Batismo nas tintas
por maneco
nascimento
A Casa da
Cultura de Teresina (Praça Saraiva/Rui Barbosa 348, Centro) está com nova
Exposição aberta, desde o dia 16 de outubro e segue até 8 de novembro de 2013,
na Galeria de Artes Lucílio Albuquerque, segundo pavimento da Residência do
Barão.
(olhar de Carybé e Jorge entre boêmia, músicos e santo/divulgação)
(A Bahia de Carybé e Jorge Amado/divulgação)
Com humor
natural e rico de detalhes cotidianos, a verve de um dos maiores autores
brasileiros, Jorge Amado e sua grande Bahia, se estabelece nas cores vivas e
quentes que extraem qualidade dos pincéis de Carybé. Batizar o filho de relação
fortuita dos becos baianos e das paixões reais é mote do conto inserido na obra
jorgeamadiana “Os Pastores da Noite”, ilustrada, entre outras, pelo artista plástico.
O enredo
literário, retratado na arte pictórica carybene, tira muito riso guardado na
curiosidade do olheiro da Exposição. O filho do negro Massu precisa ser
batizado. Todos os preparativos são avançados. Entre o gratificante humor de
Jorge, está o fato de que Ogun se escolhe para ser padrinho do bebê e precisará
de um cavalo(filho de santo) para representá-lo na igreja. Exu, enciumado, cria
estratégias para tomar o lugar de Ogun. Quase consegue, mas a redenção vem pelo
próprio Ogun que, já na igreja, toma seu lugar na croa do filho de santo e o
batizado se realiza.
O sincretismo
natural baiano, com que o terreiro e a igreja estão intrinsecamente ligados, é da
pena de Jorge Amado, embaixador da cultura e sociedade de sua gleba. O padre
que celebra o batizado é também filho de Ogun e é através dele que o santo
expulsa Exu da pele do padrinho da criança. Assume o cavalo e então tudo acaba
bem. Tudo isso poderia ser só literatura, mas essa letra de licença poética
ganha as cores de Carybé na licença dos pincéis para aquarelas.
Ao se deter
nos detalhes do artista plástico, se pode perceber não só os movimentos de anatomia
e vida pulsante em suas aquarelas e o dia a dia das gentes da Bahia, mas estão lá
muito presentes e representativos os santos protagonistas do conto “O Compadre
de Ogun”. A Bahia dos terreiros, das mães e filho(a)s de santo, as incorporações
e os rituais da afro descendência e religiosidade tão nossa e rica de fé do “profano”
ao sincrético de Deus brasileiro.
“O Compadre de
Ogun – Serigrafias de Carybé” é altamente recomendável. Autêntica, original,
poderosamente artística, + Brasil impossível e há Jorge e Carybé não só numa
amizade estética, mas de vida cultural e artística construída nas ladeiras, becos,
memórias sociais da terra de coronéis, cacau, candomblé, acarajé, vatapá, capoeira, a pesca e o mar, os mercados e escambos sociais, a cor
brasileira e fé na natureza de todas as crenças e verdade professada na arte e
na crônica social das vidas simples e ricas desse caudal de natureza brasis.
(A Bahia de todas as cores e pincéis caribene/divulgação)
Exposição “O Compadre de Ogun –
Serigrafias de Carybé” até dia 8 de novembro, na CCT – Residência do Barão. No
horário de 8h às 18h, de segunda a sexta feira, e das 9h às 13h, aos sábados,
você pode conferir essa beleza de tradição e ruptura artísticas nas cores de
Jorge Amado e Carybé.
Expediente:
Visitas orientadas às escolas, por monitores
capacitados. Para maiores informações, nos telefones 3230 9910/3230 9907. Ou no
da Casa da Cultura, 3215 7849.
(arte da Exposição/divulgação)
Não deixe de ver esse pedacinho do Brasil, na
Bahia que está no Piauí. Você já foi à Casa da Cultura? Então vá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário