quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ator sem cena


Ator sem cena
por maneco nascimento

Teresina sempre foi e sempre será uma cidade sujeita a extravagâncias, como qualquer lugar de qualquer sítio do mundinho da humanidade. Alguns sítios e seus convivas com experiências de aprendizagens e sociabilidades mais avançadas, outro(a)s ainda por aprender a premissa de que não é deus.

Recentemente, nos canais livres da web, abriu-se uma porteira para uma nova formadora de opinião que se apresenta como Professora Santana e assim propõe-se:

Prazer aos Amigos. Sou a PROFESSORA SANTANA, diferente de muitos que se dizem críticos de arte e se escondem atrás de pseudos nomes. Sou autêntica e original. (...) Também não vou aqui diminuir nenhum trabalho assim como faz o AVELAR AMORIM, digo o PROFESSOR CORDEIRO. Vamos analisar os trabalhos propostos e, se possível, dar uma mãozinha para que sigam em frente. Nada de acabar com os sonhos de ninguém. (...) E me adicionem!” (www.professora-santana.blogspot.com)

Esse não pareceria assunto a que eu dedicasse qualquer interesse, mas o que vi pareceu um desserviço sociocultural. Alguém dizer-se paladino da imparcialidade ao tratar de teatro na cidade e, disfarçadamente, sem qualquer traquejo lingüístico para contexto específico, defenestrar colegas e montagens locais já exemplifica força de destino ladeira abaixo.

E ainda negar o próprio discurso “(...) não vou aqui diminuir nenhum trabalho assim como faz o (...) vamos analisar os trabalhos propostos e, se possível, dar uma mãozinha para que sigam em frente. Nada de acabar com os sonhos de ninguém (...)” (Idem)

O(a) “pseudocrítico(a)” mete os pés pelas mãos e parece deixar tudo mais sujo, sem acrescentar qualquer conhecimento palpável sobre teatro, artes cênicas grosso modo, nem tampouco acerca de ética e respeito pela arte e artistas do fingimento.

 (Zé Dantas, Ana Carvalho, criança feliz e Vitorino Rodrigues/foto: divulgação)

(Vitorino Rodrigues e Zé Dantas em "O Diário da Bruxa"/foto: divulgação)

No último dia 03 de outubro de 2011 vomitouO Espetáculo Teatral escolhido para ser debatido nesta noite pela Professora Santana foi o Infantil ‘O DIÁRIO DA BRUXA´ do Grupo Proposta de Teatro de Timon (Até onde sei. O fato é que a companhia só tem atores de Teresina)”. (www.professora-santana.blogspot.com)

Para um bom(a) conhecedor(a) de literatura histórica de teatro, a manifestação teria surgido na era clássica grega e avançado sobre os povos “conquistados”. Ganhou força e mimetizou-se de novas experiências, só para dizer que teatro não tem fronteiras.

Saberia a professorinha que a “comèddie d’larte” primitivamente é italiana? Aliás, uma das manifestações mais extraordinárias da humanidade, a arte, não tem limites, senão viraria ditadura. Pareceu discurso ignorante e proselitista da professorinha querer definir quem pode ser de onde enquanto pratica teatro.

Continua “(...) Aqui recorremos a já tão citada frase de Constantin Stanislavsky: “o teatro para criança tem que ser igual ao do adulto, só que melhor”. O arremedo histérico de Dona Bruxa ressucitada pelo ator Vitorino Rodrigues não caiu bem (...)” (Idem)


O teatro é teatro, sempre, para pequenos e adultos. Qualidade e técnica de teatro ganham forma e força em seus revezes de atuação e método. O olhar de defesa do espectador não impede a manifestação, pelo contrário, reafirma a ação premeditada.


Depois ataca “(...) José Dantas e Márcio Felipe dividem o mesmo personagem (E CERTAMENTE O CARINHO DO PROTAGONISTA) mas embora possuidores de uma beleza digna de Príncipe não convencem. É a velha questão – um cirurgião consciente, profissional, jamais entraria numa sala de operações sem estar preparado para isso, pois é a vida de uma pessoa em risco (...)” (Idem)

Consegue ser invasivo(a) e maledicente, mas nada técnico por puro desfavorecimento de aprendizagem e conhecimento.

Em outra postagem, dia 04 de outubro de 2011, opinouPassar a mão na cabeça não é bom para o espetáculo” já dizia Bárbara Heliodora e eu gostaria de começar nossa análise de hoje com essa Frase. Hoje resolvi tecer algumas palavras sobre o espetáculo ‘DONA FLOR E SEU ÚNICO FUTURO MARIDO´ de Jean Pessoa e dirigido pelo Próprio Jean Pessoa. Aí já temos início a confusão. Jean Pessoa é Ator, Autor e Diretor (...)” (Idem)

 (Aline Moura em "Dona Flor e seu único futuro Marido/foto: divulgação)


A qualquer artista o teatro deveria ser a arte do criativo e desafiador. Ninguém nasce chipado para função de “casta” contemporânea e limites de atuação. Limitar o artista é um discurso velho demais e fadado à obscuridade.

Quanto maior experimentação mais arte deflagrada. Atribui também “(...) Ao longo da história do teatro podemos observar várias funções. Temos o profano e o religioso, o educativo e o de entretenimento, o político e o alienante, o da arte pela arte. Não consegui enquadrar o DONA FLOR E SEU ÚNICO FUTURO MARIDO em nenhum desses lugares (...)” (Idem)

Uma professorinha preconceituosa, desatualizada e míope faz-se parecer crer. Noutro momento, abordando a diversidade de linguagem do teatro de rua aponta como julgamento sobre a peça “(...) Nada disso encontrei no espetáculo que designei-me a analisar. Alguém encontrou? Mas aí vai uma dica aos atores do Grupo Sinos de Teatro: ‘Esta tarde, tire a máscara da face e improvise´- não é senhor Pirandello? (Idem)

O título desse segundo comentário foiTirando a Máscara! (Qual mesmo???)”. E a terceira postagem que me obriguei a ler, por curiosidade técnica, foiQual é mesmo o seu talento”, em 05 de outubro de 2011:

Pediram-me para falar sobre os espetáculos do ator Franklin Pires. Lamento não poder dizer NADA a respeito. Resigno-me apenas a comentar somente sobre aquilo que possa vir a ser ARTE. A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura (...)” (Idem)

Uma desconstrução cultural vem das divagações esquizofrênicas da senhora professora em seu simulacro de “nobres intenções” que se entrega à fogueira das vaidades ao destilar que:

(Franklin Pires em "Lord Gaga"/foto: divulgação)

“(...) Franklin Pires não tem carisma e nem talento. E não tivemos a sorte d’ele ter herdado as duas pernas do cromossomo de Bid Lima. Acho que Córpusculo e Lord Gaga só errou no ator: em vez de Franklin Pires bem que poderia ser Avelar Amorim que há tempos só atua em espetáculos fora do TEATRO. Tudo bem, faz tempo que eliminamos as imprescindíveis ‘cenas dos próximos capítulos´” (Idem)


Espero, sinceramente, jamais precisar recorrer a expediente de ler tão desbotados e desarrozoados comentários acerca da produção teatral da cidade. A Professora Santana não parece ter pago as cadeiras de Filosofia, Sociologia e Psicologia da Educação, nem tampouco ouviu falar da pedagogia paulofreireana. Saberá soletrar esse neologismo apresentado.

O Construtivismo sociocultural deveria ser pedra base das relações culturais e políticas do movimento teatral local. E não se dar nesse “metier” de escorpião sem ferrão. Humor e espirituosidade a professorinha não aprendeu a desenvolver. E, como crítica de arte e cultura, engessou os pés em barro dos pântanos da ignorância e amargura do(a) artista que não deu certo.

As citações de literatos universais de teatro, ou frases coptadas de orelha de livro se esvaziam num discurso de “denúncia vazia” e propósitos dissimulados que coram o âmago de quem não aprendeu a leitura e produção de texto para encantar leitores.

Professora Santana, “pegue uns panos pra lavar, leia um romance...” (mamãe coragem/t. neto). Use o espaço da web para aprender a ensinar. Quem sabe trazer noções básicas de literatura e teatro para nós outros ignorantes e sem traquejo para as cenas. A cidade lhe prestará uma coroa de flores no dia de sua passagem. “Seja feliz, seja feliz...” (mamãe coragem/t. neto)

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