terça-feira, 29 de abril de 2014

FormArCen 2014 (II)

Fórum - Segundo Tempo
por maneco nascimento


No segundo momento, manhã do dia 28, dessa segunda feira, o Fórum das Artes Cênicas 2014 contou com o tema "Produção e Mercado de Trabalho".

Às 11h30, os promotores culturais Francisco Pellé, Walfrido Salmito, Adalmir Miranda e o Palhaço Tio Boscoli desenvolveram suas falas acerca das experiências na cadeia produtiva do mercado de trabalho ao teatro.

O ator e produtor executivo Francisco Pellé abriu a conversa temática apontando serem poucas as iniciativas, nas universidades, de formação voltada à área específica. E que, como não se pode tratar de formação cultural sem a inclusão de mercado, a preocupação com o fazer cultural estará sempre dentro das perspectivas de mercado.

O conhecimento do mercado de trabalho determina ações de produção. Em Teresina o mercado não é amador. Não existe mesmo é mercado. Trabalho para o artista de teatro depende de eventos públicos oficiais. "O ator é o último da cadeia produtiva, às vezes nem recebe o cachê", declara Pellé. Quanto a trabalho no mercado da publicidade, o artista é substituído pelo rostinho bonito.

(Lari Salles e debatedores culturais à produção e mercado/foto Vítor Sampaio)

Francisco Pellé apontou, como sobrevivência da arte de teatro local, o mercado interno dos grupos. Os artistas locais acabam sendo absorvidos pelo mercado de grupos, associações sem fins lucrativos, entre outros, como é o caso do Grupo Harém em que as montagens e produções empregam os profissionais das cênicas, figurinistas, aderecistas, maquiadores, iluminadores, etc. E há casos em que os grupos têm, por extensão, a própria produtora cultural e, dessa forma, acabam também no papel de empregador.

Sobre iniciativas no mercado, o ator disse que ainda são muito acanhadas e "não vencemos ainda os percalços do mercado", declarou. Por outro lado "temos oferta de produção e profissionais de teatro, na cidade, não absorvidos ainda", constatou. Quanto aos novos profissionais que têm surgido, que lugar vão ocupar na cadeia produtiva, haja vista que "continuamos a fazer a produção para nós mesmos, para consumo próprio", acrescentou.

Pellé ao falar de pleito de financiamento para realização de um produto cultural aciona que a ideia de produção deve ser imortalizada no papel. Elaboração deficiente na proposta cultural inviabiliza qualquer absorção da ideia que queira vender. Conhecer o foco de atuação da empresa em que se vai concorrer também facilitaria conseguir o intento, em edital específico e formato que mantenha o foco de interesse do patrocinador.

O mercado de trabalho empregador é curto e os eventos públicos oficiais são ventos. "As fundações culturais executam eventos e não há políticas públicas na área da produção cultural do Piauí", apontou Pellé. O funcionamento pleno das leis de incentivo objetivaria a produção cultural que o artista mereceria ter no estado, foram as falas finais do ator e produtor executivo de teatro.

Na sequência se manifestou Walfrido Salmito, que disse não iria redundar sobre o que já havia tratado Pellé. Falou de sua produtora, apta a realizar projetos culturais. Quanto a produção cultural e mercado, na realidade local, disse que o artista vai sempre com o pires na mão na tentativa de viabilizar seu projeto.

O artista deve contratar produtores executivos e ficar mais livre só para atuar. Divulgou sua empresa de produção executiva e nomeou os projetos que irá executar a partir de concorrência ganha em edital (Amazônia das Artes local, Mostra de Cinema SESC e Pipoca com Guaraná).

Nas palavras do artista de circo, o Palhaço Tio Boscoli, uma radiografia da própria experiência e de como o artista criou o seu método empreendedor de produzir, penetrar no mercado e manter-se a partir da arte que desenvolve, com criatividade e fé no trabalho. Confessou ter aprendido a fazer produção cultural e que venceu da plateia dos 14 para a de 800 espectadores. 

Multimídia do próprio trabalho, tem coragem e crença em produzir a sua arte, "sou artista da alma, da gema, vivo felicíssimo", falou ao confessar não querer saber de estar preso a emprego formal. Gosta da escola livre e no mercado do espetáculo para crianças desenvolveu a produção de shows infantis em teatros, ginásios, praças da capital e do interior e que criticar é política para cego, tem sobrevivido do próprio esforço com criatividade e muita força de vontade. Fechou sua explanação dizendo que "o mercado é acreditar no que se faz", vaticinou.

Adalmir Miranda, ator e diretor de teatro, o artista deixou claro que não é produtor "produzo porque não há produtor. Sou ator e diretor", pragmatizou. Quanto a penetrar no mercado e avançar nessa onda de ganhar sobrevivência e não morrer na praia "a gente tem que aparecer bem aparecido", apresentou a constatação ao deter à experiência de que o incentivador só vai se interessar pelo projeto cultural "se  a gente realmente for visto", encerrou suas falas.

Esse segundo momento, na manhã da segunda feira e segundo dia do Fórum das Artes Cênicas 2014, ação promovida pelo SATED-PI, fechou exposições diferentes e olhares comuns para estratégias de produção e mercado de trabalho do movimento cênico local. 

Conversas afiadas e produtivas ao produto cultural que o artista de Teresina discute em afinação da arte e sobrevivência. Esse Fórum ainda tem + a render nos dois dias que seguem.

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