sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Arte em setembro


Arte em setembro
por maneco nascimento

Quando entrar setembro, a boa nova que vai andar nos campos da noite cultural do Bar dos Clubes dos Diários será da pecha de Heloisa Cristina. De 4 a 30 de setembro de 2012, a Galeria Livre do BCD receberá a Exposição de Pintura sobre Metal, “O Mundo Cênico”.

A artista plástica Helô Cristina presta homenagem ao aniversário do Theatro 4 de Setembro, com início em data emblemática que leva o nome da Casa de espetáculos, e justifica o nome da exposição já que  templo do teatro e seu mundo de arte conspirada.

Helô Cristina, com formação acadêmica em Belas Artes pela UFES e também na FAAP, em São Paulo, acumula graduação em Artes Plásticas (Educação Artística) pela UFPI, tendo desempenhado aptidão como professora na UFPI e IFPI e em alguns colégios da rede privada de Teresina

Helô mantém trânsito saudável no movimento artístico das cênicas e artes visuais. Desenvolveu, ao longo de sua carreira produtiva, variações criativas de cenografia e figurinos, na área de teatro, e diversas exposições individuais e coletivas, no campo do pictórico.

Também realizou, com aprendizes de feiticeira, algumas exposições coletivas que tiveram local de expiação pública a Galeria do Clube dos Diários, entre outros espaços.

Nessa homenagem que presta à cidade, ao Theatro 4 de Setembro e ao universo das artes cênicas não poderia ser nomeada de forma melhor. “O Mundo Cênico” trará, naturalmente, a verve criativa e cheia de particularidades das tintas da artista.

À exposição trabalhada, o diverso de seu olhar acerca desse tema. Aplicará a artista resultados desde o tradicional de tintas e pincéis sobre tela até instalações que envolverão imagens sobre metal, luzes de velas, et all.

Conhecida por suas incursões, em algum momento da carreira, como criadora de pierrôs e colombinas muito expressivos, Helô também soube reinventar-se e ampliar o caleidoscópio ao exercício das tintas. 

Manteve em portfólio algumas passagens por releituras de imagens de santos e reprodução de retratos de amigos, vide Wilson Costa e Francisco Pellé, entre outros, que já serviram de modelo, inspiração e objeto de curiosidade em exposição pública.
                                                        (obra de Helô Cristina/divulgação)

“O Mundo Cênico”, de 4 a 30 de setembro de 2012, na Galeria Livre do Bar do Clube dos Diários, é ver pra crer. A boa nova desse setembro será conferir o frescor dessa investida de Helô Cristina, nas aquecidas horas da cidade e no burburinho dos fins de tarde e noites culturais do BCD. 

A artista sabe do que colheu no laboratório que irá apresentar, cabe à cidade interessada conferir o trigo e centeio separado do joio em campos de pincéis manipulados.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Arte bancária


 Arte bancária
por maneco nascimento

O Sindicato dos Bancários do Estado do Piauí realizou nos dias 24, 25, 27 e 28 de agosto de 2012, no Espaço Cultural “Osório Junior” e Bar do Clube dos Diários, a partir das 19 horas, a 1ª. Mostra de Arte Bancária do Piauí. 

Os destaques seriam para música, teatro, dança, literatura, artesanato, fotografia e artes plásticas. Divulgar o trabalho artístico do bancário e bancária sindicalizados, ativos e aposentados, de seus dependentes, bem como comercializar o produto confeccionado.

Na prática realizada, exposição artesanal em bordados, rendas (guardanapos, panos de prato, etc.); confecção de bolsas femininas; taxidermia; declamação de poesia; música, teatro, humor e dança.

Nos dias em que concorreram à Mostra Bancária, a arte se fez viva através do ato artístico e se finalizou ao bem do propósito de reunir profissionais da área, amigos, colegas de trabalho, público curioso e frequentadores assíduos do Bar do Clube dos Diários. A abertura, 24 de agosto, foi regada a ritmados sons da Banda “Regaplanta”. Show!
 
(arte Banda Regaplanta/divulgação)



As atividades culturais continuaram dia 25 de agosto (sábado) e, no dia 27 (segunda feira), conferiu-se trechos do solo “Estudo sobre o corpo/224”, de Valdemar Santos; poemas recitados por dona Emília, bancária aposentada, da cidade de Floriano e + show de humor, música, causos e poesias populares, conduzidos pelo performer Zé Benedito. 

Na última noite, 28 de agosto, Dia do Bancário, o gran finale da Mostra contou com o humor do bancário aposentado, Deusdeth Nunes – o Garrincha, distribuição de prêmios, através de sorteios e, como a noite estava aquecida com validade até que se esgotasse todo o planejado à 1ª. Mostra Bancária do Piauí, a hora do show com a “Validuaté” cresceu o espaço do “Osório Junior”. 

E foi só felicidade de tietes e seguidores da Banda da terra + cheia de charme do pop local. O Vale, do até que se cumpra toda a noite, foi um mar de interação confirmada. A festa valeu cada sorriso e música acompanhada.

Válida até para quem deixou de ir conferir, a 1ª. Mostra Bancária do Piauí cumpriu seu papel de boa idéia e marcou data em calendário. O Sindicato da categoria achou o caminho das pedras ao facilitar interação e integrar artistas que, ora bancários, também sabem de música, poesia e da confraternização conspirada no universo da cultura flexibilizada. 
 
(arte da 1a. Mostra de Arte Bancária do Piauí/divulgação)


Não só de números, dígitos, transferências, contas, contratos, investimentos, aplicações, caixas, dinheiro, entradas e saídas, pagamentos efetuados, das horas trabalhadas, filas a serem debeladas, cotidiano de bancos, entendem os bancários. De outra arte entendem +. Também sabem interagir cultura.

A primeira iniciativa levada ao Espaço Cultural “Osório Junior”/Bar do Clube dos Diários rendeu dividendos de arte e cultura. E, juros que, numa nova empreitada, o investimento e aplicações artísticas e culturais hão de render novos empreendimentos, para bancos de dados e memórias do fomento à cultura da e à classe bancária sensibilizada. 

Aberto o caixa da ação e fechado o balanço dos resultados, os bancários estão no lucro.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O + de Teresina


 O mais de Teresina
por maneco nascimento

O mar de Teresina fica no céu da boca das Meninas” (O Mar de Teresina: Gilvan Santos). 

É com essa construção, de ordem poética gilvaniana, que o Grupo Matizes dá pontapé inicial de divulgação aos dias da Semana da Diversidade. 

E, no “Boca da Noite”, de hoje, 29 de agosto de 2012, às 19 horas, será de festa à Abertura do 4º. Encontro Piauiense de Lésbicas e mulheres bissexuais. Nessa noite, no palco do Espaço Cultural “Osório Junior”, as meninas é que (en) cantam o público contumaz do projeto “Boca da Noite”. O show ficará por conta de Carla Caroline, Cicy Arcangelo, Fernandinha Camelo, Elines e Silvia Marrom.

Na promoção do Matizes, a festa promete o + de Teresina no céu, na terra, no fogo e no ar (tístico) da cidade, representada em seu diverso de cidadania, arte, cultura e orientação livre. 

No mês de aniversário da cidade ao sol da linha do equador, “Uma homenagem aos 160 anos de Teresina no Dia da Visibilidade Lésbica” (29 de agosto), também de abraçada integração à cidade verde que está na ordem de diversidade cultural e reiteração dos direitos constituídos ao vetor social ampliado.

As homenagens não se esgotam, porque artista brota como flor de laranjeira e guarda perfume que antecipa o surgimento do fruto, que maduro, torna-se segundo prazer degustado.

E é nesse ano em que Luiz Gonzaga, o Lua, completaria cem anos, se ainda estivesse entre nós, em presença física, que o Matizes também destaca a compositora piauiense, de Teresina, Solange Veras, que compôs, ao lado do grande Lua, a música Lampião – Era besta não!”. No início da década de 1980 surgiu uma parceria entre a piauiense e o Rei do Baião e deu no que deu. A faixa 2, lado B, do LP (Long Play) “Luiz Gonzaga – 70 anos de sanfona e simpatia”. 

Nos cem anos de Luiz Gonzaga, o Grupo Matizes, homenageia também a compositora Solange Veras, piauiense, parceira do renomado artista” (material divulgação Matizes). E como uma veia puxa outra, corre em rede a confirmação do objeto contemplado em homenagem praticada.

Eu a conheço... Solange Veras é minha tia, é de Teresina – PI, atualmente encontra-se afastada do meio musical. À época, ela morava no Rio de Janeiro – RJ e conheceu Luiz Gonzaga em um estúdio e surgiu uma parceria onde, a partir de então, ele sugeriu a ela uma letra acerca de Lampião, que ele não era tão valente. Ela ficou encantada com a proposta e fez a letra da música ali, no estúdio, junto com o Rei do Baião. Ficou espetacular... Foi um momento único para minha tia!!!!” (etayene Michelli 2 meses atrás/www.youtube.com/all_/acesso: 29.08.2012, às 13h45)

Como hoje é dia de “Boca da Noite” em festa, às 19 horas, no Espaço Cultural “Osório Junior” e Bar do Clube dos Diários, o + de Teresina será do mar musical que ficará por conta do que sair, do céu da voz e música, da boca das Meninas que encantarão a noite. O grande show será de Mulher pra nós outros. 
 
(arte divulgação: matizes)



(En)canta pra gente ver!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Braços fortes


 Braços fortes
por maneco nascimento 

(...) Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva/Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural/(...) E em tudo o início dos tempos do além/(...) Em cada consciência, em todos os confins/Da nova guerra ouvem-se os clarins/Guerra diferente das tradicionais, guerra de astronautas nos espaços siderais/E tudo isso em meio às discussões, muitos palpites, mil opiniões/Um fato só já existe que ninguém pode negar, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já!/E lá se foi o homem conquistar os mundos lá se foi/Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi/Nos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:/A lua foi alcançada afinal, muito bem, confesso que estou/contente também (...)” (Lunik 9/Gilberto Gil)
 
(Neil Armstrong pisando em terreno lunar/imagem colhida da wikipédia)


Quando criança, quando recepcionamos aquelas imagens (em preto e branco) que chegavam em nossas televisões, via satélite, do homem entre saltando e flutuando em solo lunar, nos davam um encanto novo e, abismados, víamos as repetidas cenas, narradas pelas vozes da tevê e rádio nacionais. 

 
(Neil Armstrong/imagem colhida da wikipédia)

Toda a saga de Armstrong, Aldrin, Michael Collins e do voo pioneiro está contada na história da missão Apollo 11. Sua frase épica: ‘Este é um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade’ ao pisar pela primeira vez na superfície lunar, é uma das mais conhecidas na História, mas só veio à cabeça de Neil poucos momentos antes de descer da nave, já pousada na Lua.” (www.wikipedia.com.br/acesso em 28.08.2012, às 16h26)

E durante muitos dias, meses e anos aquela transmissão espetacular nos confirmou a certeza do grande passo que ciência dera rumo ao futuro especulado fora da atmosfera terrestre. E como disse o poeta, de guerras diferentes das tradicionais, guerras de astronautas nos espaços siderais. O front das conquistas do espaço, quem poderia ir + longe. O homem e sua ciência, oriental ou ocidental, galgou novos rumos que só ficção científica havia chegado perto.

E o primeiro herói, de verdade, a pisar em solo distinto do da Terra foi o americano Neil Armstrong. Aquele que entrou para a posteridade como O Primeiro homem a pisar na Lua. “Em 20 de julho de 1969 Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar na superfície lunar, após viajar para o satélite da Terra a bordo da Apollo XI com os astronautas Edwin Aldrin e Michael Collins.” (terrabrasil/notícia/acesso 28.08.2012, às 15h20)

A ciência de braços fortes lhe deu asas para voar, com seus companheiros, além do nosso espaço doméstico e, no sideral, romper o medo do futuro e deixar exemplo de coragem, determinação e encanto pela ciência da busca e da conquista de novas fronteiras.

Armstrong (braços fortes) subiu + uma vez ao espaço, nessa nova condição, alçado na “imaterialidade” aos percursos de luz e estrelas, sem auxílio de instrumentos da ciência física. 

No último sábado, 25 de agosto de 2012, aos 82 anos, partiu em nova missão, ao imponderável. Levar novas daqui aos provadores, in loco, da ciência imaterial, mãe da ciência material muito testada por aqui.

Neil Armstrong foi feito vida fora da bolha materna, em 5 de agosto de 1930, em Wapakoneta (Ohio). Ingressou na Marinha dos Estados Unidos em 1949 e prestou serviços até 1952. Fez carreira de engenheiro aeronáutico, piloto e astronauta. Deixou a terra dos mortais, nesse agosto e deu um passo à eternidade.

No início deste mês o herói Armstrong foi submetido a uma cirurgia do coração. Superou a ciência médica para alcançar novo espaço estelar. 

Por aqui vamos ficando bem e ao olharmos à Lua de São Jorge que você pisou sem maltratar o dragão, nem disputar terras com o Santo, lembraremos do herói que representou a humanidade, ao acenar com a ciência a nosotros, simples mortais.

7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já! Lá se foi conquistar nova esperança, que desse mundo você já se foi. A Lua, em muito nova conquista afinal. Muito bem, por você fico contente também.

Teatro é física

Teatro é física
por maneco nascimento

Mas
 é também matemática, química, biologia e olha que nem falei ainda das ciências sociais e humanas. Teatro é magia na razão e razão sensível para efeitos de aproximação e interação do público com o ato encenado. “Dia Desmanchado”, da Companhia Teatro Torto (RS), é desse universo conspirado e + outros elementos das entrelinhas, silêncios e ruídos, corpos e corpus expresso de humana compreensão.

O Projeto Palco Giratório, vide SESC nacional em parceria com os regionais, no incremento do entrecruzamento da cultura das cênicas e aproximação de linguagem à cepa comum do fazer teatral, trouxe à Teresina montagem gaúcha para o ensaio de um dia em desmanche contínuo. 

A primeira apresentação ocorreu dia 27 de agosto de 2012, às 15h30, no palco do Theatro 4 de Setembro, a um público vigoroso. A Segunda entrada da cena gaúcha será dia 30, às 20 horas, na mesma Casa de espetáculos.

“Dia Desmanchado” se nos apresenta o ator Marcelo Bulgarelli, dirigido por Tatiana Cardoso, numa virtuose de energia concentrada e movimentos precisos e lúdicos em fidelização da dramaturgia construída e do exercício prazeroso do fazer rir e refletir um “de já vu”, brincado para anatomias distendidas e prospectadas do próprio veio corporal.
 
(Marcelo Bulgarelli/foto: divulgação)

Da
 dramaturgia pedagógica de base das linhas, o espetáculo narraria a história de um exterminador de insetos que, mergulhado na banalidade de seu cotidiano, recebe uma carta de uma mulher com a proposta de um encontro. Em alerta de sentidos, ensaia ao momento esperado de forma a tentar concentrar sucesso na ocasião.

Da
 dramaturgia de pedagogia construtivista à personagem, vai-se imbuindo dos sentimentos naturais de corrida contra o tempo e o moto contínuo de um dia que volta ao mesmo ponto. Um gracejo do dia, das horas, da angústia de aproximação da expectativa em exasperada sutileza do brinquedo elaborado. Realidade óbvia e paralelo do assimétrico temporal ganham o fabuloso e o mágico do dramático jogo de vencer o tempo da espera.

Ideia de desmanche a partir da obra “O ensaio”, do dramaturgo norte americano Benjamin Bradford, “Dia Desmanchado” é um luxo expressionista do brincar em ciência com o corpo. Detalhes medidos de movimentos e articulações, num frenesi de quase caos à nova potência, causam impressão de deleite à plateia atenta e ganhada.

Biomecânica teatral, exercícios físicos do ato encenado, reflexões do tempo, ato entre o cognoscível e o incognoscível, entre o normal, ideal e o fora do normal, ruptura e emendas das fissuras do tempo, repetição do mesmo dia e mesmo tempo acionado em precisão emblemática de dramaturgia experimentada, uma poção de magia de sabor de eureka. Esse é o divertido enredo de “Dia Desmanchado”. 

(Marcelo Bulgarelli/foto: divulgação)

 E se “a vida inclui tudo aquilo que poderia ter sido”, a dramaturgia da angustiosa espera da chegada de uma mulher, forjada por Marcelo Bulgarelli e Tatiana Cardoso, é de caráter científico, sensível e atomiza arte em franca expansão de novidade à cena brasileira.

A
 Cenografia, de Maíra Coelho, um mimético laboratório da experiência testada. Cenário e objetos de cena, um efeito placebo a saúde do enredo.

A
 Trilha Sonora Original, de Jackson Zambelli e Sérgio Olivé, uma orquestrada vida pela pauta musical que parece correr feito sangue na veia do homem que espera. Acertou na via natural de desmanchado tempo de espera. Doces e bárbaros acordes e melodias transmutados à rotina alegre e de compassada subjetividade criativa ao objeto pensado.

O
 Figurino, do próprio Teatro Torto, está na vantagem de desenho de mesmo genoma. Não compete, aglutina estética e plástica nuclear. A contrarregragem, de Giovanna Zottis, é de efeito invisível. Discreta, precisa e matemática. Quase um show de ilusionismo.

O Rádio, de Heitor Schimidt, afinada pesquisa de charmosa memória da radiodifusão e seus peculiares ruídos na comunicação das ondas eletromagnéticas. Uma mímesis da rotina singular do audiente.

Os recortes de luz, da Iluminação de João Carlos Dadico, preenchem as vagas de atos e entreatos sem remendos. Claros e escuros pragmáticos para desenhos de emoções do dual consciente/inconsciente da ciência das lâminas de luz desenhada. Aquecem as emoções de fragilidades e ousadias do corpo que fala.

O
 regurgito da técnica, de Meyerhold, da biomecânica teatral Gennadi Bogadanov, do Vindenes Bro (Iben Nagel Rasmussen), do Odin Teatret (Dinamarca), volta em expansão de luz, na métrica digerida de Marcelo Bulgarelli e sua diretora de cena. 

 energia qualificada, força equilibrada, física quântica experimentada no ideal dramático, a uma quase atomização da matéria teatral feito corpo.

“Dia Desmanchado”, de Marcelo Bulgarelli, no viés do lado direito e esquerdo do cérebro, um canhoto e (as)simétrico fenômeno de teatro confirmado pela arte de reinvenção da própria invenção da cena. 

O Teatro Torto, um direito particular de inversão da realidade com deveres concentrados no exercício do exercício dramático ao prazer do ato e obra aberta.






domingo, 26 de agosto de 2012

Direitos e Deveres


Direitos e Deveres
por maneco nascimento

O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Piauí – SATED – PI abre parceria com o SATED – CE e promove a palestra “Direitos e Deveres do Artista – Entendendo a Legislação” que será proferida dia 31 de agosto de 2012, das 18 às 20 horas, na cidade de Teresina.

Direitos e Deveres do Artista: Entendendo a Legislação terá como comunicador o ator, diretor e promotor cultural, Oscar Roney (CE) e a mediadora da conversa franca será Lari Sales (PI). O objetivo do encontro será abrir esclarecimentos sobre direitos e deveres que envolvem a contratação de Profissionais Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões, de acordo com a Lei No. 6.533, de 24 de maio de 1978 e Decreto No. 82.385, de 5 de outubro de 1978.

O evento que está inserido nas comemorações do Dia do Artista, 24 de agosto, também celebra, em 2012, os 34 anos da Regulamentação Profissional de Artistas e Técnicos. A Legislação do Artista (24 de maio de 1978) cria garantias aos trabalhadores da cultura acerca de direitos e deveres e especifica as peculiaridades dessa classe profissional.

Na oportunidade serão esclarecidos pontos sobre registro profissional, contratação pela prestação de serviços, jornada de trabalho, rescisão contratual, direitos autorais e conexos, infrações e autuações e como a lei define o perfil deste profissional no mercado cultural.

Esta ação do SATED Piauí em parceria com SATED Ceará busca conscientizar a classe artística piauiense sobre a legislação e seus desdobramentos que envolvem o mercado de trabalho dos artistas. Também busca estimular a realização de seminários, palestras e eventos direcionados à temática.

O ator, diretor de teatro e promotor cultural Oscar Roney, artista com vasta experiência no mercado de trabalho cearense, é também referência vindo de um estado em que há um grande avanço de absorção do profissional da cultura, não só na televisão e cinema, como também no trânsito natural de consumo do produto artístico de espetáculos de diversões naquela cidade exportadora de bons resultados.

Direitos e Deveres do Artista – Entendendo a Legislação”, dia 31 de agosto de 2012, das 18 às 20 horas, na cidade de Teresina. As inscrições estão sendo realizadas no SATED – PI, Complexo Cultural Clube dos Diários/Theatro 4 de Setembro. Informações pelos telefones, 3222 7100/9948 0176 ou pelo email: satedpiaui@hotmail.com.

Arte e efeitos


 Arte e efeitos
por maneco nascimento

Abertas as inscrições à Oficina de Maquiagem de Caracterização (Cortes e Ferimentos), com Thylba Araújo. Num dia de produção, com carga horária de 6 horas/aula, começa pela manhã das 9 às 12 horas, com intervalo para almoço e no retorno, a partir das 14 até às 17 horas. Os serviços da Oficina ocorrem dia 01 de setembro (sábado), para no máximo quinze inscritos.

O público alvo, artistas, maquiadores, recreadores, estudantes, educadores e interessados, que deverá ser absorvido a partir dos 16 anos. As inscrições podem ser feitas no Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão – SATED – PI, que fica localizado no Complexo Cultural Clube dos Diários/Theatro 4 de Setembro. 

Todo o material utilizado (kit ferimento) estará disponibilizado pela ministrante do curso. Os participantes só deverão levar o material individual de limpeza (toalha, lenços umedecidos, algodão, etc.) e um espelho pessoal. Mais informações devem ser colhidas no SATED – PI, no horário da manhã, pelo telefone 3222 7100/9948 0176, satedpiaui@hotmail.com.

A Oficina Criativa de Caracterização – Iniciação em Cortes e Ferimentos, que facilita a caracterização e efeitos, se consolida como indispensável para a criação cênica e tem como função evidenciar aos espectadores as características físicas/ psicológicas de cada personagem e as circunstâncias das cenas, através de pistas visuais que concretizam resultados plástico-estéticos à encenação. 


    (cortes e ferimentos/divulgação)
 
Esse processo de maquiagem de caracterização vem se consolidando nas artes cênicas e no setor áudiovisual, como objetivo de concentrar veracidade à ficção científica. E a iniciação, através da técnica de cortes e ferimentos, proporcionará ao participante as noções fundamentais à elaboração de efeitos visuais criativos. O “kit ferimento”, que será entregue durante o curso, possibilitará desenvolver as habilidades aos treinos e exercícios profissionais. 

A ministrante da Oficina, Thylba Araújo, atriz e maquiadora profissional, tem graduação em Educação Artística e é pós- Graduada em Arte e interpretação pela UECE/CE. Presidente da Associação Proarte e com formação em interpretação pelo Colégio de Direção Teatral, já acumula no currículo artístico a participação em mais de vinte montagens. 

Entre os espetáculos em que testou a atriz estão, “Antes da Missa”, “A Mandrágora”, “A Mais Forte”, “Miloca, uma Bruxinha apaixonada”, “Os Sinos”, “Os Iks”, “A Casa de Bernarda Alba”, “Macário” e “Dona Guidinha do Poço”. Thylba Araújo mantém, com freqüência, a prática de oficinas artística, social e de caracterização, montagens e produção executiva de espetáculos, além de trabalhar como educadora de artes. 

Arte e efeitos na Oficina de Maquiagem de Caracterização (Cortes e Ferimentos), com Thylba Araújo, só dia 1 de setembro, a partir das 9 horas da manhã. Mais informações, no SATED – PI, Theatro 4 de Setembro, pelos telefones 3222 7100/9448 0176 ou satedpiaui@hotmail.com. 

sábado, 25 de agosto de 2012

Triângulo das calcinhas


 Triângulo das calcinhas
por maneco nascimento

Perdoem-me, os insatisfeitos ou de recepção engessada, mas não dá para trair nem a obra, nem o autor, nem muito menos a leitura de Luciano Brandão para “Perdoa-me por me traíres”, de Nelson Rodrigues.

Dia 23 de agosto de 2012, data de centenário de nascimento do “Anjo Pornográfico”, em que todo o país celebra a Flor de Obsessão, Teresina também não ficou de fora das homenagens. A Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira” enveredou, + uma vez, pelo universo nelsonrodrigueano e brindou a cidade com montagem delicada e distanciada para efeito de Nelson e seu teatro vivo revisitado.

Dezoito atores dividem a cena e dão sorte de apreciação das personagens (da classificada no plano de Tragédias Cariocas I, por Magaldi) que enredadas na obsessiva estética (re)criadora do teatro brasileiro alçam vida.

Envoltas em sexo, traição, pedofilia, vidas dissimuladas, incesto, ódio, amor e morte, as crias de Nelson ganharam leitura livre e brechtniana para densa trama trágica. Acenaram para Luc Brandão e deram ao público o ar de sua graça sórdida. 

De dramaturgia diferenciada, não se encaixa no modelo para os que esperam sangue derramado. O diretor opta por dividir a protagonista, Glorinha, em três faces da mesma moeda. 

A falso anjo, representante de família honrada carioca, se desdobra em falas diretas e cheias de meneios ao engodo, através das atrizes iniciadas Clerys Derys, Gleiciane Silva e Milena Barros. Não fazem feio, as escolásticas da “Procópio” às de Nelson. Mantêm fidelização ao texto, ao contexto de leitura do montador e ao discurso “pérvido” do autor.

Manter o elenco + tranqüilo e neutro, para contenção de exageros, parece ter sido escolha inteligente do encenador. Os atores deslizam em cena, atraem o interesse da plateia e esta interage ao humor sórdido e inteligente que a obra apresenta. A sacada de apresentação das personagens, em meio à construção da cenografia móvel, remete ao cotidiano descritivo e narrado das vidas em jogo.

Os painéis (móbiles) e os praticáveis de ambientação do enredo, cenografia pensada por Wallance Nunes, surtem integração ao maneirismo de contar um Nelson, escolhido pelo diretor de dramaturgia de cena, que têm função prática, longe do teatro morto.

A cenografia, uma talvez (re) visita às memórias do teatro nacional ziembinskiano que construiu, com seu cenógrafo Tomás Santa Rosa, a montagem original de Vestido de Noiva (1943). 

Como regra religiosa da cena ao que o universo conspira a favor, quando se compreende a obra buscada, Luc Brandão consegue concentrar a energia e atomiza o discurso do dramaturgo sem exageros desnecessários, tem a economia premeditada e o drama original mantido quando a hora é chegada.

A Iluminação, de Renato Caldas, está contida na proposta, é cálida quando exigida e pragmática quando o ator e o texto são + importantes à observação. Desenha ambientações interativas com as vozes sociais que contêm a trama. Os figurinos, de Wallance Nunes e Danilo França vestem e despem com cuidado as personagens. Contextualizam bem. Batata!

A Pesquisa musical, de Luc Brandão, delicada recorrência de “Preciso me encontrar”, composta por Candeia, originalmente gravada por Cartola, abre uma memória e nostalgia embriagante do contexto para Nelson de sua época, ao passo em que quebra o paradigma do tempo e atualiza o contexto a novo viés de interesse estético.

O elenco de ousadia impetrada não desmerece o Nelson, nem o envergonha. Está no seu tempo de atuação e, maturidade tem fases como repertório e conhecimento. Em seis meses de contato com iniciados da “Procópio Ferreira”, o coordenador do laboratório e diretor de ator consegue melhor resultado que outras iniciativas + formais e de bancos escolares mantido na cidade.

Gilmara Santos, intérprete de Nair, a garota agenciadora de meninas ao velho deputado, tem um tempo legal à personagem. Na pressa de avançar na cena, por vezes perde o sabor do texto tão mastigado pelo autor. + tranqüilidade e ouvido de tuberculoso, talvez lhe garanta a finalização de personagem que andeja, ainda tímida, rumo ao olho do furacão.

Kaio Rodrigues, como Pola Negri, mantém uma desenvoltura que peculiariza a sombra da madame cafetina. Tem graça e estilo econômico ao “maricas” do enredo.

A Madame Luba, de Lorena Soares, afiniza um perfil da cafetina lituana. Talvez por ser rechonchuda e concentrada na boa forma física garante desejos + ascendentes que decadentes a dona de casa de pedofilia. Pisa, ainda falhado, sobre os cobres da cafetinagem. Mas elementa beleza, truques de fingimento e segurança em processo de depuração à personagem. Não compromete.

O Deputado Jubileu, construído por Enzo Pietro, se aproxima muito dos velhos pedófilos da cartilha nelsonrodrigueana. Sua composição em que valoriza uma corcunda de poder e malícia compradora do prazer por garotas de menores, é bonito de observar. Há uma máscara rude e pervertida, uma perversão de velho babão, típico de Nelson.

O médico (Leandro Mesquita) e a enfermeira espírita (Adriana Martins) que praticam o aborto na menina Nair (Gilmara Santos) estão entre os núcleos que ainda merecem finalizar melhor as falas tão cheias de poder determinante sobre vidinhas alheias. Ouvir-se +, talvez melhore o desempenho à cena.

Tia Odete (Angélica Araújo), mulher de Tio Raul e a refém das doses homeopáticas, ainda não compensou as doses ministradas pelo autor para maior empenho da personagem. Suas falas emblemáticas de abertura e fechamento do espetáculo ainda estão aquém da verve da velha, espectro que assombra a casa. As falas de memória ainda esperam melhor verdade.

Ceci (Gissele Torres) e Cristina (Mary), as amigas de Glorinha, correm atrás do prejuízo para não perderem o fio da mei’água que escorre da tempestade que se abate sobre os destinos das meninas moças. Sentir a contracena é elementar. Os irmãos I (Lucas Brito) e II (Hélio) estão no conjunto e na tranqüilidade do confronto, não comprometem. Comportam-se com economia e compõem a cena.

Gislene Danielle (a Mãe) também tem energia equilibrada ao contexto da estética encenada. Regurgitar com + sabor as malícias e perfídia, dos entre textos, valorizariam melhor o perfil que passa pelas velhas e sogras nelsonrodrigueanas. 

Um dos filhos da trama, Gilberto, composição de Ronyere Ferreira, é compensador. O intérprete que abraça distúrbios do corneado pela mulher linda, linda, linda, o faz de forma muito apaixonante. É de um engraçado trágico e passa quase pela escatologia autoral. 

O baixinho da mulher gostosa empenha uma verdade de paixão suicida e surtos de loucura passional convincentes. Um dos melhores entendimentos. Mais prazer mórbido em desvios da conduta de traído será o ponto do doce fel.

O antagonista da história, Tio Raul (Wallance Nunes) caminha a franco acerto. Textão enxuto da personagem precisa encontrar uma maior acolhida do intérprete. Ainda atropela pequenas intenções, mas apresenta orgulho canalha e fúria pervertida que envolve a assistência.

Lamber os beiços na maldade premeditada e na paixão suicida daria um toque de Midas ao sentimento de amor transferido da amada à menina desejada. Tem presença em cena, contenção e liberdade degustadas orgulhariam até o autor.

Judite, construída por Lanna Borges, a mulher que trai, detém à intérprete beleza, fascínio e desenvoltura lançada em jogo e, nesse tabuleiro da representação, encontra na atriz ecos de afinidade aos desejos psicóticos dos homens da casa. A Judite de Lanna tem um perfil da cínica, adúltera e mulher ideal do corno.

Da dramaturgia de encenação, uma cartografia refinada de cena à cena. Geometrias confundidas com sentimentos espalhados pelos ambientes de obsessão, crime e castigo. 

Meninas grafando seus “desejos infantis” com riscos de carvão, ou elaborando percursos infanto juvenis despretensiosos, em jogos de mostrar e esconder verdades, sem nunca buscarem apelo fácil, revelam sutis maldades, pequenos delitos em doce deleite. 

A mulher que retira o laço do vestido e desvela belas pernas sob a lasca do tubinho, é de uma malícia empreendedora do mote “pronta pra trair”. 

Os planos de distância e aproximação incrementados pelas Glorinhas, seus recuos e fugas do sentimento das “falsas violadas”, um deslumbre, assim como a espacialização aos tempos de memória e realidade (Vestido de Noiva) que ampliam a compreensão narrativa, com tradição e modernidade. 

A encenação de Luc Brandão, que ainda encontra apoio na confecção de Cenário, de Leonardo Sousa, e Maquiagem de Danilo França, completa o eixo de aplicação plástico estética da investida da Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira” para “Perdoa-me por me traíres”.

É uma novidade para Teresina e cheira a novos ares de facilitação à cena teatral local. Há um mapeamento do triângulo das calcinhas como sinal de teatro vivo. Quem não gostou, que gostasse. E, como diria o Nelson, batata!

Minha obsessão


 Minha obsessão
por maneco nascimento

No ano de 1912, no dia que concorreu para 23 de agosto, o divino teria dito: “Vai, anjo. Vai ser Nelson na vida.” Assim teria nascido Nelson Falcão Rodrigues, na capital do Pernambuco, cidade que já fora a Meca da formação intelectual brasileira, no nordeste, com sua Escola de Recife.

O menino Nelson, aos 4 anos de idade, veio com a família para o Rio de Janeiro. De sua história de primeiras chegadas, o pai teria vindo na frente para tentar arrumar emprego. A mãe, impacientada com a demora de solução rápida, teria vendido as jóias da família e em telegrama de decisão acertada informou ao marido: “Vou com as crianças”. Batata!, Assim começaria a vida de Nelson e dos seus na cidade maravilhosa.

Já investia nos escritos aos 10 anos, com 13 passou a trabalhar como repórter nos jornais “A Manhã” e, em seguida, no a “Crítica”, de propriedade de seu pai, Mário Rodrigues. Fluminense roxo, foi também cronista esportivo, jornalista de mancheia, escritor de contos, crônicas e romances (alguns assinados sob o pseudônimo de Suzana Flag) e dramaturgo.

Escreveu 17 peças para teatro. Renovou o teatro no país e seria alcunhado como o pai do teatro moderno brasileiro. Consta que teria escrito “A Mulher sem pecado” por acaso. Queria uma chanchada porque esse modelo de teatro atraía público e dinheiro, mas a peça se impôs como drama. Escrita em 1941, estreou em 9 de dezembro de 1942, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.

Em 28 de dezembro de 1943, pouco + de um ano depois da primeira peça estreada, Ziembinski, diretor polaco, radicado no Brasil, encenaria a segunda peça nelsonrodrigueana, “Vestido de Noiva”. 

A direção, um divisor da dramaturgia brasileira encenada, por abrigar, simultaneamente, os planos da realidade, da memória e da alucinação. Também trazia, o encenador, o marco criador dos planos de luz e efeitos à nuance das vidas das personagens. Até hoje a memória do teatro brasileiro aponta “Vestido de Noiva” como a peça, encenada. 

Em 1945 nasceu “Álbum de Família”. Proibida pela censura, ficou fora de cartaz por longos 19 anos. Um dos temas que seria recorrente em algumas de suas peças, o incesto, tinha papel destacável nessa obra. Críticos e fãs que o ovacionaram antes, ficaram de opinião dividida. Nelson por Nelson sobreviveu às críticas e olhares enviesados e se impôs pelo talento irrecusável.

O crítico de teatro, Sábato Magaldi, agrupou suas peças em Psicológicas (A mulher sem pecado; Vestido de noiva; Valsa No. 6; Viúva, porém honesta; Anti-Nélson Rodrigues), Míticas (Álbum de família; Anjo negro; Senhora dos Afogados e Doroteia), Tragédias Cariocas I (A Falecida; Perdoa-me por me traíres; Os Sete Gatinhos e Boca de ouro) e Tragédias Cariocas II ( O beijo no asfalto; Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Rezende, Toda Nudez Será Castigada e A serpente). (www.wikipédia.com.br/acesso: 23.08.2012, às 15h)

Grande autor do teatro nacional e reverenciado desde sempre, Nelson Rodrigues soube como ninguém transpor para a cena, a vida como ela é, sem escrúpulos, sem falsas verdades e com destinos trágicos como parece ser da natureza humana que persegue sua mora e enfrenta a própria catarse.

Das tragédias pessoais, uma marca sua história e, talvez tenha aberto um canal para compor peças tão densas, de dramático estocado e de reflexões que desnudam qualquer falsa moral.

Em dezembro de 1929, o fato mais marcante da vida de Nelson: uma mulher da sociedade, Sylvia Serafim, injuriada pela notícia publicada na “Crítica” sobre seu divórcio, entrou na redação do jornal pedindo para falar com Mário Rodrigues. Como ele não se encontrava, seu filho Roberto, irmão de Nelson, a recebeu em sua sala. A mulher sacou um revólver da bolsa e o atingiu mortalmente no peito. Nelson jamais se esqueceria da frase dela: ‘Vim aqui matar Mário Rodrigues ou um de seus filhos’”. (O centenário de Nelson Rodrigues/biografia/estadão.com.br, Quarta Feira, 22 de Agosto 2012. 19h43/ por: Marcio Claesen e Paula Carvalho)

Dono de opiniões famosas e polêmicas, o grande Nelson era moralista assumido. Tinha, à ponta da tinta, frases antológicas provocativas e perturbadoras. Ruy Castro reuniu, sob o título “Flor de Obsessão” (Companhia das Letras), as “mil melhores frases”, entre elas: 

O brasileiro é um feriado”; “O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe, porém, um rajá, isto é, um líder que o monte”; Sou a maior velhice da América Latina. Já me confessei uma múmia, com todos os achaques das múmias”; “Na vida, o importante é fracassar”; “A Europa é uma burrice aparelhada de museus”; “Sexo é para operário”; O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da história”.(www.wikipédia.com.br/acesso: 23.08.2012, às 15h)

E ainda, “Daqui a duzentos anos, os historiadores vão chamar este final de século de ‘a mais cínica das épocas’”. O cinismo escorre por toda parte, como a água das paredes infiltradas”; “A pior forma de solidão é a companhia de um paulista”; “Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos”; “Todas as vaias são boas, inclusive as más”; “Não gosto de minha voz. Eu a tenho sob protesto. Há, entre mim e minha voz, uma incompatibilidade irreversível”; “Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da praça Saenz Peña. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se morre e se mata por amor, é na Zona Norte”. (www.wikipédia.com.br/acesso: 23.08.2012, às 15h)

O genial que escreveu, "O óbvio também é filho de Deus."; "O dinheiro compra até amor sincero." e "Não vou para o inferno, mas não tenho asas", morreu em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos, de complicações cardíacas e respiratórias. 

Entrou para a história da literatura brasileira com tiradas como, “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico(desde menino).”

Salve, Nelson!

Fonte de pesquisa: estadão.com.br
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                                   imagem de Nelson, colhida da wikipédia