domingo, 27 de fevereiro de 2011

Alegria contagiante

por maneco nascimento

Há quem diga que uma sociedade sem memória é uma sociedade sem futuras liberdades e relações coletivas saudáveis. Não há porque discordar dessa disponível e irretratável prática do livre arbítrio que ganha a toda a gente em dias de felicidade desejada e, por vezes, tomada a “tapas”.

(foto: portal180graus )

A tarde do dia 26 de fevereiro de 2011 foi de festa planejada e regojizo merecidos desde que a memória refrescada dos entrudos e corsos tomaram corpo em determinada estrada de tijolos multicor da Cidade preparada para brincar, divertir-se e dar margem ao brinde de toda felicidade.

O “Corso do Zé Pereira” realizado pela Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, aqueceu as baterias dos foliões da cidade em continuada promoção que antecede os dias momescos aos vindos de março.

(foto: cidadeverde.com)

Desde a escolha do Rei e Rainha da Terceira idade e Rei Momo e Rainha do Carnaval 2011 (Jockey Clube); Baile dos Artistas (Clube dos Diários); Baile Me Acha e Escolha da Rainha dos Artistas (Bar do Churu) e “Corso do Zé Pereira” (Concentração na Ponte Estaiada Isidoro França e Dispersão na Av. Marechal Castelo Branco) e Pré-Carina de Teresina (Av. Mal. Castelo Branco) que as festas de carnaval de Teresina ganharam cordão de folia para sorte de alegria e diversão.

(foto: cidadeverde.com)

Até o Carnaval chegar toda essa gente que se encanta e se vê que nasceu para estar entre os superbacanas guardou uma ótima memória do Corso do Zé Pereira”, na última tardinha de 26 de Fevereiro de 2011.

As felicidades se misturam, para tantos risos quanto forem os tipos de palhaços no salão a céu aberto e em ritmo eficaz de cortejo nas ruas de Teresina privilegiadas com a festa em movimento.

As famílias às portas de casa e à margem das avenidas e ruas abraçadas pelo Corso retribuem desejos de quanta alegria puder ter “feedback”. O espetáculo-cortejo que reúne o “Caminhão das Raparigas”, motivo de refresco de dias de outros carnavais, e as mais sugestivas e criativas ideias a carros alegóricos, enfeita a alma brasileira em que o “morro” e a cidade liberam sua melhor fantasia.

Brasil de salário mínimo arrochado, de “Deus e o Diabo na terra do Sol”, das vidas simples de cadeiras na calçada, dos descamisados e também dos muito bem vestidos é, sobremaneira, a nação que sobe e desce as avenidas do samba para só curar a ressaca quando o carnaval passar.

Não se contesta alegria nem felicidade naturais dos foliões que a terra de Macunaíma pariu. Então é só aquecer os pandeiros e tamborins porque os ritmos e evoluções foliãs brotam das casas, das periferias, dos centros, das zonas fantasiadas de diferenças “nobres”, da alma brasileira chamada carnaval para corpo coletivo de liberdade.

Ao “Corso do Zé Pereira” lembrança de carinho e saudade. Que venham as novas entradas porque os estandartes e cores da folia enfeitam um Brasil que exercita a arte de ser feliz.

 



sábado, 26 de fevereiro de 2011

Aconchego musical

Aconchego musical
por maneco nascimento

Unir paixão, sanfona e música não poderia fugir da pauta de doces melodias, virtuoses musicais e prazer distribuído em notas do cancioneiro popular brasileiro. Gonçalo Aquino Cardoso nasceu para a arte alcunhado de Sivuquinha e ferrou mula rumo ao sucesso, sem contradição.

De Regeneração para o mundo, Sivuquinha construiu um histórico musical de ganhar o público de primeira, tocando bem, o que sempre gostou e aprendeu das cifras do Brasil da boa MPB.

 No último dia 24 de fevereiro de 2011, às 20 horas e 30 minutos, o palco do Teatro Municipal João Paulo II recebeu o show “De volta para o aconchego” que reuniu Sivuquinha e convidados.

Numa deliciosa hora e meia de aconchego musicado e de deleite sonoro à guisa de grandes sucessos populares da velha e assentada música popular brasileira, o Show reuniu o ilustre músico Sivuquinha, Alfredo Werney, Aloísio César, Silvana Ferreira, Pedro Júlio, Mayana Café, Zaqueu do Acordeon, Laryos Lima e Pedro Felipe .

Atualmente residindo em Brasília, o artista Sivuquinha desceu o Planalto Central para confraternizar com amigos e família as saudades e as boas memórias do cheiro de terra molhada. E nada melhor do que rever os seus e comemorar musicalmente, nos acordes do aconchego.

A tarde chuvosa prenunciou a festa para mais tarde, naquela noite do dia 24 de Fevereiro de 2011, quando o público não se fez de rogado e veio prestigiar um dos nossos dedos mágicos da sanfona. Em determinado momento do show, ao falar das experiências das pautas musicais experimentadas, também tocou “Over the rainbow” (Harold Arlen/E. Y. Harburg), cifras populares made in EUA.

Chovia lá fora e cá dentro do prazer de ouvidos concentrados na platéia do Teatro Municipal João Paulo II caíam sobre a assistência doses de alegrias delegadas pelas cordas, foles, vozes delicadas de Silvana Ferreira e Mayana Café e os sonoros toques da percussão ritmada.

“De volta para o aconchego”, com Sivuquinha e Convidados, realizado no João Paulo II, teve o apoio luxuoso da Prefeitura de Teresina, através da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, e só deixou gostinho de quero mais.

Foi um convite às horas de beleza e sensibilidade saltadas do aconchegado desejo de encontrar-se prazer de melodias privilegiadas na reunião de artistas e seu fiel público para velhas e novas canções transitadas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“Para ser feliz”

por maneco nascimento

 “(...) Eu me lembro com saudade
O tempo que passou
O tempo passa tão depressa
Mas em mim deixou
Jovens tardes de domingo
Tantas alegrias
Velhos tempos
Belos dias (...)”

“(...) Hoje os meus domingos
São doces recordações (...)”
(Jovens Tardes de Domingo/Roberto Carlos)

Maria Luiza Vitória Figueiredo poderia ser + um nome a povoar a demografia piauiense, se não se chamasse Sulica. Um mulherão que com simpatia e prazer desinteressado incrementou agitação cultural na cidade de Teresina e foi sertão adentro levando cultura a toda parte.

(foto do jornalista Francisco Magalhães)

A Fundação Estadual de Cultura do Piauí – FUNDAC prestou uma justa homenagem a nossa querida Sulica, vitoriosa a partir do nome de batismo. Digo nossa porque essa personalidade sem risco de celebridade, patrimônio da chapada do corisco, provou que quem nasce com o gene da cultura não morre acorrentado ao pé da mesa de gabinete do serviço público. Faz acontecer.

Nas velhas tardes de domingo ia-se encontrar Maria Luiza Vitória à frente da Feirinha na Praça, a Saraiva, a carregar uma tarefa saudável de tirar a cultura das discussões das salas oficiosas e fazê-la no pátio popular, local de arte diversa e coletivizada. Cantores, músicos, atores, diretores, fiéis do depois da missa e as famílias do domingo na praça marcavam ponto.

Neste último dia 23 de fevereiro de 2011, a partir das 9 horas da manhã, em festa preparada à convidada ilustre, viu-se uma mulher de fibra ser alçada pelas escadas da FUNDAC até o auditório daquela Casa que recebeu uma placa com seu Nome.

Recepcionada por um cordão de brincantes da cultura popular do bumba-meu-boi, estava onde melhor foi feliz. No convívio das cores, das fitas, tambores, caboclos, miçangas e penas, da arte de toda parte convergindo em rica luz de felicidade aos Folguedos, Projeto em que seu nome seria indispensável de lembrança.

A solenidade oficial, depois do descerramento da placa, trouxe a leitura de uma carta pública de Zé Dantas, sonoplasta e parceiro da Feirinha da Praça, em que repercutia a memória afetiva que os uniu.

A Presidente da FUNDAC, Marlenildes Bid Lima, emocionada agradeceu a presença de quem chamou de a Dama da Cultura Brasileira e, enquanto homenagem, lembrou Nelson Cavaquinho:
“(...) Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora (...)”

“(...) Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais.”
(Quando eu me chamar saudade/Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)

Entre outras palavras sinceras e humildes, Maria Luiza Vitória Sulica expandiu a lição emblemática ao dizer: “Fui uma pessoa que deixou as coisas florirem.” Lembrou o nome dos velhos amigos, da mãe de 92 anos, pediu perdão a todos e, numa simplicidade de quem não tem + nada a perder, pediu que não tivesem pena dela.

Na reunião, muito prestigiada, a imprescindível persona do patrimonio cultural desta cidade agradeceu a todos e sem medo de ser feliz, predicado feito oração sempre elevada a Deus, desconstruiu o mito do desaparecimento com tranquilidade invejável.

Pareceu entender que deixar essa casca gasta que encobre nossa mortalidade não é o fim. Maria Luiza Vitória Figueiredo, entre as doces recordações de Roberto e as homenagens em vida de Nelson Cavaquinho, é doce canção familiar para ser solfejada com carinho e repetida aos dias de memória da saudade com o respeito, sem demagogia, à artista que nos é cara.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Comédia dos erros para infantes

por maneco nascimento

O Grupo Proposta de Teatro, em seu repertório de montagens às crianças, realiza as últimas apresentações, em Fevereiro, na pauta do “Projeto Temporadas Populares Infantis do Teatro Municipal João Paulo II”, numa realização da Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves.

 

(foto: Herbeth Rogger)

Neste final de semana, no domingo, dia 20 de Fevereiro, “O Diário da Bruxamarca duas sessões, uma de 10 horas da manhã e outra às 18 horas.

Com montagem especialmente construída para recuperar os melhores efeitos de espetáculos direcionados para o pequeno público, “O Diário da Bruxareinventa a fórmula da velha tradição, amalgamada no riso, na fantasia, lúdico emblemático e signos do mundo fabular concentrado na memória afetiva da criança, seja ela presente em pais, mães, avós ou qualquer outra geração que nunca perdeu o espaço natural dos sonhos e do fantástico.

(foto: Washington Jr. Cabelão)

No requintado enredo em que a história ganha cor de teatro necessário, há uma Bruxa que perdeu a memória; um Príncipe tentando se livrar de um feitiço que o prendeu na forma de um caldeirão e uma Fada que enfadada em desfazer feitiços maléficos, solucionar destinos de outras mocinhas, resolve sair na busca da própria felicidade, encontrar um Príncipe que preencha anos de ausência de um amor.

 Todos os conflitos particulares convergem para um Diário perdido, capaz de resolver todos os problemas constantes nessa comédia dos erros. A Bruxa Furdúncia, que sem memória, precisa do livro para recuperar seus poderes detidos nas páginas do receituário de magias.


Um Caldeirão numa dissimulada busca para descobrir a poção capaz de reverter sua condição de prisioneiro de uma bruxaria de Furdúncia. E uma Fada, de nome Esperança, que de posse do pergaminho de encantos e mágicas poderia, enfim, traduzir em felicidade toda uma vida de solidão.

Entre truques, magias desencontradas e golpes do destino jamais esperados, todas as dificuldades são debeladas num passe de mágica para que ninguém fique sem uma solução referenciada no mundo das fábulas e encantos.

O Diário da Bruxa”, montagem do Grupo Proposta de Teatro, traz no registro de elenco Vitorino Rodrigues, mimetizado em Bruxa Furdúncia, Fada Açucarada Doce de Mel e uma Pobre Velhinha, muito cansada, vendedora de bombons (envenenados) para mocinhos ingênuos.

José Dantas divide-se entre o matreiro Caldeirão e o elegante Príncipe revelado e Gisele Morais como a encantadora Fada Esperança.

(foto: Herberth Rogger)

O Projeto Temporadas Populares Infantis do Teatro Municipal João Paulo II, dessa feita com o infantil "O Diário da Bruxa" traz o espetáculo da vez e na mágica de encantos teatrais há de repercutir sonhos e fantasias para público de infantes das diversas gerações voltadas à cena.

• *Texto encaminhado como release para a imprensa



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Aos filhos, respeito ao outro.

por maneco nascimento

Os dias em que seguem esse novíssimo milênio, muito que a sociedade tem variado entre + avançada, ou atrasada com ranços de barbárie e intolerância resistente. Ainda convive-se em nossa banalidade com as redes de noticiários eletrônicas e páginas de jornal, hidratadas de sangue e violência naturalizada.

Ainda não se sabe como, eficazmente, se pode diminuir a violência contra a mulher, a criança, o idoso, o sexo dos anjos, como também a discriminação de etnias, orientação sexual e escolhas, que embasada nos direitos universais, seriam asseguradas como individuais e estritamente privadas.

Uma das perspectivas de recuperação de vida saudável e coletiva seria investimento efetivo à educação, seja ela ambiental, relacional, de respeito ao espaço do outro, de leitura e compreensão do mundo e também a sexual.

Um país que não valoriza sua educação social abre dois precedentes: ampliação do fosso social e confirmação de, talvez, uma política cínica e obscura da divisão de “espécies”, com mais direitos para uns e as sobras para os demais.

Só os cínicos e maquiavélicos combateriam educação ampla e irrestrita. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação prevê aplicação de métodos e didática educacionais que ampliem conhecimento e transversalizem linguagens facilitadas pelos educadores e professores. Entre as novas possibilidades de novos conhecimentos, a educação sexual deve ter seu papel de urgência.

Recebi um depoimento de uma amiga, Sandra Farias, sobre uma reunião de pais e mestres, ocorrida na escola em que seus filhos estudam. O encontro deu-se na manhã do dia 19 de Fevereiro de 2011. Ela testemunhou que na hora de participação dos pais, um deles se levantou e muito indignado condenou o fato da escola ter recomendado um livro didático de educação sexual, com capítulo dedicado à homossexualidade.

A atriz disse que, o pai indignado, em alto e bom som de microfone, confirmou que sua filha não viria à escola no dia em que houvesse aula de educação sexual. Sandra ficou mais estarrecida porque não percebeu qualquer manifestação de 150 pais presentes na reunião, ou melhor, 149 pais, porque ela pediu a palavra.

A mediadora do microfone, da equipe da escola, fingiu não perceber que Sandra Farias pedia a palavra e acredita que foi pelo fato desta ser atriz. Assunto do conhecimento da escola, colhido na entrevista com pais no ato da matrícula. Ao se fazer notar, alegando ser baixinha, mas visível, acabou tendo o direito à palavra.

Colocou-se contra a postura do pai que indignara-se pelo fato do livro didático tratar de assunto que não pode + ser jogado embaixo do tapete, a livre orientação sexual. O que mais chocou a Sandra Farias foi o fato de um pai abrir a palavra numa reunião de pais e mestres para colocar-se contra a homossexualidade e ninguém da escola sequer justificar a necessidade de educação que abrace a diversidade.

Ao final, acrescentou que foi tirar dúvidas outras com a direção da escola e o pai se aproximou e com o dedo apontado fortemente em seu braço teria dito: “Cuidado com a educação que você está dando aos seus filhos”. Minha amiga ficou tão “passada” com a postura de pai que recorreu a mim, por ler meus textos e, delicadamente, sugeriu que eu comentasse o ocorrido.

Não me furtaria de tão pontual propósito. Até porque para mim esse tipo de discurso e, em público, além de discriminador e preconceituoso é também formador de opinião que considero negativa. A sociedade constituída tem obrigação de oferecer educação sobre qualquer assunto. O Colégio CEBRAPI, da região do Dirceu Arcoverde, acompanha as exigências da lei quando recomenda o livro didático de educação sexual.

(foto: Assai Campelo)

Educação sexual envolve também a parcela de orientação sexual de viés homossexual. Sandra Farias perguntou à direção da escola se a organização LGBT local já havia visitado a instituição de ensino. A diretora disse que não, mas que a escola estaria aberta a receber essa nova informação. A atriz se comprometeu em fazer a ponte entre a escola e a entidade representativa do grupo social em tema atravessado na reunião escolar.

As sociedades contemporâneas e melhor avançadas têm defendido um novo diálogo que pleiteie mais tolerância, encontro, comunhão e, especialmente, respeito pelas liberdades individuais. Não dá para fingir-se de mouco, nem acompanhar a espiral do silêncio para não ficar mal na fita.

 A escola e a comunidade têm que afinar um discurso e, creio eu, não seria o de engrossar processos discriminatórios e preconceituosos. Sandra Farias fez sua parte, eu estou 101% com ela.


domingo, 13 de fevereiro de 2011

Carnaval Ardente

por maneco nascimento

(Da Redação/ redacao@novohamburgo.org)

Nunca versos de composições de sambas brasileiros couberam tão exatos quanto os que poderiam registrar algum sentimento de desamparo, espanto, dor e desilusão aplicados pelas irrefutáveis marcas do destino.

“Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria (...)”
(Retalhos de Cetim – Samba da Rainha/Benito di Paula)


O contexto da intenção poética até poderia ser outro, mas quanto ao sentimento de perda, este passa pelo mesmo ralo estreito da dor possibilitada pela tragédia nunca esperada, embora possível.

As chamas iniciadas na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, por volta das 7 horas da manhã, da segunda feira, dia 07 de Fevereiro de 2011, jogaram um balde de calda ardente sobre o carnaval carioca de 2011.

No local onde funcionavam barracões de 14 escolas de samba, a fome voraz do fogo precipitado devorou os barracões da Liesa – Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, da Grande Rio, Portela e União da Ilha. (www.novohamburgo.org/ a cidade está aqui/ano V/da Redação/08.02.2011)

O fogo, sob controle por volta de quase 11 horas da nefasta manhã, teve o combate indispensável em perícia e agilidade do corpo de socorro da brigada carioca contra incêndios. Na ocasião o serviço contou com 39 carros dos bombeiros de sete quartéis e 80 homens. (Idem) Audazes e vigilantes às vidas em risco centraram esforço compensado.

Os quatro barracões engolidos pelo fogo deixaram a marca de estarrecimento aos passistas e comunidades afetadas.

A composição “Madureira Chorou”, de Carvalhinho e Júlio Monteiro, nunca esteve tão presente e visceral nas gentes simples da comunidade de Madureira, berço da Portela: “Madureira chorou, Madureira chorou de dor/Quando a voz do destino/obedecendo ao Divino (...) Gente modesta/aquela gente que mora na zona norte (...) Até hoje chora a morte da estrela do lugar.”

Embora o contexto da criação do samba tenha sido para outro viés, a dor da perda de alguém muito querido, é também para desaparecimento de algo importante para a mesma comunidade, noutro momento, dilacerada por tragédia que envolve algo muito especial e necessário à alegria e conforto coletivo.
                                                                                 (Foto: Felipe Dana/AP)

Carros alegóricos, alegorias, oficinas de construção das fantasias e um sonho de um ano inteiro suplantado pelo fogo traiçoeiro.

Todo um clima de euforia e expectativa que antecede o maior espetáculo da terra do carnaval cedeu lugar a uma tristeza contagiosa entre os brincantes, dirigentes e mundo do samba estarrecido, grosso modo, um mês antes do carnaval.

As notícias da imprensa nacional dão conta de perda de 8.400 fantasias, destruídas, das escolas Grande Rio, União da Ilha e Portela, com vida de samba devassada pelas chamas traiçoeiras.

Em entrevista em canal de rede nacional, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, abriu o precedente de sugerir que nenhuma escola de samba seja rebaixada para o Grupo de Acesso, no carnaval deste ano.

Com um prejuizo de 8 milhões de reais e abrindo margem à solidariedade e necessidade de não deixar o samba morrer na praia, com certeza haverá um levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima da onda ardente.

Em Teresina, após uma arenga entre o Ministério Público e a Prefeitura de Teresina ficou acertado que não haverá nenhum investimento municipal ao desfile de escola de samba do carnaval da cidade. Pelo entendimento da promotoria de justiça do estado há maiores necessidades na educação e saúde do que com desfiles de escolas de samba.

Num acordo de conduta pública, em atendimento à recomendação das chamas da justiça, a Prefeitura de Teresina teve que derramar um balde de água fria nos sonhos da comunidade do samba da Cidade Verde.

No Rio de Janeiro, as forças da política, da economia, do turismo de negócios, da idéia quente de que o espetáculo não pode parar e do samba de raiz dos pés descalços das comunidades suburbanas cariocas devem encontrar o caminho de recuperação da maior ópera de liberdade em céu aberto.

A Cidade maravilhosa sapateará sobre e apesar das cinzas dos barracões incendiados e devolverá ao público um carnaval ardente.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Passarela de Momos e Rainhas

por maneco nascimento

O último dia 05 de Fevereiro de 2011 abriu alas, no Jockey Clube de Teresina, para o concurso de escolha e Coroação das majestades Rei e Rainha da Terceira Idade e Rei Momo e Rainha do Carnaval 2011, numa realização da Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves.

O Clube ficou pequeno para público, torcidas organizadas, promotores, autoridades e a bateria da Ziriguidum que, ao seu tempo de samba, não deixou a passarela esfriar. Garra exposta, energia dirigida, molejo, graça e esplendor ao ensaio da majestade em construção foi o que se presenciou na noite de entradas e estandartes da folia momesca.

                                                        (foto: arquivo portal ODia.com)

Na comissão de julgamento, numa difícil tarefa, a espetacular Elke Maravilha, seguida de perto pela coreógrafa Nazilene Barbosa, a atriz, figurinista e Presidente da FUNDAC, Bid Lima, o carnavalesco, Pereira Falazar, a Miss Piauí 2010, Lana Lopes, o produtor cultural, Jorginho Medeiros, a empresária, jornalista e Rainha do Carnaval 2000, Bárbara Sampaio.

Os outros sete julgadores foram o diretor pedagógico do Instituto Embelleze, Marcos Lima; os empresários, Diego Oliveira e Joselene Claudino e os jornalistas Rodney Gonçalves, Cleane Leal, Péricles Mendel e Indira Gomes.


A herança da festa de preparação aos dias momescos, com a escolha da realeza do carnaval, tem origem na mitologia grega. Momo, filho do Sol e da Noite, é conhecido como o deus da sátira, do sarcasmo, do culto ao prazer e ao entretenimento, do riso, da pilhéria, das críticas maliciosas. (Pereira, Terezinha. O Rei Momo: mitologia grega, circo, carnaval e cinema. Almanaque Carioca/Arte e Cultura, 5/02/2010, 6h:55m)


Segundo o mito, solicitado para opinar sobre obras de Zeus, Atena e Prometeu, Momo teria feito severas críticas aos feitos de seus pares que, irados, o expulsaram dos campos olímpicos e paradisaicos, tendo caído na Terra. Em solo terrestre ficou para tirar o “sossego” dos homens. (Idem)


No entrecruzamento mitológico, a cerimônia de coroamento de Momo como rei, remete ao tempo da Roma antiga. Na cultura ibérica, o rei era obeso como significado de fartura e abundância. O eleito era escolhido entre os mais belos soldados da tropa romana. Durante seu reinado podia brincar, comer, beber e fazer o que tivesse vontade durante curta realeza. (Idem)


Aos fins dos festejos era levado ao altar do deus Saturno para ser sacrificado. Morto, o rei era velado e enterrado com todas as honrarias de “um chefe de estado”. Rei morto, rei posto. A cada ano um novo rei Momo era eleito. (Idem)


Na Grécia antiga, registros históricos dão conta que os primeiros reis Momos, de que se tem notícia, desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a. C. Geralmente o escolhido era alguém gordinho e extrovertido, daí, talvez, viria a inspiração para a folia brasileira. (“Qual a origem do Rei Momo?”, da Revista Mundo Estranho, web.)


Extroversão e samba no pé não faltaram aos concorrentes a Momo da cidade de Teresina, na noite de 5 de Fevereiro. Candidatos altos, médios, baixos, robustos e também bailarinos. Elke Maravilha muito elogiou a perfórnance dos bailarinos Kleo de Santis e Miguel Ângelo. Desenvoltura e evolução impecáveis, mas fora do perfil de tradição de realeza de Momos.

As coroas para o  Rei e Rainha da Terceira Idade assentaram na cabeça de Sebastião da Costa Coutinho e Geralda Alves de Oliveira Moura, respectivamente.

                                                        (foto: arquivo portal ODia.com)

A coroação ao título de Rei Momo 2011, coube a João Paulo Ferreira de Oliveira, dono de um determinado gingado sob a abundância de seus 151kg. A beleza, simpatia e molejo aplicados de Mara Beatriz da Silva Santiago conquistaram o jurado. A beldade foi coroada Rainha do Carnaval de Teresina, deste ano.
                                                        (foto: arquivo portal ODia.com)

Reis e Rainhas postos. Deixa o carnaval passar na passarela do samba.

 


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Palmas pra Bid

por maneco nascimento

(foto: arquivo da Bid Lima)
Dia dois de fevereiro, dia de festa no mar, como bem imortalizou a data o poeta baiano Dorival Caymmi, foi também dia de festa na Galeria do Clube dos Diários/Complexo Cultural Theatro 4 de Setembro. Depois da boa chuva que caiu àquela tarde, à noitinha entre sete e meia e horas prolongadas depois, o evento foi dar boas vindas a nova Presidente da FUNDAC, Marlenildes Bid Lima.

A Festa, organizada pelo Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão – SATED e amigos organizados, teve nata presença de boa parte de artistas da cidade, dos mais diversos matizes. Gente da dança, do teatro, da música popular e erudita, das artes visuais e congêneres disse sim para quebrar de vez a resistência dos primeiros momentos, criada na cidade, acerca da nomeação da atriz e produtora cultural ao posto de controle da pasta da cultura do Estado.

Após uma breve exibição de documentário com takes que envolviam a atriz, produzido por Franklin Pires, foi a hora e a vez de, publicamente, Bid Lima dizer a que veio e agradecer o apoio das pessoas que enxergaram novidade em sua nomeação. Ali estava se confirmando que o novo nem sempre está fechado nas velhas escolhas.

Vavá Ribeiro, Soraya Castelo Branco e Valor de PI prestigiaram o grande encontro com suas doses musicais privilegiadas. Também fizeram presença, em marca da música erudita praticada na cidade, o maestro Emanuel Coelho Maciel, Vitor Coelho Maciel e professor Beethoven.

Atores e atrizes, funcionários das Casas de Cultura do Estado, amigos, familiares e companheiros intrínsecos das cenas de palco e cinema dividiram alegria de participar da perspectiva de novo sangue às veias das salas vazias de melhores atitudes da Fundação Estadual de Cultura – Fundac.

Teresina e Timon juntaram-se à noite de artistas e somaram a boa sorte que se poderá vislumbrar com alguém que, aberta ao riso e a felicidade do prazer artístico da cena, há de construir a diferença, especialmente por encontrar apoio desinteressado dos parceiros cênicos.

Grupo Proposta de Teatro, Indigentes de Teatro, Truá Cia de Espetáculos, Humanitas de Teatro, Sinos de Teatro foram alguns dos agrupamentos amadores timonenses que se representaram à noite de Bid Lima.

Grupo Harém de Teatro, Tear de Teatro, Cia de Dramas e Comédias, Oficinão de Teatro, Ápice de Teatro, Oficina Permanente de Teatro “Procópio Ferreira”, Grupo Cultural “Coisa de Nêgo”, Grupo Abadá de Capoeira, Tribo de Teatro, Sarau Urbano ao Shopping da Cidade e Moisés Chaves, Escola de Dança do Estado “Lenir Argento”, Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ estavam entre as agremiações e artistas da cena piauiense que compuseram a noite de 02 de fevereiro de 2011.

Marlenildes Bid Lima, atriz, arte educadora, figurinista com experiência no teatro e cinema, produtora cultural, apresentadora de cerimonial e ousadia experimentada, não está no mundo das cenas à toa. Entre a nova geração de atrizes que a cidade forjou, desenhou seu próprio destaque de atuação e se estabeleceu em percurso fora do discurso arcano de aristotelia mal interpretada.

Sangue novo pagão verterá nos próximos momentos da cultura estadual e, ao contrário do que regurgitam os inconformados, como Presidente da FUNDAC Bid Lima terá mais representação do que cachorrinhos, macaquinhos ou vaquinhas adestradas para repetir ordens.

Só o preconceito, a discriminação e a amargura de não ocupação de cargo que nem detém qualquer recurso assim, poderia justificar resistência ao que foge do fisiologismo e arrumações ensebadas, e de disfarces de projetos maquiados para fins de mídia e vaidade particular.

Bid Lima está fora de proselitismos, maniqueísmos e discursos escorados na política de falsas falas coletivas e prática de preservação de nepotismo de lobo em pele de cordeiro imolado. Caso sua administração não dê certo, ainda assim estará fora do círculo das vaidades e dos erros do ainda ontem.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Passos ao estrelato

por maneco nascimento

(foto: cidadeverde.com/31/01/11)
Que ninguém duvide do talento e desprendimento artístico incrustados na pele e alma piauienses. Para as letras, para a música, para o teatro e para a dança completa-se o círculo dos gêneros comunicativos da expressão de espetáculo expandida.

 Quem nasceu primeiro já nem importa. Importa é saber que em algum momento a dramaturgia escrita estará atrelada à representação através do teatro, da música e dança, ou numa alquimia que reúne e completa as quatro linguagens que, mais próximas, expressam as falas sociais e culturais das identidades representadas.

Mara Janaína Barros tem ganhado espaço da e na mídia para demonstrar onde pode chegar quem persegue o próprio sonho. A bailarina que começou seus primeiros passos na Escola de Dança do Estado “Lenir Argento” e aprendeu o caminho das pedras preciosas da dança, vislumbra um passo maior.

Destaque do Festival de Dança de Teresina, versão 2009, recebeu convite de uma olheira e coreógrafa do mundo clássico, Toshie Kobayashi, para concorrer numa seletiva em Fortaleza, no Ceará, foi e venceu. Em São Paulo, o segundo convite de concorrência, naturalmente deu-se muito bem, obrigado.

Na Etapa Nacional do YAGP Brasil, em São Paulo, levou o primeiro lugar disputando com muitas outras sapatilhas ensaiadas para igual sonho. Através da promoção do Instituto Passos de Arte muitas crianças e adolescentes brasileiro(a)s conseguem saltar do sol da meia noite ao dia de novos horizontes.

Classificada na categoria Junior, em concorrência com bailarinas entre 10 e 14 anos, a prodígio da cidade de Teresina segue para a etapa mundial do Youth America Grand Prix. Nova York a espera. Para o mês de março de 2011 deverá vencer seus medos, gerar expectativas e conquistar uma bolsa de estudos de balé na Big Apple.

Fará naturalmente o caminho que percorreu com garra inata o ótimo Alef Albert que, atualmente, mora nos Estados Unidos. Mara Barros, nascida das fileiras de pequenas bailarinas formadas pela Escola de Dança do Estado, conseguiu seu pulo da gata. Agora é confirmar o esforço começado na academia de formação pública e que, em segundo momento, recebeu reforço técnico na Academia de Ballet Helly Batista.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                        mágica de dançar exige um esforço de horas dedicadas ao árduo trabalho de aprender os segredos da anatomia de expressão cênica. A dança na cidade tem escrito sua própria história. A Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, também tem feito valer o preço do contributo cidadão.

A partir de laboratórios de iniciação ao Balé Clássico, distribuídos nas Casas de Cultura que mantém, em escolas municipais e outros espaços em que há solicitação, o papel do executivo municipal, através de sua pasta de cultura, executa um arcabouço de preparação, também, para futuras celebridades da dança.

No rastilho do estrelato seguem os sonhos de crianças vindas das Academias de Balé da Cidade, das oportunidades oferecidas gratuitamente pela Prefeitura de Teresina e pela Escola de Dança do Estado “Lenir Argento”.

Os Festivais nacionais da categoria nunca passam sem surpresas e virtuoses da dança piauiense, seja na linguagem do clássico, seja no passo contemporâneo. Viver a dança, dançar a vida em nome das escolhas aspiradas e dos esforços concentrados.

As gerações que ilustraram os primeiros movimentos de equilíbrio de estética cênica da dança, no Piauí, hoje preparam as novas possibilidades do perfil de quem alcança seu próprio objetivo, dançar e fazê-lo o melhor possível. O mundo é o limite, para além dos tablados de iniciação.