sábado, 25 de junho de 2011

Evoé, Edson!

Evoé, Edson!
por maneco nascimento


(imagem edson cordeiro/last.fm)
No país em que músico tem sobrenome de instrumento, a memória musical não tem para ninguém, que não tenha aprendido o caminho das cifras musicadas. Jacob do Bandolim, Jackson do Padeiro, Nelson do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Vando do Trombone, Noquinha do Acordeon, João do Pife, sem esquecer os que levam nomes de licença poética.

vêm na ponte estrelada o caro Cartola, numa nota de argumento; Pixinguinha, uma rosa preciosa; Adoniran Barbosa, uma peça rara da crítica dos costumes; Toquinho, um naco bem distinto; Bituca, voz e poesia como doce acordar nas montanhas; Noel, o poeta do morro com sobrenome de rosa; Vadico, seu parceiro de boêmia e música, entre tantos outros que não cabem no tempo desse texto e povoam o mundo do diverso memorial da MPB.

E como música não tem fronteiras, toda ela é raro despertar da primavera. O município de Pedro II, nesse 2011, realiza o VIII Festival de Inverno de Pedro II, para os palcos, em praça, “Morro do Gritador”(shows locais)e “Opala”(para os nacionais). Às 18.30 horas do dia 23 de junho, abertos os festejos do evento, o palco alternativo, na praça Domingos Mourão, da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, recebeu os artistas de Teresina e PII.

O Grupo Os Olivêra”, dos irmãos Saquá e Doguinha et all, um toque de beleza e novidades nas composições e releituras de Torquato e outros artistas. Ganharam o público pelo talento e toda criatividade na reinvenção das nossas melhores tradições contemporaneizadas.

O Grupo Vagner Ribeiro e Valor de PItranspira música e cultura popular intertextualizadas, através do próprio Vagner, Caitano, Vânia, Beto, Zaqueu e Marcelo, com uma sinceridade artística de revisitar a própria história e memória invejável. Todas as idades fecharam identidade com Os Olivêra” e “Vagner Ribeiro e Valor de PI”.

Ainda se ouviu a banda rock pop "Rota 69" na estrada da conquista de seu público. Banda de Pedro II, registrou ponto na programação do palco alternativo e cantou suas loas, sem esconder vestígio da própria identidade.Danilo Rudah, encantou com seu estilo bom rapaz, principalmente as mocinhas ativadas e sinceras, no palco principal, após Edson Cordeiro.

No palco principal, abrindo a noite nacional, a “Orquestra Tamoio” foi um luxo em música instrumental, sons quentes e memórias de baile. Os mágicos sonoros preencheram a cena musical e deram voz competente aos instrumentos de Sérgio, Josué, Paulo, Wilker, Ivan, Marcel, Bruno, Gilson e Fagão. Os crooner Sara e Danilo ilustraram momentos de romântico oralizado.

Da atração nacional, quem perdeu ficou com ouvidos + interditados. O grande pequeno Edson rompeu os céus, terras e ouvidos do público com uma fúria musical de herói olímpico. Agradeceu o convite à vinda, sentindo-se muito honrado por sair da Alemanha para a “Suíça”, ao se referir a Pedro II.

Refinado, tranqüilo e, especialmente, de talento e virtuose a perder de vista, Edson Cordeiro iniciou seu grande show falando das histórias, memórias e homenagens que apresentaria àquela noite.

Gentil Cordeiro(seu pai), depois vieram Dalva de Oliveira, Zuzu Angel e Chico Buarque, não faltou Bizet e Mozart, Edith Piaf, Billy Holiday, Abba e as mães e mulheres que não se cansam nunca.

As homenagens começaram lembrando
Gentil Cordeiro(seu pai), depois vieram Dalva de Oliveira, Zuzu Angel e Chico Buarque, não faltou Bizet e Mozart, Edith Piaf, Billy Holiday, Abba e as mães e mulheres que não se cansam nunca.


Desde a apresentação da Orquestra Tamoio”, já havia problemas no som. Quando Edson Cordeiro começou a cantar, ou melhor, quando começou a brilhar sua voz, teve alguns encontrões com a falha de som. Microfonia, falta de retorno, falha de microfone. Passou + tempo dirigindo o som e sugerindo ajuda para não perder o melhor tempo preparado ao Piauí.

Sem perder a calma, pois rico de alma, certo momento deixou seu excelente pianista, Antonio Paes Leme, em cena para um show à parte, e foi ter uma conversa reservada com os operadores de som do evento.

Na sua volta, a mesma alegria, respeito ao público, carisma e espetacularmente sua voz privilegiada. Uma invejável performance dada ao público, fazendo jus ao tributo cidadão aplicado para projeto em praça pública.

Edson Cordeiro, em depoimento, disse que o próprio nome fora homenagem do pai ao jogador Pelé(Edson Arantes do Nascimento). Confessou que o desejo de seu Gentil Cordeiro em ter salva a casa por um filho jogador, haja vista ter o menino nascido entre três mulheres, reverberou outras vozes tão significantes quanto uma partida de futebol.

Para homenagear o pai, Edson lembrou canções que G. Cordeiro adorava. Entre elas, “Saudade da minha terra”, de tradição sertaneja de raiz. Deleite em voz assentada para tocar todas as gentes, fossem da antiga Matões, Itamarati(ita para pedra e marati para preciosa), ou da atual Pedro II e Teresina, bem presentes.

Edson Cordeiro, sua voz, sua vida, seu segredo e sua revelação, deixaram as memórias e as cidades + belas e cheias de graça musical com seu furacão vocal. Evoé, Edson!

 


Evoé, Edson!

(imagem edson cordeiro/last.fm)



(imagem edson cordeiro/last.fm)
Evoé, Edson!
por maneco nascimento


No país em que músico tem sobrenome de instrumento, a memória musical não tem para ninguém, que não tenha aprendido o caminho das cifras musicadas. Jacob do Bandolim, Jackson do Padeiro, Nelson do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Vando do Trombone, Noquinha do Acordeon, João do Pife, sem esquecer os que levam nomes de licença poética.

vêm na ponte estrelada o caro Cartola, numa nota de argumento; Pixinguinha, uma rosa preciosa; Adoniran Barbosa, uma peça rara da crítica dos costumes; Toquinho, um naco bem distinto; Bituca, voz e poesia como doce acordar nas montanhas; Noel, o poeta do morro com sobrenome de rosa; Vadico, seu parceiro de boêmia e música, entre tantos outros que não cabem no tempo desse texto e povoam o mundo do diverso memorial da MPB.

E como música não tem fronteiras, toda ela é raro despertar da primavera. O município de Pedro II, nesse 2011, realiza o VIII Festival de Inverno de Pedro II, para os palcos, em praça, “Morro do Gritador”(shows locais)e “Opala”(para os nacionais). Às 18.30 horas do dia 23 de junho, abertos os festejos do evento, o palco alternativo, na praça Domingos Mourão, da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, recebeu os artistas de Teresina e PII.

O Grupo Os Olivêra”, dos irmãos Saquá e Dôguinha et all(Alfredo, Laryers, Diêgo, Kilson) um toque de beleza e novidades nas composições e releituras de Torquato e outros artistas. Ganharam o público pelo talento e toda criatividade na reinvenção das nossas melhores tradições contemporaneizadas.

O Grupo Vagner Ribeiro e Valor de PItranspira música e cultura popular intertextualizadas, através do próprio Vagner, Caitano, Vânia, Beto, Zaqueu e Marcelo, com uma sinceridade artística de revisitar a própria história e memória invejável. Todas as idades fecharam identidade com Os Olivêra” e “Vagner Ribeiro e Valor de PI”.

Ainda se ouviu a banda rock pop "Rota 69" na estrada da conquista de seu público. Banda de Pedro II, registrou ponto na programação do palco alternativo e cantou suas loas, sem esconder vestígio da própria identidade. Danilo Rudah  encantou, com seu estilo bom rapaz, principalmente as mocinhas ativadas e sinceras, no palco principal, após Edson Cordeiro.

No palco principal, abrindo a noite nacional, a “Orquestra Tamoio” foi um luxo em música instrumental, sons quentes e memórias de baile. Os mágicos sonoros preencheram a cena musical e deram voz competente aos instrumentos de Sérgio, Josué, Paulo, Wilker, Ivan, Marcel, Bruno, Gilson e Fagão. Os crooner Sara e Danilo ilustraram momentos de romântico oralizado.

Da atração nacional, quem perdeu ficou com ouvidos + interditados. O grande pequeno Edson rompeu os céus, terras e ouvidos do público com uma fúria musical de herói olímpico. Agradeceu o convite à vinda, sentindo-se muito honrado por sair da Alemanha para a “Suíça”, ao se referir a Pedro II.
Refinado, tranqüilo e, especialmente, de talento e virtuose a perder de vista, Edson Cordeiro iniciou seu grande show falando das histórias, memórias e homenagens que apresentaria àquela noite.

As homenagens começaram lembrando Gentil Cordeiro(seu pai), depois vieram Dalva de Oliveira, Zuzu Angel e Chico Buarque, não faltou Bizet e Mozart, Edith Piaf, Billy Holiday, Abba e as mães e mulheres que não se cansam nunca.

Desde a apresentação da Orquestra Tamoio”, já havia problemas no som. Quando Edson Cordeiro começou a cantar, ou melhor, quando começou a brilhar sua voz, teve alguns encontrões com a falha de som. Microfonia, falta de retorno, falha de microfone. Passou + tempo dirigindo o som e sugerindo ajuda para não perder o melhor tempo preparado ao Piauí.

Sem perder a calma, pois rico de alma, certo momento deixou seu excelente pianista, Antonio Paes Leme, em cena para um show à parte, e foi ter uma conversa reservada com os operadores de som do evento.

Na sua volta, a mesma alegria, respeito ao público, carisma e espetacularmente sua voz privilegiada. Uma invejável performance dada ao público, fazendo jus ao tributo cidadão aplicado para projeto em praça pública.

Edson Cordeiro, em depoimento, disse que o próprio nome fora homenagem do pai ao jogador Pelé(Edson Arantes do Nascimento). Confessou que o desejo de seu Gentil Cordeiro em ter salva a casa por um filho jogador, haja vista ter o menino nascido entre três mulheres, reverberou outras vozes tão significantes quanto uma partida de futebol.

Para homenagear o pai, Edson lembrou canções que G. Cordeiro adorava. Entre elas, “Saudade da minha terra”, de tradição sertaneja de raiz. Deleite em voz assentada para tocar todas as gentes, fossem da antiga Matões, Itamarati(ita para pedra e marati para preciosa), ou da atual Pedro II e Teresina, bem presentes.

Edson Cordeiro, sua voz, sua vida, seu segredo e sua revelação, deixaram as memórias e as cidades + belas e cheias de graça musical com seu furacão vocal. Evoé, Edson!

 


sábado, 18 de junho de 2011

Quermerse junina

por maneco nascimento
O dia 17 de junho de 2011 marcou o III Arraiá São João Paulo II, na Praça Aberta do Teatro João Paulo. A noite foi temperada com expressivas manifestações do culto ao popular, ao cultural, à culinária e à arte para folguedos reanimados.

A partir das 18 horas e 30 minutos, o público pode conferir uma diversidade dentro do mesmo mote da tradição. O primeiro número da noite, atração convidada, veio da Escola de Dança do Estado Lenir Argento”, através do Balé Popular do Piauí, com o número “A lenda de Zabelê”, coreografada por Sidh Ribeiro e direção de Frank Lauro.

A lenda indígena é bem representada pelo grupo de bailarinos. Há uma beleza dividida entre a plástica da criação e os signos de memória coletivizada a partir dos resultados de falas dos corpos que representam significantes e significados, apropriados de verdade e mímesis cênica.

Em seguida foi a vez de outra ilustre convidada, Cia. de Homens e seu + novo trabalho, segundo José Nascimento, preparado para atender ao período junino. A coreografia “Quabípede” tem a assinatura de José Nascimento. A peça de equilíbrio estético bem definido apresenta memórias orais e visuais do cotidiano rural do vaqueiro.

Samuel Alves, Adriano Abreu, José Nascimento e Felipe desempenham um coletivo de corpos para sincronia muito agradável. Em metamorfose lingüística a partir da palavra título do espetáculo, a Cia. de Homens tem provado que insistência na técnica e talento depurado constroem respostas irrefutáveis, quando o assunto é cena sensível e científica.

Da melhor prata da Casa viu-se a apresentação da Oficina Alfabetização do Corpo – 3ª. Idade, coreografiaArrasta Pé”, coreógrafas Vanice Oliveira e Bid Lima. Um gracioso conjunto de energia e bom humor representado pelas jovens senhoras do Teatro João Paulo II.

Outros números do contemporâneo do Teatro Municipal João Paulo II rechearam o Arraiá da Casa. Fernando Freitas brindou o público com duas coreografias, a “Labuta Mermã”, com as alunas da Oficina de Dança Contemporânea – Adulta e “Xote das Moças”, com as dançarinas da Oficina de Dança de Salão.

Beth Bátalli, com sua Oficina de Dança Contemporânea – Infantil, mostrou a coreografiaMenino e Menina”. Sem nunca perder o ritmo, os meninos e meninas da Oficina não estavam prosa, representaram-se muito bem, obrigado.

A última atração da noite, também convidada, veio do Colégio Agnelo Pereira e a mostra de seu Projeto Mais Educação. A coreografiaLendas do PiauÍ”, de Vitor Kakau, mostrou através da arte e cultura visitadas a importância de investimento em atividades transversalizadas. O grupo de crianças orgulhosamente demonstrou segurança na defesa de sua manifestação planejada.

Foi um Arraiá quente, participativo. A Praça Aberta muito prestigiada por gentes de todas as idades e matizes. As comidas típicas oferecidas aos convidados, preparadas pelo gourmet João Vasconcelos, um sucesso à parte.

O Pátio do III Arraiá São João Paulo II coloriu-se do céu ao chão. Risos de olhos a larga alegria da comunidade cultural tão bem representada nos números vistos. O evento de sucesso, também nas edições anteriores, veio confirmar que gente é pra brilhar como vaticina o poeta.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Panorama à nova ponte


por maneco nascimento

Uma boa novidade preencheu a abertura da 35ª. Edição do Encontro Nacional de Folguedos, ocorrida a partir das 9 horas da manhã do dia 15 de junho de 2011, na Galeria do Clube dos Diários.

Estavam lá os brincantes com suas riquezas de pedrarias, lantejoulas e penas e toda uma verdade genuinamente popular na verve do Bumba-meu-Boi “Imperador da Ilha”. Também compunham a manhã a imprensa, artistas, curiosos, políticos, representantes do governo do estado e da prefeitura.

A boa novidade já se impunha a partir da simplicidade da ornamentação, sem pompas nem petulância, criativa. A acuidade estética e de bom gosto compensou o discurso governamental de quebradeira financeira.
Um mastro com as imagens populares dos santos juninos, bandeirolas de seda, painéis e stand aos divinos São João do carneirinho, Santo Antonio e São Pedro. Uma mesa farta de comidas típicas também recepcionou os convidados. 

Abertura bastante prestigiada, tinha na recepção dos convidados toda a comissão dos folguedos vestidos a caráter. Já que folguedos, trajes caipiras. Sacada de figurinista. A presidente da Fundac, Bid Lima, uma rainha caipira com uma elegância, beleza e bom humor indispensáveis.

As atrações culturais encheram o salão de festa. Do bairro Cidade nova veio o “Imperador da Ilha”; da Escola de Dança do Estado “Lenir Argento” viu-se do repertório do Balé Popular do Piauí a “Lenda de Zabelê” e do Teatro Municipal João Paulo II, a Oficina Alfabetização do Corpo – 3ª. Idade, o público conferiu um trecho do espetáculo “Arrasta Pé”.

Um novo panorama desses novos tempos de criatividade para superar as adversidades. Salão lotado. Arte, cultura e cruzamentos de identidades. As alegrias juninas foram lançadas para se concretizar na semana de 20 a 26 de junho de 2011, no Parque Olímpico do Albertão.

Procotolos flexibilizados e humor incontestável e saudável de Bid Lima deram um refresco diferenciado no oficioso momento das falas político-governamentais. Há uma boa novidade no panorama à nova ponte cultural do estado. Uma alegria sincera e de poder criativo tem povoado os dias da Fundac, gostem ou não os de sentimentos contrários.

Com risos, mimos do povo, lantejoulas, pedrarias, bandeirolas e muita energia popular ratificando a antropologia cultural o 35º. Encontro Nacional de Folguedos. O evento chega como Mostra Cultural dos grupos convidados. O prêmio será da cidade, do estado e das infindáveis manifestações que enfeitarão os sete dias de folia junina.

O que se vê nessa ponte aberta: cultura, cidade, cidadania, arte e identidades em pertencimento confirmado.

Cena de Fé


por maneco nascimento

Com vida iniciada em 2005, a Cia. Técnica do Teatro tem, ao longo dessa caminhada, professado fé aos ritos da cena e do ato religioso dramatizado. Para a cena de rigor dramático realiza, há três anos, no quintal do Teatro Municipal João Paulo II, o espetáculoO Auto de Nossa Senhora de Fátima”, encenado pela primeira vez no ano de fundação da companhia.

A última montagem concretizada ocorreu no dia 29 de maio de 2011, às 19 horas, para um público concentrado na mímesis do milagre de Fátima. Com texto adaptado por Ricardo Sousa, também responsável pela direção de cena e desenho dramatúrgico, “O Auto de Fátimatem força de intenção e crença na verdade cênica apresentada.

O espetáculo a céu aberto, em noite de lua nova e estrelas por testemunhas, traz elenco composto por técnicos do Teatro Municipal João Paulo II e quinze atores iniciados na Cia. Técnica. Welton Sousa, na pele do prefeito do sítio de Fátima, consegue um tempo de dublagem regular, mas segura. É convincente.

Thiago Borges, incorporando Cristo na via crucis, é de uma verdade simples, mas emblemática. Comove o público encetado na paixão representada. As marcas trágicas de linguagem universal também elidem na composição de Thiago. Reforça o conjunto representativo.

Gisele Morais, a Nossa Senhora desse ano, marca forte presença. Consegue, em suas aparições como a Virgem de Fátima, apreender, à locução dublada, entonações doces e ao mesmo tempo sem qualquer carga de drama comum. Seu timbre vocal e sua particular dinâmica lingüística dão caráter neutro, mas expressivo às vozes da Senhora, manifestada no lugarejo de Fátima.
 
O cuidado técnico aos efeitos de luz e névoa dá às aparições uma qualidade estética que as transformam nas melhores cenas vista no espetáculo. As cenas das crianças no campo enquanto dialogam com a Santa cumprem seu papel.

Os atores, das vezes de Lúcia (Iara Carvalho), Francisco (Matheus Monteiro) e Jacinta (Mary), por vezes parecem não saber onde por as mãos. Não conseguiram, ainda, integrar-se ao espaço integrado do drama com todo o crédito necessário ao fingimento do intérprete. Talvez necessitem maior atenção da direção para que organicizem a naturalidade com que compõem as crianças escolhidas para testemunho do milagre.

Esses mesmos jovens atores (Iara, Matheus, Mary) são + concentrados nas cenas domésticas, quando dialogam com a mãe (Sônia Sousa), ou quando são aprisionados pelo Prefeito. As dublagens não deixam margem de que querem acertar sempre. Os silêncios do intérprete do menino Francisco falam + que todas as outras ações pulverizadas no grupo das crianças. 

Da parte técnica, a dramaturgia encenada se tivesse um enxugamento do tempo, de uma cena para outra, ficaria + leve, mesmo com a densidade natural que ato dramático exige. 

A trilha (Ricardo Sousa) que desenha o enredo, por vezes muito extensa, desgasta o pragmatismo que deve acompanhar a prática de teatro de campo. Especialmente, na temática religiosa, o tempo musical requer uma dinâmica quente que sustente a atenção do público.

A cenografia e efeitos especiais, de Leonardo Sousa, dão um toque prático e eficaz às cenas de aparições, prisão e inferno. A árvore resplandecendo luz é de uma plástica comovente. A Iluminação de Marcos Paulo e a Operação de Sonoplastia de Herberth Rogger também estão incorporadas ao conjunto.

A cena do inferno poderia aglutinar um número maior dedemôniospara preencher todas as frestas do obscuro e danado do submundo. Com um número tão reduzido, encolhe a intenção de causar impacto. Sendo o contraponto do luminar núcleo de Nossa Senhora, a quem deveria confrontar, se impõe enfraquecido.

Mas “O Auto de Nossa Senhora de Fátima” que ainda reúne (Antonio Marcos, Marcos Paulo, Richardy, Michael Rennan, Karina, Andressa, Joany, Tiago Silva) explica o milagre, compõe o histórico revisitado e professa a fé que acena à razão e sensibilidade do teatro planejado de práxis revigorada.



domingo, 12 de junho de 2011

Pra descontrair

Pra descontrair
por maneco nascimento

O Grupo Humanitas de Teatro de Timon(MA) aportou no Projeto Temporadas Populares do Teatro Municipal João Paulo II, para ocupar as quartas feiras de junho, sempre às 20 horas. A estréia do Grupo dentro do Projeto ocorreu na quarta feira, dia 08 de junho de 2011. O espetáculo, “Meu último amor acabou antes de ontem”.

Texto e direção de Junior Marks, a montagem aborda encontros e despedidas de um grupo de amigos em ambiente de mesa de bar. Um garçon, sempre atento às conversas do grupo, interativo das confidências e diligente no atendimento à mesa mais quatro amigos recortam a dramaturgia.

O grupo rememora as desilusões, remoendo as horas contadas da amizade envolvente, mesmo que nas inconfidências. O texto cumpre o papel de entreter na cena e a dramaturgia de palco é funcional, partindo da composição inicial de imagem em “freezer” para o solo das personagens que vão ganhando vida a seu tempo.

Eristóteles Pegado, o garçon, tem desenvoltura econômica e divertida nas intervenções silenciosas e intrusivas durante as conversas particulares dos quatro amigos. Traveste-se ainda, como em memória de “flash back”, compondo personagens lembradas no papo trivial. Está à vontade.

Jerônimo Macedo, o pegador sem uma lembrança próxima do último amor, é uma caricatura do macho alpha do grupo. Soa comum. Os trejeitos de construção corporal da personagem ficam na margem do risível. Maior instrospecção composicional ao “gostosão” do pedaço, talvez surtisse melhor efeito dramático que tornaria o cômico + concentrado, sem o apelo fácil.

Adriana Campelo tem um corpo natural que despertaria o riso sem dificuldades, caso aproveitasse-o melhor à organicidade do texto, sem atravessar o humor, já intrínseco, com apelo do engraçado pelo fácil. Algumas inflexões textuais são perdidas pela pressa da participação, ou pelo descuido de ouvir com + tranquilidade a si mesma. Tem um “timing” que poderia ser melhor explorado.

Flávia Sousa tem boa projeção de voz e se não corresse tanto para livrar-se do texto, talvez tivesse mais sucesso na composição da personagem da mocinha sonhadora e dependente das decisões do sempre último amor. Sua voz natural, muito aberta, cria uma estranheza a quem ouve o texto saído de sua boca. 

Exercícios de técnica vocal que projetasse as inflexões + pelo palato dariam um ganho significativo. Flávia já tem uma projeção natural bem clara, faltando apenas uma amaciada no timbre estridente. A energia e a presença em cena da atriz melhor concentradas operariam milagres.

Júnior Marks tem uma apropriação segura de seu próprio texto, é engraçado até em aproveitar sua natural voz nasalizada e, por vezes, aguda. Tem tranqüilidade de improvisação, mas por vezes perde-se no que pareceria vaidade em encenar. 

Quem o conhece fora de cena não vê muita diferença entre o Júnior dos maneirismos orais próprios e trejeitos corporais particulares arrastados ao palco. Um bom ator, mas que prefere trabalhar sob o risco do menor esforço de composição da personagem.

Meu último amor acabou antes de ontem”, com desenho dramatúrgico de Marks é de bom riso, entretém e não chega a ser enfadonho. Com maior equilíbrio dos diálogos, silêncios e passagem de tempo ficaria com uma boa dose de humor + redondo. 

A peça tem estilo, com melhor concentração talvez conseguisse o propósito perseguido. A dispersão da comédia não é na cena, mas na platéia que ri melhor quando colhe maior entendimento da piada.

Nem Santo, nem Porca


Nem Santo, nem Porca
por maneco nascimento

Não há o Ariano festejado, nem muito menos o esperado. Então o que dizer do Santo ou Porca tão ricos da dramaturgia do nordestino arretado e lambido, com todo o merecimento, por toda a praça brasileira que conhece a jocosa história do velho usurário e sua porquinha rica em moedas.

Um dos + queridos e montados textos brasileiros,O Santo e a Porca”, de Ariano Suassuna, chegou ao palco do Teatro Municipal João Paulo II, no último dia 11 de junho de 2011, às 19 horas, causando espanto e decepção ao público presente.


Montagem do Grupo Teatral Kimulengo’s, e assinatura do dublê de diretor Lívio Bastos, a peça é um rosário de descabidos e erros primários de dramaturgia encenada. Aprendiz de ator e instrutor da Oficina Permanente de Teatro “Palhaço Beleza”, no Teatro do Boi, Lívio Bastos falha a partir da própria audição.

Aprendi com a experiência que o homem que não ouve bem, se comunica muito mal caso não debele as dificuldades. No teatro então um bom ouvido opera milagres. Xana de Sousa(Wilson Silva) é o melhor exemplo de vencedor das dificuldades. Deficiente auditivo, é um ótimo ator e faz as vezes de diretor sem comprometer a profissão e a prática cênica.

Com o aprendiz de encenador, Lívio Bastos, o ruído de comunicação parece ser mais grave. Desde o início da encenação, vista dia 11 de junho no Teatro João Paulo II, o volume das músicas que trilhavam a peça estava muito alto. Não se ouvia o elenco, incomodado fui recomendar-lhe sobre minorar o som estridente.

Bastos saiu com essa pérola: “Deixe, deixe é assim mesmo. Depois a crítica vai falar.” Dei o assunto por encerrado, voltei para a platéia. Desde então foi um festival de desmandos cênicos. Jovens atores se esforçando à realização do que criam ser exercício acertado. O som já um grande despropósito.

As entonações, intenções e inflexões textuais perdidas no ar da ignorância cênica maquiada. A caricatura mal assimilada dos exemplos populares da televisão aparecia na busca de uma construção corporal. Ingênuo e desesperado desejo de acertar foi o que se viu no elenco mal orientado.

Uma hora e quarenta minutos de adolescentes e jovens buscando o caminho das pedras da mágica práxis do fingimento. Não se conseguiu ver o momento em que o universo conspira ao mágico elemento dramático se assentar.

Talvez Lívio Bastos devesse voltar ao texto para uma leitura de compreensão e convidar pessoas das cênicas, melhor abalizadas, para estimular nos jovens atores a descoberta do mais elementar exercício teatral. Percepção do próprio corpo; apreensão do pisar na cena; projeção de voz; ouvir a si mesmo e ao outro; descobrir a espacialidade a ser explorada no palco. Talvez essas primeiras noções pudessem ser estimuladas no próprio Lívio Bastos.

Parabéns a Thérita Silveira, Marri Silva, Patty Oliveira, Larissa Sousa, Dalva Frazão, Yza Monteiro e Francisca Lima pela empreitada corajosa, mas tão incipientemente mal conduzida. Um time de mulheres versejando curiosidade e boa intenção, mas nem mesmo o teatro vive só de boa intenção.

O Santo e a Porca”, montagem assinada por Lívio Bastos e seu Grupo Teatral Kimulengo’s não encontrou a porca fuçadeira tão rica em Suassuna. Também não há santo que obre milagre em ato de grave desconhecimento do efeito dramático. 

Tentativa tão particularmente equivocada, talvez merecesse revisão imediata. Para que não se incorra em convencimento dos jovens atores de que o “aprendizado” da profissão está sendo operado.

"A juventude que essa brisa canta" precisa ser melhor orientada, seja para o teatro seja para a vida comum.

sábado, 11 de junho de 2011

Sala de Leituras


Sala de leituras
por maneco nascimento

A Operação Dom Quixote, realizada pela Fundação homônima, conseguiu + um efeito espetacular aos dias de Piauí e Teresina, a concretização do SALIPI, versão 2011, de 5 a 12 de junho do corrente.

Ao realizar mais um SALIPI - Salão da Feira do Livro do Piauí, a Fundação Quixote, em mais uma de suas quixotescas ações, prova que maior é o céu das esperanças que as terras áridas de investimentos encolhidos. E como diria Alves, “A praça é do povo...”, o povo tomou conta da PII, onde talvez melhor se concentre grandes eventos públicos em praça da cidade.

Pelo segundo ano, realizado na Praça Pedro II, de frente para o Theatro 4 de Setembro, ainda fechado, e também de frente para a Central de Artesanato “Mestre Dezinho”, o Salão do Livro do Piauí ainda é uma Sala para as + diversas e abertas leituras e visitas vultosas. 

Sala porque fica espremida entre dois espaços públicos, o Centro de Artesanato pouco explorado e o Theatro 4 de Setembro que permanece fechado para reforma (a passos de Ben Hur). Mas Salão porque de abrangência orgulhosa do grande público das escolas do entorno da PII, das que se deslocam de outros logradouros e do público contumaz daquele corredor de passagem.

Gente que chega pra ficar e gente que vai, mas quer ficar, parafraseando o poeta. De sorte é que o SALIPI é sucesso no Bate Papo, no Língua Viva, nos encontros e despedidas aos novos reinícios. O trânsito livre nos stands e assinaturas diversas para serem escolhidas e ou preteridas.

A vida é forjada para ser como se planeja. A Sala de Leituras se desdobra em grande Salão fervilhando curiosidades, cultura, arte e bons propósitos de pescar um novo leitor. São cortejos de crianças, adolescentes e jovens cruzando as ruas e faixas, em filas escolares, realizando o prazer da atividade extra classe.

Ônibus, caravanas do passeio à feira popular da leitura e do encontro com a língua da nossa literatura e alhures. A comissão organizadora do SALIPI, impingida a trazer o Salão à praça por ter um centro de convenções fechado à reconstrução (a passos de um “Ben Hur” e um “E o vento levou...”), ficou melhor na fita ao plantar o evento na Pedro II.

Ganham mais o público elástico - que ficava hermetizado sob a laje do antigo centro de convenções da cidade - e o Salão mais aberto, agora guardado pelos cordões das ruas Payssandu, David Caldas (também literato), passeio fechado da Senador Teodoro Pacheco e Treze de Maio.

Uma caixinha de letras despejadas aos visitantes, amigos, artistas/escritores e colaboradores de oito dias pancada! O Salão do Livro do Piauí, segundo consta no marketing local, um dos + organizados do Brasil, é também o que maior orgulho causa a todos os piauienses.

Cumpre seu papel com eficácia hercúlea, com força apolínea, com beleza e verdade de lingüística gregária desdobrada e de poética aristotélica derramada de paixões ibero-latinas, sem perder a matemática cartesiana de dois e dois para cinco novos conceitos abertos.

Outro dia, também visitante, me vi em outro pai levando meu filho para escolher seus próprios livros. A Sala de Leituras é um livro de visita com história de obra aberta, enredando futuros fora da lógica do capital segregador.

Vende-se cultura, dá-se prazer a espíritos abertos a liberdades fomentadas, faz-se luz: SALIPI!