sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Quanto vale um parlamentar

Sua excelência, o legislador
por maneco nascimento

Muito se tem visto, às redes nacionais de televisão, nos telejornais e, + recentemente, nas redes sociais, o espetáculo da alegria e histeria felicitada quando interesses e campanhas de votos, em circuito fechado das câmaras parlamentares e senado nacional, repercutam resultado satisfatório, sejam de arquivamento de processo de investigação de políticos, sejam de trunfo na eleição realizada, em que o sufrágio alegra parlamentares. Outros arroubos  e inefêmeros manifestados, também, ganham repercussão midiática e tudo vira festa espetaculosa a holofotes aquecidos.

A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), foi caso emblemático de felicidade representada, em plenário legislativo brasileiro, quando foi confirmada a não cassação do deputado João Magno, durante votação no congresso de representação do povo eleitor.

Após confirmada a vitória de base aliada do governo em votação que beneficiou o deputado, livre de cassação de mandato, por ter sido beneficiado pelo “valerioduto”, a deputada, de bancada e legenda, não conteve a franca alegria e ensaiou, com toda desenvoltura a coreografia, de improviso, à “dancinha da pizza” e fez frente à boa brasilidade feliz e à contente representante do povo brasileiro e do cargo eletivo no plenário da câmara. Uma dancinha que percorreu o Brasil inteiro, através da telinha da tevê.

Era um dos primeiros exemplos, a que se tem lembrança, de tanta emoção jorrada entre as cadeiras do parlamento e que concretizava um sentimento de vitória do governo que sofria iminente processo investigativo, acerca de improbidade administrativa de políticos da legenda.

Em dias e exercícios do fazer política e impor-se a ato político no país de governante de esquerda, aquela se endireitava aos métodos situacionistas, desavergonhada. Ali, entrou para a história, reproduzida em cadeia nacional de televisão, Ângela Guadagnin, pelo efusivo do pouco comum manifestado, em dias de política nacional.
(a deputada dançarina da "dancinha da pizza"/imagem reprodução)

[Deputada pede desculpas por "dança da pizza"

24 de março de 2006  07h57  atualizado às 12h07
A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), que fez a "dancinha da pizza" durante a votação da cassação do deputado João Magno, disse que não pretendia agredir os eleitores com sua manifestação de alegria e pediu desculpas às pessoas pela sua atitude. Em entrevista ao Jornal do Terra, a deputada negou que sua atitude possa ter implicado em quebra de decoro parlamentar.

A deputada petista dançou no plenário assim que foi anunciada a absolvição do deputado João Magno (PT-MG), na última quarta-feira. Por 207 votos contra a cassação e 201 a favor (5 votos em branco, 3 votos nulos e 10 abstenções), Magno foi favorecido pelo baixo quórum.

Ele é acusado de ter recebido R$ 426 mil do chamado esquema "valerioduto" sem prestar contas à Justiça Eleitoral. O parlamentar petista culpou a legislação eleitoral por qualquer crime que tenha cometido.

Em entrevista à rádio CBN, a deputada afirmou que se sentiu à vontade pois o plenário estava vazio. "Havia meia dúzia de deputados e eu manifestei alegria por um amigo", disse ela.
Ângela declarou ser amiga do deputado João Magno e afirmou que a dança foi uma brincadeira para um colega em um momento inesperado. "Quando surgiu a proposta da cassação eu sugeri uma pena alternativa. Eu acredito que o João Magno só pegou o dinheiro no banco porque o Delúbio Soares pediu", declarou ela (...) pediu desculpas às pessoas que se sentiram ofendidas com sua atitude. "Só posso pedir desculpas e compreensão, pois sou humana e extravaso sentimentos", explicou Ângela.] (http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/Deputada+pede+desculpas+por+danca+da+pizza.html)

Outro caso, + recente, de repercussão significativa de desrespeito à colega parlamentar, foi o do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), em plenário da Câmara dos Deputados.
 (o auto divinizado Bolsonaro em ação/imagem reprodução)

[“Não estupro você porque não merece”, diz Bolsonaro a Maria do Rosário
dezembro 9, 2014 17:52

Exaltado, deputado declarou em plenário, ainda, que o Dia Internacional dos Direitos Humanos é “dia internacional da vagabundagem”

Por Redação* |

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) protagonizou, nesta terça-feira (9), mais uma polêmica na Câmara dos Deputados. Ao responder fala anterior da colega Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos, disse que não a estupraria porque ela não merece.

“Não saia não, Maria do Rosário, fica aí. Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, ‘tu’ me chamou de estuprador no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui para ouvir!”, bradou Bolsonaro no plenário (...)] (http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/12/nao-estupro-voce-porque-nao-merece-diz-bolsonaro-maria-rosario/acesso 13.02.2015 às 12h35)
São dias (in)comuns de representantes do povo em momentos de extravasão de sentimentos, naturalmente humanos, ao despirem-se da pele de cordeiros auto imolados.

Recentemente, no Piauí, ocorreu a disputa pela cadeira de ponta na Assembleia Legislativa do Estado. Concorria à reeleição da presidência da Casa parlamentar o deputado estadual Themístocles Sampaio (PMDB), na frente do exercício de presidente há alguns felizes anos. Corria, por fora, o deputado Fábio Novo, do PT, como novidade audaciosa no ninho de matilha confortável.

Campanha lançada, estratégias direcionadas, acordos e reuniões eleitoreiros realizados e o sufrágio deu resultado de 16 votos a T. Sampaio contra 14, computados a Fábio Novo, político da região sul do estado. Um exercício de democracia finalizado e uma crônica de trajeto indisfarçável anunciado.
(dep. Fábio Novo em plenário da Alepi/imagem photoparlamento.blogspot.com)

Mas o que + ganhou espaço midiático nas redes sociais foi a alegria deslumbrada do deputado estadual, da região sul do estado, e das fileiras do PMDB, João Madson. Sua euforia incontida virou meme.
(a euforia vitoriosa, do dep. J. Madson, na Alepi/foto: Ithyara Borges)

A viral passou, pelo menos duas vezes +, pelo olhar curioso de internautas. Era mesmo um espetáculo difícil de não ver. O Deputado perdeu as estribeiras e consentiu-se comemorar efusiva e, desbragadamente, a vitória de seu partido alto e de seu eterno presidente da Alepi.

Criou espécie e até ganhou alcunha de exemplo de felicidade extremada. Qualquer alusão a uma fuga da tristeza, ou representação de alegria incontida, o momento feliz do deputado pmdebista serviu como sugestão gracejada.

Foi um arroubo de vitória, apertada e cheia de expectativas, logo o frenesi pareceu justificado pelos colegas da Casa e, talvez, incontrolável pela personagem em representação de extrema felicidade. Sua excelência, o senhor deputado.

Ainda do processo da apuração dos votos da eleição à presidência da Alepi 2015, consta que um outro deputado, da região norte do estado, se manifestava a cada voto, contrário a Fábio Novo, com a expressão de cunho muito popular: “Chupa, chupa!”.

Estavam abertos canais a ímpetos domésticos e ânimos eleitorais parlamentares a francas liberdades expressivas e efusivo paralelismo lingüístico de acepção comum de simples mortais. Vale a conquista e a manifestação liberada do vencedor que viu seu pleito eleitoreiro surtir efeito imbatível, não?

A sociedade mudou, a política mudou, o político vem de roldão adaptado aos novos tempos e a linguagem também sofre mudanças porque dinâmica e contextual ao ser, estar e fazer-se comunicação direta e de fácil acesso. Talvez essa ideia de homens e mulheres representantes do povo, com ares de olímpicos e intocáveis, esteja fora de moda.

Representantes do povo, logo nascidos do mesmo barro dos comuns, que também voltam ao pó, como vaticina o ensinamento popular. Políticos que se representem, ou se apresentem, do alto de imortal importância e vislumbrados, à distância, em suas bigas divinas, a lembrar os Césares, que não eram deuses, estão fora de paradigmas da atualidade.

Hoje esse representante do povo está + no meio do povo, sua a camisa, troca amenidades diretas com seu eleitor, visita a vidinha simples do voto em potencial e marca um selfie na carreira promissora de repetir-se nas urnas. Então porque não demonstrar também sentimentos humanos e mortais, como qualquer um do povo?

Dancinhas parlamentares, alegria em natural processo de histeria, expressões que poderiam ter acepções chulas, ora inadequadas, podem ser, sim, adequações sócio culturais nesse futuro do presente que nos regencia e verbaliza corpo, voz, meneios febris de felicidade intensa e o velho reinventado nível da linguagem.

Se cai o nível da linguagem e, consequentemente, o da sociedade, de que fala Mário Faustino, é só um detalhe no caldeirão de cultura social brasis a exemplos de Macunaímas, Policarpos Quaresmas, para registrar exemplos da literatura licenciada na poética, ou os + populares e carismáticos que andejarem pelos salões oficiais e gabinetes da política nacional sui generis.

A queda é para o alto. Parlamentar também é gente, como qualquer safo brasileiro. Então pode rir, extravasar a própria alegria, desembolorar a língua e libertá-la das velhas travas, etiquetas e livrar-se de ares de potestades que se alimentam de ambrosia, ao invés de arroz, feijão, carne e pão, superfaturados.

Quer dançar, pois vitorioso. Extravasar alegria e felicidade por não perder o posto de sempre eleito, pode ser da natureza dos meandros e fisiologias políticas. Usar expressões que aproximem semântica do baixo calão, bobagem. Agredir colega de parlamento, é típico de representante popular endeusado pela autoconfiança e fé fundamentada. Todo mundo pode ter seu dia de traquinas, de porcos com asas e espírito anarquista, inclusive um parlamentar.

A vitória da inocência e da moral social é peça de literatura e romance. A vitória é dos vitoriosos e das estratégias políticas. A realidade é pragmática e a política é mesmo polêmica, estejam os políticos certos ou errados, impunes ou imunes. Parlamentares são gente da nossa gente, gente!

E têm, estes, seu dia de igualdade e liberdades fraternadas aos resultados de interesses de seus pares, de políticas de sobrevivência da própria práxis política a repercutir o extremo da felicidade expressada. É coisa de políticos e política também, pois, pois.

Quanto vale um parlamentar? Vale o “metier” de coalizões, acordos, coragem de ser o que é, sempre; determinação de estar com quem pode e deve vencer; proteger-se e ao partido que o representa de forma a somar pontos e votos e identidade de cunhar espaço e sobreviver. Vale quanto pesa o peso da política instaurada.

Sua Excelência o legislador, o parlamentar, o político, o homem (genérico), o audaz, o safo, o sério, o cínico, o maquiavélico, o senhor das guerras parlamentares, o im(p)une, o criador e negociador das leis e votos.

Sua excelência, o político, mas sempre surdo a premissa império românica cesarina: “Lembrai-vos que não sois deus! Lembra-te que não és deus! Lembre-se que não é deus!”, só humano e falho.

Mortal e humano, mas por vezes com estratégias políticas quase divinas. De poder ser, ou estar, o político, à mercê de como os impérios sejam forjados a sua participação ativa e feliz. 

Isso é política brasis.

Memória do Carnaval brasis – o Retorno

“Deixa o carnaval passar...”
por maneco nascimento

O texto “Deixa o Carnaval passar...”, faz um livre mergulho no tempo e na hora de viver alegria, os grandes temas de carnavais e marchinhas carnavalescas nacionais, produzidos ao longo das décadas de 1930, 40, 50, 60 et all.

Quando o bom humor, ironias, picardias saudáveis e um grande bonde da folia, em gracejos da canção, deixavam o carnaval passar, nunca batido, enquanto enchiam os salões de festas em reino de Momo, para três, quatro, cinco ou + dias foliões e de fantasia até que as cinzas serenassem o ímpeto carnavalesco.

“Deixa o carnaval passar...” foi, originalmente, publicado em 23 de fevereiro de 2012, há quase três anos atrás, direto do tonel derramado à chancela das picardias, maestrias musicais e licenças poéticas de grandes compositores brasileiros, do tempo e tema terção às rodas febris de bailes de carnaval, em clubes society e outros corredores da folia liberada.

Eram mesmo outros carnavais e, ano a ano, a disputa para compor e levar o Prêmio de Melhor Marchinha, do certame, dava aos artistas das letras, músicas, melodias e arranjos em intersambas de marchas, rancho, romântico e ritmos pop contextuais do mundo de juventudes composicionais que a brisa do carnaval contagiava e abria as porteiras e (en)cantava o Brasil de brasis do povo considerado + alegre e feliz em todo o planeta.

Corria a alegria em versos e prosas melódicas, a perder de vistas, e enleava os ouvidos radiados à canção brasileira de cepa foliã.
 
(confetes e serpentinas no Baile da "Noite dos Mascarados" (Chico Buarque)/imagem reprodução)

[Deixa o Carnaval passar...

Nos dias que antecederam a passagem da majestade momesca, festejado carnaval brasileiro, o país foi só de aniversários em antecipação à alegria dessas horas de folia. As comemorações pipocaram em confetes e serpentinas que abririam alas a quem não queria sofrer, não queria chorar, a tristeza foi deixada... 

(...) lá fora/ Mandei a saudade esperar, lá iá lá, iá/Hoje eu não quero chorar/Quem quiser que sofra em meu lugar.” (O Primeiro Clarim, cantada por Dircinha Batista, dos compositores Rutinaldo e Klécius Caldas), porque quando o carnaval passa, de Chiquinha a Chiquitas bacanas, lá da Martinica, tudo e todos brilham porque o samba e o carnaval, como se tem no país tropical, é da pecha de invenção local e vem recheado de memórias. 

Em comemorações, se festejou o frevo, em seus 105 anos de invenção pernambucana mais emblemática. O Dia do Frevo, 09 de fevereiro, na festa do Recife “Orquestras, passistas e cortejos de grupos percussivos celebram o Dia do Frevo no Pátio de São Pedro, no centro da cidade, esquentando ainda mais o clima de Carnaval da capital pernambucana.” (portal Terra/09 de fevereiro de 2012. 15h52 atualizado às 22h06/acesso: 10.02.2012, às 11h45

A data remonta a 1907 quando houve a primeira referência ao nome do ritmo, em jornal do Recife. Os historiadores atribuem que o frevo ganhou forma na boca dos foliões a partir de uma brincadeira com a palavra “ferver”. 

Ao comemorar 100 anos, em 2007, foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A dança característica desse ritmo quente leva o título de proteção cultural por mérito manifestado. Segundo historiadores, os passos surgem da união do estilo musical da capoeira, manifestação muito comum no período dos primeiros frevos. 

Já o Rio de Janeiro, a “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil (...)” (Cidade Maravilhosa: André Filho, 1934), completou 80 anos de samba na avenida, brincadeira que começou lá pelos idos da década de 1930. Comemora-se, neste 2012, o 80º. Aniversário do primeiro desfile de Carnaval, que surgiu em 1932.

O primeiro desfile foi organizado pelo jornal ‘Mundo Sportivo` no dia 7 de fevereiro de 1932, domingo de Carnaval, e contou com 23 escolas de samba formadas por 100 dançarinos vestidos de terno ou com fantasias simples e recatadas, uma imagem muito diferente da exuberância e sensualidade atuais.” (Veja Celebridades/matéria de Manuel Pérez Bella, 08/02/2012 – 18:47/acesso: 09/02/2012, às 11h30)

O que era pequeno, mas manifestadamente popular, cresceu no olho do poder oficial e “'Nos anos 40 as autoridades se deram conta que os desfiles eram uma coisa bonita, da cultura popular, e foram permitindo sua realização. Até então eram marginalizados’ explicou Monarco” (Idem)

Monarco, da Velha Guarda da Portela, com seus bem vividos anos de passarela sabe bem do que fala. Seus 78 anos de idade e 65 de carnaval são memórias de um tempo de ouro.  Iniciou-se nessa festa em 1947. 

E, na década de 1940, quando começou seu histórico de folião, era também a época de ouro do rádio e o carnaval em samba e marchinhas já fazia história nos programas de auditório, através das grandes composições e vozes de rainhas e reis. Se Chiquinha Gonzaga já abrira alas em 1899, então o que o samba não fez a partir de 1930 para que as décadas seguintes fossem pura mina de ouro. 

O samba, o carnaval, o samba enredo, marchinhas, ranchos, entre outros, a identidade musical de pura nacionalidade em que os grandes mestres abriram a cornucópia da criação. Ainda em 1920, “Pé de Anjo”, de Sinhô, fez do seu sucesso ecos que reverberam nos salões até hoje. Na esteira da popularidade vieram “Ta-hi!” (Joubert de Carvalho, 1930), “O Teu cabelo não nega” (Lamartine Babo/Irmãos Valença, 1931).

As boas disputas musicais nos deram “Linda Morena” (Lamartine Babo, 1932), “Linda Lourinha” (Braguinha, 1933). Em 1934, pérolas como “Cidade Maravilhosa” (André Filho) e “Pastorinhas” (Noel Rosa/Braguinha) foram encanto e luz na boca do povo. Já em 1935, Lamartine Babo ataca de “Grau Dez”, em parceria com Ary Barroso e Noel Rosa e Heitor dos Prazeres vêm de “Pierrô apaixonado”.

Para 1936, o sucesso é embalado por “Balancê” (Braguinha/Alberto Ribeiro) e “Mamãe Eu Quero” (Jararaca/Vicente Paiva). Braguinha ganhou + gosto e no ano de 1937, com o parceiro Alberto Ribeiro, brindou o carnaval do samba com “Touradas em Madri” e “Yes, Nós Temos Banana”. Em 1938, “A Jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, perguntava sobre a tristeza da personagem acabrunhada. Mas a música melodramática, uma alegria do samba, convivia com outro sucesso, “Vaca Amarela”, de L. Babo e Carlos Netto.

“JouJoux e Balangandãs”, um bom humor de Lamartine Babo, dizia “Joujous, Joujoux? Que é meu balangandã?...” foi samba para 1939. “Allah-La-Ô”, de Haroldo Lobo e Nássara; “Aurora”, de Mário Lago e Roberto Roberti e “Iaiá Boneca”, de Ary Barroso, estão para 1940, como “Apaga a Vela”, de Braguinha e “Chik Chik Bum”, de Antônio Almeida, estão para 1941

Se carnaval tem hora, “Está chegando a hora”, de Rubens Campos e Henricão, contou o tempo de alegria em 1942, mas teve companhia de “Nós, os Carecas” de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti

A festa, entre saltos e pulos, foi de “Pirata da Perna de Pau”, de Braguinha, que está para 1946 assim como “Cordão dos Puxa-Sacos” de Roberto Martins e Frazão.  1947 trouxe a “A Mulata é a Tal”, de Braguinha e Antonio Almeida e “Coitadinho do Papai”, de H. de Almeida e M. Garcez. “Chiquita Bacana”, de 1949, traz novamente a dupla Braguinha e Alberto Ribeiro.

A década de 50 também se garantiu. “Se é pecado sambar” (João Santana); “Daqui eu não saio” (Paquito e Romeu Gentil); “Nega Maluca” (Fernando Lobo e Evaldo Ruy) e “Flor Tropical (Ary Barroso), foram de 1950. No sassarico dos salões, “Sassaricando”, de Luiz Antônio, Zé Mário e Oldemar Magalhães, ganhou 1951. Marlene gravou “Lata D’Água”, de Luis Antônio e Jota Jr, em 1952. “Marcha do Caracol”, de Peter Pan e Afonso Teixeira, também fechou esse ano.

 “Zé Marmita” (Brasinha/Luiz Antônio); “Cachaça” (Mirabeau Pinheiro/Lúcio de Castro/Heber Lobato) e “Saca-Rolha” (Zé da Zilda/Zilda do Zé/Waldir Machado) fizeram, em 1953, crítica humorada e alegria contagiante.

Ainda para essa década, peças inestimáveis como “Maria Escandalosa” (Klécius Caldas e Armando Cavalcanti) e “Marcha do Tambor” (Jurandi Prates/Hianto de Almeida/Ewaldo Ruy) deram graça a 1954. Quem sabe, sempre sabe, então Jota Sandoval e Carvalhinho saíram com a perolada “Quem sabe, sabe” que, em 1955, juntou-se a “Tem Nego ‘Bebo’ Aí”, de Mirabeau Pinheiro e Ayrton Amorim.

A “Turma do Funil”, composta para o carnaval de 1956, de Mirabeau Pinheiro, M. de Oliveira e U. de Castro, dividiu brilho com “Vai com jeito”, de Braguinha. Para 1959, Ivan Ferreira, Homero Ferreira e Glauco Ferreira brincaram com a moeda e o calor do carnaval em “Me dá um dinheiro aí”.

Carnaval também para índio veio com “Índio quer Apito”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira que abriu o ano de 1960 e “A Maria Tá”, também de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, esteve lá. “Marcha do Cordão do Bola Preta”, de Nelson Barbosa e Vicente Paiva foi para 1962. 

1963 apresentou “Twist no Carnaval”, de Braguinha e Jota Jr.; os parceiros João Roberto Kelly e Roberto Faissal vieram de “Cabeleira do Zezé”; “Pó de Mico”, de Onildo Silva, Renato Araújo e Dora Lopes alertou o salão e Capiba compôs “Madeira que cupim não rói”. 

“Mulata iê iê iê”, de João Roberto Kelly veio para 1964 e em 1965 foi de composições como “Água na boca”, de Mendes, gravada pelo Bloco Cacique de Ramos, como também de “Na Onda do Berimbau”, de Osvaldo Nunes. A “Colombina iê iê iê”, de João Roberto Kelly e David Nasser alegrou 1966, assim como risos, palhaços e alegria em “Máscara Negra”, de Zé Keti e Pereira Mattos.

Também de amor vive a alegria e “Amor de Carnaval”, de Zé Kéti, salvou 1968. As bandeiras da alegria carnavalescas trouxeram “Bandeira Branca”, de Max Nunes e Laércio Alves e também “Marcha do Remador”, de Antonio Almeida, para o ano de 1969. 

Música e alegria são temas de folia e diversão, logo muitos sucessos ganharam força ano a ano e viraram “hit”, como “Chuva Suor e Cerveja”, Caetano Veloso, 1971. Também da Velha Guarda, para 1971, “Bloco da Solidão”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim.

“Tem capoeira aí”, de Batista da Mangueira, esteve na vida de 1973 e “Boi da Cara Preta”, de Zuzuca, brindou memórias infantis em 1974. Caetano Veloso criou a “A Filha da Chiquita Bacana” para 1975. 

Outras raridades do carnaval ganharam memória, como “Tomara que chova”, de Paquito e Romeu Gentil; “Roubaram a Mulher do Ruy”, de José Messias; “Maria Sapatão”, de Chacrinha, Roberto, Don Carlos e Leleco; “Marcha da Cueca”, de Carlos Mendes, Livardo Alves e Sardinho; “Tristeza”, de Haroldo Lobo e Niltinho e também “Até Amanhã”, de Noel Rosa, o poeta do Morro.

Memórias dos dias de 20, 30 e muitos anos outros que preencheram os salões e alegorias, à produção, em série, a uma das maiores expressões artísticas nacionais. Porque este é o “País Tropical” (Jorge Bem Jor) e, hoje e sempre, ainda é samba.

Deixa o carnaval passar... porque se lá atrás havia gênios do samba, nesses dias de novos hits salvam-se os bambas que fizeram memórias de outros carnavais.]
 
(confetes mascarados/imagem reprodução)

Causa orgulho deter, em memória e história musical brasileira, tantos risos e tantas alegrias às vozes sociais de melodias, canções que o tempo resguardou até que escafandristas (lembrando Chico Buarque, autor de grandes sambas) venham curiar o próprio espólio cultural da MPB.

Esse é o país do samba, do carnaval, da fantasia, da alegria, dos morros mal vestidos, das balas perdidas, “que depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão” (Gonzaguinha), do discurso de fé de que vai passar o tempo ruim que pipoca nos noticiários, com ou sem filtro, ou sempre com filtro da informação.

E, para manter a alegria, que brasileiro é de luas, sois e verões, apto aos dias de carnaval e fantasia, porque não é de ferro, é que, por isso e apesar disso, “vai passar nessa avenida o samba popular” (C. Buarque)

Àqueles que não perdem o cordão da alegria, seguram a onda e, ao próprio bem, não tiram ele (o Carnaval) da cabeça, merecem a menina moça/menino contente que qualquer um tem, parafraseando o velho Chico, em seu caudaloso curso de músicas do alegrado brasileiro, é que se faz o Brasil de brasis e de carnavais que purgam a alma nacional de natureza foliã.

“Deixa o carnaval passar...”, isso é de Saudades e Memória do Carnaval brasis, é coisa nossa. E, como diz o Noel, em bom refrão "O samba, a prontidão/E outras bossas,/São nossas coisas,/São coisas nossas!" (São Coisas Nossas/ Noel Rosa)

Fonte: veja.com
        terra.com
www.samba-choro.com. (letras de marchinhas de carnaval... por Paulo Eduardo Neves)
http://letras.mus.br