quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Elas e Eles

Eles e Elas são Desvalidos
por maneco nascimento

"Querido Maneco. Quero dizer sobre A república dos desv. É a maturidade e competencia do seu elenco, sobre Tudo o diretor Arimatham Martins. Ele tà demais. Sem contar com a bela musica do nosso autor e nosso ESPETACULAR maestro,..Aurelio. Bj. Bom domingo. To indo daqui a pouco p. ensaio.lari" (mensagem enviada, via celular, pela atriz Lari Sales às 9h03 do dia 14/12/2014)

A colega de cena, Lari Sales, enviou esta mensagem após tê-la entrevistado para matéria produzida e publicada no Leia-se, de 16 de dezembro de 2014, intitulada República dos Desvalidos - Itararé eternamente. 

Havíamos conversado sobre sua experiência em três montagens, três diretores, um a cada versão trazida ao palco, mudanças de colegas de cena e o ponto vista particular da atriz ao resultado de cada encenação.

Conversamos sobre o espetáculo na sexta feira, 12, mas só publiquei a matéria na terça, 16, data de pré-estreia do espetáculo que ocorreu no CEU, equipamento cultural instalado no bairro Santa Maria da Codipi, zona rural norte de Teresina. Quando a mensagem foi lida, já havia publicado o texto e guardei a informação a novo cartucho.
(Lari, Bid e Vera em cena da macumba[2006]/acervo Grutepe)

Lari Sales começou a fazer teatro, em Teresina, nos meados da década de 1970. Uma geração vívida que forçava revirar a cena local e interagir com os decanos dos anos 50 e 60, como Santana e Silva, Ana Maria Rêgo, Tarciso Prado, Gomes Campos, entre outros.

O Cepi - Centro Integrado de Artes, criado pelo visionário Alberto Silva, também na segunda metade dos 70, foi canal de aproximação dos novos artistas ao canto, teatro, música, artes visuais. Este laboratório da invenção artístico cultural, que reunia o diretor de teatro Murilo Eckhardt, o músico e regente Reginaldo Carvalho, et al, teve papel fundamental nessa retomada do fazer artístico em Teresina.

Nessa efervescência, provocada pelo Cepi, surgem ótimos atores e atrizes, diretores e uma infindável atração de pessoas que geraram a fruta madura que hoje é referência cultural. Lari Sales surge, também, com aproximação e afinidade a pessoas ligadas a esse movimento cultural e faz, na sequência, sua estreia no teatro.

De lá pra cá são muito + de três décadas de amor à cena. Entre seus sucessos, "Quinze Anos Depois", de Bráulio Tavares, em que dividiu o palco com Fábio Costa; "Raimunda Jovita na roleta da Vida" e "Os Dois Amores de Lampião antes de Maria Bonita e só agora revelados", de Chico Pereira da Silva; "A Farsa do Advogado Patelin", autor desconhecido; "Le Defunt", de René de Obaldia, em que dividiu cena com Carmem Carvalho; "Os Satimbancos", de Chico Buarque de Holanda; "Apareceu a Margarida", de Roberto de Athayde; "A Rainha do Rádio", de José Safiotti Filho e "A Casa de Bernarda Alba", de Garcia Lorca, em que desempenhou uma Bernarda surpreendente.

Um repertório vasto e inquestionável dessa amante do palco que recebeu o título de nova Dama do Teatro Piauiense, já que vinha na esteira da querida e velha Dama dos Palcos Piauienses, Ana Maria Rêgo, pioneira na coragem e força de cunhar palcos e dramas. Esta, homenageada com o próprio nome ao Festival Nacional de Monólogos "Ana Maria Rêgo", concurso que. depois de vinte anos ininterruptos, foi deixado de lado pela política lazarina da pasta municipal de cultura. O nome e a memória se fincaram na história, apesar das adversidades.

Da força de Lari Sales, é estrela fixa no elenco de duas montagens anteriores para "Itararé, a República dos Desvalidos" (1986 e 2006) e, na novíssima leitura que estreia dias 30 e 31 de janeiro e 1 de fevereiro, às 20 horas, no palco do Theatro 4 de Setembro. Atriz intensa e dramática de preencher  os ambientes com inflexões de arroubo denso, Lari dividirá, em A República dos Desvalidos, dirigida por Arimatan Martins, seu tempo de atuar com as não menos talentosas e brilhantes estrelas consteladas e gerações integradas.

(esses doces e bárbaros d'A República dos Desvalidos/acervo Grutepe)

As colegas Vera Leite, voz e dramas bem articulados e maturada experiência em palcos piauienses, cariocas e ludovicenses, estando presente em grandes montagens da cena no Rio (Cia Carioca de Teatro Soninha de Paula), São Luis (Marcelo Flexa, Urias de Oliveira, César Boaes e alhures) e Teresina (Grutepe, Zé Afonso e José da Providência; Cia de Dramas e Comédias, Lari Sales e Fábio Costa; Harém de Teatro, Arimatan Martins).

Bid Lima, que já provou sua marca, desde a Oficina Procópio Ferreira, Grupo  Asmodeus, e com passagem garantida e comprovada, de resultados eficazes, pelo Núcleo do Dirceu, Tribo Teatro e Grupo Harém de Teatro. Artista visual, também assina os Figurinos das montagens de 2006 e 2014.

Edithe Rosa, com identidade de atriz profissionalizada na disciplina de vencer os lobos e não ser carne fácil à matilha, detém ação pelo Tribo Teatro (cinema e palco); Mosay de Teatro, de onde rendeu o Prêmio de Melhor Atriz no Festival Nacional de Monólogos "Ana Maria Rêgo". Essas meninas poderosas estão toda energia para a estreia que se aproxima.

Mas A República dos Desvalidos é também d'Eles. Fábio Costa, da geração de Lari Sales, inclusive com parcerias certeiras com a atriz. Do elenco original de Itararé, a República dos Desvalidos, Fábio está na zona de conforto quando o assunto é tema de Zé Afonso de Araújo Lima. Criador do Palhaço eletrônico Leleco, filho direto do animador Leleco que, em algum lugar do passado dividiu cena com Lilica, criada por Vera Leite. Há + de vinte anos Fábio Costa mantém, na memória infantil da cidade, o Palhaço Leleco, através do Programa de Tevê TeLeleco.

Eliomar Vaz Filho é outro original das primeiras montagens do texto zeafonsiano. Confirma 1986, 2006 e, agora, a de 2014. Conta com o vozeirão e construção da personagem, entre bonachão e melodramático que a dramaturgia do autor e diretores sempre provocaram. Com passagem pelo Tribo Teatro, em várias versões d'A Paixão de Cristo de Bom Jesus, o empertigado Eliomar é ator pra toda obra que lhe chegue como script. No Grutepe, faz parte do elenco fixo da Companhia.

Marcel Julian, ator desde os tempos de Amantes Delirantes, quando participou da montagem de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, dirigida por Arimatan Martins, foi confirmar profissão no Grupo Harém de Teatro onde permanece há + de vinte anos e amadureceu a própria veia de atuar no fenômeno Raimunda Pinto, Sim Senhor!, de Chico Pereira da Silva.

Fez incursões na Companhia Carioca de Teatro de Soninha de Paula e tem cadeira cativa no Tribo Teatro, de Franklin Pires, quando chega a paixão para A Paixão de Cristo de Bom Jesus. Sabe ser ator e carismático.

Não bastasse esse elencão de atores e atrizes estelares, se assomam a este o texto original de Zé Afonso (escritor, poeta, advogado, dramaturgo, diretor e ator de teatro e amantíssimo da arte e cultura transversadas), responsável pela produção executiva; a dramaturgia de cena de Arimatan Martins (dramaturgo, poeta, ator e diretor de teatro); iluminação de Assaí Campelo e Pablo Erickson (iluminadores piauienses de ponta).

cenografia de Emanuel de Andrade (ator e cenógrafo); preparação do corpo, Fernando Freitas (ator, bailarino, coreógrafo, diretor de teatro e arte educador); adereços, Wilson Costa (ator, diretor de teatro, aderecistas, maquiador e figurinista); som direto, Zé Dantas (sonoplasta de mancheia); assistente de som, Jocione Borges; programação visual Paulo Moura (poeta, artista visual e publicitário).

A direção musical de Aurélio Melo (maestro da Orquestra Sinfônica de Teresina e regente de Coral), arranjador e compositor musical dos poemas de Zé Afonso. Na participação especial, na cena, os músicos Aurélio Melo, Paulo Aquino, Gustavo Baião, Wilker Marques e Gilson Fernandes.

No time feminino, área técnica, ainda as presenças luxuosas de Bid Lima (atriz, coreógrafa dança nova, artista visual e arte educadora), criadora dos figurinos, e Gislene Danielle (atriz, cantora de canto popular e lírico, professora de canto e arte educadora) como preparadora vocal. Essa é uma peça de homens e mulheres de sucesso. É d'Elas e d'Eles.

"Maneco amado. Li É da República. Que olhar bonito voce tem sobre nos. Espero e faremos tudo para estar a altura.bj.boa noite.lari". A colega me envia + uma mensagem, às 18h08, do domingo, dia 18/01/2015. Refere-se ao artigo É da República - dos desvalidos, escrito e publicado em 7 de janeiro de 2015, postado por Leia-se/Letras e letteras, às 12:46.

(Lari, Vera, Marcel, Eliomar, Edithe, Bid e Fábio: álbum de família/acervo Grutepe)

A República dos Desvalidos, um time de meninos e meninas que jogam pra ganhar sempre. Espetáculo, que conta com o aporte financeiro do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura - SIEC, marcará bordereau no palco do 4 de Setembro e segue carreira ao Rio de Janeiro para apresentações, em março, no Teatro Princesa Isabel.

 A dica está dada, agora só falta você. Reaja pra gente ver!

Serviço:
A República dos Desvalidos
- de Zé Afonso de A. Lima -
direção de Arimatan Martins
dias 30 e 31 de janeiro
       1 de fevereiro
às 20 horas
no Theatro 4 de Setembro
Informações: 086 3222 7100

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