sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Cordão de Dança

um Cordão de Brilho
por maneco nascimento

Há muitos cordões e acepções, das + diversas, quando o assunto é suporte de amarra, tecer, unir, alinhavar, coser relações, ou costuras de encontros e interrelacionamentos, ou, ainda, o juntar tecido num desenho de vestir, ou compor imagem, signo, identidade, sociedade e seus pares em comportamentos à sociologia, antropologia, ou simplesmente vida em comum, separada da ciência, invenção do homem (genérico).

O cordão de ouro, rosas de ouro e, ser da Lira, do bordão samba marchinha, melodia canção tradicional de impulsão da música, profissional, instrumental e vocal, e relevo de época e ascensão da mulher que Abre Alas, à nossa Gonzaga que nos deu um mote de quebrar paradigmas.

Os cordões das festas e manifestações populares de folclore e tradição, cortejos dançados, cultura e arte de raiz a traços ibéricos e de outras etnias, incorporadas ao caldo da antropologia horizontalizada.

Os cordões da “pipoca”, que separam os de trajes-passaporte à folia frenética a tambores e crioulizações da natureza brasis, arraigadas nas afrodescendências, e os que brincam, com tanta ou maior, melhor alegria do lado de “fora” das micarinhos, micaretas, micafolias de pecha, genuinamente, nacionais.

Os cordões dos afeitos a alcagüetes e puxa-saquismos. E os cordões que tecem as teias e fibras dos corações das mães e, de filhos, por extensão daqueles que coração materno, para lembrar a tessitura poética de dois artistas, Torquato e Celestino.

Entre tantas outras aberturas semânticas, como manga que é para tecido desdobrado a vestuário; “encarnação” (hoje bulling), ou fruto maduro degustado ao sabor da estação, há o Cordão que alinhava uma nova história, construída na periferia da cidade de Teresina.

Rege-se às artes cênicas, variação dança e teatro, e investe-se de calor, sensibilidade, arte, estética, plástica, cultura de sobrevivência e de indicação de identidade e pertencimento, empoderamento da aldeia local, à arte verdadeira prospectada da raiz, como inspira Gaudí, o catalão que cantou a sua terra.

O Cordão Grupo de Dança vem, na antropofagia reinventada, comendo pelas beiradas, surgido das franjas sociais que integram a grande Teresina, que contém a grande Dirceu, fazer o seu aparte na dança e, à parte, cumprir ritos e rituais de uma das manifestações que ajunta arte, cultura, simbologias e semióticas aplicadas ao corpo que fala.
(espetáculo Lendanças/ acervo Estação Cordão de Cultura)

Inscrever-se na história e escrever a própria memória, enquanto dança porque fala social intervencionista e de interação com a recepção, comunidade que se vê inspirada, inspira e participa desse universo conspirador que fala a linguagem da alma, ou do espírito, como queira a filosofia religiosa, ou a oralidade pragmática que retém inspiração técnica de compor e exprime as vozes sociais pela razão e sensibilidade dançadas.
(a comunidade frutifica Lendanças/acervo Estação Cordão de Cultura)

Ao ver o Cordão de Dança, dançando, fiquei muito feliz de recepcionar respostas tão vívidas da dança projetada numa escola municipal de um bairro da cidade. Está instalado na Escola Municipal Prof. Porfírio Cordão e, com facilitação, ao ato cênico, através da iniciativa do bailarino, coreógrafo, educador físico, professor e educador para a arte e para a vida, Roberto Freitas.
(o empreendedor cultural/acervo Roberto Freitas)

Percebe-se, logo, que há no Coletivo uma dinâmica de inserção comprometida ao discurso artístico de qualquer estação, gleba, bairro, ou periferia que tem voz, falas e oralidade a serem apresentadas no assento de identidade cultural.

Com um frescor, vicissitude, vigor juvenil e um coletivo concentrado no fazer artístico, o Cordão Grupo de Dança demonstra, à própria construção social artística, seu sexto elemento, embasado na arte e ciência de pragmático vetor ao efeito estético e lega à assistência o que nos refletem os poetas do Clube da Esquina, “ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil não fazer desse lugar um bom país”.
(arte e cultura, Cordão em Lendanças/acervo Estação Cordão de Cultura)

O Coletivo está de costas ao mar e de frente para o Brasil, rincão diverso. Aqui, ali e alhures o Cordão de Dança alinhava a desconstrução das possibilidades de aparelhos reprodutores de conteúdos e reconstrói arte, educação, cultura e vivências pessoais transversalizadas na linguagem da dança, teatro vivo.

Um coletivo de + de vinte artistas, intérpretes criadores em desempenho ao lúdico e aplicativo de dar visibilidade ao invisível e tangenciar o intangível, através da arte cênica. Um Grupo Especial, de Brilho.

Um Cordão de ouro, não de tolo, mas de touro na arena selvagem do mundo urbano, terra de asfalto, de cidades verticais que curiam as próprias franjas sociais e esperam que, talvez, destas nada saia que inspire reflexão e paixão à primeira dança.

Entre os componentes, um artista + que especial, não porque em exemplo de restrição, mas, especialmente, porque para este o mundo é o limite. Partícipe de qualquer narrativa dramática que o Cordão de Dança se proponha, está lá o intérprete criador cosendo sua atuação nas coreografias, sobre as rodas de seu skate, junto com os colegas de cena. Fascinante, comovente e estritamente artístico, nunca piegas.

A arte se estabelece pelo artista, sua arte, sua atuação de igual a igual com seus parceiros à compreensão e interação da recepção. Este é o Cordão de Dança. 

Um Cordão de Brilho que imprime tatuagem no corpus de dança, no corpo falante do Coletivo de expressão, Cordão Grupo de Dança.


Instituído do bairro Renascença ao centro, dos palcos locais aos nacionais, dos Prêmios e honrarias conquistados à força de felicidade cênica, dinâmica estética e linguagem de dança à plástica de interações estéticas de corpos falantes.

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