Ela tem de sobra
por maneco nascimento
Velhas tardes de domingos foram
relembradas no último dia 21 de março, sexta feira, quando se viu em toda
forma, força de se fazer cantora e toda à prova de fogo, posta a xeque, porque
há pessoas que juntam trabalho, profissão, lucros naturais do próprio esforço
profissional e felicidade consentida. E ninguém se assina Wanderléa impunemente
e muito menos alguém apelidada de Ternurinha.
Um furacão de luz, alegria, vigor em manter-se na ativa e felicidade em, como confessou, estar pessoalmente cantando tão próxima do público. Wanderléa começou seu ótimo show lá pelas oito da noite. Antes, Iracema Teles soltou a voz e se fez entender na entrega de cantar, outro vulcão que aqueceu a noite e ouvidos, com um repertório afinado e talento assentado em caminhos da canção.
Wandeca começou com seu calor
peculiar e carregou consigo uma plateia ansiosa por ouvir seus tradicionais sucessos.
Chegou, se enturmou com facilidade solidária, lembrou memórias envolvendo um
piauiense amigo, cantou de improviso da própria memória, sem auxílio da dália,
uma canção fora do repertório planejado e voltou, de novo, ao roteiro muito
aberto, haja vista ter atendido a todos os pedidos.
Os velhos e queridos sucessos da
Jovem Guarda, os rocks e outros sons melódicos emblematizados na sua voz e que
a tornaram uma das primeiras estrelas rockeiras do Brasil. Lembrou, em
homenagem pontual, Celly Campello e o clássico Banho de Lua.
(O público da Ternurinha/foto celular Francisco de Castro)
A Banda parecia reunir todo o
tempo de canção e palcos amaciados no livro tombo de história da Ternurinha.
Canções de Erasmo e Roberto. As românticas e inesquecíveis em sua voz e seu
maneirismo suave, afinado e aveludado vocal de cantar o amor e os enredos
amorosos e da paixão da Bela das tardes em Jovem Guarda e o tempo melódico, que
manteve consigo, depois que a carreira sempre pop chamou-a a continuar sendo a sempre
Wanderléa.
(Banda, Wandeca e público atento/foto celular Francisco de Castro)
Canções como Ternura; Te Amo;
Prova de Fogo; Pare o Casamento e tantas outras relembradas, carinhosamente, em
respeito ao público que a deixou muito feliz, satisfeita e integrou em seu show
com intimidade de quem voltou para rever velhos amigos. Deixou as pessoas
cantarem, entoaram Wanderléa que também embalou a todos. Todo mundo ficou
satisfeito, foi interatividade prazerosa.
Justificou a presença de seu
técnico de som para garantir que nada maculasse o que trouxe para a cidade de
Teresina. Apresentou a Banda que a acompanhava, e riu, brincou, fez um quatro, equilibrado
em todo humor, para rocks e pops e outras estripulias que confirmaram sua toda
energia e vitalidade que só a profissão escolhida, para efeitos de felicidade, poderia
lhe ter assegurado.
Alguém com muito + de cinquenta
anos de carreira e régua e compasso que a idade jamais interrompeu. Uma gata
selvagem em teto de silício e leoa que lambe a cria e ronrona com juba de
grande tigresa de unhas afiadas e íris com de mel, parafraseando o poeta e sua
licença em canção.
Ouviu seu público com toda a atenção,
atendeu aos pedidos, tirou fotos com tietes, sentiu de perto o calor de
gerações que acorreram em ficar juntinho da Ternurinha que toda ternura,
respeito, carisma e muita felicidade dedicou a Teresina e a toda a gente que se
apertou na Galeria do Clube dos Diários e não se arrependeu da escolha em
agenda na cidade.
Pode-se ver gerações que a
antecedem, que fazem parte de sua idade, que poderiam ser seus filhos e netos e
um público muito, mas muito interessado em ouvi-la cantar. Show inesquecível,
quem tem memória resguardada sabe bem o que foi ver, ouvir e estar presentemente
envolvido com a música da Wandeca, cantora feito furacão da jovem e sempre nova
guarda da canção brasileira.
Num piscar de olhos, daqueles
ouvidos atentos na noite de sexta feira, 21, o show de Wanderléa & Banda
chegou ao fim. Era + uma edição do Projeto Seis & Meia e não fez feio,
manteve a mesma linha que detém o evento sempre vivo. Reunir nomes da MPB, revigorar
a memória e a história da música popular brasileira, quebrar os novos
paradigmas de penetração das indústrias culturais que regem o mercado atual e
manter acesa a canção nacional.
Wanderléa finalizou, com toda a
ternura de música, em música, de mulher, mãe e artista desse país da
diversidade. Falou de paz, amor, solidariedade, família e respeito ao outro.
Bem humorada, feliz, tranquila, despojada, amiga de seu público, linda e num
corpicho invejável daquela que mãe, avó, cantora pop e a nossa inesquecível
Ternurinha.
Se morrer não é o fim, viver com a
memória de ver energia e luz dedicadas à carreira assentada é sono tranquilo
para quem participou da noite de Wanderléa & Banda no Projeto Seis &
Meia.
Linda e aquele público pareceu se
sentir enfeitiçado, qual menino de alma bonita por só olhar e viver todo o
momento que a Bela dedicou a ele. Foi só olhar, cantar suas canções, reverberando
como o coro ardente das memórias musicais revisitadas e, depois, ir embora
extasiado com tanta ternura dada àquela noite pela verve de Wanderléa.
Ternura pura, Wanderléa foi só
Ternurinha em grande estilo e coração de quem sempre soube como é bom ter afinidade
entre instrumentos de arte e artistas, dividindo cena, sonoridades, tons e
melodias que a fazem tão bem e fazem da MPB local de bem viver.
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