação da escolha do fazer dança e compor linguagens de corpo em oralidades. Como mesmo defende, é um mix de realidade, ficção, humor e dança que conforma vida pessoal e profissional e delineia uma trajetória que matura propósitos, perspectivas artísticas e valoração do objeto dança como passe livre de superação pessoal.
Espetáculo autobiográfico que repercute intenções de quem defende que começou a dançar no útero da mãe e nunca + parou, Valdemar Santos define, sem qualquer dúvida, com que passos escreve a própria história e, para “Estudo Sobre o Corpo No. 0224”, mantém o fervor de quem escolheu fazer o que pode produzir da melhor forma e o faz em corpo para corpus cultural.
Para estudo de casos, anatomias e possibilidades intrínsecas do verbo dançar, aplica regência e transitividades que impõem-se com acertada convicção de que só não aprendeu a lição quem não entendeu. Persegue os próprios limites e formas de, pelas cênicas, convencer o público do teatro vivo.
Uma boa pesquisa de figurino(Danilo França) casa com o prático e contemporâneo roteiro que desnuda o ator e aproxima o artista-criador das gentes que representa e com que se identifica. Sua história, recortes e fragmentos artísticos sofrem reelaborados laboratórios para novas invenções que expiam o bailarino, coreógrafo, ator bem humorado e artista de registro profissional comprovado por força burocrática do número 0224 e pela transversalidade do ato de melhor representar.
“Estudo Sobre o Corpo No. 0224” - Valdemar Santos e Da Costa e Silva é obra e arte que não foge nem ao histórico, nem ao dinâmico criativo que valida o criador-intérprete Val Santos. Cumpre o papel do artista e do cidadão promoter de sua pesquisa que desvenda corpo e linguagem apropriados da técnica de se representar.
Seu caminho de pedras amarelas está às vistas.
Seu caminho de pedras amarelas está às vistas.
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