Sobre “Raroquerer Haraquiri”
por maneco nascimento
por maneco nascimento
Uma Leitura Dramática, de texto do dramaturgo, poeta, artista plástico e escritor, o piauiense Roberto Muniz Dias, realizada
durante o DIGO - II Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero, que ocorreu em Goiânia, Goiás.
A Leitura, do texto-monólogo "Raroquerer Haraquiri", foi realizada pelo ator Rodrigo Unganelli. O ato cênico deu-se no Teatro Centro Cultural UFG.
A Leitura, do texto-monólogo "Raroquerer Haraquiri", foi realizada pelo ator Rodrigo Unganelli. O ato cênico deu-se no Teatro Centro Cultural UFG.
Do autor,
[A proposta é de apresentação de um monólogo intimista, mas que adentra
a magia do processo criativo de um escritor em busca de seu melhor texto. Para
isso, vai à sua infância, procurando pela parte mais ingênua e mais sincera.
Então, nesta simulação da sua própria vida, vestido de gueixa, Germano vai se
(...)]
(Publicado por Roberto Muniz
Dias, em 10 de jun de 2017, no you tube)
Da recepção de um ator,
[Pra começar, o trocadilho muito feliz Raroquerer Haraquiri é
uma sacada de aprendiz de feiticeiro, aquele que sempre vai superar o último
preceptor. Traz novidade desde o jogo das palavras, mais todo o universo que há
nas linhas em si, nas entrelinhas e para além delas em proposta criativa.
Quanto à dramaturgia de cena. Gosto desta terra do escritor,
em seus desmanchados de pisar e livros e consoles e vinho e bebidas e a taça de
drink e banco (cadeira de sala confessional/divã de casa) que se misturam e um
"rio" (MARCA DE TECIDO AZUL) recortando espaço de caminhar das
memórias do escritor, enleado pelo sentimento quente, navegado do coração rubro
(QUIMONO VERMELHO, segunda pele da personagem) que regurgita o tempo do pensamento
que revira as memórias.
Ao figurino: um quimono de kamikasi que desnuda o sujeito do
(sepulku/harakiri), na dialética do corte, ruptura, quebra do
paradigma, rompimento do interdito.
Kamikasi, porque leva consigo um coletivo a ser desprezado na "liberdade" de nova vida, novo tempo. A gueixa que escolhe o destino, desvia-se das marcas da tradição em nome da nova edição de novo viver.
Kamikasi, porque leva consigo um coletivo a ser desprezado na "liberdade" de nova vida, novo tempo. A gueixa que escolhe o destino, desvia-se das marcas da tradição em nome da nova edição de novo viver.
Quando a personagem se desnuda vejo um quase jovem deus pan e sua
música mágica, ou um sátiro que enleia melodias e distribui-as aos outros, através
da flauta presenteada (daí à dialética, ou semântica, que a flauta tome... seria
outra recepção).
O intérprete/leitor tem uma natureza imberbe, mas sem a força
da gueixa (silenciosa/pragmática/medida em métodos da tradição milenar da
cultura Japão), as idiossincrasias do ator, às vezes, (não sei se proposital),
sobrepõem a gueixa... mas, se um jovem deus pan aparecer fica na média entre os deuses
e os mortais, divinos e mitos e o inconsciente (arquétipos) incorporado às
falas do corpo que geram imagens mitológicas, em visitas a mortais.
Algum momento, a pedagogia da imagem da narrativa, fica
infantilizado. E, talvez, o neutro, melhor valorizaria ação de leitura textual,
mas noutros momentos as falas de corpo definem identidade com o textual.
O ato de vasculhar o "baú de ossinhos", em
paráfrase ao "baú de ossos" (O Terno e o Frango, do escritor paulista Joca Oeiras), é de imagem que ilustra bem, haja vista as coisas, os objetos e a mala
de memórias aberta e os recolhidos de dentro, as armas de prazer (flauta) e
dor/rompimento (punhal).
A morte brechtniana se instala bem e o desaparecimento da "mulher", de lábios pintados, que se esvai na luz em resistência ao black out revela a transição/passagem de sombras à Luz e luz às Sombras das memórias. No piscar ao escuro, um barulho ensurdecedor vai (na obra aberta) gerar a nova Luz já apontada no discurso.
A morte brechtniana se instala bem e o desaparecimento da "mulher", de lábios pintados, que se esvai na luz em resistência ao black out revela a transição/passagem de sombras à Luz e luz às Sombras das memórias. No piscar ao escuro, um barulho ensurdecedor vai (na obra aberta) gerar a nova Luz já apontada no discurso.
Mas, o essencial, na Leitura Dramática é o texto, é
indispensável. As imagens e cenas mais particulares devem ser de desenho mais
limpo e sempre coerentes ao discurso das falas do texto, não que haja, na Leitura, essa falha (trágica), mas o mais é o menos e o menos é sempre o mais,
na simplicidade.
Mais respostas, só na leitura do texto original, pois que observação a partir de um registro vídeo you tube da performance dramática.
Ah! a música (Hugo Santos, outro piauiense pancada) é linda e o diálogo com as novas tecnologias, áudio visual, das memórias alter ego, de super valor do si no outro do outro no si, revela bem ao conjunto dramático, abre costura e recompõe capas da cebola dissecada.
Ah! a música (Hugo Santos, outro piauiense pancada) é linda e o diálogo com as novas tecnologias, áudio visual, das memórias alter ego, de super valor do si no outro do outro no si, revela bem ao conjunto dramático, abre costura e recompõe capas da cebola dissecada.
Tá bom, ou fugi muito da recepção de observador do ato político e cênico de raras ações, ato dramático, feito "Raroquerer Haraquiri"?
fotos/imagem: (Roberto Muniz Dias)
fotos/imagem: (Roberto Muniz Dias)
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