quarta-feira, 8 de março de 2017

Ave, Zeca!

as doces em pop canções que fez pra mim...
por maneco nascimento

"Quem inda não ouviu tambor de crioula no Maranhão...", nem sabe de Marrom, Luís Santos, Montello, Aldo e Lauro Leite, Salgado, Borralho, Mouchrek, Papete, Rita, Boi de orquestra, matraca, Pão com Ovo, o espetáculo, e outras ousadias de tradição e reinvenção, saberia quem é Zeca?

E de algo sobre Stephen Fry? Não? Mas e, de alguma memória da canção brasileira dos anos 90 e das febres terçãs no dial, nos discos, nos sons dos carros, nas programações musicais das paradas de sucesso?

Alguma noção do que foram os vinte anos atrás, quando à base de lançamento se ouviu, se sentiu, se gostou, se escutou e se se embalou com um hit diferente, de um artista nascido do Maranhão, com sobrenome de linguagem poética e das lembranças às memórias degustativas a doces e bombons.

O nome era Zeca, o sobrenome Baleiro e seu primeiro disco tinha título curioso e compunha ousadia artística, de interativos a repertórios estéticos e um indisfarçável "abuso" de, sei de que sei que palha é palha e quem não sabe, há de descobrir como que palha, palheiro, agulha, linha, coser, tempo, lenha, fogo, amor, paixão poesia, música, composição, atração, música, novo, tudo mais que novidade brotou à força de quem só quis ser seu próprio midas.

E tudo por causa de um sugestivo título e papel fonográfico de expansão da matéria das canções brasileiras que brindaram às próprias custas de "Por Onde Andará Stephen Fry?". Pode? Pode. E pode muito +, já lá se vão 20, não poucos, anos. 

O Projeto Seis&Meia 2017 abriu temporada, neste último 07 de março, com ninguém menos que o menino Zeca. Sim, o Baleiro. Com algumas incursões por Teresina, em seus doces e bons tempos de ir e vir aonde seu povo, em público potencial, sempre esteve, também sempre foi muito bem recebido por cá.

E não é que voltou + uma vez e, desta feita, o Seis&Meia 2017 o acolheu de comportas abertas para vê-lo ser Ave rara em canto, composição, violões, arranjos luxuosos e registro vocal peculiar e jeito particular de só ser sons e seus insimplificados arrojos de cantor, que bem sabe a quem vem.

Antes de Zeca Baleiro abrir sua cornucópia de felizes canções, Vavá Ribeiro chegou de mansinho, com suave voz em Calmaria e deixou seu rastro melódico de bem ser cantor e compositor e contar sobre Joões, Pedros, Franciscos, Raimundos, Josés, laços de fitas, Freis Serafins e deixar que Zeca Baleiro cantasse sobre Stephen Fry e outros cais de domingos, telegramas, amores e flores e Babylons.

Vavá Ribeiro, muito + e todo o + que canta  e conta a cidade, o estado, o poeta, o artista dos palcos que sente e vigora a arte da  canção que lhe faz boa morada. E, só depois, de Ribeiro, é que Baleiro chegou na calma fúria de suas emoções para duas indescartáveis sessões ao público "indomável" do Seis&Meia. Indomável, entre aspas, porque esse público enleou-se feito cérbero às doces melodias de orpheu.

 E quem nunca ouviu, ou não lembra de “Era Domingo”, “Telegrama”, “Meu Amor Minha Flor Minha Menina” e “Babylon”, entre outras variações, do artista e sua arte de ser cantor e compor para envolver e provocar imersão nas melhores memórias das doces e pop canções que você fez pra mim?

Dessas comemorações de 20 anos, desde que se ouviu cantar "Por Onde Andará Stephen Fry?", é que Zeca Baleiro deixou à Teresina uma noite e dois shows inestimáveis. Dois shows pancadas!

E, parafraseando o Poeta Drummond: "ele chegou, se assentou, tocou, cantou, comeu vagarosamente as notas peroladas, enxugou o sutil suor da febre leve, cunhada às doces canções simplesmente espalhadas. Era o mesmo de sempre e nem estava mais velho. O barulhinho bom das melodias cadenciadas me acalentava, me dava uma grande paz de alegria feliz e um sentimento expedito de que vinho bom nasce pronto da videira, a uva é só percurso natural do milagre...

O público da primeira sessão, não queria deixar o homem ir, para depois voltar aos novos espectadores. O artista da primeira sessão não queria se ir e as palmas, e os ais, e os us, e os uhus, e os assovios e as palmas e a música e o artista  e o público e o primeiro show, a felicidade do encontro do Zeca Baleiro e a Teresina, que sempre te quis tão bem.


Dois shows pancadas. O segundo show de Baleiro nada a dever a queixas, pedidos, canções em coro, tete-a-tete entre arte, artista e plateia. Zeca veio, viu, cantou, venceu esta e outras estradas que levam à canção brasileira que cunhou a nosotros. Que aqui esperamos pela vinda, outra vez, do pai, criador, inventor, manipulador das forjas que brilharam a esse tal de Stephen Fry.

Oh! Zeca! Faz assim não. Quer matar o "véi", esse inconformado tempo, de saudade? Mal saiu daqui. Parece que foi ontem, sete. Foi. E, por hoje, as memórias pululam. A Casa cheia. Sem confusão de intercurso de público.

Novidade das cadeiras numeradas, o público extra. O Show e o Show extra, a felicidade extra. Só não viu, quem não insistiu. Porque quem veio, não perdeu por esperar. Agora,  aguardar uma nova passagem desse quase Halley, sem rubrica de nunca + voltar à atmosfera da terra Teresina.

O Projeto Seis&Meia começou foi quente! Era terça feira, mas se fosse domingo, também era Zeca Baleiro e seu rastro, de órbita brilhante, no céu de feliz cidade que rega o canteiro de obras da canção brasileira de todas as estações. Um sete de março i n e s q u e c í v e l.

Ave, Zeca!

fotos\imagem: arte cartaz (PauloMoura[irmãodeCRIAção])
arte cartum (Dino Alves)
Zeca Baleiro (divulgação)

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