domingo, 23 de março de 2014

Ternura pura

Ela tem de sobra
por maneco nascimento

Velhas tardes de domingos foram relembradas no último dia 21 de março, sexta feira, quando se viu em toda forma, força de se fazer cantora e toda à prova de fogo, posta a xeque, porque há pessoas que juntam trabalho, profissão, lucros naturais do próprio esforço profissional e felicidade consentida. E ninguém se assina Wanderléa impunemente e muito menos alguém apelidada de Ternurinha.
 (Ternurinha em Teresina/foto celular Jorge Carlo)

Um furacão de luz, alegria, vigor em manter-se na ativa e felicidade em, como confessou, estar pessoalmente cantando tão próxima do público. Wanderléa começou seu ótimo show lá pelas oito da noite. Antes, Iracema Teles soltou a voz e se fez entender na entrega de cantar, outro vulcão que aqueceu a noite e ouvidos, com um repertório afinado e talento assentado em caminhos da canção.

Wandeca começou com seu calor peculiar e carregou consigo uma plateia ansiosa por ouvir seus tradicionais sucessos. Chegou, se enturmou com facilidade solidária, lembrou memórias envolvendo um piauiense amigo, cantou de improviso da própria memória, sem auxílio da dália, uma canção fora do repertório planejado e voltou, de novo, ao roteiro muito aberto, haja vista ter atendido a todos os pedidos.

Os velhos e queridos sucessos da Jovem Guarda, os rocks e outros sons melódicos emblematizados na sua voz e que a tornaram uma das primeiras estrelas rockeiras do Brasil. Lembrou, em homenagem pontual, Celly Campello e o clássico Banho de Lua.
(O público da Ternurinha/foto celular Francisco de Castro)

A Banda parecia reunir todo o tempo de canção e palcos amaciados no livro tombo de história da Ternurinha. Canções de Erasmo e Roberto. As românticas e inesquecíveis em sua voz e seu maneirismo suave, afinado e aveludado vocal de cantar o amor e os enredos amorosos e da paixão da Bela das tardes em Jovem Guarda e o tempo melódico, que manteve consigo, depois que a carreira sempre pop chamou-a a continuar sendo a sempre Wanderléa.
(Banda, Wandeca e público atento/foto celular Francisco de Castro)

Canções como Ternura; Te Amo; Prova de Fogo; Pare o Casamento e tantas outras relembradas, carinhosamente, em respeito ao público que a deixou muito feliz, satisfeita e integrou em seu show com intimidade de quem voltou para rever velhos amigos. Deixou as pessoas cantarem, entoaram Wanderléa que também embalou a todos. Todo mundo ficou satisfeito, foi interatividade prazerosa.

Justificou a presença de seu técnico de som para garantir que nada maculasse o que trouxe para a cidade de Teresina. Apresentou a Banda que a acompanhava, e riu, brincou, fez um quatro, equilibrado em todo humor, para rocks e pops e outras estripulias que confirmaram sua toda energia e vitalidade que só a profissão escolhida, para efeitos de felicidade, poderia lhe ter assegurado.

Alguém com muito + de cinquenta anos de carreira e régua e compasso que a idade jamais interrompeu. Uma gata selvagem em teto de silício e leoa que lambe a cria e ronrona com juba de grande tigresa de unhas afiadas e íris com de mel, parafraseando o poeta e sua licença em canção.

Ouviu seu público com toda a atenção, atendeu aos pedidos, tirou fotos com tietes, sentiu de perto o calor de gerações que acorreram em ficar juntinho da Ternurinha que toda ternura, respeito, carisma e muita felicidade dedicou a Teresina e a toda a gente que se apertou na Galeria do Clube dos Diários e não se arrependeu da escolha em agenda na cidade.

Pode-se ver gerações que a antecedem, que fazem parte de sua idade, que poderiam ser seus filhos e netos e um público muito, mas muito interessado em ouvi-la cantar. Show inesquecível, quem tem memória resguardada sabe bem o que foi ver, ouvir e estar presentemente envolvido com a música da Wandeca, cantora feito furacão da jovem e sempre nova guarda da canção brasileira.

Num piscar de olhos, daqueles ouvidos atentos na noite de sexta feira, 21, o show de Wanderléa & Banda chegou ao fim. Era + uma edição do Projeto Seis & Meia e não fez feio, manteve a mesma linha que detém o evento sempre vivo. Reunir nomes da MPB, revigorar a memória e a história da música popular brasileira, quebrar os novos paradigmas de penetração das indústrias culturais que regem o mercado atual e manter acesa a canção nacional.

Wanderléa finalizou, com toda a ternura de música, em música, de mulher, mãe e artista desse país da diversidade. Falou de paz, amor, solidariedade, família e respeito ao outro. Bem humorada, feliz, tranquila, despojada, amiga de seu público, linda e num corpicho invejável daquela que mãe, avó, cantora pop e a nossa inesquecível Ternurinha.

Se morrer não é o fim, viver com a memória de ver energia e luz dedicadas à carreira assentada é sono tranquilo para quem participou da noite de Wanderléa & Banda no Projeto Seis & Meia.

Linda e aquele público pareceu se sentir enfeitiçado, qual menino de alma bonita por só olhar e viver todo o momento que a Bela dedicou a ele. Foi só olhar, cantar suas canções, reverberando como o coro ardente das memórias musicais revisitadas e, depois, ir embora extasiado com tanta ternura dada àquela noite pela verve de Wanderléa.


Ternura pura, Wanderléa foi só Ternurinha em grande estilo e coração de quem sempre soube como é bom ter afinidade entre instrumentos de arte e artistas, dividindo cena, sonoridades, tons e melodias que a fazem tão bem e fazem da MPB local de bem viver.

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