quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Baixa da Égua gerou

dança contemporânea
por maneco nascimento

Na noite do dia 21 de julho, o Projeto Terças da Casa, na versão Terça Dança, apresentou o espetáculo "Baixa da Égua", de Concepção, direção e coreografia de Luzia Amélia, no palco do Theatro 4 de Setembro.

A montagem, de viés contemporâneo, tem a realização da Cia. Luzia Amélia, a partir de pesquisas prospectadas nas memórias geográficas e tangibilidades do bairro do velho centro de Teresina e nas intangibilidades das cidades invisíveis, que percorrem o tempo e deixam sua marca sócio cultural, para este caso, o Baixa da Égua com suas histórias naturais de construção social.

Marcada para as 19 horas, horário contumaz do Projeto Terças da Casa, a apresentação ficou forçosamente acomodada para as 20 horas.

A geografia de cena compõe-se à encenação em que a plateia é acomodada no palco, sentada em
  (cena com a "égua" Drika Monteiro/imagem Nalda Lima)

cadeiras de espaguete, numa perspectiva de aproximação da recepção ao enredo contado e fruir melhor a interação entre público e as "éguas"; rescaldos foliões de carnaval em fins de festas momescas; suor; purpurina; densidade; esgotamento físico testado das intérpretes criadoras; gravidade experimentada e corpos atomizados na interpretação das memórias do bairro, transfiguradas às vozes e falas sociais, para signos interpretados à clareza de enigmas e siglas culturais, oralizadas pelo movimento.

A partitura de corpos falantes em Drika Monteiro e Andreia Barreto está carregada de sensibilidade grave, densidade equilibrada na técnica do movimento de propósitos e uma razão viabilizada à licença poética de construção das personagens arraigadas na nova dança.

(as "burras" de carga ilustradas nas interpretes criadoras/imagem Nalda Lima)

Impactante, provocador, arbitrado na intenção de incluir a assistência na roda da narrativa e na baila das sensações e sentimentos provocados, enquanto transmutação da Baixa da Égua para a repercussão dramática de "Baixa da Égua", geradores de identidade e pertencimento da vida e sociedade que representa o ser, o animal, a vida comezinha e os cotidianos comuns de memórias afetivas emblematizados ao ato teatral.

(energia e equilíbrio estético em "Baixa da Égua"/imagem Nalda Lima)

Acerto de estética e práxis cênico, confirmador da maturidade de Luzia Amélia e de seu elenco de "Baixa da Égua".

 O discurso polifônico incrustado na pele, suor, movimento, corpos e energia cênicas abrem sinergia artística e força do exercício equilibrado na técnica que confronta o público e o atrai ao eixo de identificação e empoderamento cultural.

Resultado que corrobora à confirmação de repertório criador e da evolução artística e histórica de quem já pensou e finalizou "A Dança do Calango" "Sangue", "Luzia" e outros experimentos do laboratório de criação de Luzia Amélia e sua escola de formação contemporânea.

Para João Vasconcelos fica clara a evolução da coreógrafa Luzia Amélia neste novo trabalho. "Baixa da Égua é como um filme de suspense, em que o espectador fica na ansiedade do que vai acontecer. Fica inquieto, é incomodado pelas intérpretes criadoras em ação. Diria até que é um trabalho completo, teatro dança. Vai além da dança", confessa empolgado.

 Acrescenta ainda o ator e diretor, Vasconcelos, "consigo ver como um espetáculo de teatro. Ele se utiliza da vertente teatral e, por vezes, o temor que o espetáculo causa, das possibilidades que a gente vê, se consegue também tirar humor, ele tem humor. É um trabalho que prende e que você, mesmo temendo, quer ver como vai terminar. Resumindo, eu particularmente me tornei fã do espetáculo. Ah, e a Drika e a Andreia são uns 'demônios'", finaliza João.

A Pesquisa de imersão no bairro, em suas peculiaridades e idiossincrasias, a efeitos dramatúrgicos à linguística de corpos, leva assinatura de Drika Monteiro, Andreia Barreto e Luzia Amélia.

Na cena, dividem a narrativa dramática, as bailarinas intérpretes criadoras, Drika Monteiro, Andreia Barreto. A Criação de figurinos é de Aurenir Oliveira. Produção, Andreia Barreto e Drika Monteiro e a Arte, de  Tupy Neto.
Uma equipe técnica que atomiza o resultado visto em cena.

(público confrontado pela força da cena/imagem Nalda Lima)

 "Baixa da Égua" garante a marca de expressão de corpos falantes e de criação no salto de "éguas" de salto, cobridoras da reinvenção da nova dança forjada na cidade, em seus dias de consignar identidade na dança.

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