quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ensaio 100 ruas


Ensaio 100 ruas
por maneco nascimento

O GrupoArt Dançacomemorou 10 anos de pés dedicados aos linóleos e tablados da dança na cidade. Estreou o ProjetoCem Ruas art dança Dez Anos”, dia 15 de agosto de 2011, às 20 horas, no Theatro 4 de Setembro, para uma plateia considerável de convidados.
(cartaz projeto cem ruas art dança dez anos/acervo: grupo art dança)

Contemplado com o Prêmio FUNARTE de Dança “Klaus Viana”, parcerizou a montagem com a Organização Ponto de Equilíbrio – OPEQ e montou praça rumo ao resultado. 

Segundo a argumentação de proposição em Projeto seria realizar 100(cem) apresentações de um espetáculo garimpado no histórico de linguagem praticado, com variação pelo regional, jazz e contemporâneo de seu repertório.

Em cada bairro, seriam atingidas dez ruas com oCem Ruas art dança Dez Anospara contemplar as gentes simples com cadeiras nas calçadas. Os bairros escolhidos, Acarape, Mafuá, Mafrense, Poti Velho, Matadouro, Aeroporto, Buenos Aires, São Joaquim, Real Copagri e Mocambinho.
(panfleto projeto cem ruas art dança dez anos/acervo: grupo art dança)

Para esse resultado foram aproximadas, segundo o release, técnicas de dança, circo e teatro em musical que mescla o cotidiano do grupo em sua trajetória criativa de uma década na região norte, sede de surgimento da Cia.

A direção geral e coreografias levam a assinatura do coordenador do Grupo, Francisco Moreno, com assistência de direção de Juliana Márcia.

A direção artística, de Valdemar Santos, aponta elementos que se configuram ao objeto de elaboração de olhar cênico-criativo. Os figurinos de Siro Siris preenchem de vida composicional o corpo dançante e os adereços confeccionados por Siro Siris, Grupo Afoxá e Dionisio Brasil complementam o ilustrativo do desenho pensado para a dramaturgia orientada à cena.

O elenco feminino, formado por Deusa Dias, Edmaria Araújo, Isabela Martins, Maiara Castro, Cleide Helena, um gracioso conjunto empertigado e determinante da força da mulher ao preenchimento das marcas equilibradas, embora ainda sem o rompimento da forma pelo orgânico.

O conjunto masculino, da obra apresentada, composto por Alex de Jesus, Eduardo Ananias, Carlos Anderson, Denis Aurélio e Wilamis Portugal, tem corretos e ensaiados movimentos para tônus, por vezes, frágeis ao coletivo da energia do corpo para o street, por exemplo. No regional, quando há uma maior liberdade e alegria de licenças corporais, está + à vontade.

Mas escamoteia o tônus da projeção original desenhado, com gesto de meneio particular quase indispensável. Salvo um ou dois, do conjunto masculino, definem marca corporal para disciplina dançada fora do eixo da idiossincrasia ou vaidade (in)consciente. 

Como nas cênicas o melhor texto interpretado está no corpo do ator/dançarino, quando há dispersão ou relaxamento, sem propósitos dramatúrgicos, comunica com + ruídos.

A iluminação propõe pequenos encantos para política de ruas de memórias afetivas revisitadas. O repertório musical, especialmente do street, parece fugir nas composições de elaborados ao discurso de identidade. Ainda não repercute as falas do corpo local, parece ainda estar de frente para o mar, contemplando o mito que não incorra no complexo de Nazaré.

O coletivo apresenta uma linha sincrônica de gestos, movimentos e desenhos praticados ao ensaio 100 ruas na linha imaginária do simples premeditado. Pressente uma sinestesia que poderá ser incorporada, quando a maturidade, do escolhido, for melhor impregnada na oralidade corporal planejada.

10 anos e dez corpos regurgitam visíveis e invisíveis textos da história que bem começaram a marcar como referência ao original versejado. O Art Dança tem um bom projeto às mãos de corpus social, agora é dar margem ao preenchimento dos vazios, já povoados de presenças, mas ainda não defendidos a toda convicção.


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