quarta-feira, 2 de abril de 2014

Artista é pra ser pago

Não às promessas vãs
por maneco nascimento


Depois de + de três horas de espera às margens dos discursos monocórdios e infindáveis entregas de medalhas de Mérito e outras honrarias políticas estaduais e municipais, no campo emblemático de batalha pela adesão piauiese à independência do Brasil, o elenco do espetáculo "A Batalha do Jenipapo", dirigido por Arimatan Martins, pode então demonstrar o esforço da paciência e razão artística aos poucos que sobreviveram a guerra da espera. Alguns, entre os citados, esperaram desde as 16h00.

Lá pelas idos das 20h30, do dia 13 de março de 2014, no campo do Monumento "Heróis do Jenipapo", em Campo Maior - PI, a representação da história da guerra local moveu-se com a força da arte que as cênicas sempre possibilitam ao mundo dos espetáculos.

Todos adoraram a montagem vista. A satisfação do público sobrevivente e a alegria do elenco sobrepujaram os "defeitos", impostos naquele fim de tarde e entrada da noite, em solenidade oficiosa, que antecederam "A Batalha do Jenipapo", a peça.

Tudo foi festa. O orgulho dos contratantes (Governo do Estado/Fundac) e as promessas políticas, em indisfarçável crédito de si próprias e querendo ter poder de convencimento, acabaram tornando-se a falha trágica, para a linguagem de teatro.

A promessa que poderia ter ficado no fundo da garganta demagógica e que ganhou ares de gerência e eficácia administrativa se perdeu na pressa de parecer diferente de outros anos e outros processos para essa mesma batalha repetida, dos artistas, em receberem, em tempo hábil, o cachê devido.

O + grave talvez tenha sido o deslumbramento da nova administração da Fundac em querer ser  + bonita que a rainha da Inglaterra, esta com suas pompas e circunstâncias e tradição para ingleses verem. Ao tentarem ficar bem na fita, em discurso ao coletivo de atores do espetáculo, as gerências, produções executivas e letra de chefia hieráquica, representada nas vozes dos ordenadores diretos do chefe, cometeram um deslize.

Prometeram a cunha que não poderiam cumprir, haja vista estarem na ponta franjeada de receberem ordens e nunca determinarem agilidade de serviços de pagamento de prestação de trabalho, com recurso público orçamentado. Isso já entendem os artistas envolvidos no espetáculo. A nova leva administradora da Fundac ainda não compreendeu o caminho das perdas, de credibilidade, ao acenar com promessas vãs.

A gerência de ações culturais da Fundac e seus assistentes prometeram, com todas as letras, empenhos burocráticos e o próprio do domínio do cargo, que o pagamento do cachê dos artistas, que cumpriram sua parte na representação do espetáculo, seria pago dia 30 de março. A promessa pulou 31de março, 1 de abril e ai a mentira engrossou a ingenuidade planejada de conquistar artistas. "É mentira, tchu, tchu!"

A notícia do setor de pagamento da Fundac, é de que os artistas só serão pagos depois que for encerrado o pagamento do funcionário público estadual. Das sobras do orçamento do estado entrará, talvez, o disposto em contrato, assinado pelos artistas e representação oficial da cultura estadual, que honre a parte do governo em relação ao acordo tácito.

Paguem -nos, pois o teatro já enfeitou com louvor as vaidades políticas que transformam o ato cênico em bibelô do brinquedo oficial, ao fim das solenes manifestações de cultura de política, em detrimento da cultura histórica, de memória e de ato cultural à cena que melhor representa o que proporia repercutir o histórico do estado e nação, enquanto conta um vigor de manifestação sóciopolítica local.

Então, administradores da Fundac, não façam promessas e discursos vazios. Não poderão cumprir. "Esse papo seu tá qualquer coisa..." de papo de gia, gelado e afiançado a perder de vistas às determinações superiores. Paguem sim, pois não há como voltar atrás no compromisso.

Só não façam papel de bobo da corte que contribui à sinas desviadas e aporte da realidade cultural e política de gabinetes azeitados na falta de compromisso. Não vinga, não cola e perdem a chance de serem pessoas comuns, simples mortais à frente de um período de orientação dos negócios públicos da cultura estadual. Lembrem-se, não são deuses!

O pagamento da folha estadual encerra sexta feira, 4 de abril, às vésperas de um final de semana que não paga a ninguém. Então os artistas relevam as expectativas à semana outra, que vem naturalmente em seguida, e o calendário segue.

Como todo dia é dia D, já dizia o poeta, e todo mês tem dia 30, o elenco d'"A Batalha do Jenipapo", a peça, contará só com o bom senso e o interesse do administrador da Fundac, em valorizar o artista local e desviar-se das velhas práticas que empurram com a barriga o que considerem como resolução para depois, quando der.

Que não haja da Fundac a pequenez da falta do entendimento e de sensibilidade culturais. Estes são assuntos da pasta da cultura, major. E cumpra-se o acordo, em tempo real, firmado entre contratante (Governo do Estado/Fundac) e contratados (artistas da cidade).

Fundac, pague os artistas. Deixe a cena política aos holofotes.


(um cavalo de Batalha receber o cachê na Fundac/divulgação)

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