terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ravel Rodrigues na canção

autoral e pulsante
por maneco nascimento


Um escaravelho negro, asas ilustradas com bandeirinhas volpianas, pousado sobre capa grená define a arte do disco que Ravel Rodrigues deve lançar, em Teresina, nesse janeiro de 2015.

Projeto Gráfico de Cavalcante Veras e arte de Joniel, a primeira pele do CD Ravel Rodrigues se impõe em delicadeza plástica, economia estética, cores emblemáticas se complementam e atraem o inseto em movimento, que de cérebro vazado à cor de domínio da arte capa se instala e se comunica aos tons e matizes que o absorvem.

(capa cd Ravel Rodriges/divulgação)

"Louvando love" abre o disco e amplia um xote contemporâneo com variações suingadas que reverbera ao amor, beijos da boca do acaso, sejam de bocas banguelas ou rememorem imagens de velas da procissão. "Pé d'Água" desliza memórias afetivas que cardiogramam atenção a instrumentos naturalizados em pesquisas de identidade musical e extemporâneas sonoridades composicionais a umas e outras memórias nativas.

A terceira faixa, "Bom Combate", um bom ritmo "suinguing" que cutuca a fera e fere a mão no embalo da canção autoral e personalizada, reflexiva de educação ambiental e crítica ao metanimal que abriga "feromônios" e tem coração (in)alcançável, mas humano. A canção se finaliza em vozes de pássaros, licenciando poesia.

A quarta faixa traz o "Recado", romântico pop  de horas (in)certas, relógios, paradas do tempo do coração que assertiva encontrar-se amando, sentado no banco da praça. Música para contemporâneos concretos da nova canção que por aqui se experimenta e surte sons.

"Fica a dica", quinta faixa, "só tô te dando toque pra você ficar também" ligado na sincopada "eletrônic mangue beat" a baixo e guitarra assinaladas que dão toques de atração sonoras. "In De Gente" fecha o disco que Ravel Rodrigues apresenta em seis faixas pulsantes.

A sexta canção vigora a ritmos e pulsos de linguagem rap concentrada no próprio estilo de visitar e relê caminhos da mesma cepa linguística da música que universaliza poeta, poesia, melodias e exercita sampler a brinquedos renovados a leituras de autor e compositor, com gosto de juventude que essa nova brisa canta.

Rodrigues se desdobra na arte de compor, cantar, violão, guitarra, baixo, percussão, teclado, programação, produção, gravação, mix e master para afinar seu próprio projeto de protestar cultura de subsistência, sobrevivência e agressiva atuação sem perder a ternura jamais.

Foge do comercial e se desvia das indústrias culturais de tradição de mercados e futuros, mas emplaca voz discreta, canção de Ravel aos Rodrigues e outros sobrenomes que compõem a aldeia cultural da cidade verde matiz de propósitos e esperança artística.

Livre arbítrio

a mulheres e homens
por maneco nascimento

Mulher, assim como o homem, tem direitos e livre arbítrio às próprias escolhas. Estar ou não estar com quem queira, ficar ou deixar um (a) parceiro (a) de relação conjugal, sexual, afetivo amorosa, se assim desejar.

Liberdades são da natureza dos gêneros e não de prerrogativa de um sobre o outro. "Quem manda e quem obedece" sempre foi cultura de transgressão inaceitável do macho sobre a fêmea. O Brasil fez escola. 

Infâmia que ainda tem sobrevivido nos anais da "desobediência" do gênero + "fraco" que perde na força e discurso do dominador. Os banalizados obituários da condenada às vicissitudes do mal perdedor. Ele, ou Ela podem e devem ser livres "para amar, livre amar (...)"

Mulher não deve ser possessiva, nem domínio do homem. Homem não é dono de mulheres, não é seu senhor, deve ser parceiro, companheiro, irmão, camarada, marido, namorado, amante, ficante, ...

"O seu amor/Ame-o e deixe-o livre para amar/Livre para amar/Livre para amar//O seu amor/Ame-o e deixe-o ir aonde quiser/Ir aonde quiser/Ir aonde quiser//O seu amor/Ame-o e deixe-o brincar/Ame-o e deixe-o correr/Ame-o e deixe-o cansar/Ame-o e deixe-o dormir em paz//O seu amor/Ame-o e deixe-o ser o que ele é/Ser o que ele é." (O Seu Amor/Gilberto Gil)

A história nacional e estatísticas obituárias nos legam casos, os + diversos, de quem (ele) no rompante de dono do direito dela (mulher) acabou por definir o fim daquela que o preteriu. 

Sem escolhas, ou desprotegidas, mulheres engrossaram números exemplares da banalização de crimes "passionais" e ou premeditados por parceiros que não aceitaram um não. Ficamos, ao longo de décadas, estarrecidos com a espreita, armadilha, sequestro, violência sexual e moral, premeditação e concretização da morte de diversas mulheres brasileiras.

Crimes que se perderam, por vezes, na longa fila de julgamento dos tribunais e prescreveram, alguns, nas apelações e direitos discursivos e convincentes de passionalidade masculinas. 

Casos exemplares, só para ficar em um ou dois, como o de Ângela Diniz (1979), Eliane de Gramond (1981), mortas pelos ex-maridos, "passionais", ou Cláudia Lessin, que depois de morta, foi transportada em mala, foram os primeiros e estarrecedores que ganharam mídia nacional. 

O sumiço da menina Araceli virou lenda urbana. A menina Isabella Nardoni arremessada pelo pai e ou madrasta, pela janela do sexto andar de prédio em São Paulo, um hediondo ato medeico enviesado?
(a Pantera de Minas, Ângela Diniz/imagem reprodução//www.google.com.br/search?q=angela+diniz+morta+pelo+marido...)

Mas, nas periferias da violência contra a mulher, todos os dias uma é condenada a morrer porque algum homem decidiu que assim fosse. Jornalista que destrói a companheira, outro que joga o corpo na lagoa, outro ainda que sequestra, estupra e carboniza. Um diverso de torpeza que foi virando lugar comum.

Antes os brasis dividiam-se entre o que bradava por + justiça e o que ainda insistia na "legítima defesa da honra".

[CRIME
“Não matei por amor”
Sexo, cocaína, champanhe. Quatro tiros. O corpo de uma das mulheres mais belas do Brasil. Depois de 30 anos, o assassino, Doca Street, conta os bastidores de um dos crimes mais célebres do país
ELIANE BRUM

(...) Em 1980, seis maridos mineiros "de bom nível social" assassinaram a mulher em nome da honra. As feministas iniciaram uma campanha: Quem Ama não Mata. Doca Street tornou-se o "machão" que deveria ser aposentado como modelo nacional obsoleto. O primeiro julgamento foi anulado. Em 5 de novembro de 1981, Doca voltou ao tribunal.

Parecia outro país. Na porta, mulheres empunhavam faixas contra ele. Os aplausos se transformaram em vaias. A condenação a 15 anos de prisão do "playboy Doca Street" começou a sepultar a tese da legítima defesa da honra. Ainda hoje o argumento é invocado nos tribunais do interior do país para manter do lado de fora das grades maridos assassinos. Mesmo que ainda sobreviva em um país que convive com trabalho escravo e prostituição infantil, o arcaísmo começou a definhar no dia em que Doca Street foi despachado para a cadeia." (http://revistaepoca.globo.com/acesso 23.12.2014 às 11h27)

Mas, pasmem! Porque Deus é + e movimentos sociais e órgãos públicos engajados também podem ser 10. Graças aos céus, campanhas públicas e em redes sociais, órgãos de defesa do direito da mulher e uma sociedade que verseja mudança urgente, um sinal de liberdade e proteção + positiva vigora no país, já a partir deste final de ano aos dias que virão.

"Senado: Inclua o homicídio contra mulheres no Código...
por Ministério Público do Estado de São Paulo · 28.519 apoiadores
ATUALIZAÇÃO DO ABAIXO-ASSINADO
Vitoria!
Ministério Público do Estado de São Paulo
São Paulo, Brasil

18 de dez de 2014 — A Lei do Feminicídio foi aprovada nesta quarta-feira (17/12) no Senado. Em agosto deste ano, o Ministério Público do Estado de São Paulo lançou a campanha “Senado: Inclua o Feminicídio no Código Penal”, com o objetivo de sensibilizar o Congresso Nacional, por meio do abaixo-assinado eletrônico #LeidoFeminicídio - www.change.org/leidofeminicidio, sobre a necessidade de aprovar Projeto de Lei que tornará o assassinato de mulheres por circunstâncias de gênero, homicídio qualificado, aumentando a pena para quem o pratica.

O feminicídio é o assassinato de uma mulher pelo fato de ser mulher. O crime pode ocorrer no contexto da violência doméstica e familiar, quando envolver menosprezo ou discriminação à condição de mulher, segundo a emenda apresentada no Senado.

A proposta aprovada foi formulada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência contra a Mulher, e estabelece essa tipificação para os assassinatos de mulheres, motivados por questões de gênero.

A lei cria mais uma qualificadora para o crime de homicídio, a exemplo do que já ocorre quando o assassinato se dá por motivo torpe, fútil ou recurso que impossibilite a defesa do ofendido. Com a lei, o feminicídio será punido com pena de 12 a 30 anos de reclusão e passará a ser considerado crime hediondo. A presença de qualificadora objetiva também dificulta a possibilidade desses assassinatos serem interpretados como crimes passionais.

Ao substitutivo da senadora Gleisi Hoffmann foi acrescida emenda da senadora Vanessa Grazziotin, pela qual a pena também deverá ser agravada se o feminicídio for praticado contra idosas, menores de 18 anos, gestantes ou mulher em condição física vulnerável.

O texto agora seguirá para a Câmara dos Deputados, onde ainda poderá ser modificado. Se isso ocorrer, a matéria retornará para última análise dos senadores antes de ir para sanção presidencial." (www.change.org/p/senado-inclua-o-homicídio-contra-mulheres-no-código-penal-leidofeminicídio.../acesso 23.12.2014 às 10h28)

O mundo tem mudado +, às feições de cada cultura e suas idiossincrasias, o Brasil tem mudado muito + e a sociedade agradece, as mulheres festejam e nosotros nos orgulhamos de mudanças que garantam + direitos às mulheres livres para amarem a quem quiserem, quando quiserem, sem que tenham que esconder-se do mal parceiro, de quem não aceita que o mundo é de liberdades adquiridas e protegidas, nem que sejam por leis + rigorosas e pontuais em um Brasil caminhando aos luminares que o aproximam do dias maiores deste século 21.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A burguesia é serva

a burguesia quer estar rica
por maneco nascimento

"A burguesia fede/A burguesia quer ficar rica/Enquanto houver burguesia/Não vai haver poesia//A burguesia não tem charme nem é discreta/Com suas perucas de cabelos de boneca/A burguesia quer ser sócia do Country/A burguesia quer ir a New York fazer compras (...) Mas também existe o bom burguês/Que vive do seu trabalho honestamente/Mas este quer construir um país/E não abandoná-lo com uma pasta de dólares/O bom burguês é como o operário/É o médico que cobra menos pra quem não tem/E se interessa por seu povo/Em seres humanos vivendo como bichos/Tentando te enforcar na janela do carro/No sinal, no sinal/No sinal, no sinal (...)" (Burguesia: Cazuza, George Israel, Ezequiel Neves)

O disco Burguesia, de 1989, em que Cazuza metia o pau, mesmo sendo representante desse estrato social que expunha à expiação pública, de forma estética, artística, crítica, auto crítica e mordendo sem assoprar. Lá se vão 24 anos desde que a canção estourou nas paradas de sucesso e reiterou o quão grande compositor só Cazuza poderia ser, com sua irreverência, anarquia profética e licenças poéticas sambossarock'in high society alternative.

E os dias de novas tecnologias trazem os novíssimos fluxos comunicacionais e + distração e ademais solidão. Sem estar com o outro, mas + estar e não ser da natureza humana. Octavio Paz escreveu há + de trinta anos sobre poesia, modernidade, comportamento e quebra de contacto com a natureza e com seus semelhantes e disse a contexto que aqui se abre à essa reflexão:

"O homem moderno serve-se da técnica como seu antepassado das fórmulas mágicas, sem que aquela, ademais, lhe abra porta alguma. Ao contrário, fecha-lhe toda possibilidade de contacto com a natureza e com seus semelhantes: a natureza converteu-se num complexo sistema de relações causais no qual as qualidades desaparecem e se transformam em puras quantidades; e seus semelhantes deixaram de ser pessoas e são utensílios, instrumentos. A relação do homem com a natureza e com seu próximo não é essencialmente diversa da que mantém com seu automóvel, seu telefone ou sua máquina de escrever (...)" (O arco e a lira. Octávio Paz, pag. 270)

Ainda se referenciava a velha máquina de datilografar, hoje atualizada ao computador, tablet, telemóvel, diríamos. Hoje a natureza humana quer estar + na mídia e evade-se à própria privacidade. Estar na moda, na festa, na tevê, no grupo ostentação e, sem ser, na ausência do ser, está +, mas está + só.

E, como vaticinava o poeta, a burguesia quer ficar no front de espera de ser +, é serva da própria condição de estar burguesa e enquanto houver burguesia, segundo Cazuza, não vai haver poesia. Paz aponta que "o poeta moderno não tem lugar na sociedade porque efetivamente não é 'ninguém'. Isso não é uma metáfora: a poesia não existe para a burguesia nem para as massas contemporâneas. O exercício da poesia pode ser uma distração ou uma enfermidade, nunca uma profissão: o poeta não trabalha nem produz. Por isso os poemas não valem nada: não são produtos suscetíveis de intercâmbio mercantil. O esforço que se gasta em sua criação não pode ser reduzido ao valor trabalho. A circulação comercial é a forma mais ativa e total de intercâmbio que nossa sociedade conhece e a única que produz valor. Como a poesia não é algo que possa ingressar no intercâmbio de bens mercantis, não é realmente um valor. E se não é um valor, não tem existência real dentro do nosso mundo (...)" (O arco e a lira. Octavio Paz, pag. 296)

Salvo as críticas de auto reflexão de Cazuza e as palavras de Octavio que definem poesia e poeta como bens de pequeno valor de mercado e negócios, as  sociedades estão em constante mutação, as leituras direcionadas e acadêmicas blindaram a arte de compor poemas e poesia e dentro do universo do "control c" e "control v" ainda há vida inteligente que se detenha também, e ainda, nas velhas tradições de leituras.

O livro, o papel, caminham paralelo às redes sociais e seus encantos interfluxionais de comunicar. Mesmo em país de pequenos leitores e agora de emergentes e efeméride da comunicação virtual e pragmática, o poeta e a poesia mantêm-se vivos. Porque é da natureza humana sobreviver às novidades e contar que naquele tempo era assim e hoje é assaz.

No capítulo, Os Signos em Rotação, Octavio Paz acrescenta "(...) não ha poesia sem sociedade, mas a maneira de ser social da poesia é contraditória: afirma e nega simultaneamente a fala, que é palavra social; não há sociedade sem poesia, mas a sociedade nunca pode se realizar como poesia, nunca é poética. Às vezes os dois termos aspiram a se desvincular. Não podem. Uma sociedade sem poesia careceria de linguagem: todos diriam a mesma coisa ou ninguém falaria, sociedade transumana em que todos seriam um ou cada um seria um todo auto-suficiente. Uma poesia sem sociedade seria um poema sem autor, sem leitor e, a rigor, sem palavras. Condenados a uma perpétua conjunção que se resolve em instantânea discórdia, os dois termos buscam uma conversão mútua: poetizar a vida social, socializar a palavra poética. Transformação da sociedade em comunidade criadora, em poema vivo; e do poema em vida social, em imagem encarnada." (idem. pag. 310)

Salvo o fundo filosófico de vinculação poética da sociedade com a poesia e desta com as falas sociais, a poesia está para o homem (genérico), como este para a poesia. Alguns com + leituras e + licenças, outros com menores aptidões ao feito poético.

Mas nas imagens arbitradas, cores, linguísticas experimentadas, transversalizadas, gestos simples, corpos que sempre dizem alguma coisa, a poesia se salva, salva e de assalto rompe o asfalto e nos brinda com A Flor e o Ócio, mesmo com a burguesia serva da própria condição de estar burguesa.

Ser ou não ser, eis o livre arbítrio da condição humana. E ainda assim sobra poesia.

Repentes e prosas

causos e causas
por maneco nascimento

O Boneco Benedito

Já fala feito gente

Tem o Cabo Setenta

Que é muito inteligente

Tiridá e João Redondo

São do mesmo contingente (...)(Sampaio, Wellington. Cordéis. Teresina: s/ed.,2014. 1ed. 82p)
(o poeta, dramaturgo e bonequeiro W. Sampaio/image face W. Sampaio)

Histórias e causos e contos fantásticos que a imaginação popular reinventa e transforma em literatura de cordel e reporta, originalmente, aos exemplares rapsodos, aedos, menestréis e artistas viajores que iam de vila à vila, vilarejos a vilarejos cantando, contando velhas histórias orais que o tempo não relegou ao esquecimento. 

“Cordéis”, de Sampaio, também traz esse memorial popular dos repentes, das rimas e da poesia popular que abriu fronteiras, de princípios ibéricos, e ganhou o nordeste brasileiro, à maior referência, e espalhou-se mundo afora por aqui e alhures. 

O Trancoso, o Malasartes, o Joãozim, o Chicó, o Grilo, o Cabôco, o Santo, a Mulher, o Diabo, o Rei, a Princesa, o Coronel, o Cão, o Valentão e um inumerável das personagens do fantástico universo dos ditos e causos das vozes e falas sociais dos povos, em seus mundos de alegorias e fabulares identitários.

Quem bebe da fonte de quem? Mário de Andrade, escarafunchando os mitos populares, nos legou à crítica social dos costumes o famoso Macunaíma. Orígenes Lessa e a literatura de cordel e outras prospecções do memorial popular. Câmara Cascudo e a catalogação do folclore a novos olhares curiosos que mergulhassem na antropologia cultural primordial.

Das iniciativas que vieram de além mar e no caminho de volta encontraram reconhecimento das próprias origens, a literatura de cordel se sustenta e conspira à própria força na identidade e pertencimento. Por aqui, um dos + exemplares sinais de verve poética e cultural está no Festival de Violeiros, com uma longevidade invejável. 

As edições de agosto reúnem violeiros, repentistas, poetas, artistas, cantores das + diversas regiões brasileiras e conta a própria história há + de quatro décadas. Projeto da Associação dos Violeiros do Estado do Piauí, que tem como um de seus pilares o catedrático Pedro Mendes Ribeiro, recebe o patrocínio do GrupoClaudino, na pessoa do apaixonado pela arte repentista, o empresário João Claudino, e é um feito ao livro dos recordes por manter chama acesa à cultura e arte imateriais inestimáveis.

A Fundação do Cordel – FunCor, também tem seu papel pedagógico e didático ao editar a Revista de Repente e manter uma feirinha de cordéis em pontos estratégicos de transeuntes e visitação pública. Pedro Costa se garante e cumpre papel sócio cultural ao interagir com escolas e abrir a atenção de escolandos a arte dos repentes e cordéis.

Dos livretos linotipados às xilogravuras expressionistas e significativas em capas de cordéis, a arte descambou nas novas tecnologias e novas produções, em série, que dão segmento de apelo às indústrias culturais e sobrevivência da espécie. Está no novo tempo e devora o tempo e vomita as novidades que o mercado exige. Faz-se novo, sem perder a essência. A arte se instala e marca sua geopolítica cultural.

Dessa nova feitura e com perfil de livro, de bolso, Wellington Sampaio lançou, nesse 2014, sua obra que reúne linguagem, fantasia, traquejo produtivo textual apropriado e o peculiar humor e ironias crítico reflexivas, também, através da arte da escritura do cordel. 

Das pérolas editadas na obra, O Cabôco que enganou o Santo; A Heroína Injustiçada, numa homenagem a heroína de Inhamuns, Jovita Alves Feitosa; a série, Joazim da Mãe de Deus e o Mistério dos Sete Pares de Sapatos, Joazim da Mãe de Deus e a voz Misteriosa, Joazim da Mãe de Deus e a Peleja com a Coisa Ruizim; O Mamulengo em Literatura de Cordel e fecha o livro com O Cordel na Informática.

Não há como não ler e, muito menos, resistir ao envolvimento natural que existe na recepção da literatura de cordel. Wellington Sampaio tem bom humor, a carpintaria dramática do teatro de bonecos que lhe deu desenvoltura, também instaura facilidade de evocar as rimas e versos em reverso da literatura de cordel que ousa acordar na métrica poética do inventário popular. Ritualiza passagem nas letras criativas, divertidas e premeditadas na história do fantástico e fabuloso do cerco de cordel.

"Cordéis", de Wellington Sampaio, é praça de boa leitura.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Evoé, Teatro "Nazaré"!

bota, no Bolso, novas cenas
por maneco nascimento

Era 13 de dezembro, noite de sábado. Em dia que se comemora o nascimento do Rei do Baião, Luiz Lula Lua Gonzaga, também era aberto, na cidade, um novo equipamento cultural. Uma Casa de espetáculo, independente e fora dos circuitos de espaços públicos oficiais, na região da grande Dirceu.

O Teatro "Maria de Nazaré Néri" nasceu da ideia e persistência do ator, diretor, dramaturgo, Wilson Gomes de Sousa que, num ímpeto de feliz iniciativa, argamassou insistida ação de construir, ao lado de sua residência, uma Casa para receber espetáculos, ensaios e encontros de louvores e chegadas ao deus Baco e sua redimensão da arte e mímesis da natureza humana a espíritos, rituais e ritos da cena dramática.

Em cada tijolo, barro, areia, pedra, cimento, operário e construção, um investimento na ópera ardente, erigindo um templo de arte, cultura em favor do exercício do fingimento e práxis de dizer ao outro o dito e o interdito na linguagem do teatro Casa que acolha o teatro Ato de imitar a própria natureza ampliada à fantasia, lúdico e expressão artística cênica. Expectativas plantadas na arquitetura erguida e feito obra pronta, Teatro "Nazaré".

Naquela noite, de 13 de dezembro, os amigos chegaram, os vizinhos encostaram, os parceiros pequenos empresários, apoiadores de sempre, compareceram, a família confiante e artistas, atores, crianças, velhos, jovens, jornalistas, blogueiros e fotógrafos telemóveis de plantão acorreram à novidade. Todos vieram ver, registrar, participar da alegria de Wilson Gomes que entregava à comunidade um Teatro de Bolso.

No corte de fita, as palavras de recepção de Sandra Farias, em acolhida aos presentes. Eram 20h48 e Fátima Carvalho, amiga de longa data, também fez vez da palavra para confirmar a luta do artista em erguer sozinho, com seu próprio esforço e recurso, aquela que seria, a partir daquele momento, um centro de agregação da arte do teatro. Fita descerrada, público adentra e acomoda-se para assistir ao espetáculo convidado à noite.



"Flor de Mandacaru", texto e direção de André Ribeiro, montagem da Cia Fama Teatro, de Caxias - Maranhão, abrilhantou a solene abertura do Teatro de Bolso. Companhia convidada à abertura do Teatro de Bolso "Nazaré", prontamente aceitou e cumpriu votos cênicos não só ao ritual de passagem de construção à finalização como matéria prima, irmã, mãe, entregue a campo de atuação prática, como também comemorou triplamente a data e os artistas.

Naquele 13 de dezembro, recebiam homenagens o aniversariante da data, o Lua do sertão nordestino, com espetáculo temático variável entre os sucessos de memórias afetivas do agreste e canções do memorial da terra do "Norte" brasileiro; a mãe do ator Wilson Gomes, a dona Maria de Nazaré Néri (in Memoriam) e o próprio artista, proprietário da Casa de espetáculo, Wilson Gomes, em seus 37 anos de carreira ao teatro amador piauiense.

 (Flor de mandacaru e o mocinho, seu amor/acervo da Cia Fama Teatro)

Da Cia Fama Teatro, para "Flor de Mandacaru", um enredo de grupo mambembe que viaja os vilarejos, vilas e cidades, apresentando seus dramas e comédias. Na trama, um drama em tragédia contida na tragédia romântica de morte do mocinho e seguir caminho da mocinha, enredada na perda do amado. O metateatro repete a morte e a morte do bom rapaz, na peça encenada na peça, e na vida real da trupe que representa a vida del'arte na dramaturgia encenada do Grupo.
 

 (cena de Flor de Mandacaru/acervo da Cia Fama Teatro)

O elenco canta, dança passos populares a xotes e xaxados nos pés e geografia espacializada no drama, representa metalinguismo de expressão trágico em deslizar de ações também ao risível e humor provocado ao eixo de intenção clownesca versejada. Sucessos de Gonzaga permeiam a narrativa do Grupo viajor e ilustram adaptação à base do cancioneiro gonzaguiano.

A Cia Fama Teatro engrandeceu a própria arte, enquanto solidarizou performance do teatro caxiense, durante as festas de abertura do Teatro de Bolso "Maria de Nazaré Néri". Alegria, verve de viver e fazer teatro e compromisso, com o movimento de sobrevivência teatral, em município maranhense que envereda dialogismo com a cena e centro de dinâmicas de teatro de persistência em Teresina.

 (elenco da Cia Fama Teatro/acervo da Cia.)

De parabéns estão a Cia maranhense convidada a compor a inauguração do Teatro "Nazaré", convocada a ritualizar festas em louvor aos deuses conspiradores da arte dramática e de labor de mortais, condutores dessa arte que a todos encanta e instrui em manter acesa o ato de ser e estar Teatro Casa e Teatro ação cênica.

Somam-se aos parabéns o proprietário do Teatro de Bolso, Wilson Gomes, os artistas das cênicas da cidade e a comunidade do Bairro Extrema - Parque Jurema, que agora detém sua própria Casa de espetáculos para conferir o que Teresina tem para mostrar lá, em seu local de interação e convivência comunitária.

Wilson Gomes de Sousa e seus parceiros finalistas desse projeto, engajados em virem o sonho do Teatro de Bolso realizado, devemos a eles respeito e admiração por darem à cidade obra concluída, o Teatro de Bolso "Maria de Nazaré Néri".

Evoé, Teatro "Nazaré"!

Serviço:
Teatro "Maria de Nazaré Néri"
inaugurado dia 13 de dezembro de 2014
endereço - Rua Desembargador Antero Resende, 4535
bairro Extrema - Parque Jurema
próximo à Cavalaria do Comando da PMPI
"xis" com o Mercadinho Braz

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

República dos Desvalidos

Itararé, eternamente
por maneco nascimento

Itararé, a República dos Desvalidos, texto escrito por José Afonso de Araújo Lima e encenado pela primeira vez em 1986. Sucesso da década de 80, teve uma nova leitura à cena em 2006, quando computou vinte anos desde a primeira montagem e, em 2014 abre o leque a + uma leitura. Na primeira  iniciação, Zé Afonso era o diretor do espetáculo, lembra o ator e diretor de teatro Wilson Costa, que continua na equipe da peça.
(Zé Afonso, autor e diretor de duas montagens/imagem reprodução)

Wilson diz que foi convidado por Afonso para ser assistente de direção do espetáculo. "Sim. eu estava em um momento que iniciava no teatro. Fui convidado pelo Zé Afonso pra ser assistente de direção. Comecei muito a aprender sobre teatro, vendo ele dirigindo. Sempre fui fã do pessoal que fazia teatro, Lari, Fábio, Eleonora", lembra. Informa que depois entrou o José da Providência e "transformou em cenário de circo e os figurinos mais leves ficaram", conta.

(Provi deu a leveza do circo à peça/imagem reprodução)

A montagem de 2006, relembra o ator, tinha a Orquestra Sinfônica. "Mais clássica, entraram o Marcel e Bid e Claudinha, fazendo a beata", aponta Wilson. Também desfia as outras beatas que passaram pelas montagens, Cândida Angélica, a primeira beata, Izinha Ferreira, a segunda, Claudinha, a terceira, e "agora, a Edithe Rosa, a quarta beata, nessa montagem de 2014". Passaram pelo espetáculo, ainda, a atriz paraibana, Eleonora Montenegro, que fez a Rosa Pacu.

Das experiências de Costa, diz que  trabalhar com Providência, em 1986, foi quando passou a criar adereços e foi assistente de figurinos, criados por Helô Cristina. Também assistente do espetáculo, de modo geral, "fiz maquiagem e contrarregragem". 

(cena da macumba, de 2006/imagem reprodução)

Da montagem de 2006, direção de Zé Afonso, contribuiu como aderecista, maquiador e contrarregra. "2014, somos hoje. Faço adereços, sou contrarregra e maquiador. A experiência é muito interessante, porque você vê o pensamento e a visão de cada diretor, sobre a dramaturgia de Zé Afonso. Agora, em 2014, o circo tá mais forte. Mais escrachada, mais leve. Eu lembro que, com essa montagem, me vem à cabeça o primeiro espetáculo que vi do Grutepe, que foi Guerra dos Cupins. Lorena, Lari, Fábio, Lurdinha, em cena, me apaixonei pelo teatro", finaliza.

Nessa montagem de 2014, sob a direção de Arimatan Martins, outro viés é apresentado pelo dramaturgo de cena do Grupo Harém de Teatro. Arimatan diz que nessa nova leitura, o resultado se chamará República dos Desvalidos. "Perde o nome Itararé", confessa ao direcionar novo foco dramático a um dos + vistos e aplaudidos espetáculos que Teresina já viu e que outros estados e festivais premiaram.
(Ari dirige "República dos Desvalidos", montagem de 2014/imagem reprodução)

Lari Sales, que recebeu a alcunha de Dama do Teatro Piauiense, com + de quarenta anos de serviços prestados ao teatro amador do estado, também tem ótimas lembranças das revisitas ao espetáculo. E Itararé, a República dos Desvalidos é muito e tudo que melhor já conseguiu realizar no Grutepe. E quando fala da montagem de 2014 credita que há sempre uma novidade. "Tô, tudo um sentimento novo pela peça, agora. Tô tudo três visões das montagens. Cada uma é um espetáculo diferente. Fazer Itararé agora é trazer de volta o que tem de melhor do espetáculo piauiense", se empolga a atriz.

Para ela é a oportunidade de mostrar à nova geração que não conhece essas pessoas e o quanto elas são capazes de realizar, informa, ao se referir ao elenco que reúne ela, Vera Leite, Bid Lima, Edith Rosa, Marcel Julian, Eliomar Vaz e Fábio Costa, todos sob a direção de Arimatan Martins e Produção Executiva de Zé Afonso.

Reforça Lari Sales o crédito que esta é a terceira e última intervenção que Itararé vai sofrer. A primeira era pop, aventura musical. Uma juventude numa aventura no próprio espetáculo. Foi divisor de águas do antes e depois. "Então a gente tinha a intenção de mostrar a segregação de quem morava em conjunto habitacional. Em 2006 era um pretexto à remontagem. Era tão bom, era acadêmico. É um clássico. Mais erudita e tão popular que talvez a experiência de eruditizar não tenha funcionado muito bem ao público", confessa.

Lari defende que "somos populares demais. Somos circenses demais. O erudito era bonito, mas o popular engolia a dramaturgia" e ainda assim ficou de lado. A montagem mais erudita, seria mais musical. A música tem muito destaque, afastou o público", diz. "A erudição desviou o foco principal. O público comum se afastou. O erudito sobressaiu e o resto ficou apagado. Na minha opinião pessoal, não funcionou a erudição, houve descontinuidade", constata.

A terceira edição, reflete Lari Sales, está fechando com o Teatro Pesquisa. "A terceira resgata o ator e a cena,  a música vem colaborar. É a hora dos atores, do teatro aparecerem. A música e a expressão corporal trabalham em função do ator. Vamos pegar pelo humor nordestino, do drama do circo. uma surpresa para quem viu as duas montagens anteriores. A leitura do Ari foi de envolvimento de todo o elenco, estímulo aos atores e à plateia", garante Lari.

Na montagem passada, se refere a 2006, "nossa, que música linda. Na primeira, Eleonora sabia dançar. Na segunda, a Vera sabia cantar e agora a peça será dos atores. Mergulho na dramaturgia do autor para os diretores e atores. Eu queria essa mudança. Essa montagem é a definitiva. Vai satisfazer a gente. As três montagens é em forma de poucas temporadas", computa, ao incluir a direção de Zé Afonso, primeira, a de Providência, dentro da primeira, que seria a segunda e, de novo, a de Zé Afonso, a segunda, tida como terceira, no raciocínio da atriz.

E adianta, "sucesso. Pausa. Dessa vez é botar o espetáculo em cena, mostrar a todo o Piauí. Se fazer com que ela valorize a plateia. Não tem que ficar na bagagem, tem que ir para o público", fecha o assunto.

Itararé, a República dos Desvalidos, ou República dos Desvalidos, como vaticina Arimatan Martins, o espetáculo tema de Zé Afonso volta à cena, nesse dezembro. Faz pré-estreia, nesse dia 16, terça feira, no Equipamento Cultural CEU, localizado no bairro Santa Maria da Codipi.

O elenco azeitado, à essa nova investida, começa a demonstrar o circo brasileiro dos Desvalidos, a partir das 20 horas. E promete que vai quebrar o gelo de quase trinta anos, desde a primeira montagem. Em janeiro faz temporada no Theatro 4 de Setembro e circula o interior do estado e Brasil afora.

É ver pra crer.

Let's play... Pat!

canções a Anjos e Tortos
por maneco nascimento

Pequena e notável, em desafio de desafino ao coro do contentes, Patrícia Mellodi chegou muito bem, obrigado, mora bicho? O seu show homenagem a Torquato Neto, estreado no Rio, e trazido a Teresina, foi o que é  e está todo à prosa, poesia, música, harmonia musical arranjada a pops reinventados, à base de novidade variável ao mesmo tema, com gostinho de guabiraba, cajú, banana, goiaba, murici, tamarindo, manga e buriti.

(Mellodi: Pequena e notável nas vozes de Torquato e parceiros/imagem divulgação)

Mellodi se representou bem, enquanto cantora, intérprete, voz, suavidade desafobada e economia no palco para Torquatos, netos, primos, pai, amigos, admiradores, intelectuais e poetas e músicos e público versejoso de ver, cantado, o poema cunhado a machadadas à canção brasileira.

A noite era 15 de dezembro de  2014, o Theatro, o 4 de Setembro. A hora, a partir das 20, foi tempo de espera e expectativas, mas compensados ouvidos e curiosidade local ao que se propunha Patrícia Mellodi, dirigida por Márcio Trigo, acompanhada de uma Banda afinada e muito presente e, claro, blindada pelo seu "Anjo Torto", o show.

Mamãe Coragem dá a primeira e decisiva inflexão sonoro musical ao que tinha por vir e veio para misto de rock pop bossa tropicálias ao vento geleias gerais geradas a dias Ds e adeuses pra não + serem esquecidos poeta, poema, música, arranjos delicados e geracionais de ousados em tradição e, rupturas gauches às novas gerações que espreitam também escorpiões encravados na própria melodia, ferida nas cordas e batera que inferem elegia aos urubus no telhado. 

Let's Play That, Let's play Pat! reiteram e fecham, em grande estalo melódico, premeditado, o divino maravilhoso suscitado em "Anjo Torto", o show.

Roteiro musical preciso, sem gordos sagrados virtuosos dantes. O poeta e sua canção para hoje, ontem e sempre torquatiados em sonoros renovados arranjos. A Luz, de espetacular presença leve, cenotécnica em tecnologias aproximadas, e de efeito pragmática, a esconder e mostrar a seu tempo de cena e fugas e voltas ao palco, no mapeamento de músicos, intérprete e ações de contrarregragem.

À Cenografia de memórias icônicas projetadas em telão, interação de linguagens e ilustração de um tempo de revisitar o homem lobo do próprio homem, segundo Hobbes, em imagético de podres poderes e canais de sobrevivência no mundo cão nosso de cada dia.  Os discursos de imagens e poesia e licenças se aliam, confluem dramaturgia de experiência e vidas traduzidas em obra a signos, símbolos e canções.

O Som, operado por Zé Dantas, sem ruídos na comunicação. Ninguém poderia apontar qualquer variação que não fosse de confluir a todo o resultado de que tratou a ótima performance da cantora Mellodi e sua trupe de + artistas e cronner assistentes, que vilões a la fábula infantil mariaclaramachadiana. Afinados e contentes, presentes desferrolhados feitos pedaços de si, do poeta, da melodia e harmonia de saberem tocar um bom instrumento e de cantar, também, em terceto, quando a dramaturgia pediu.

O Figurino apresentou Patrícia em seu macacão branco, meio seda pantalon e aberto dos lados. No dorso frontal, peitos em divinos escondidos por plataforma, escudo, na estranheza do modismo e assinatura de alta costura conceitual. Sem aparente ligação com a dramaturgia poética e musical, os peitos protegidos por "cosseler estilo pit bul", ou "orelha de gato",  reto e, ao perfil dos ombros, pareceu desnecessário, mas à artista e sua ação parcerizada na gesta criativa, desafio e desafino dos contentes. 

A plataforma, salto alto, ao tempo de crescer a artista e ser memória afetiva de Carmem, a notável Miranda, em seu estilo de bem equilibrar façanha e arte conquistadas. A intérprete se mantém com classe e estilo e artístico vazado aos poros e canta, dança, interpreta, recita e interpõe-se ao poeta e à poesia pronome pessoal intransferíveis.

Na mudança de figurinos, contrarregra estético dramático, Mellodi investe em uma saia psicodélica que, ao movimentar-se, cria efeitos caleidoscópicos e ou calçadas niemeyanas a copacabanas lembradas. Atrai, nesse momento sinais de tropicalismo. Um dos melhores "insigths" do figurino. O outro, é o da capa nosfertorquatiana com que Patrícia fecha o cerco do grande show para Let's Play That.

A bandeira, ao vento e ombros da artista, introduzida, em determinado da hora encenada, com os dizeres a discurso emblemático e falas particulares a escapismos e defesa de ser cogito de quem viveu tranquilamente todas as horas do fim, também traz margem entre o panfletário limpo, coletivismos das massas lembradas e templo de descanso e túmulo do poeta, em dramática ação profética da dramaturgia da direção de "Anjo Torto", o show.

Patrícia muito à vontade, desliza fagueira e desfolha alegria resplendente, cadente, a calor girassol, doce em canção de branca em mulata malvada e é a mesma dança a meu boi, na sala de estar bem, para cantar bem e madura, seja marcha rancho ou outras pérolas prospectadas ao show e, plurialva contente brejeira salva, em lindos pendões de seus olhos musicais que irradiam tropicália bananas ao vento e saúda olhar que irradia força e energia para cantar em versos e prosas e anarquias e rebeldias às relíquias do Brasil apregoadas por Torquato.

(Torquato Anjo Torto Neto/imagem reprodução)

O show detém uma quebra, rito de passagem, quando interpreta "Adeus", do Poeta e Edu Lobo. Dona de si e de sua voz, não deixa margem para comparações. Faz parte do seu show e canta com total tranquilidade e acerto das notas diferentes aos graves e agudos transversados da canção despedida e icônica.

Dantes e dali, então, fruta madura em toda a copa da planta adubada, Mellodi é escala de ascensão, irrepreensível, do início ao começo do fim do show. Finaliza roteiro com toda e total segurança de cantar e estar em cena.

Das falhas trágicas, duas não passam despercebidas a quem não foi só enlevar-se com o canto da nereida. Concentrada, sem nunca perder ritmo, ou distanciamento atento e forte, a intérprete conseguiu, no positivo, colher em sutileza do olho da gata o brinco de pressão que caiu da orelha direita e, num recurso improvisado, retirou o da esquerda, atirando-os ao chão de trânsito da cena.

O que pareceria despretensioso e anarquista surtiu sujeira a quase ponto negativo. Noutro momento, ao retornar das coxias, num impeto de improviso, arrancou a bela saia e "rebolou-a" na zona de fuga. Pareceu + descuido e afobamento do calor da emoção que marca dramática ensaiada. Ação desimportante ao todo, tão bem. E, no linguajar cênico, sujeira do campo profano dos deuses dramáticos.

Afora essas pequenas falhas trágicas, Patrícia Mellodi está cantando + que + e, vinho, de safra maturada, deixou no gostinho sorvido sabor de quero bis. Ousadia compensada, talento confirmado e respostas efusivas da plateia que não perdeu a única e oportuna noite de dialogar com o poeta, a cantora, os músicos afiados na canção e instrumentos falantes, e a canção brasileira construída a qualquer estação.

Mellodi é show! E, "Anjo Torto", na sua emoção à prova dos nove, é geleia geral brasileira, pindorama, é país, Carolina, carne seca, janela, futuro às vozes de Torquato. 

Desafina o coro do contentes.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Divina arte

pinceis atomizados
por maneco nascimento

A Casa da Cultura mantém até dia 19 de dezembro deste ano, Exposição que reúne três grandes artistas visuais da cepa teresinense. Fátima Campos, Tupy e Gabriel Archanjo dividem espaços da Galeria "Lucílio Albuquerque" e Sala Anexa (antiga Pinacoteca) à demonstração das + novas criações que levam sua assinatura. A Exposição faz parte do Catálogo de Artes Visuais de Teresina 2014.

Os trabalhos expostos estão dispostos à exploração pública, a ver: na Galeria "Lucílio Albuquerque", ponta do éle da Galeria (lado oeste, à direita) fica o trabalho da artista Fátima Campos. Do lado norte/sul da "Lucílio Albuquerque (cabeça do éle, seguindo da entrada da Galeria à frente) está plantado o sinal de ícones a Deus, no ponto de vista tupyniano e, no leste da "Lucílio" (esquerda) expõe Archanjo.

De Fátima Campos, cinco telas e cinco peças em cerâmica vitrificadas. Das tintas, tela 1: Corpos e sinuosidades femininos marcam cores e apreensões de mulheres em anatomias desenhadas - 2008; tela 2, Perfis de riscos e traços sobre tintas - 2012; tela 3, Rostos e corpos comunicam - 2002; tela 4, O beijo do casal em abraço caliente - s/d e tela 5, Um olhar à bunda que se afasta apressada - 2002.

 (telas e centopeias comunicantes: FátimaCampos/imagem www.portalpmt.teresina.pi.gov.br)

Das peças em cerâmica, um corpo (dorso) feminino em decúbito dorsal abre uma comunicação de membros e cabeça do tronco vazados, pelas bordas (coxas e semi ombros) abertas ao eco e canal de ar; um corpo (dorso) feminino em decúbito frontal, bunda, costas p'rao céu e, ao detalhe, peitos espremidos e expostos na "areia", topless na "praia" em descanso do corpo em decúbito frontal.

Da série centopeias comunicantes, em sons silenciosos à dodecafonia. Três peças, duas estão à forma de semi luas ou portais ao túnel de atração e a terceira de papo para o ar, recolhendo o vento que entra no centoduto.

(centopeias comunicantes: FátimaCampos/imagem: www.portalpmt.teresina.pi.gov.br)

De Tupy, a série "Cabeça de Deus". Na primeira peça, "A Muta", as caixas de surpresa aparentes às memórias em fundo da arte visual (cabeças de bonecas ouvem, falam, riem, cochicham umas às da outra ponta, se complementam em rostos, viradas de ponta cabeça). Completam a "cena", uma mesa e seus arranjos com toalha crochê. Sobre a mesa um jarro, dentro do jarro uma planta, aparentemente, seca. Ainda sobre a mesa, uma chave para Rebeca? Na parede, ao fundo, um relógio marca 5 horas. Reveste a pintura, a sua proteção, uma tela de filó. No filó, desenhado à renda gasta, suja pela poeira do tempo e costurada, um jarro de flores brancas em rendas já amareladas e carunchadas.

A copa das flores de renda, no jarro externo, sobrepõe a planta do jarro da caixa interna e forma a copa deste. Arte pintura de sobreposição de tecidos e rendas, em alto relevo, variando do preto ao ouro rococó. memórias esquecidas e gastos ao tempo.

A segunda obra, Superus/Inferus. Tela em negro, estandarte com corpo humano despencando de ponta cabeça do Superus ao Inferus. As bordas abaixo do estandarte, rasgadas em tiras e presas a pedras de fogo, dispostas no chão (prisão, grilhões inferiores) rochoso fragmentado. No estômago do corpo que (de)cai uma caixa preta sem tampa e seu interior espelhado. No centro da caixa, duas lâminas (facas, peixeiras) xipofagadas pelos cabos penetram as extremidades norte e sul da caixa, vazam-na ao ar exterior. O corpo alto relevado na tela é composto por bonecas (bebés) miniaturas.

(série Cabeça de Deus: Tupy/acervo: www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/

As vidas infantis, corpos humanos refletidos em conjunção anatômica, ou denúncia de perdidos no corpo que (de)cai, a dialética de infâncias exteriores, mas presas à caixa de reflexos e atrações interiores da humanidade recriada à própria imagem.

O Filho Traduzido, terceira obra, estandarte em preto dominante e borda superior (norte) em branco. Ao branco, o número 1, grafado em preto, e um losango, vazado, perfilado em ouro. Rumo ao céu (norte), em ascensão, um anjo bebê, cor branca, nu. Sua ascensão está laureada por difusa figura em ouro (tinta fosforescente). Reproduz sugestão de anjo superior e protetor do anjo infante. Abaixo do anjo, uma circunferência reflete a Terra de carvão, amarrada por fios em ouro. O anjo (figura divina) evolui da Terra, estéril, carbonizada e negra. Abaixo da Terra, à direita, canto, uma fogueira em feixes de luz, labaredas, raios, aquecem o lado direito do mundo estéril, inerme, negro.

Ironias reflexivas do artista ao tema nossa Terra, nossa gente carvoeira e madeireira que vende o globo à sorte da própria morte.

À criação O Pano da Donzela, quarta tela, Tupy aplica ao estandarte branco, morim, impregnado da memória variável às cores do marrom ao negro. Sobreposta à imagem da mulher sugestionada, ou da memória perdida no tempo desta. Um feixe de amarelo ouro sobe do sul (pés) da mortalha. Do tronco à cabeça do sudário, um ramo de flores trepadeiras em rendas gastas. Onde seria o coração da ramagem (desejo da mulher) uma caixinha composta de madeirite amarelo e, no centro da caixinha (coração) a tintura em ouro. Nesse coração quadrado, ordenadas letras geram, de longe, a ilusão de ótica à palavra amor. Mais de perto, observado, lê-se as siglas A1 M1 D2 G4.

A primeira "pintura", finalizada em morim, é "protegida" pela segunda pele, em filó, com sobreposição do tempo envelhecido nas flores de renda gasta. O tempo do olhar do artista registra o tempo de esperas, do enxoval à mortalha, sugestão de amores desejados e ou perdidos no tempo sem tempo, as coisas que passam pelo tempo é que gastas.

Sua quinta tela, em negro total alto relevado por "corpos estranhos" circunferentes. Malha preta forçada por três corpos circulares (bolas grandes), esta protuberância na tela negra poderia definir um corpo grávido, em deslocamento, de matéria que estica o vácuo, espaço curvo da gênesis feito princípio da espécie? Título da obra: TSADKIELNITH - HAIAHMENADEL.

Uma invocação do princípio de Tudo? Só o artista diria que sim, ou não, para tema que reflete Criador e criaturas, em vieses do olhar mortal ao Divino especulado. Um corpo em sinuosidade de gravidezes das vidas, ou planetas ainda no vácuo, escuro, forçando matéria de si mesmos, no início da conjunção do Verbo.

De Gabriel Archanjo, três painéis homogeineizam a caixa de observação com um monolito ao centro e, no ponto de observação, um banco extenso, cor branca, para que visitantes sentem, observem e façam a própria leitura do mundo, do artista reproduzido.

Painel 1, as florestas e fugas da humanidade. Das passagens rompidas, ou de algum ponto de salvação e trânsito, um homem percorre a vida entre o (in)consciente, expressionismo e impressionismo onírico, ou do mundo dos sonhos. Tema de fragmentadas pinceladas homogeineizam do micro ao todo, das tintas do artista, que povoam a obra 1(na esquerda da Sala, ponto do observador). Sementes fechadas, semi abertas, eclodem vidas no mundo paralelo, um quase surreal que impõe-se à criatura, rompendo as próprias dificuldades em cunho de liberdade. 

Painel 2, entre a matéria conhecida, visualizada em signos arbitrados pelo homem, o mundo se desenha em surreais e expressivos dos traços em vermelho fragmentados. Mapas e geografias cartografadas e pontilhadas em branco, e em outros espaços, em branco e preto.  Entre limites geográficos e efígies humanas, um sinal de átomo e signo de radiação atômica se espalha, em pontos estratégicos do painel de "continentes" armados. Circulares da energia atômica marcam 4 mundos progressistas.

Painel 3, um talvez mar para baleias e medusas, algas e águas marinhas num revolto mundo dentro do mundo dos homens. Vidas que seguem seu curso, no real ou surreal de existir.

No centro da Sala, com monolitos plantados ao chão e, protegidos na raiz por pedra paralelepidadas, estão três canutos, que guardam, na parte externa, a reprodução dos três mapas (painéis) expostos, no espaço de expiação (caixa aberta de Pandora). A caixa convida a refletir a arte, a vida, a inquietude humana, através dos traços e pincéis do artista.

Sentado, num banco comprido e branco, o observador à caixa de Pandora reflete-se ou "sentado à beira" da caixa entreaberta "chora" ao se ver filho e pai do mundo que o criou e foi recriado pelo próprio homem ao futuro.

Gabriel sociologiza. Tupy filosofa e Fátima Campos ama e espia a própria natureza à expiação pública.

Um tempo de divinos se instala na Casa da Cultura de Teresina até dezenove de dezembro. quem quiser conferir beleza, arte e humanidade refletida corra lá e veja o que seus olhos puderem enxergar.

A arte ainda é tema de humanidade e espíritos livres criadores!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Hoje é Dia D'Harém

parabéns, pra você!




(Raimunda Pinto, Sim Senhor! [Pellé, KK, Moisés e Jorge Carlo/acervo Harém)

Hoje é Dia D comemorar 29 anos do Harém Pictures de Teatro, ou como é + conhecido, Grupo Harém de Teatro. Beirando à meia idade, o Harém tem dado uma grande contribuição às cênicas locais e, expressivamente, reconhecido nacionalmente por sua linguagem, particular, de humor cáustico, histriônico e que repercute o homem brasileiro no centro da cena, como sempre defendeu um de seus fundadores e diretor de cena e dramaturgia de palco, Arimatan Martins.
(O Assassinato do Anão do Caralho Grande [Bid, Marcel, Layane, Ozanan, Joãos Vascô, KK, Pellé e Fefê/acervo Harém)

Falar do Harém, sem chover no molhado, é dizer da ousadia, persistência, investimento de formação e reforço de plateia local e detentor de números de prêmios e reconhecimento aqui e alhures, para ninguém botar defeito. Mas, caso haja defeito, que ninguém é Deus, e Baco não se nega, é do ofício, da natureza das experiências e, na linguagem dramática, falha trágica para refletir e transformar-se a si mesmo e a quem acompanha, tieta e faz parte do show de cena hareniano.
(A Casa de Bernarda Alba [Fefê, Bid, Maneco, Tércia e KK]/acervo Harém)

Em 19 anos que estive no Harém, mesmo tempo de duração do fenômeno de público, Raimunda Pinto, Sim Senhor!, texto de Chico Pereira da Silva, natural de Campo Maior, com direção de Arimatan Martins, nada a declarar que não sejam elogios, respeito, orgulho e afinidade de estéticas. O Harém urge presença e teatro que representa muito bem ao estado e à nação de dramaturgia, por excelência, brasileira. "Doelha a quem doelha", o Harém se garante e "não está prosa", está prosa , teatro, poesia, luz, sons, fotografia, pintura e os silêncios e respostas da ciência criativa dramática.
(Macacos Me Mordam - A Comédia [Fefê, KK, Kiko]/acervo Harém)

Da diretoria, "hardcore", chega essa informação de memória e história do teatro piauiense, hareniano, que reproduzo abaixo. Obrigado, KK, pela garimpagem que lança a olhares de quem tem fé, crença e atração teatral pelo nome Harém.
(Abrigo São Loucas [Pellé, Fefê, KK]/acervo Harém)

"GRUPO HARÉM DE TEATRO – ANO 29

O Grupo Harém de Teatro surgiu em Teresina durante a realização da SEMANA CHICO PEREIRA, no mês de Dezembro de 1985, em homenagem ao grande dramaturgo piauiense, reconhecido nacionalmente. O Grupo apresentou a peça Os Dois Amores de Lampião antes de Maria Bonita e Só Agora Revelados, e depois se uniu ao espetáculo Raimunda Jovita na Roleta da Vida, formando junto com Raimunda Pinto, Sim Senhor! e Ramanda e Rudá a tetralogia RAIMUNDA, RAIMUNDA.

A montagem do Grupo Harém teve grande repercussão em Teresina, conseguindo diversificar o público, tornando assim o teatro moderno mais popular. Depois de grande sucesso no Estado do Piauí, o Grupo foi representar o Estado em festivais nacionais, com merecido destaque.

Em 1987 apresenta na abertura do “VII Salão de Humor do Piauí”, o espetáculo A Farsa do Advogado Pathelin, de autor anônimo do Século XVI.

Em 1992 o Grupo monta a peça Raimunda Pinto, Sim Senhor!, de Francisco Pereira da Silva (Chico Pereira), alcançando grande sucesso de crítica e público. Contabilizando mais de 1.000 (mil) apresentações no Piauí e em diversas capitais brasileiras. Participou de 04 (quatro) festivais nacionais, recebendo 14 (quatorze) prêmios, nas mais diversas categorias: ator, direção, música, ator-coadjuvante, etc.

Em Julho de 1994, participa da “Temporada Nacional de Teatro, em Brasília – DF”, que aconteceu no Teatro Dulcina, sendo considerado o Melhor Espetáculo. No mesmo ano faz temporada no Teatro Cacilda Becker e Teatro Noel Rosa, no Rio de Janeiro - RJ. Ainda em 1994 monta o espetáculo infantil O Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado, com boa recepção por parte do público piauiense.

Em 1996 monta o espetáculo Auto do Lampião no Além, de Gomes Campos, trazendo para compor a equipe técnica os profissionais: Maneco Quinderé, criador do projeto de luz em conjunto com o iluminador do Grupo; a figurinista Bizza Viana (figurinos e cenário) e a coreógrafa Lenora Lobo para desenvolver o trabalho de corpo do elenco. O espetáculo recebeu 06 (seis) prêmios no “IX Festival Nacional de Teatro de São Mateus – ES” e esse espetáculo foi escolhido para representar o Piauí no “Festival Brasileiro de Teatro de Erechim – RS”.

Em 1997 o Grupo é agraciado com o Prêmio de Mérito Lusófono, concedido pela Fundação Luso-Brasileira Para o Desenvolvimento da Língua Portuguesa no Mundo / Ministério da Cultura de Portugal.

Em 1999 é convidado a participar da 4ª Edição de “Sementes Mostra Internacional de Teatro Para o Pequeno Público”, em Almada – Portugal, com o espetáculo O Princês do Piauí, de Benjamin Santos, que estreou no dia 30 de Maio no Fórum Municipal Romeu Correia.

No mês de Dezembro de 2005 estreia o espetáculo Harém Conta o Assassinato do Anão do Caralho Grande, uma adaptação da obra O Assassinato do Anão do Caralho Grande, de Plínio Marcos, fazendo uma grande homenagem aos circos populares.

Em 2008 o Grupo é agraciado com a aprovação de um Ponto de Cultura denominado Nos Trilhos do Teatro com a proposta de desenvolver cursos nas áreas técnicas das artes cênicas.

Ainda em 2008 realiza com grande sucesso de público e de crítica o I Festival de Teatro Lusófono (FESTLUSO), ocorrido de 24 a 30 de Agosto com a realização de palestras, mesas redondas, oficinas, apresentações de espetáculos do Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a presença de nomes das cênicas com a atriz Lucélia Santos, o dramaturgo Mário Bortolotto, o diretor de teatro José Martinez Correia – que apresentou uma Palestra-Espetáculo 50 Anos do Teatro Oficina, o encenador Rogério de Carvalho (Portugal), o dramaturgo Júlio Conte, o diretor teatral Hamilton Vaz Pereira, a encenadora Gi Cañamero (Portugal), a coreografa Lenora Lobo, o encenador e ator Do Petro Dikota, a atriz e escritora Isabel João Vicente (Angola), Bárbara Santos (Centro de Teatro do Oprimido), o dramaturgo João Branco (Cabo Verde), o encenador João Vasco (Portugal), o diretor Pedro Domingues e o ator Clemente Tsambe (Moçambique).

No ano de 2009 realiza a segunda edição do FESTLUSO, no período de 22 a 28 de agosto, na cidade de Teresina. Em Dezembro estreia o espetáculo A Casa de Bernarda Alba, de Federico Garcia Lorca com temporadas no espaço Cultura Trilhos, em Teresina - PI, Fortaleza - CE, Rio de Janeiro - RJ e São Paulo - SP.

Em 2010 estreia em coprodução com o Teatro Extremo de Portugal, Quando as Maquinas Param, de Plínio Marcos, com apresentações em Teresina-PI e 10 cidades de Portugal.

Em 2012 o Grupo passa a desenvolver um projeto de trabalhos autorais denominado de “tetralogia hareniana”, iniciando com o espetáculo Macacos Me Mordam - A Comédia abordando a temática “arte ciência”.

Em 2013 estreia o espetáculo Abrigo São Loucas com a temática “arte e política” em que o autor faz um inventário da política local, que não deixa de ser a nacional
." (acervo memória Harém, através de facecastro/acesso 12. 11. 2014, às 10h29)

Salve o passaporte à meia idade hareniana. Que venham + Harém e sua maneira própria de atravessar a cena, cumprir ritos, rituais e sinais de linguagem, e transitar entre popular e academia, de fazer teatral, e manter a chama acesa na Casa do teatro amador piauiense em repercussão da cena nacional.

Evoé, bravos artistas!