terça-feira, 30 de outubro de 2012

Artes e tintas


 Artes e tintas
por maneco nascimento


A União dos Artistas Plásticos do Estado do Piauí – UAPPI empenhou + uma exposição dos artistas colegiados. A 5ª. Exposição Anual continua em cartaz na Galeria do Clube do Diários/Complexo Theatro 4 de Setembro. Um universo pictórico de mulheres e alguns poucos benditos entre elas (Stênio, Avelar e Portelada). A temática da Exposição: “A Marca do Tempo

(Artistas da UAPPI/foto colhida de: www.oncomédica.com.br/noticia/exposição-a-marca-do-tempo)


O artista Stênio apresenta trabalho em cerâmica esmaltada. A peça, “Encaixe”, do macho para a fêmea, do maior à “menor”. Dois vasos, sensualmente, comunicantes. Dora Parente ilustra suas obras com um texto: “A beleza e a simplicidade (...) O mesmo não ocorre com as marcas do tempo (...)”. Duas obras. O tema “A marca do tempo”. 

Elda Ribeiro propõe “Vestígio”, em nascedouro artístico. Yolanda Carvalho, em sua novidade de “Cumplicidade Passos Livres” e xilogravurismo em “Caminhar Juntos”. Delma Braga traz “Expressões” numa licença poética do humano pictórico e “Felicidade”, de teor maternal quase religioso.

Beth Paz pinta a série “Cores da Marca do Tempo I”, memória do tempo em ferrugem e tecnologia iniciática de meios de transportes urbanos e “Cores da Marca do Tempo II”, natureza em mimetismo das cores secundárias. Apresenta maturidade criativa. 

Dadinha Leal, com “Heraclitiana”, transfilosofia na tela. O tempo e as águas de Heráclito de Éfeso em sinuosidades femininas expressivas. Com a temática “Percursos”, apreende os pés do tempo e as cores dos passos deixados na história de cada caminho. Jacinta Ramos em “Alegoria Oriental”, uma “ameba” de dragão em cores vívidas.

Mafa também descreve seu próprio tempo, “Você veio ocupar meu espaço... marcou um tempo... e passou...”. Na obra “O rastro do tempo”, memórias de afeição entre o sangue da paixão e o nebuloso da solidão. Suzana Góes Carvalho com sua “Vieux X Noveau”, a moda, o tempo, a beleza, a vaidade e o conflito da sobrevivência do mercado. Tempo de rosto de contexto.

Beth Nogueira mergulha na cultura egípcia e sinaliza com “Símbolos Antigo Egito”, signos para escaravelho e pavão, copismo de civilizações em memória. Em “Papiro”, siglas culturais de representação, o sol, o bambu, o rio e o papiro hieroglifado. Copismo + poético. 

Nasaré Castelo Branco também propõe duas obras. “Arco Íris”, sinuosos olhos elípticos e caleidoscópicos, o matiz das cores. Já em “Aos pés da cruz”, memória religiosa, culpa, pecado e perdão em revelado corpo de mulher. Avelar Amorim quebra o comum do olhar até então quase todo dominado pelo feminino tradicional e obra “Desconstrução Entorpecida”.

Amorim constitui telhados de paredes rachadas, marcas do tempo e configurações “inconscientes” do sexo, na calçada, de moradores da liberdade desassistida. Socorro Costa com sua “Primavera Nordestina”, pique de cores do cordão brotadas na primavera do nordeste. As flores da árvore artesã.

Cecília Mendes discursa sobre a valorização das grades artesanais e os ladrilhos da resistência cultural em suas obras “Grade” e “Ladrilhos Hidráulicos”, respectivamente. Jacinta Ramos, uma crônica dos centros urbanos com seus desenhos e escritas de arranha-céus ao sol em terra sem + verde, nem floresta. A peça, “Verão Urbano”.

Josett Carmo trabalha em “Pergaminho” cenas cotidianas primitivas e a roda do tempo. Aris Carvalho, em “Tempo de Paz”, reflete o bucólico ao tempo de paz encastelada no rubro entardecer das horas da civilização, entre a calmaria noturna em ascendência das cidades ribeirinhas.

Vilma Mascarenhas rabisca “A marca do meu tempo” e marca maternidade expressiva. Ellen Mourão aplica técnica a “Cristo” refletido entre o anjo, a cruz e o ostensório em ascensão aos céus. O retorno em coroação pós-mortem.

Alda Veloso tranca a vida em “O Tempo da Vida”, maternidade ampulhetada para tempo de recriação. Em “Areias do Tempo”, se faz ampulhetas no percurso da areia que cai sobre a medida do tempo. Ellen Mourão volta com “Marinha a jato”, pincéis livres na licença da expressão.
(5a. Exposição Anual da UAPPI/foto colhida de: www.oncomédica.com.br/noticia...)

Portelada, o terceiro homem da exposição dominada pelas mulheres, expõe “A morte do bode” e “O corte de cana”, cultura popular nas cores naturais e quentes da memória do artista, entre os dias comezinhos de sobreviver e trabalhar.

A 5ª. Exposição anual doa UAPPI lança dados na tela e difunde propostas, olhares e marcas do tempo de maturar a própria arte. Entre a criação e o artista o olhar livre da recepção ao ato criador de cada um(a) em seu pertencimento cultural.
(Artistas da UAPPI/foto colhida de: www.oncomédica.com.br/noticia/exposição-a-marca-do-tempo)

sábado, 27 de outubro de 2012

Nesse outubro rosa


 Nesse outubro rosa
por maneco nascimento

Lembrar de alguém da área artística não é muito difícil, especialmente quando é alguém que manteve o brilho da arte enquanto pode. Então que se lembre do(a) artista, mesmo o(a) que teve que fazer a passagem súbita, como um cometa em nova rota estelar. O tempo, estelar e o metafísico, não é necessariamente igual ao tempo pragmático da ciência da razão. 

Mulheres cuidem de seu peito forte, porque também são mães e dão vida aos filhos quando os parem, ou os tomam para si. Amigas do peito incondicionalmente. Então + cuidado com a saúde também. Olhem seu próprio corpo, toquem-se e sintam-se à vontade para descobrirem se está tudo legal.

Dentro de si mesma,/um amor tão grande guarda você/e a quer bem./Uma boa vida,/sempre com saúde,/viva também. Cuide-se bem!” (texto de maneco nascimento para jingle de campanha, local, de combate ao câncer de mama. música de roraima)

Sempre que desaparece uma mulher vítima de câncer de mama, a notícia nos pega com a surpresa estarrecida de que não se consegue vencer esse mal desnecessário. A indesejada sempre nos vem, também, como correio da má notícia, registrar em seu obituário + alguma mãe que foi vencida pelo câncer de mama.

(atriz baiana Regina Dourado/foto: divulgação)

Dessa vez, nesse 27 de outubro de 2012, morre + uma mulher, uma grande atriz brasileira, da Bahia de todos os Santos. Brilhou em telenovelas, séries de televisão, cinema e, naturalmente, no teatro, terra comum de todo bom artista da cena nacional. Regina Dourado, com sua força de atriz porreta desse nordeste brasileiro disse a que veio e, quando parte, deixa saudade.

[RIO DE JANEIRO - A atriz Regina Dourado, que lutava contra um câncer de mama, morreu na manhã deste sábado (27), no hospital Português da Bahia, em Salvador. Nascida em 22 de agosto de 1953, em Irecê, na Bahia, a artista iniciou a carreira aos 15 anos na Companhia Baiana de Comédias. Nesta época, ela também estudava canto e dança. Sua estreia na televisão foi em 1978, com o especial “A Morte e A Morte de Quincas Berro D’água”. Desde então, Regina participou de grandes novelas como “Roque Santeiro”, “Renascer”, “Tropicaliente” e “Explode Coração”.] (entretenimento.br.msn.com/atualizado: 27/10/2012/Por Famosidades)

Quem mantém memória da televisão brasileira e assistiu a série “Lampião e Maria Bonita” (Globo), estrelada por Nelson Xavier e Tânia Alves, deve se lembrar da cena de embate entre Maria Bonita e Joana Bezerra, uma mulher “coiteira”, seu desafeto. 

Regina viveu uma personagem que despertou ciúme em Maria Bonita. Esta por sua vez deu uma lição para nunca + ser esquecida a “uma cabrona”, sua rival, que desafiou a mulher deCapitão Virgulino. Joana Bezerra perdeu a orelha, numa cena forte e emblemática.Saudades de Regina Dourado.

[Diagnóstica com câncer de mama em 2003, a artista lutou contra a doença e foi submetida a duas intervenções cirúrgicas para a retirada do primeiro nódulo na mama direita. Porém, o tumor voltou mais agressivo e atriz teve de ser operada pela segunda vez. No dia 23 de outubro, o irmão da atriz, Oscar Dourado, contou a situação delicada pela qual Regina estava passando. “Minha irmã está sedada e com poucos momentos de lucidez. O quadro dela é irreversível. É um momento muito difícil, mas estamos ao lado dela para que sinta que é muito amada. Por isso, estamos aqui para dar carinho”, falou ao jornal baiano “A Tarde”.] (Idem)

Avós, Mães, Filhas, Netas, sobrinhas, primas, enteadas, amigas, mulheres não deixem que a doença as pegue de surpresa. Amigas dos seus e dos outros, porque solidárias, sejam também amigas de si mesmas, já que do peito. Previnam-se!

Nesse outubro rosa, + uma mãe, mulher e dona de fartas tetas, ao milagre da vida, perdeu a batalha para o câncer de mama. Em não podendo vencê-lo sempre, se pode correr na frente do susto e se proteger com consultas e exames médicos regulares, auto-exames e muita vontade de viver +.

A prevenção ainda é o melhor remédio.Que o peito acolhedor de Deus acolha em paz e sossego a atriz, deusa vencida pelo tempo dos mortais. Paz, Regina!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tempos de sobreviver



 Tempos de sobreviver
por maneco nascimento

Onde os dourados gaviões voavam,/esvoaça hoje a sombra da fumaça./Onde nas tardes de outono/Gritavam os falcões, [...]
Never more [...]” (“Goldhalk Road”, Dobal, 2005, p. 124 IN Reinaldo, Lilásia Chaves de Arêa Leão. A poesia moderna de H. Dobal. Teresina: UFPI, 2008. 184 p.)

Em dias de anúncios apocalípticos de fins do mundo, o fim do mundo é não se ter mais a vida tranqüila das memórias do passado, da infância rural que tanto prazer e gosto davam a quem viveu aqueles bons tempos. Dias das grandes chuvas, das enxurradas, das cabeças-d’água às pescarias e da renovação do verde e esperança às plantações de subsistência.

Hoje, são dias de terra rachada, no nordeste contumaz, em áreas do polígono das secas das Minas Gerais e até em áreas amazônicas. As chuvas não chegam tão fácil assim e São José nem sempre pode atender aos pedidos fiéis de um milagre. Não há santo que opere milagre em contraposição aos movimentos de progresso, lucros, agronegócios, desmatamentos insanos e especulação e grilagem de terras rurais e urbanas.
(rio vaza-barris [Canudos)/foto: www.flickr.com/photos/franciscoferreira)

Sobreviver para quem convive com a falta de água potável, a falta de chuvas regulares e, consequentemente, com a morte dos bichos domésticos e dos nativos da mata, dos olhos-d’água, córregos, riachos e rios é dose mortal. Acompanhar a seca dos cacimbões e poços, não é fácil, é papel macho para nordeste escamoteado. 

A agonia e morte, da vida da zona da mata nordestina, se repetem secularmente e, em nosso contemporâneo, com + agressividade da natureza em reação ao homem (genérico) e a seu ato desbravador. 

(rio vaza-barris [Canudos)/foto: www.flickr.com/photos/franciscoferreira)

Matas ciliares abaixo; serrados transformados em campo de última fronteira agrícola; matas atlânticas engolidas; caatingas, em suas matas brancas e tupis de recurso único brasileiro, lançadas à morte prematura por desaparecimento de seu entorno de irmãs nordestinas. Bioma é palavra complicada para mundo analfabeto e às gentes sujeitas ao determinismo do lucro.

(floresta nordestina - caatinga/foto colhida da wikipédia) 

Os noticiários de tevê nos dão mostra de lugares ermos. No chão só pó e riscos geométricos onde antes correu água. Barreiros secos, açudes feitos lama ou tórridos, gente comprando caro um pouca água para sobreviver e todo um mundo triste, não sem esperança divina, mas estarrecido com uma das secas + ferozes dos últimos trinta anos.

Os chefes de família já partem para o sudeste, trocando a enxada pela construção civil. Alguma solução precisa ser encontrada para salvar a espécie familiar. Parece tema de Luiz Gonzaga, ou melhor, o poeta popular registrou uma experiência comezinha do controverso do nordeste que é também de alegria, muita vida e esperança no futuro, quando há chuva.

Quando os movimentos ambientalistas mobilizam atenção sociopolítica para os crimes ecológicos, encontram a contraforça dos fazendeiros, madeireiros, sojeiros, siderúrgicos, industriários pesqueiros, especuladores e um número considerável dos que podem manipular interesses econômicos aos futuros privados, em detrimento do bem coletivo. Nada contra a produção industrial, mas com responsabilidade ambiental não seria melhor?

“’É hora de tirar a minhoca da cabeça e colocar no anzol’ Ministro Marcelo Crivella (Pesca) alfinetando o radicalismo de órgãos ambientais”   (Humberto,Cláudio/meionorte/Geral/26.10.2012. A/10) 

Quando a bancada ruralista e agora também a evangélica se fortalece para discurso que desmereça a política ambientalista, então a natureza que se “fade”. Aldeias indígenas inundadas, gentios emboscados, áreas de preservação pirateadas, matas nativas transformadas em carvão, margens de mananciais assoreadas, animais silvestres traficados e toda sorte de natureza violada.

Onde a fogo-pagô imprimia seu canto, hoje se cria gado, se planta o agronegócio e se colhe os louros dos mercados e futuros. O sinal de fumaça já não é + de uma caieira de subsistência, ou de uma cozinha a fogo de lenha reaproveitada da velha capoeira. A fumaça é ameaça da neblina dos dias ruidosos que o futuro guarda a quem ainda precisa da natureza de vida simples. 

Em terra que se chuta a Santa, fiéis que não herdam o reino de universos capitalistas estarão sujeitos à própria sorte do fim do mundo, (in) comum e (in) natural, dos despojos do progresso. A  pena capital, tempos de sobreviver.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Escritas arquitetônicas


Escritas arquitetônicas
por maneco nascimento

Teresina, cidade ainda muito jovem – 160 anos - e construída nos anos oitocentos, do século XIX, nos primórdios da década de 1850, mais precisamente, a partir da instalação de transferência da capital da província, de Oeiras à Vila Velha do Poti, em 1852. Ali onde hoje é o bairro Poti Velho, começaram a ser ensaiados os primeiros dias da nova capital do Piauí.

Os escritórios do governo e residências oficiais e de assessores governamentais ali foram assentados, improvisados e feitos à base da palha de babaçu, matéria natural de áreas de matas ciliares. 

É também desse mesmo material as construções de casas de famílias pobres, erguidas no centro da cidade. Moradias de palha que foram, paulatinamente, extintas a custa de “Fogo!”, durante o higienismo realizado na década de quarenta (século XX), na Teresina consumida por incêndios com atribuições de crimes encomendados.

Mas voltemos à palha do início da cidade. Os primeiros “prédios” oficiais construídos às margens do Poti, tinham base de madeira e palha. Mas com o decorrer da experiência de instalação da nova capital, percebeu-se que a área era muito sujeita a epidemias advindas do período chuvoso. Então houve nova mudança.

A capital foi transferida para local + alto e menos sujeito a inundações. Com o espaço escolhido, foram repetidas as transferências dos baús oficiais a custa de lombo de jumentos.Dessa vez a sede do governo deslocou-se para mais perto, percurso menor que o feito de Oeiras, instalando-se definitivamente na Chapada do Corisco, área muito propícia a raios e trovões, logo, alcunha calhada.

Na chapada do corisco, Teresina passa a escrever seu mapa de patrimônio arquitetônico edificado. Das proximidades do rio Parnaíba, que divide o Piauí do Maranhão, veio subindo a cidade para se instalar, no quadrante, onde hoje estão plantados o Mercado Central; Museu do Piauí; Praça da Bandeira (Constituição – Marechal Deodoro – Marco da cidade); Comepi; Fundac; Palácio da Cidade; Fundação Wall Ferraz; antigo prédio da Justiça Federal (cor-de-rosa); BNB, Ministério da Fazenda; Igreja do Amparo e Luxor Hotel.

As cidades, em seu início, vão sendo construídas à coragem, força, determinação e muito esforço de braço de homens. 

Monsenhor Chaves, um dos principais historiadores do Piauí, notável por destacar o papel do cidadão comum nos grandes eventos da história do Estado, escreveu que ‘Teresina nasceu nos braços da Igreja Católica’. A planta da cidade foi traçada a partir de uma cruz de madeira fincada em 1850 pelo Padre Mamede Lima, da antiga Vila do Poty, atual bairro Poty Velho, na zona norte.” (Uma cidade de fé. Teresina: Halley, 2012 [Revista Teresina])

Aos poucos o desenho urbano de Teresina foi se instituindo. A igreja, o cemitério e o mercado três obras indispensáveis no triângulo constitucional de qualquer cidade. A igreja de Nossa Senhora do Amparo foi erguida de frente à Praça da Constituição, o Parque da Bandeira que guarda o Marco da cidade. Depois vieram os outros suntuosos templos católicos, como a Igreja de São Benedito (Praça da Liberdade/São Benedito) e a de Nossa Senhora das Dores (Praça Saraiva).

A igreja de São Benedito (...) erguida na artéria central da cidade, é referência para a vida da Teresina. Foi construída pelo Frei Serafim de Catânia, um missionário capuchinho italiano (...) Chegou a Teresina em 1874, construindo na pequena e pobre Capital, com esmolas da comunidade e doações do Tesouro Público, a imponente Igreja de São Benedito, concluída em 1886.” (Idem)

Outros tesouros edificados na cidade e tombados pelo Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Piauí – DPHAN/Fundac mantêm-se de pé para registro da história e memória de surgimento de Teresina, carinhosamente apelidada de cidade verde, alcunha dada pelo poeta maranhense Coelho Neto.

Bens tombados, em Teresina: Biblioteca Estadual “Des. Cromwell de Carvalho” (UFPI), arquitetura do início da década de 20; Casa da Antiga Intendência de Teresina (PMT - Fundação Wall Ferraz, SEMAB, DMER), construção de fins do século XIX e início do XX; Casa de dona Carlotinha, abrigou a sede da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, arquitetura da 2ª. metade do século XIX.

Casa do Barão de Gurgueia (Arquidiocese de Teresina), consta de construção da última metade do século XIX – década de 70, por João do Rego Monteiro. Atual Casa da Cultura de Teresina; Companhia Editora do Piauí – COMEPI (Estado), construída por volta de 1860; Cine REX (de David Cortelazzi), inaugurado em 29 de novembro de 1939.

Clube dos Diários (Estado), terreno do estado, ao fundo do 4 de Setembro, doado pelo governador Mathias Olympio à sede do Clube, no ano de 1925; Edifício Chagas Rodrigues – DNER, da década de 1960, projeto de Maurício Sued, primeira edificação de característica moderna na capital; Escola Normal “Antonino Freire” (Estado), construída em 1922. Em 1984 passou a sediar o Palácio da Cidade.

(circuitos culturais da cidade - Clube dos Diários/foto: divulgação)

Estação Ferroviária de Teresina (RFSSA), construída de 1922 a 1929; Floresta Fóssil (PMT), formação Pedra de Fogo, datado do Permiano, aproximadamente 200 milhões de anos; Grupo Escolar “Gabriel Ferreira” (Estado – SEDUC), fundado em 1928; Grupo Escolar “Mathias Olympio” (Governo – SEDUC), construído na década de 20; Museu do Piauí (Estado – Fundac), construção iniciada em 1859, pelo Comendador Jacob Manoel Almendra.

Palácio de Karnak (Governo), sem registro à data de construção, é remanescente do século XIX, funcionou como escola de instrução secundária – regime de internato – fundada por Gabriel Ferreira em 1890. Em 1926, o governador Mathias Olympio comprou o imóvel e transformou em sede do governo; Theatro 4 de Setembro (Governo – Fundac), da decisão da construção em 1889, foi entregue à sociedade em 21 de abril de 1894, projeto de Alfredo Modrack.

(circuitos culturais da cidade - Theatro 4 de Setembro/foto: divulgação)


De tombamento federal, em Teresina, só as portas da Igreja de São Benedito. Obra de Sebastião Mendes, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, as portas são à base de jacarandá e cedro, trabalhadas com motivos florais.

De resto, algumas páginas da escrita arquitetônica edificada da cidade têm sido rigorosamente tombadas, literalmente, para dar lugar a estacionamentos, a novos e virtuosos empreendimentos imobiliários, de hipermercados a hotéis, clínicas de saúde, et all. São as letras do mercado arquitetônico dos novos negócios da cidade do futuro.

Fonte: Bens tombados no Piauí (Fundação Cultural do Piauí/Coordenação de Registro e Conservação)

domingo, 21 de outubro de 2012

Natureza só


 Natureza só
por maneco nascimento

Em 2000, um massacre aconteceu nas Bahamas. Dezesseis baleias e um golfinho encalharam na praia e morreram após a Marinha americana realizar um teste com um sonar, uma operação que pode produzir um volume de som de 235 decibéis, 85 dB a mais que os gerados pela decolagem de um jato." (Tiraboschi, Juliana. Deu a louca nos mares/IstoÉ, 10.10.2012 [Ciência])

Àquela época, a partir de resultados desastrosos em pesquisas da ciência americana, nas Bahamas, os ambientalistas ficaram chocados com o estrago feito à natureza de animais tão dóceis e belos que os mares produziram.

Pesquisadores do Instituto Earthwatch (EUA) encontraram danos internos nos animais relacionados com a exposição a esse tipo de barulho. A própria Marinha admitiu que o teste pode ter influenciado no encalhe em massa. Esse é só um exemplo de como atividades humanas nas águas do planeta estão desorientando, ensurdecendo, enlouquecendo e até drogando a fauna aquática.” (Idem)

No final da década de setenta, a dupla de cantores compositores, Erasmo e Roberto Carlos, criaram uma das + belas canções acerca dos estragos que pode o homem (genérico) imprimir à natureza. No LP de 1978, “Pelas Esquinas de Ipanema”, Erasmo Carlos gravou uma impactante canção com denúncia ao descaso do homem com a ecologia. “Panorama Ecológico” tornou-se um “hit”, nas paradas de sucesso.

Lá vem a temporada de flores/Trazendo begônias aflitas/Petúnias cansadas/Rosas Malditas/Prímulas despetaladas/Margaridas sem miolo/Sempre-vivas quase mortas (...) Odoratas com defeito/E homens perfeitos//Lá vem a temporada de pássaros/Trazendo águias rasteiras/Graúnas malvadas/Pombas guerreiras/Canários pelados (...) E pardais viciados/Curiós desafinados/E homens imaculados//Lá vem a temporada de peixes/Trazendo garoupas suadas/Piranhas dormentes/Sardinhas inchadas/Trutas desiludidas/Tainhas abrutalhadas/Baleias entupidas/E lagostas afogadas/Barracudas deprimentes/E homens inteligentes" (Carlos, Roberto & Carlos, Erasmo. Panorama Ecológico)

De tamanha beleza e sensibilidade crítica que a composição trazia, em seu bojo, para gosto popular, havia uma preocupação, já àquela época, com os desmandos que a natureza humana impõe sobre todo o resto natural da terra, espaço que deveria ser para convivência harmoniosa a todas as espécies.

Uma pesquisa da Universidade Estadual da Pensilvânia (a Penn State, nos EUA), publicada em 2010, mostrou que baleias-francas mudam a freqüência de suas vocalizações para compensar o ruído de embarcações. O mesmo fenômeno já foi detectado em belugas e orcas e, no Brasil, em toninhas – também conhecidas como golfinhos-do-rio-da-prata (...)” (Tiraboschi, Juliana. Deu a louca nos mares/IstoÉ, 10.10.2012 [Ciência])

Para a professora de Ciências Biológicas da Universidade da Região de Joinville (Univille), Marta Cremer, coordenadora do Projeto Toninhas, “(...) é difícil medir se e quanto a poluição sonora altera os comportamentos. Mas gravações feitas por sua equipe mostram que, quando há barcos por perto, os golfinhos emitem um som mais agudo. Além de atrapalhar a comunicação, os pesquisadores acreditam que o barulho excessivo pode provocar surdez.” (Idem)

De Chico Buarque e Francis Hime, outra canção crítica que também aponta a impotência da natureza ameaçada pelo cabeça da cadeia alimentar, “Ei, pintassilgo/Oi, pintaroxo/Melro, uirapuru/Ai, chega-e-vira/Engole-vento/Saíra, inhambu/Foge asa-branca/Vai, patativa (...) Xô, rouxinol sem fim/Some coleiro/Anda trigueiro/Te esconde colibri (...) Bico calado/Toma cuidado/Que o homem vem ai/O homem vem ai/O homem vem ai (...)” (Buarque, Chico & Hime, Francis. Passaredo IN Meus Caros Amigos, 1976 [Disco])

Barulho não parece ser o único problema a afetar a fauna marítima do mundo, “Uma pesquisa da Universidade James Cook, na Austrália, mostrou que o dióxido de carbono, emitido na queima de combustíveis fósseis, está deixando os peixes “loucos”. O pesquisador Philip Munday levou para seu laboratório diferentes espécies – entre elas, o peixe palhaço, o “Nemo” – e as expôs a um nível de CO2 (...) Ao devolvê-los para o mar, o cientista observou que a mortalidade multiplicou-se por nove. Esses peixes costumam se proteger entre corais. Mas, intoxicados, nadavam a distâncias mais longas, se expondo a predadores.” (Tiraboschi, Juliana. Deu a louca nos mares/IstoÉ, 10.10.2012 [Ciência])

De sorte é que a natureza vilipendiada mostra sinais da lei de ação e reação. Grandes hecatombes têm ocorrido no mundo. E junto com peixes surdos, “loucos”, a terra seca, rachada. Há geleiras derretendo e ursos polares morrendo e também rios secos; falta das chuvas contumazes; perda da umidade do ar. Das queimadas incontroláveis, fauna exiguindo-se, a morte do homem. Reações naturais vêm em contraposição ao desmatamento incontrolável, a todo tipo de agressão ao mundo ecológico.

A natureza está só. A espécie humana está surda e empreende negócios e domínio sobre a terra mater. Contrariando um jargão de série americana famosa, Arquivo X, sobre a existência de seres extra-terrestres, “A ameaça está lá fora”, diria que o que nos ameaça somos nós mesmos, mijamos no próprio pé.

A urbe em seu contemporâneo


A urbe em seu contemporâneo
por maneco nascimento

As cidades acompanham, naturalmente, as vicissitudes e anseios das sociedades que as pensam. Assim elas desligam-se de memórias rurais, de formação, e se transformam em negócios de ruas e asfaltos, prédios e novos virtuosismos do dedo arquitetônico, e surgem as novas moradias, as novas vias de acesso, os novos planejamentos e planos urbanísticos da máquina de mover habitantes e reorientar as emergências econômicas e sociais.

Algumas, de maior poder econômico respondem e correspondem + rápido às próprias exigências de mercados e futuros, outras também na esteira da ascendência vão tentando refletir as irmãs + ricas. Todas levam a cabo abocanhar o atraso e ganhar um espelho próprio. Para poderes e dependências de evolução urbanística, a liberdade abre as asas sobre os nós dos novos rumos da modernidade urgida.

“(...) não consegui encontrar este equilíbrio. Minha sensação é a de que São Paulo não para de piorar. Mais motoboy, mais engarrafamento, mais violência, mais medo, mais grades e mais feiúra transformam o que já foi o avesso do avesso do avesso num constructo de metrópolis mais próximo da barbárie do que da modernidade.” (Melo, Patrícia. Máquina de moer habitantes/IstoÉ, 10.10.2012 [Última Palavra])

A escritora brasileira aponta as dificuldades próprias de compreender a São Paulo atual. Fala de intervenções que melhorassem o aspecto físico-urbanístico e que tornasse melhor habitável a maior e + rica cidade da América latina.Acabo de voltar do Brasil. O que me surpreendeu nessa curta estadia foi a sensação de não gostar mais de estar na minha cidade, São Paulo. Foi um sentimento incômodo, como se eu estivesse me traindo (...)” (Idem)

Morar fora da cidade natal sempre acarretará impactos + estarrecedores a quem se reencontra com sua terra, do que quem está todos os dias vendo-a ser transformada. E essa transformação passa por diversos aspectos micro e macroestruturais. Administrações podem querer, ou não, imprimir a própria marca transformadora. Há sempre muitos outros aspectos agregados, quer sejam acerca da malha arquitetônica e seu apelo especulativo imobiliário, ou acerca do tecido social (in) descartável.

As vidas e comportamento dos centros urbanos não são licença poética, as realidades da realidade determinam o vetor de verificação das modificações que acercam a urbe em sua contemporaneidade.
A São Paulo onde vivi por mais de 30 anos (e que já foi cenário e personagem de muitos dos meus romances) possuía a mesma ambivalência de Viena para muitos vienenses, ou seja, era passível de ser amada porque seu lado fascinante compensava a sua banda podre.” (Idem)

É certo que mesmo Sampa, herdeira de barões do café, mimetizados de grandes empresários e responsáveis pela nova cara que o estado adquiriu ao longo do processo empresário-industrial, é próspera e incontestável menina dos olhos do Brasil emergente e de grandes empreendimentos sócio-econômicos.

Os grandes centros urbanos mundiais, Viena, Berlim, Rio de Janeiro, Berna, et all., cada um a seu tempo detêm sua cidade maravilhosa, sem prescindir de seus problemas sócio estruturais? Talvez não. Cada cidade também está sujeita a sua banda podre, que é da natureza escorpiã. Algumas devem encontrar maneirismos de melhor convivência.

O Brasil continental, com seus regionalismos sócio-econômicos, mantém suas idiossincrasias, mazelas particulares, riquezas e gradação de menor poder aquisitivo, mas de um David que vai à funda na retomada da sobrevivência a cada novo “front”. Cidades inchadas de veículos, de gentes em busca da sobrevivência e dificuldades que ora são maquiladas, outras redefinem espaços urbanos à conveniência de poder instituído.

Teresina, a exemplo, nunca teve um essencial sítio arquitetônico edificado, mas um centro velho de memórias das primeiras habitações à ordem das políticas públicas urbanísticas e códigos de posturas municipais. Ruas reinventadas, árvores derrubadas à imposição de linha de trem, casarios “antigos” derrubados a novos empreendimentos, ou a áreas de estacionamento e toda sorte de reorientação que acomode novos tempos.

Longe da São Paulo de grandes logradouros, arranha – céus, viadutos, pontes, museus, grandes lojas, mercados e hipernegócios e suas avenidas paulistas, a Teresina - província ascedente - decorre a problemas que povoam as franjas da cidade “asséptica”. Também com seus motoboys, pequenos engarrafamentos que caóticos para município motorizado e espaço físico estreito.

É cidade verde que se levanta com seu cotidiano sob grades, vigilância e eletrificação penhorada pelo medo e violência banalizadas. A cidade rica, Sampa, é reclamada para uma intervenção urbanística que “(...) de largo alcance pode mudar o ethos e o destino de uma cidade e seus habitantes.” (Idem)

A cidade emergente, Teresina, só precisa equalizar políticas socioeconômicas e estruturais que debelem as diferenças entre áreas nobres embelezadas e periferias maquiadas a cal e calçamento em avenidas principais.

Fogo a projeto urbanístico transformador é sempre possível, mas passível de (des) interesse político de ação de políticas públicas.

sábado, 20 de outubro de 2012

Íntimo e (in)casual



 Íntimo e (in)casual
por maneco nascimento

Para texto e direção de Aci Campelo, a A&C Promoções Culturais acenou com nova montagem, “Mamãe Não Vai Gostar”, apresentada dia 18 de outubro de 2012, às 19h30m, no palco do Teatro Municipal João Paulo II. Na cena, dois novos aspirantes a profissionais de teatro, Camila Carvalho e Igor Pinheiro, formados recentemente pela Escola Técnica de Teatro Professor Gomes Campos.

A dramaturgia literária de “Mamãe...” se apóia na construção da busca de uma relação moderna, a dois, implicada pelos confrontos de liberdade e apelos de convenção e tradição.Um apartamento, um casal, uma história para o que se vai estruturando em conflitos do casal e seu imbricamento com um modelo familiar questionável, busca da independência, paixão vigiada e o discurso de ceder para não morrer o amor.

O texto reflete conflitos e angústias comuns a quaisquer casais, quando o assunto seja cobrança de ciúme ou de correspondência amorosa fechada, embora nessa contemporaneidade de nossos dias possa o discurso parecer velho e careta. Já para épocas de 1960, ou ainda na setentona resistente, pudesse surtir maiores efeitos de comoção.

A dramaturgia de encenação tradicionalista e de marcas óbvias. Os intérpretes, Camila Carvalho e Igor Pinheiro, muito verdes para texto que exigiria certa maturidade interpretativa. Há uma estranheza nas falas que parece não condizer com as idades dos intérpretes das personagens, ou porque não houve dedicação de entendimento, ou por a direção se ter intimidado em exigir + dos atores, jogados na raia das relações perigosas do amor.

Camila Carvalho despeja o texto com certa naturalidade, mas falta-lhe degustar as intenções e o apressado come cru. Igor Pinheiro transforma o conflito relacional numa ação tensa, sem propósito detalhado à construção da personagem do macho alfa
. O que poderia ser uma (in)contida angústia por não deter poder sobre o ideal de controle sobre a parceira, torna-se uma incompreensível, por vezes, e vociferada raiva mal digerida à cena.

O intérprete tem uma veia de humor que parece ainda não entender bem como dominar. + humor e entendimento para transformar em ironia as próprias falas, talvez desse certa leveza a algo que se mantém mecânico e em desesperado gratuito. Nada que o exercício da repetição e pesquisa sobre teatro e método não clareiem a cena.

Cenário, de Wilson Costa, comum à proposta. Um Box, ao fundo, com cortinas transparentes que dão acesso do banheiro à sala de estar. Um banco (sofá) sobre um tapete de sala, acompanhado por almofadas dispostas no ambiente. Ao lado esquerdo da cena, um talvez perfil de uma janela (metalon), em desenho basculante com fugas de vista para a rua, ou a licença de um bar com desenhos geométricos. Do teto pende uma proteção de luminária (abajur) à base de abafador doméstico.

Os Figurinos, também construídos por W. Costa, são utilitários à linguagem da dramaturgia sugerida. Num especial momento, o quimono - anos sessenta - usado por Camila Carvalho, quebra a indumentária protocolar que envelhece as personagens + que o necessário ao discurso embutido em “Mamãe Não Vai Gostar”. As escolhas são feitas a partir do objeto premeditado. Mas os intérpretes parecem só desfilar roupas que não se tornaram uma segunda pele.

Embora o teatro seja a arte do ator, certos elementos precisam estar organicizados à composição da dramaturgia premeditada. Esses envolvem regurgitação do texto, conforto no que se estiver vestindo, domínio da espacialidade que deverá ser sempre bem aproveitada e tranqüilidade para fazer bem, sem medo de acertar porque riscos existem para erros também.

Mamãe Não Vai Gostar”, texto e encenação de Aci Campelo, ainda não encontrou a própria história na cena. Quando o corpo estiver em sintonia com o discurso proposto e com o mapa de dramaturgia pensado pelo encenador, talvez a montagem ganhe perspectivas de novidade, mesmo no tradicional ato encenado, que ora se estabelece.

Histórias e políticas


 “Histórias e políticas”
por maneco nascimento

Corre a lenda de histórico da política brasileira que o paulista Adhemar de Barros, o grande realizador de obras estruturantes em São Paulo, teria ficado algumas vezes sob suspeita de incorreções, que debeladas ao provar a verdade de sua lisura administrativa. Ainda assim ficou alcunhado como o que “rouba, mas faz”, por adversários. 

Adhemar Pereira de Barros nasceu em 1901, em 22 de abril, na cidade de Piracicaba e morreu em Paris, em 12 de março de 1969. Foi aviador, médico, empresário e influente político brasileiro entre as décadas de 1930 e 1960. Na área política, foi Interventor Federal (1938 - 1941); Governador de São Paulo (de 14 de março de 1947 até 31 de janeiro de 1951); Prefeito da cidade de São Paulo (de 8 de abril de 1957 até 7 de abril de 1961) e, novamente, Governador paulistano (de 31 de janeiro de 1963 até 6 de junho de 1966) (wikipédia/dado colhido em 18/10/2012, às 16h25)

(Aniversário de 50 anos da Proclamação da República/Adhemar de Barros, ao fundo e à direita do presidente Getúlio Vargas/foto: colhida da wikipédia)

Construiu grandes e famosas obras em São Paulo, durante suas administrações, e recebeu homenagens em nome de bairros paulistanos; escola municipal; Hospital da Faculdade de Medicina da USP; Aeroporto estadual, em Presidente Prudente; Estádio de futebol, em Araçatuba e Rodovia Adhemar Barros, SP-340 (Rodovia Governador Doutor Adhemar de Barros)

Consta que suas campanhas seriam bem elaboradas e que Adhemar e Hugo Borghi são considerados pioneiros do marketing eleitoral no Brasil. “Um dos slogans de campanha eleitoral de Ademar de Barros, não assumido abertamente, era ‘Ademar rouba, mas faz’, que, apesar de ser uma frase cunhada por seu adversário Paulo Duarte, acabou por ser o lema de sua campanha eleitoral para prefeito de São Paulo, em 1957, se promovendo em cima de inúmeras acusações de corrupção, na época chamadas de ‘negociatas’.” (wikipédia/dado colhido em 18/10/2012, às 16h25)

Acusado de desvio de verbas públicas nos períodos em que exerceu o cargo em chefe do executivo paulista, seus adversários diziam que existia a “Caixinha do Ademar” que financiaria suas campanhas eleitorais. Em sua defesa, “(...) os ademaristas tinham um refrão muito popular, composto com Herivelto Martins e Benedito Lacerda: [Quem não conhece? Quem nunca ouviu falar? Na famosa ‘caixinha’ do Adhemar. Que deu livros, deu remédios, deu estradas. Caixinha abençoada!]” (wikipédia/dado colhido em 18/10/2012, às 16h25)

Também ficou marcado no folclore político, “Em um comício em Jaú, Ademar, batendo a mão no bolso, exclamou: ‘Neste bolso nunca entrou dinheiro do povo!’ Alguém na multidão gritou em resposta, segundo depoimento de Paulo Silveira: ‘Está de calça nova, doutor!’” (wikipédia/dado colhido em 18/10/2012, às 16h25)

Adhemar de Barros, há quem acredite, não teria deixado herdeiros políticos. Os cientistas políticos não conseguem estabelecer uma herança política do ademarismo. “O estilo de governo Paulo Maluf pode ter sido influenciado em alguns aspectos pelo estilo de Ademar, porém eles não foram aliados políticos. A carreira política de Maluf começou com sua nomeação para prefeito de São Paulo, justamente no dia do falecimento de Ademar: 12 de março de 1969.” (wikipédia/dado colhido em 18/10/2012, às 16h25)

Paulo Maluf, bom de voto e discurso populista de atração ao povão, mantém carreira política ainda no “staf” dos velhos lobos do mar eleitoreiro. Nalgum momento de sua carreira, também foi apontado como desviador de recursos públicos. Saiu com a pérola de que seu enriquecimento teria sido objeto de herança familiar. Continua sendo Maluf e agora aliado do PT nas eleições municipais de São Paulo 2012.

O mundo mudou, a democracia brasileira tem dado mostra de melhor transparência na política e nos negócios da política nacional. E a justiça também se manifesta menos cega com relação aos rumos de recursos públicos desviados do fim natural. Vide o julgamento do mensalão.

O ex-presidente brasileiro, Lula, teria recusado dar entrevista aos correspondentes brasileiros, mas em entrevista exclusiva concedida a jornal local portenho La Nación, em Buenos Aires, na Argentina, quando questionado sobre os rumos conseguidos no resultado do julgamento do mensalão, disse que: 

“‘Um ex-presidente não pode estar opinando sobre o que a Suprema Corte está fazendo. Vamos esperar que termine o processo’, disse Lula, ao ser indagado sobre se tem alguma autocrítica em relação ao caso que condenou ex-ministros e líderes de seu governo. ‘Eu já fui julgado. A eleição de Dilma foi um julgamento extraordinário. Para um presidente com oito anos de mandato, terminar com 87% de aprovação é um tremendo julgamento. Não me preocupo de jeito nenhum’, afirmou.” (divulgação – 17.10.2012/atualizado: 18.10.2012 10: 21/por estadão.com.br) 

Já José Genoino, condenado em 1ª. Instância, no Brasil de Minas Gerais, acha-se perseguido, “Prestes a ser julgado por formação de quadrilha no processo do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoíno classificou na quarta-feira (17) como ‘um ato de perseguição política’ a sentença da Justiça Federal de Minas, que na terça-feira (16) o condenou a quatro anos de prisão por falsidade ideológica (...) Além de Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e ex-dirigentes do BMG foram condenados pela juíza Camila Velano, da 4ª. Vara da Justiça Federal, em Minas. Nessa ação, os empréstimos concedidos pelo BMG ao PT e às empresas de Marco Valério, apontado como operador do mensalão, foram considerados fictícios.” (atualizado: 18/10/2012 09:57/Por Vera Rosa, estadao.com.br) 

As notícias e seus desdobramentos até envelhecem, mas até que se resolva esse “imblóglio” que envolve líderes petistas e que culminou em julgamento, no STF, a prevaricadores, muito ainda há que se ater à novidade de mudanças nos rumos políticos e jurídicos nacionais.

“‘Diversos elementos de convicção, harmônicos entre si, a indicar que José Dirceu, tal como sustentado pela acusação, comandava núcleo político, que por sua vez, orientava as ações do núcleo publicitário, o qual normalmente agia em concurso com o chamado núcleo financeiro, Banco Rural’, completou Joaquim Barbosa.” (g1.globo.com/jornal-nacional/notícia//Edição do dia 17/10/2012 21h37 – Atualizado 17/10/2012 22h15)

Há uma distância histórico-temporal entre os feitos, que também levantaram suspeitas oposicionistas a Adhemar de Barros e os do governo de coalizão petista, que descambaram em suspeição comprovada, envolvendo assessores diretos e partido do então presidente Lula. 

Adhemar entrou para a história com o estilo político “tocador” de obras, obras e ações de caráter social e estruturantes. Visto em mangas de camisas arregaçadas e suspensórios. “Por onde passar a energia elétrica, passarão o transporte, o médico e o livro”, Adhemar de Barros. (wikipédia/dado colhido em 18/10/2012, às 16h25)

O ex-presidente Lula, abriu fronteiras a um olhar às populações + pobres. Político formado nas fileiras das lutas operárias, ex-torneiro mecânico do ABC paulista e presidente da república por dois mandatos, o nordestino foi só orgulho em um Brasil de grandes desigualdades sociais.

Seus 87% de aprovação popular são fatos, juntou carisma nacional e estrangeiro inquestionáveis. Também terá que levar em seu histórico, de política de coalizão, um expediente que parece não haver modo de ser esquecido tão rápido, mesmo em glebas eleitorais de memória curta.

O mensalão é fato e como disse uma ministra do Supremo: "'Não estou julgando Histórias, estou julgando fatos' – Ministra Cármem Lúcia (STF), ao condenar os réus José Dirceu e José Genoino." (www.jmijui.com.br/Jornal da Manhã/Colunista/Cláudio Humberto/Publicado em 10/10/2012)