quinta-feira, 23 de julho de 2015

Abram-se palcos à Lusofonia

FestLuso 2015
por maneco nascimento

Começam a ser aquecidas as baterias, de marca Baco, porque o Festival de Teatro Lusófono já se faz em dias de anúncios confirmados a proclamos cênicos.


Quando entrar agosto, a boa nova será a cidade receber as nações lusófonas Brasis, de África, Portugal e alhures. Línguas, linguagens, falas e eixos dramáticos vão dar vazão às fronteiras aproximadas em tempos de FestLuso.

Neste 2015, o FestLuso ocorre de 24 a 30 de agosto e a homenagem lusófona será ao nosso querido e velho amigo de guerra e front dramático, Tarciso Prado, ator, diretor, dramaturgo de palco, pai, avó, bancário e articulador apaixonado pela arte dos palcos e pela verve dos "draaamasss e coméédiasss", numa licença de exagero oralizado, na tentativa de reproduzir a prosódia enfática do artista ao falar dessa paixão que a todos nós contagia, o teatro.

Tarciso também é um dos + lembrados diretores do Theatro 4 de Setembro, este que sofreu uma grande intervenção de restauração, na década de 1970, sendo reaberto e entregue em 10 de março de 1975, no governo do então Alberto Tavares Silva.

"Com o Theatro 4 de Setembro aberto começou uma nova fase cultural no Estado, de grande efervescência artística. A direção da casa foi entregue ao ator e diretor Tarciso Prado, que montou uma equipe técnica com o que de melhor havia no meio local. Tarciso Prado não seria apenas o diretor do Theatro 4 de Setembro, mas, também, do Serviço de Teatro da Fundação Cultural do Estado, instalada oficialmente a 15 de maio de 1975." (Campelo, Aci. História do Teatro Piauiense. Teresina: Halley, 2010. 276 p.[A Reabertura do Theatro 4 de Setembro/ Capítulo XIV, pgs. 121, 122])

(Tarciso, o Grande. Nosso querido ator de todos os tempos/acervo Harém)

Não esquecer nossas memórias, nem desprezar nossa história do teatro amador piauiense e de um dos artistas da geração da cena, nos anos 60 e 70 do século 20. E Tarciso é um ator intenso, de inflexões fortes e de discurso de corpo e de construção da personagem trazida à visibilidade, que não dá para passar despercebida.

Entre seus trabalhos como ator, esteve ao lado do saudoso Gomes Campos, em "Barco Sem Pescador", de Alejandro Casona, com direção de Santana e Silva, ano 1965; no espetáculo "A Tragédia do Gólgota", de Francisco Fontoura, contracenou com Ary Sherlock, José da Providência, Assaí Campelo, Zezé Lopes e Francisco Augusto, entre outros. A montagem de 1971, com direção de Ary Sherlock. 

No cinema, interpretou com muita dignidade um homem velho, rumo a seu próprio enterro, de nome Cipriano, em filme homônimo, dirigido por Douglas Machado. Filme de 2001.

***Tarciso também é responsável pela realização da Semana Chico Pereira, de 09 a 15 de dezembro de 1985, em que foi aberta uma Exposição sobre o autor piauiense, de Campo Maior, que residiu no Rio de Janeiro, onde desempenhou as funções de crítico de arte e dramaturgo. 

A Semana Chico Pereira apresentou espetáculos montados, a partir de peças do homenageado. Nos dias 09.12.1985 e 13.12.1985, a peça "Raimunda Jovita na Roleta da Vida ou o Destino Quis Assim: de Pucella a Ninon", direção de José da Providência, pela Cia. de Dramas e Comédias do Piauí, e nos dias 11.12.1985 e 15.12.1985, "O Trágico Destino de Duas Raimundas ou Os Dois Amores de Lampião Antes de Maria Bonita e Só Agora Revelados", direção de Arimatan Martins, montagem do Harém Pictures de Teatro/Grupo Harém de Teatro.

Ainda fez parte da programação da Semana, Palestras e shows musicais, dia e noite de 10.12.1985 e Seminário sobre Chico Pereira da Silva, dia 12.12.1985.

Tarciso Prado não é só grande ator, também é diretor de mancheia. Como diretor de teatro, é de sua iniciativa a criação do Grupo Teste de Espetáculos, no ano de 1976, a partir do espelho do Teatro Estudantil Teresinense, que vinha na esteira do Teatro do Estudante do Brasil, de Paschoal Carlos Magno

Das montagens, destacam-se, a de estreia do Grupo, "Cabeça de Cuia" de Gomes Campos, direção de José da Providência. Em 1977, a infantil "A Revolta dos Brinquedos", de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga; "O Reino do Mar Sem Fim", de Chico Pereira da Silva, em 1978 e, em 1980, houve a montagem de "O Princês do Piauí", de Benjamin Santos, montagem dirigida por Tarciso Prado

Para Aci Campelo, autor de História do Teatro Piauiense, o Grupo Teste de Espetáculos foi o primeiro Grupo de teatro piauiense a montar peças de Francisco Pereira da Silva e Benjamin Santos, dois grandes expoentes do teatro piauiense na dramaturgia nacional.


Pois é ao ator, diretor, articulador da cena piauiense, de quem muito nos orgulhamos, que serão direcionadas as homenagens na Lusofonia instalada.

Na última semana de agosto, de 24 a 30, as alegres entradas e aberturas de fronteiras, com representação dramática na Praça, em Casas de espetáculos, em Trilhos da cultura e palcos livres à expressão de dramaturgias lusófona. 
E, festejemos a cena lusófona de,  "Um Bico Para Velhos Palhaços", Grupo Harém de Teatro - Teresina/PI (24/08); "Os Sapatos que deixei pelo Caminho", Teatro do Kaos - Cubatão/SP (25/08); "Confissões", Cia de Teatro Dadaísta - Luanda/Angola (26/08); "A Nova Aragem", Grupo de Teatro Maputo/Moçambique (27/08); "A Maior Flor e Outras Histórias Segundo José" - Teatro Art'Imagem - Porto/Portugal (28/08); "E a Cabeça tem de ficar?" - Grupo Chao de Oliva - Sintra/Portugal (29/08); "A República dos Desvalidos" - Grutepe - Teresina/PI (30/08), será sempre às 20h,30, no Theatro 4 de Setembro.

FestLuso 2015 vem aí. Evoé, Tarciso Prado!

Um comentário:

  1. MERECE TODO RESPEITO E CARINHO DE QUEM GOSTA DA CULTURA . VICTOR AGUIAR FILHO

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