quarta-feira, 22 de março de 2017

SenThe. É Música também.

duas pérolas na noite
por maneco nascimento

A noite de 21 de março, na Abertura oficial da Semana Nacional do Teatro de Teresina - SenThe, palco do Theatro 4 de Setembro, a partir das 19 horas, foi geleia que gerou belos frutos.


Houve tempo para as falas oficiais e solenes de ritual de Abertura da SenThe e, em seguida, a parte cultural, propriamente.

No primeiro momento, "Suíte - Homenagem ao Artista - Eleonora Paiva" houve uma imersão nas memórias de montagens de espetáculos, em que Eleonora atuou, quando morava em Teresina.

Entre as cenas de peças revisitadas, "Os Dois Amores de Lampião Antes de Maria Bonita, Só Agora Revelados" (Chico Pereira da Silva), com Lari Salles, Airton Martins e alunos da "Procópio Ferreira", sob a condução de Arimatan Martins.

O resultado da Oficina de Dança, com o Balé Popular do Piauí (Escola Estadual "Lenir Argento"), ministrada por Paiva. Um expressionismo de dança nova em reinvenção de origens e primitivo revistos, ao tônus de corpus de corpos falando e dando vozes aos desenhos da partitura facilitada por Eleonora aos intérpretes-criadores.

Uma cena de "Itararé, a República dos Desvalidos" (José Afonso de Araújo Lima), com Lari Salles e Bid Lima, também sob a tutela da regência, de Arimatan Martins, foi outro momento, o histriônico das homenagens teatrais.

Depois da parte teatral, veio o primeiro momento SenThe - Música. Uma elegante Eleonora Paiva, em requintado repertório reunido às doces canções que trouxe, uma composição de sua avó (Adalgisa Paiva) e um rosário de fino bossa nova (Tom e Vinícius, Caymmi).

Paiva, um vinho guardado  anos em tonel de carvalho nativo das florestas mediterrâneas. Voz suave, afinação ímpar e uma desenvoltura na cena que a igualava em canto e delicadas economias d'atriz cantora que nunca fez feio. Cantou, cantou, cantou, jamais cantou tão lindo assim, teria dito Chico, se a canção fosse pensada a ela.

A sobrinha Adalgisa Paiva (bisneta da musicista, avó de Eleonora) deu uma cancha em declaração de amor à tia cantora. Nora, num charmoso vestido grená e pérolas deslizadas no colo, esteve afiada na elegância e num salto para manter a composição, como declarou. Ao final, retirou o salto e fechou sua suíte bossa nova, com alegria e paixão de sempre, de ser ela por ela mesma, Eleonora Paiva. 

Repetiu a canção Rosa Morena, de Caymmi, e pediu auxílio à plateia que soubesse da música. Acompanhada por ninguém menos que Aurélio Melo (direção musical e violão), Paulo Dantas (baixo), Gilson Fernandes (e suas sutis percussões a la carron) e Fábio Mesquita (num charmoso teclado bossa +).

Auxílio luxuoso de músicos que deram à música e à voz suave e doce de Paiva, um gostinho de querer muito +, se o tempo merecesse esticar outra hora de show. Foi +!

E para a hora da Programação Musical, das 22h30, no Espaço Cultural "Osório Jr.", o violão pop erudito e popular de Erisvaldo Borges, brindou a plateia seleta do Bar do Club dos Diários, com um fim de noite inesquecível.

Melodias sentimentais e acordes vibrantes e sonoros sinceros das cordas de aço que marcam nome, tempo, carreira e assinatura erivaldoborgianas.

Então foi mesmo uma SenThe - Musical para ninguém botar defeito e, quem não viu, ouviu, nem deixou-se envolver pelas sonoridades lançadas ao ar, pelos dedos e tatos de Erisvaldo Borges, não sabe o que perdeu, da oportunidade de ver e ouvir tocar artista piauiense que define como é bom saber tocar bem um instrumento.

A SenThe está de parabéns. E ainda era a primeira noite da Semana Nacional do Teatro de Teresina. Ainda há muita cena viva para rolar nessa agenda SenThe - Teatro, instalada na Teresina.

Evoé, SenThe!

fotos/imagem: (Margô Leite)

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