quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ouro de casa

Ouro de casa
por maneco nascimento
Castelinho, Mário Faustino, Torquato Neto, Da Costa e Silva, Assis Brasil, Cinéas Santos, Wellington Soares, só para ficar entre alguns que traquejaram e estão no memorial da produção eficiente das letras e comunicação no ofício das palavras, falas e oralidades transcritas ao papel para posterizarem memórias artísticas e culturais.
No último dia 17 de setembro, o articulador cultural W. Soares postou em seu face sentimento de alegre contentamento por elogiosa resposta vinda de Romano de Santanna.
(escritor Affonso Romano de Sant'Anna/divulgação)
Como posso dormir, faceamigos, depois de receber estas palavras elogiosas de Affonso Romano de Sant'Anna sobre o meu livro? Logo dele, um dos melhores cronistas da literatura brasileira. Só resta agradecer e continuar a peleja.

‘Recebi seu esplêndido O DIA EM QUE QUASE NAMOREI A XUXA. E coincidentemente na véspera de uma palestra na Estação das Letras, sobre crônica: claro que vou ter que te citar. Você é um mestre no gênero, bem o disse o Loyola na linda introdução. Essa coisa da crônica caiu na mãos de "malfeitores", confundem tudo e não têm graça. Os jornais do Rio e São Paulo estão cheios de equívocos a esse respeito E vem você lá do Piauí e restabelece o bom senso. Parabéns! A Xuxa não sabe o que perdeu... ars
 — com Affonso Romano Santanna.’” (wellington soares/facebook, 17.09.2013)

Bom, vindo de Affonso, que diremos nosotros. O sapiens sapiens tá certo e não joga confete no Adão conquistador. Até porque ao chegar, na idade e dias exercitados, Sant’Anna pode e deve se dar ao direito, com dever de juízo estético, de apontar o que é bom e louvar “o que bem merece...”, sem desviar olhar solidário ao que seja deixado de lado.
O livro é bom mesmo e ninguém tasca. Textos enxutos, vingando a teoria literária de boa coesão e coerência, crônicas de memória afetiva e + temas urbanos e contexto histórico e sócio cultural para não fugir ao gérmen e escrita cunhada para o simples, inteligente e equilibrado de quem aprendeu a cinzelar as palavras, sem afogar-se no umbigo das vaidades naturais da humanidade.
(capa livro O dia em que quase namorei a Xuxa/acervo W. Soares)
Sinceras memórias familiares, desveladas e trazidas a público sem receio de abrir verdades da caixinha particular das lembranças infantis, adolescentes e da juventude versejada que qualquer um(a) viveu um dia, a seu contexto. Literatura de identidade, de pertencimento, de quebra do véu às coisas primeiras, na ordem das palavras ditas, dos riscos das letras para crônicas de humor, do riso e da fuga do esquecimento.
Capitu; Torquato; De Pai para Filho – o filme; piauiês; telemarketing; Scliar; Pec da Felicidade; o escritor ex-presidiário; as voltas ao grande Machado; a fantasia de namoro com Rainha dos Baixinhos (título do livro); os personagens populares da infância, os loucos e doidos de nossas memórias comuns; os pais, a família, as crianças e o cotidiano corriqueiro do artista, entre outros temas de ficção e realidades verossimilhadas.
O prosador transmutado às crônicas ao riso, entretenimento, boa leitura e exercício de ler para nunca esquecer "A saudade que dói"; coisas da democracia; as pesquisas científicas, bombásticas e sujeitas a mudar comportamentos; os shows e ídolos; os filmes; os amigos perdidos, mas mantida a piada; a juventude do "é proibido proibir"; o herói doméstico para extermínio de bichos ameaçadores e outros bens de recordação e registro de vida posterizadas pela literatura.
O dia em que quase namorei a Xuxa”, da editora Quimera, reflete o homem e sua hora para gerar identidades com leitor atento e sensível. Não é obra para perder-se em estante empoeirada. É pena dentro e tinta carimbada para lembrar Nelson; Vinícius; o Piauí; a cidade verde, nosso amor; os banhos fugidios no rio, Velho Monge; as repreendas da educação familiar; as memórias e homenagens póstumas; a saúde; a inveja; a vida plantada na literatura.
Uma boa homenagem à memória e à vida espelhada na arte da escrita. E quem não leu, que ganhe tempo e veja essa canção em prosa poética para achados e perdidos de atenção.
Texto tirado do blog do Marcelino Freire (http://marcelinofreire.wordpress.com) nos dá uma conta de outro olhar para a cidade que não tem + fim. Assunto, “O Piauí é lindo”.
Eu vou morar no Piauí. Em Teresina. Gostei de tomar cajuína. Amei o povo de lá. Os artistas teimosos que fazem o Salão do Livro. Os jovens poetas. Que fizeram esta revista aí ao lado. Chamada AO. Eta danado!

Podem apostar. Eu vou morar no Piauí. E antes que perguntem aí: “e o que você vai fazer em lugar tão longe?”. É preciso dizer: longe é São Paulo. A gente é que fica distante de tudo o que acontece em outras cidades. Ave!

Quanta pulsação há em outras pastagens, meu irmão! Saí do Piauí alimentado. Da melhor 
carne de sol. E, sobretudo, de um coração acolhedor. Todo mundo recebe a gente no maior calor. Sim. Se há calor em Teresina é o humano.

O Brasil precisa descobrir o Piauí. E deixar dessa mania de grandeza: achando que lá só tem pobreza. E onde não tem, hein? Em Teresina tudo é 
rico, meu bem. De arte. E de vontade.

É contagiante, por exemplo, ver o entusiasmo do escritor Wellington Soares. Ele que toca fogo na paisagem. Um dos criadores de outra revista piauiense de artes, a Revestrés.

Em que outro recanto do país a gente tem assim, fresquinhas, duas revistas pulsantes? Deixemos de ser ignorantes. Teresina é linda. Voltei com saudades. E voltarei lá, com certeza, um dia. Ou, quem sabe, de uma vez?
Agradeço, aqui, publicamente a todos os novos amigos do Piauí. Nossa amizade só está começando.”

E, a nós piauienses, produtivos, criadores e criativos, resta agradecermos afetos declarados e declaramos, na paráfrase ao Caetano, que estamos aqui por toda a cidade, pagando em suor a felicidade. O calor humano também se espalha pelo físico das quentes tardes, remoídas nas memórias à sombra de oitis, caneleiros, ou marquises e outros refrigérios sobreviventes aos dias de BRObrós.
Colhemos frutas maduras no quintal, ouvimos as fogo-pagôs altamente urbanizadas e vislumbramos as corridas fugazes das lagartixas, ou o canto dos bem-te-vis de cores nacionais. Sorvemos também o vinho encorpado, maturado nos escritos de Wellington Soares. 
(escritor Wellington Soares/foto colhida do face W.S)
Maktub!

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