segunda-feira, 31 de julho de 2017

Mito e contemporaneidade

transversal da cena
por maneco nascimento

Terça feira, 01 de agosto, às 19 horas, no Theatro 4 de Setembro, estreia espetáculo da Companhia de Teatro Jovem - Cotojoc. A estreia acontece dentro do Projeto Terças da Casa, para a edição do Terça Teatro.

A cena abriga transversalização de tradição e ruptura, discute e amplia crítica social e reflexiona sobre mito e contemporaneidade. 


O espetáculo fez pré-estreia na Associação de Moradores do Bairro Cidade Jardim, dias 29 e 30 de julho últimos.
"Elegbara" é um mergulho no imaginário das religiões afro-brasileiras, foi escrita para dois atores e, baseado no mito de Édipo Rei. A relação entre uma atriz e um ator nos dias de hoje faz com que essa peça tenha um caráter meta teatral e provoque um efeito de transcontextualização do mito de Édipo. 

É uma peça ágil, onde muitas revelações acontecem de maneiras difusas e sempre conectadas com o pensamento religioso do candomblé. "É uma ação dramática recheada de segredos, mistérios, cultivados por anos e atentos a uma tradição de extrema beleza", declara o autor do texto. Foi escrito depois de uma edição do Fórum de Performance Negra, em Salvador, em 2008, pelo dramaturgo Toni Edson.

"Elegbara", texto de  Toni Edson e direção de cena e mapeamento de dramaturgia de Arimateia Bispo. Elenca o espetáculo a atriz JanáSilva e ator CairoBrunno (Ator). Na equipe técnica,
ManuAndrade (Cenografia); SiroSirisSousa (Figurino); ArimatéiaBispo (Direção e Iluminação); WagnerSantosJesusSilvaGessyvaneRubim e LucasNunes (apoio técnico); SamuelMorais (Sonoplastia), Sr. Ednaldo (Maceneiro).
Quem é a CotJoc, que monta o espetáculo para Teresina? A Companhia de Teatro Jovens em Cena - CotJoc, é uma companhia que existe há 17 anos. Surgiu a partir de um grupo de jovens da igreja católica que se propunha a realizar espetáculos da Paixão de Cristo, todos os anos, como manifesto cênico religioso na comunidade. Havia a necessidade de oferecer mais cultura, através do teatro para a região da grande Pedra Mole. 

Em 2014, o grupo passou a se chamar Companhia de Teatro Jovens em Cena - CotJoc. 

Na finalidade, realizar montagens de espetáculos teatrais, desenvolver na comunidade o interesse pelo teatro e pela atividade cultural, participar de festivais e intercâmbios com grupos afins e pesquisar novas formas de manifestações teatrais, como ainda promover a arte e suas formas cênicas.  Dessa forma ter a arte como uma necessidade, não somente de espetáculos, mas também como estímulo social e cultural, auxílio no desenvolvimento de novas perspectivas e valores.
Espetáculos montados pela  CotJoc, "Romeu e Julieta" (William Shakespeare), "A Pele do Lobo" (Artur Azevedo), "O Canto da Libertação" ( Adaptação de Cicero Henrique), "O Verdadeiro Amor de Crispim e Dorinha" (Chico Borges), "A Verdadeira História de Romeu e Julieta" (Jean Pessoa) e "A Paixão de Cristo" (Nonato Oliveira) que realiza em montagens há 13 anos, durante o período da Semana Santa.

O Coletivo CotJoc amplia ações a vários projetos, entre eles está o carro chefe que é a Mostra de Teatro “Arte ao Alcance de Todos". Vários grupos são convidados a virem se apresentar no bairro da Cidade Jardim. A Mostra é inteiramente gratuita e completará oito anos continuados neste corrente 2017 (de 18 a 20 de agosto). Este projeto traz a característica de homenagear alguma pessoa que já contribuiu, ou contribui para o Teatro de expressão piauiense. 

A primeira Mostra de Teatro foi realizada em 2010, como primeira iniciativa. Naquele homenagem foi à própria Cia. criadora do evento. Nos anos seguintes, as homenagens seguiram a artistas da cidade e do estado. 

Em 2011 o dramaturgo Ací Campelo; 2012, a atriz Bid Lima; 2013, o diretor Arimatan Martins. Em 2014, a grande atriz Silmara Silva; 2015, o ator e articulador do FestLuso Francisco Pellé. Já no ano de 2016, o homenageado foi o diretor, ator e coordenador do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes, Adriano Abreu. Em 2017 a homenagem recai sobre a atriz Lari Salles.

O CotJoc, ainda no final de 2016, iniciou com o Projeto Segunda Rindo à Toa, onde oferece para toda a região do bairro Pedra Mole a oportunidade de interagir com shows de humor, a um preço bem acessível, e possam as comunidades, em sua grande região, conviverem com o Amauri Jucá, por exemplo, que é o padrinho do Projeto.

E, acerca da filha mais nova do CotJoc, há o Projeto Espaço Cultural Arriba, que a um sábado no mês oferecerá para a comunidade a oportunidade de assistir a espetáculos de Grupo, pré-estreias e ensaios abertos. Outros artistas da comunidade também poderão ocupar o Espaço  e se apresentarem, com a prática de preços bem acessíveis a todo público em potencial, estimulando assim a valorização a nossa cultura teatral regional e de bairros e dialogar com a produção cênica de expressão piauiense.

Serviço:
Projeto Terças da Casa - Terça Teatro
espetáculo "Elegbara"
terça, 01 ago.
às 19 horas
no Theatro 4 de Setembro.
ingressos: R$ 10,00 (meia)/ R$ 20,00 (inteira)
informações: 3222 7100
Classificação 14 anos.

fotos/imagem: (acervo CotJoc/A. Bispo)

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Elas EnCantam!

Julho das Pretas também é Festa!
por maneco nascimento


Depois de marcar o mês de julho, de 05 e, segue até 28, com ações itinerantes ao interior do estado, o "Julho das Pretas" encerra as atividades de Teresina com Show, nesta noite de 27 de julho, às 19 horas, no palco do Espaço Cultural "Osório Jr."/BCD (Complexo Club dos Diários).

A Festa de Encerramento, que vem na esteira de atividades realizadas em Teresina, Campo Maior, Nazária [Povoado Altamira], Piripiri [Comunidade Sussuarana] e, ainda, vai a Amarante (dia 28 de julho), promete fechar a noite em confraternização do Movimento implementado, sob a tutela do Ayabás - Instituto da Mulher Negra do Piauí, que parceriza rede de comunicação com a Rede de Mulheres Negras do Nordeste.


Na noite enCantam o *Grupo Ijexá, a cantora *Virna Lise, a cantora *Renatinha e o coletivo *Samba do Coreto. 


A partir das 19 horas, a Festa re-encontra, congraça, abraça, confraterniza os encontros necessários, os diálogos indispensáveis, as rodas de discussões, palestras, oficinas, memórias, identidades, ancestralidades, interações estéticas e integrações artístico culturais cunhados durante o Julho das Pretas.

Só não vem, quem esqueceu como é bom estar entre a Festa que se nos é de toda Alegria!

"Elas EnCantam" Show.
Só para hoje, às 19 horas, no "Osório Jr.", com entrada F r a n c a !

#JulhodasPretasFestadeConfraternizaçãoElasEnCantamAxéCulturaBrasileiraAsèAfroBrasis!

#VocêÉOConvidadodeHonra!

 
 fotos/imagem: (Ayabás-IMNePi/Sonia Terríssima/Edna Maciel\\m. nascimento)

"Esse Tal de Roquenrou"?!


Vai rolar um bom Rock!
por maneco nascimento

Hoje, quinta, 27, é dia de Rock'n roll no palco do Theatro 4 de Setembro. 

A noite vai pegar, quente fervendo emoções em rock! Ele chega para fechar e abusar música, em hits alegria das canções rock'n pop bossa nossa. 

Quem é Ele? Ora, só podia ser "Esse Tal de Roquenrou"!

O Theatro 4 de Setembro recebe na noite o Show de geral rock pop nosso Geração Roqueira Convidada, a partir das 19 horas. As loas e gera sons melódicos em fúria musical. 

"Esse Tal de Roquenrou" faz mais em Geração Convidada. São Ele, Eles e Elas,  Elas e Ele: Os Radiofônicos, Bia Magalhães, André de Sousa, Thyrson Marechal, Ostiga Jr., Renato Lee, Cláudia Simone, Sandro Sertão, Lucas Cardoso, Kiko Vieira e Vini, Meu Jovem.

Na esteira do Dia Mundial do Rock - 13 de Julho -, fecha o mês do rock e demarca maiores expressões e linguagens rock daqui. 


A promoção de realização é de Os Radiofônicos Radiofônicos Broto, com apoio cultural do Governo do Estado e Secretaria de Estrado de Cultura do Piauí - SeCult, como logística de recepção do Theatro 4 de Setembro.

Esse rock vai pegar geral e "Esse Tal de Roquenrou" lança pérolas aos outros que interagem na noite d'Esse Tal que vem todo em sons e fúria musicais.

***Serviço:
Show "Esse Tal de Roquenrou"

hoje, quinta, 27.
nesse 27 de julho
às 19 horas
no Theatro 4 de Setembro.
ingressos: R$ 20,00 (meia)/ R$ 40,00 (inteira)
informações: 9.9973 6494 (Henrique Douglas)
Classificação Livre aos amantes do Rock.

fotos/imagem: (Os Radiofônicos Radiofônicos Broto/Leonardo Fonseca)

segunda-feira, 24 de julho de 2017

"A Nova Helena"

Teatro ChicoPerereano
por maneco nascimento

Terça, 25, é dia de Projeto Terças da Casa para a edição Terça Teatro. O Theatro 4 de Setembro recebe, às 19 horas, em mais uma edição do Projeto o espetáculo "A Nova Helena", exercício teatral a partir de texto original do piauiense, de Campo Maior, Chico Pereira da Silva.


"A Nova Helena" é uma montagem de conclusão de Curso da Escola Técnica Estadual de Teatro "Gomes Campos". A peça é resultado da disciplina Prática de Montagem III, da matriz curricular de formação da Escola. A prática realizada pelo(a)s aluno(a)s formando(a)s do Curso de Arte Dramática da instituição.

Na trama que envolve a 
personagem central há um desaparecimento ou rapto de Helena.
Helena foi raptada ou fugiu? Essa dúvida leva a pequena cidades do interior do nordeste ao estado de guerra. Os conselhos do padre, do militar, do policial e do político, são rejeitados. Haverá a nova guerra de Tróia? Antes da catástrofe final ou algo fará as partes recuarem e a paz prevalecer?

O espetáculo marca estreia nesta terça e reúne o Elenco de formandos da "Gomes Campos". Os intérpretes de teatro estudantil, Anderson Reis, Carolina Silva, Francisco Machado, Luna Borges, Rebeca Gonzaga, Ryanderson Magno, Nádia Holanda, Pedro Igor, Lukar de Sousa, Daniela Silva e Railane Chaves. A Direção da montagem é de Emanuelle Vieira, professora de montagem da Instituição.

Sobre o autor, Francisco Pereira da Silva (Campo Maior PI 1918 - Rio de Janeiro RJ 1985). Autor. Dramaturgo ligado à temática popular e ao universo nordestino, tem parte de sua obra encenada no Rio de Janeiro, principalmente pelo Teatro Jovem, grupo preocupado em teatralizar a realidade brasileira nos anos 60.

Depois de estudar em Teresina e São Luís do Maranhão, muda-se para o Rio de Janeiro em 1942 para estudar direito, mas acaba formando-se em biblioteconomia, e trabalhando, até a sua morte, na Biblioteca Nacional.
Sua primeira peça montada é Lázaro, lançada pelo Teatro Duse, com direção de Pernambuco de Oliveira, e distinguida pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, com o prêmio de revelação de autor, em 1952. No ano seguinte, segue-se a montagem de Caso do Chapéu, adaptação de um conto de Machado de Assis (1839 - 1908), pelo Studio 53, dirigido por Carlos Murtinho. 
Em 1956, a primeira montagem em esquema de produção mais sólido: o Teatro Nacional da Comédia - TNC, companhia estatal, lança, com direção de João Bethecourt , a sua adaptação de Memórias de Um Sargento de Milícias
O grupo A Barca, da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, monta em 1958 Graça e Desgraça na Casa do Engole Cobra. Carlos Murtinho e seu Stúdio 53 voltam, em 1960, a criar uma peça de Chico, como ele era conhecido: Romance do Vilela, que lhe vale o Prêmio Padre Ventura, do Círculo Independente de Críticos Teatrais. 
Ainda em 1960, surge a maior chance da sua carreira: o Teatro dos Sete, no auge da sua fase inicial, monta o seu Cristo Proclamado, pungente texto sobre a miséria nordestina, com direção de Gianni Ratto e grande elenco. O público burguês do Teatro Copacabana rejeita a peça, que sai de cartaz após 15 dias. 
Na primeira metade da década de 60, quatro textos de Francisco Pereira da Silva são sucessivamente montados pelo Teatro Jovem, com direção de Kleber Santos: Chapéu de Sebo, 1962, O Vaso Suspirado e A Nova Helena (duas peças curtas apresentadas num mesmo espetáculo), 1963, e O Chão dos Penitentes, 1965. 
O ciclo do Teatro Jovem contribui para tornar a sua dramaturgia mais conhecida. Raimunda, Raimunda, que Paulo Afonso Grisolli monta em 1973, é seu último lançamento em cena.
Francisco Pereira da Silva deixa um significativo número de obras inéditas, entre as quais duas peças importantes: A Caça e o Caçador, poema dramático sobre as migrações nordestinas; e Amo por Amar, Que É Liberdade, drama épico sobre a vida de Gregório de Mattos, talvez a obra-prima do autor.
Francisco Pereira da Silva é também autor de roteiros cinematográficos; e, durante alguns anos, crítico teatral do Diário Carioca e da Última Hora.
O crítico Yan Michalski  avalia seu estilo e a modesta projeção de sua obra e declarou "Embora tendo passado toda a sua vida adulta no Rio, o escritor permaneceu fiel, na sua temática, às suas raízes nordestinas. Grande parte da sua obra aborda personagens, cenários, mitos e tradições do Nordeste; e o faz amorosamente, com extrema sensibilidade, profundo conhecimento dos problemas e dos homens da região, através de um diálogo de alta qualidade literária. O seu temperamento retraído, modesto e tímido impediu-o de conquistar, perante a opinião pública, a posição a que o vigor da sua dramaturgia o capacitava, e condenou grande parte de sua obra ao ineditismo", finalizou o intelectual. fonte: (http://enciclopedia.itaucultural.org.br)


Serviço:
Terça da Casa - Terça Teatro apresenta:
"A Nova Helena"
dia - 25 de julho
às 19 horas
no Theatro 4 de Setembro.
ingressos: R$ 10,00 (meia)/ R$ 20,00 (inteira)
informações: 3222 3766 (Chiquinho Pereira)

fotos/imagem: (acervo Escola Gomes Campos e reprodução[Chico Pereira da Silva])

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Terça Música


é no Theatro 4 de Setembro
por maneco nascimento

Nesta terça, 18, tem Terça da Casa, na edição do Terça Música com André de Sousa que vem lançar o Álbum "Mojo, Blues e Patuá". 

O show marcado para, a partir das 18h30, acontecer 
no Theatro 4 de Setembro e a entrada é 1kg de alimento não perecível.

O cantor, compositor e instrumentista, André vem mostrar o seu "Mojo, Blues e Patuá" de incursões por criações autorais, revisitação aos velhos blues de tradição e, ainda, passeio por temas populares a seus sons distendidos das cordas de aço em violões e guitarras selvagens.
Com carreira afinada na cidade para alegria musical repercutida às vezes de blues, rock'n pop, jazz e variações + criativas de sua composição aos mercados e futuros melódicos, salta das memórias de Brigithe Bardot, entre outras Bandas pop'n rock, namora Os Radiofônicos Broto, Clube Instrumental e, casa bem André de Sousa MB, musical arte Solo e o que vier.
André de Sousa reverbera sua aldeia de arte e a cultura musical família ampliada e sabe, melhor, toca um instrumento. No novo trabalho reinventa-se, + uma vez, e toca o público a ouvir sua música.
No Show, composições de discos de André e parceiros, Daniel Huck, Fábio Crazzy, Flávio Nogueira, e, uma muito especial homenagem ao Velho Lua. A releitura de "Respeita Januário" de Luiz Gonzaga, aprovada pelo editora e pela própria família de Gonzagão, vira prêmio de recriação/recomposição sob Obra singular.


O resultado do disco e show deixam André muito mais feliz. 
O cerne do coletivo musical a ser apresentado na noite de 18 de julho, é a puro blues e assume os sotaques cantados em português e as influências brasileiras ao jazz, blues, rock, as improvisações "filling" brasileiras. 

Segundo André, o blues peça chave do trabalho, é mesmo muito Cativante. Das experiências de tocar em locais onde vão os estão pela música, e também aqueles que, a princípio, estão ali, observando e esperando, até que o show começa e "daqui a pouco tá todo mundo se balançando, envolvido pela música, é muito cativante o blues, consegue envolver muitos públicos", lembra Sousa. 

A Banda do show de Lançamento conta com Sandro Saldanha, na bateria; no baixo, Flávio Nogueira; Vinícius Bean dedilha os teclados; no sax vem Enaldo Jr. e, no trompete, Joylmo Gomes. Na participação Especial tem Daniel Huck agilizando a percussão e cantando
, e Mário Eugênio, na gaita. A produção, direção e arranjos são do dono da festa, André Sousa.

A entrada, um 1kg de alimento não perecível será doada às comunidades de Morros e Porto do Centro, na zona leste da cidade, onde recebem apoio do Padre Amadeu Matias

Só Sousa saberia dedilhar seu próprio produto com cuidado de eureka, nesse cd que se nos apresenta. Os amigos, indispensáveis nas participações luxuosas, gerações de linguagem e afinidades melódicas que reúnem piauenses e cearenses na feição da obra fonográfica. André garante a expectativa e declara, "Espero os amigos e os amantes da música popular bluesileira lá no Theatro!! Rumbora pro B.L.U.E.S", 
desafia nas redes sociais.

Serviço:
Terças da Casa - Terça Música
Lançamento cd "Mojo, Blues e Patuá" - André de Sousa
dia 18 de julho
***às 18h30
no Theatro 4 de Setembro

ingressos: 1kg de alimento não perecível
informações: 3222 7100

fotos/imagem: (acervo André de Sousa)

sábado, 15 de julho de 2017

Stela

Uma Voz das Estrelas
por maneco nascimento

*Stela do Patrocínio (letras em preto). Reino dos bichos e dos animais é o meu nome (letras em vermelho). Organização e apresentação Viviane Mosé. E uma foto, marca d'água de mulher negra projetando a voz numa lata (leite em pó), tudo sobreposto num matiz lilás. [Capa]

Na [contracapa] o poema transcrito em letras brancas sobre o lilás, "meu nome verdadeiro é caixão enterro..." + as logos Museu Bispo do Rosário e Azougue Editorial e o código de barras da Obra.

Assim é apresentado o livro que conta da língua das Falas das Vozes da mulher negra, depositada numa Casa para “doentes mentais”, um manicômio que a guarda da cidade em que nasceu e a mantém viva, mas invisível, e sua visibilidade está, se impõe em sua Fala, a terapia que encontrou para ser ouvida.

E, quando ouvida, sua Vida e Obra em inteligentes, eficazes e estritamente ricos de licença Poética, mas de tanta vida vomitada às feições de discurso livre em terra de prisão. Prisioneira do estado, a Mulher, Poeta, intelectual de seu mundo favorecido pela força da Palavra se nos apresenta uma lição de sobrevivência no mundo de “doidos”, alienados à proteção da sociedade.
“Meu nome verdadeiro é caixão enterro Cemitério defunto cadáver Esqueleto humano asilo de velhos Hospital de tudo quanto é doença Hospício Mundos dos bichos e dos animais Os animais dinossauro camelo onça Tigre leão dinossauro macacos girafas tartarugas Reino dos bichos e dos animais é o meu nome Jardim Zoológico Quinta da Boa Vista Um verdadeiro jardim zoológico Quinta da Boa Vista"

Na lucidez e risco das Palavras que ambientam vida e sobrevivência no mundo dos bichos “enjaulados e à expiação pública” dos cuidadores que mantêm o cotidiano de quem se vê - em dentro - de fora no mundo em que está cerceada de liberdade de ir e vir e ser Stela do Patrocínio,a Mulher livre que para ali foi trazida e deixada à própria sorte.

Dos prospectadores de liberdades e vidas esquecidas surge o documento livro memórias e Falas infalíveis da Mulher que precisa ser ouvida. E, das Vozes que se lhe são de peculiar discurso de sobrevivência e liberdade no cativeiro ela vai dizendo a que veio e a que está no mundo forjado para ela pelos guardadores de esquecidos.

Mundo e Coisificação, [Parte I Um Homem Chamado Cavalo É O meu Nome] (37); [Antes era um macaco, à vontade, depois passei a ser cavalo (...)] (106); [Primeiro veio o mundo dos vivos Depois no entre a vida e a morte Depois dos Mortos Depois dos bichos e dos animais] (107); [Depois do entre a vida e a morte Depois dos mortos Depois dos bichos e dos animais Só fica a vontade como bicho e como animal] (108).

Da consciência de quem é, [Eu estava com saúde adoeci Eu não ia adoecer sozinha não mas eu estava com saúde Estava com muita saúde Me adoeceram me internaram no hospital E me deixaram internada E agora eu vivo no hospital como doente  O hospital parece uma casa O hospital é um hospital] (43); [É dito: pelo chão você não pode ficar porque lugar de cabeça é na cabeça Lugar de corpo é no corpo (...) Porque lugar de cabeça é na cabeça Lugar de corpo é no corpo] (44); [Eu sou Stela do Patrocínio Bem patrocinada Estou sentada numa cadeira pegada numa mesa nega preta e crioula Que a Ana me disse] (58).

Contexto geográfico, [Ainda era de Rio de Janeiro, Botafogo Eu me confundi comendo pão Eu perdi o óculos (...) Ela na vigilância do pão sem poder ter o pão (...) Dia tarde noite janeiro fevereiro dezembro Um homem chamado cavalo é o meu nome O bom pastor dá a vida pelas ovelhas] (42); [Mais de quinhentos milhões e quinhentos mil moradores morando no Teixeira Brandão, Jacarepaguá Núcleo Teixeira Brandão, Jacarepaguá E todo dia dá segunda terça quarta quinta...] (48)

e, ainda, [Eu era viajante Viajei no Rio de Janeiro São Paulo Petrópolis Belo Horizonte Minas Gerais Engenho de Dentro Sacra Família Itanhandu E aqui no Teixeira eu já sai várias vezes Fui à festa no Franco da Rocha Ulisses Viana bloco médico administração ver televisão] (62); [Meu passado foi um passado de areia Em mar de Copacabana Cachoeira de Paulo Afonso Bem dentro da Lagoa Rodrigues de Freitas No Rio de Janeiro (...)] (65).

Da família e das Estrelas, [Vim de importante família Família de cientistas, de aviadores De criança precoce prodígio poderes Milagres mistério] (59); [Parte III Nos Gases Eu me Formei, Tomei Cor] (67); [Eu não queria me formar Não queria nascer Não queria tomar forma humana Carne humana e matéria humana (...) Eu não tive querer nem vontade pra essas coisas (...)] (69); [ Eu sobrevivi do nada, do nada Eu não existia Não tinha uma existência Não tinha uma matéria Comecei a existir com quinhentos milhões e quinhentos mil anos Logo de uma vez, já velha Eu não nasci criança, nasci já velha (...)] (72).

Percepção das diferenças, [Eu sou seguida acompanhada imitada assemelhada Tomada conta fiscalizada examinada revistada Tem esses que são iguaizinhos a mim Tem esses que se vestem e se calçam igual a mim Mas que são diferentes da diferença entre nós É tudo bom e nada presta] (55); [Dias semanas meses o ano inteiro minuto segundo toda hora dia tarde a noite inteira Querem me matar (...) Eles querem saber como é que eu posso ficar nascendo Sem facilidade com dificuldade Por isso é que eles querem me matar] (56) [Olha quantos estão comigo Estão sozinhos Estão fingindo que estão sozinhos Pra poder estar comigo] (57).

Dual terceiro olho, [Eu já fui operada várias vezes Fiz várias operações sou toda operada Operei o cérebro, principalmente (...) Eles arrancaram o que está pensando E o que está sem pensar E foram examinar esse aparelho de pensar e não pensar (...) Estudar fora da cabeça Funcionar em cima da mesa Eles estudando fora da minha cabeça Eu já estou nesse ponto de estudo, de categoria] (61); [Eu não tenho cabeça boa não Não sei o que tem aqui dentro Não sei o que tem aqui dentro Não sei o que tem aqui dentro Eu sei que tem olho Mas olho pra fazer enxergar como? Quem bota pra enxergar se não sou eu que boto pra enxergar? Eu acho que é ninguém Enxerga sozinho Ele se enxerga sozinho] (81).

Reencarnada, [Não sou eu que gosto de nascer Eles é que me botam pra nascer todo dia E sempre que eu morro me ressuscitam me encarnam me desencarnam  me reencarnam Me formam em menos de um segundo] (71); [(...) Eu sei que eu tomei cor Nos gases eu me formei  Eu tomei cor (...)] (73); [Eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo Eu era ar, espaço vazio, tempo E gases puro, assim, ó, espaço vazio, ó Eu não tinha formação Não tinha formatura Não tinha onde fazer cabeça (...)] (74); [(...) Não sou do ar Do espaço vazio, do tempo, dos gases Não sou do tempo, não sou do tempo (...) Não sou dos gases, não sou da casa Não sou da família, não sou dos bichos Não sou dos animais. Sou de Deus Um anjo bom que Deus fez Pra sua glória e seu serviço] (83).

Tortura para desistência, [Eles me disseram pra mim Você não pode passar sem um homem Sem mulher sem criança sem os bichos sem os animais Mas alimentação e super-alimentação você também não pode ter] (90); [Eu não tenho coragem de enfrentar nada Eu tenho que enfrentar a violência A brutalidade  e a grosseria E ir à luta pelo pão de cada dia] (114).

Entre outras ironias, desforra do decaído, [Se eu pegar a família toda de cabeça pra baixo E perna pra cima Meter tudo dentro da lata do lixo e fazer um aborto Será que acontece alguma cosia comigo? Vão me fazer alguma coisa? Se eu pegar durante a noite novamente a família toda de cabeça pra baixo E perna pra cima Jogar lá de dentro pra fora Lá de cima cá pra baixo Será que ainda vai continuar  acontecendo alguma cosia comigo?] (123).

As defesas, [Me ensinaram a morder  chupar roer lamber e dar  dentadas] (125). Das indefesas que tornadas violadas, [Tinha terra preta no chão Um homem foi lá e disse Deita ai no chão pra eu te foder Eu disse não Vou me embora daqui Aí eu sai de lá vim andando Ainda não tinha esse prédio Não tinha essa portaria (...) [93];[Eu fui agarrada quando eu estava sozinha Não conhecia ninguém não conhecia nada (...) Eu não conheci nada eu era ignorante Depois eu fui agarrada pra relação sexual e pra foder Depois, só depois eu comecei ater noção e ficar sabendo (...)] (94) 

e repete-se dentro da violência, [Minha vida é só comer beber e fumar Só presto pra comer beber e fumar Eu aprendi comer beber e fumar Eu não sabia aprendi quando fui agarrada pra relação sexual E quando fui fodida] (95); [Eu já produzi uma criança no colo outra no corpo Sem eu saber que estava produzindo uma criança pequena (...) Era Rio de Janeiro Ainda era Botafogo E eu me confundi comendo pão ganhando pão] (96)


E entrevistada: Você é uma estrela mesmo, você brilha? [Eu queria brilhar ser limpinha gostar de limpeza Gostar do que é bom gostar da vida Saber ser mulher da vida Dar a vida por alguém que tivesse morrendo Que tivesse doente Fazer meu papel de doutora] (146, 147) ou Fala uma poesia pra gente. [Não Não tenho mais lembrança de poesia mais nenhuma] (147) e Tudo que você fala é poesia, Stela. [É só história que eu tô contando, é anedota] (147)


 "Stela do Patrocínio  Reino dos bichos e dos animais é o meu nome". Esta é sua história, o seu nome, sua Fala e sua sobrevivência no mundo dos homens. Um ótimo recorte de vida invisível tratado com delicadeza, acuidade e respeito à via humana, por Viviane Mosé.

Um prazer e um estarrecimento. Entre Poesia e licenças humanas de se fazer ouvir surge Stela do Patrocínio. Livro raro, mas leitura indispensável porque ainda existem Nises, Edmares, Vivianes e um mundo de pessoas que olham e vêm onde o mundo torna muitos invisíveis.

Eu Sou Stela do Patrocínio!

Música em suspensão

sinos Vermelhos também dobram
por maneco nascimento

Para quem só se acostumou a conviver com os noticiários filtrados e decantados, à época, embora com algumas versões que quebrassem os paradigmas dos porões (in)evitáveis, mesmo com toda a escafandria possível de ser posta em prática, aqui nesse biografia romanceada, ou romance biográfico, como queiram, se encontram novas luzes. 

Nesta Obra “O Ruído do Tempo” (Julian Barnes) segue + um sinal de como cada recorte histórico e de memória abre um novo olhar e reflexão sobre a ditadura Vermelha da URSS, em seus tempos de Estado e Poder proletário.

Outras Obras já abriram luzes, com detalhes delicadamente sórdidos, sobre o mundo de Lênin, Trostki, Stálin e todo o aparato do poder central da Revolução de outubro de 1917. 

“Os Filhos da Rua Arbat”, de Anatoli Ribakov (trad. do russo de Paulo Bezerra) é outro muito bom exemplo dos tempos das guerras internas do estado socialista; da externa e fria que nos chegava d’alguma maneira. Os meandros + indiscretos, só Obras como as citadas, entre outras preciosas e indispensáveis, puderam revelar ao mundo o mundinho da ditadura do proletariado.

E, até que se chegasse a essas informações, muito anônimos foram “necessários” desaparecerem à consolidação do poder vermelho daquele império mujique, reinventado e, muitos notórios também desapareceram das memórias e inconografias fotográficas do contexto, em mudanças dinâmicas de manter o Poder Central.

[Cometera um enorme erro ao compor Lady Macbeth de Mtsensk, e o Poder o havia castigado adequadamente. Arrependido, compusera uma resposta criativa de um artista soviético à crítica justa. Depois, durante a Grande Guerra Patriótica, tinha composto a Sétima Sinfonia, cuja mensagem de antifascismo ecoara pelo mundo. E então, estava perdoado.]
(Barnes, Julian. O Ruído do Tempo. Trad. Léa Viveiros de Castro. – 1ª. ed. – Rio de Janeiro: Rocco, 2017. 176 p. [pag. 76])
O autor Barnes se enfronha, em parte na autobiografia terceirizada e em histórias bem documentadas sobre o músico leningradense Shostakovich e enriquece, afiadamente, um misto de ficção e história, e avia arte ao especular “sobre o que se passava na cabeça do compositor”, declara Arthur Dapieve na apresentação do livro.

De Julian Barnes se encontra um texto direto. Eficiente. Estritamente impecável e dentro de uma técnica de escrita reta, pragmática sem excessos, nem verborragia, ou gorduras para enfeitar a sua realidade artística ficcionada à realidade prospectada na vida de Dmitri Dmitrievich.  
Capítulos/Períodos curtos e indispensáveis. Enredo que não guarda qualquer dúvida para se voltar à página anterior. Está escrito e desliza na medida certa, desde o primeiro título de capítulo e parágrafo subseqüente ao ponto final da última linha deixada como Obra concluída a este fim, da curiosidade do leitor.

Não há como desistir da leitura, seja porque traz + um novo elemento ao tema e, sob o olhar voltado à arte e a um artista das grandes composições soviéticas que quebraram a barreira do mundo ocidental, mas também porque entre o pessimismo natural da personagem e ao mesmo tempo a falha trágica que seria contrarrevolucionária, está um homem, um filho, pai, criador e tentando manter-se “neutro” no mundo dos mandatários da Revolução russa até que, forçosamente, tem que capitular, filiar-se ao Partido, e desfazer a cortina de fumaça que parecia “protegê-lo”, escudado pela música, das reais obrigações do Estado.

[Se o compositor mais famoso do país podia cometer um erro, esse erro devia ser pernicioso e perigoso para os outros. Então o pecado precisa ser nomeado, e reiterado, e ter as conseqüências eternamente anunciadas. Em outras palavras, “Confusão em vez de música” tinha se tornado um texto didático e fazia parte de cursos sobre história da música. Da mesma forma, o principal pecador não podia seguir um caminho sem supervisão (...) Stálin tinha expressado uma grande admiração pelas músicas que Dmitri Dmitrievich compusera para a trilogia Maxim; (...) A opinião daqueles que estavam no nível mais elevado era que Dmitri Dmitrievich Shostakovich não era uma causa perdida, e era capaz, se fosse adequadamente orientado, de compor músicas objetivas e realistas. A arte pertencia ao povo, como Lênin havia decretado; e o cinema era muito mais útil e valioso para o povo soviético do que a ópera. E assim, Dmitri Dmitrievich contava agora com uma orientação adequada, e o resultado disso era que em 1940 ele recebe a Condecoração Vermelha do Trabalho como prêmio pelas trilhas sonoras que compusera para o cinema. Se continuasse a seguir o caminho certo, aquela seria com certeza a primeira de muitas homenagens]
(Idem. [pag. 76])

“O Ruído do Tempo”, de Julian Barnes, se segue pérolas anteriores criadas, é um livro indispensável de leitura, quer seja por sua bem afiançada escrita, quer seja pelo valor histórico contido na imersão feita na vida em obra do músico soviético e trazer lugares, temas, contextos históricos e memórias esclarecedoras sobre a arte do artista e os meandros percorridos à sobrevivência no mundo de vigiados.

Ser formalista, não ser formalista. Estar entre os (in)suspeitos de contrarrevolução. Compor e manter integridade e manter a vida em serviço do Estado. “ O Ruído do Tempo”, dando-se uma distância, desde que se instalou a Revolução russa, auge, religião socialista, heresia, desvio, decadência e queda da estátua de Lênin, tem-se a certeza que as humanidades são sempre similares, asiáticas, europeias, novamundenses, etc., estão lá para fazer valer seu poder.

O extrato do Poder pode mudar os códigos, particularizar aparatos, formas, fórmulas de aplicação, mas sempre poder. Julian Barnes nos apresenta uma radiografia filigramada do mundo do Estado soviético e suas idiossincrasias mas que, no fim, do mais subordinado ao Comando em Chefe único, todos são falhos, humanos, desviados ou não.

Sempre muito feliz quando me caem às mãos curiosa leitura de Obras como “O Ruído do Tempo”. Recomendável a todas as idades e curiosidades leitoras, especificamente para se manter distância reflexiva acerca dos discursos de poder. Como refletir, salvo as diferenças e aproximações em que se imbricam o poder, acerca do momento brasileiro de uma ditadura de conchavos congressistas e desmandos de natureza humana corruptos.

[(...) Porque, embora pudesse ser paranoica, a tirania não era necessariamente burra. Se fosse burra não sobreviveria. A tirania entendia como algumas partes das pessoas – as partes fracas - funcionavam. Durante anos tinham matado padres e fechado igrejas, mas, se os soldados lutavam mais valentemente sob as bênçãos deles, então os padres seriam trazidos de volta para cumprir a utilidade de curto prazo. E se em tempos de guerra as pessoas precisavam de música para manter o espírito elevado, então os compositores também seriam postos em ação.] (idem [pag. 69])

O ruído do tempo percorre cidades, épocas, governos e dedilha os barulhos, expia a ruidosa efigie dos poderes que, como diz o Poeta, são podres. E contaminam a, quase tudo, e se n'algum momento a tirania exigir amor ao Partido, Estado, ao Grande Líder e Timoneiro, ao Povo padronizado, combata a tirania, ela nunca serve à humanidade livre.