sábado, 22 de agosto de 2015

6xto Lusófono

Harém Trintas Anos
por maneco nascimento
O Grupo Harém de Teatro nasceu Harém Pictures de Teatro, há trinta anos, durante a Semana Chico Pereira da Silva, idealizada e feita palco e origens de memórias do teatro piauiense pelo artista e amigo querido de todos, Tarciso Prado. Naquela Semana Pensada pelo articulista da cena local surgiu o Harém.
A práxis de movimentar o teatro local, nessa nova empreitada de novo Grupo, seria trazer o homem brasileiro ao centro da cena. Desde 1985 o Harém girou a roda da fortuna cênica e doou-se ao tempo de ser, estar e configurar sinal ao já consignado teatro piauiense, que tem na esteira da invenção Ex-machine, as manifestações cartoriais do teatro de salão, do início do século 20, com Jônatas Batista; depois a geração de nossos mestres, dos anos 60 e 70, Gomes Campos, Tarciso Prado, Santana e Silva, Ana Maria Rêgo e, também, dos aspirantes à época de 70, dois grupos de tradição do teatro local surgidos, Grupo Raizes de Teatro e Grupo de Teatro Pesquisa - Grutepe.
Nascemos, o Harém, da conformidade do “velho”, para não esquecer Pound.  E essa história começa e, não tem fins lucrativos que não sejam a arte pela arte do teatro que nos representa, gera identidade sócio criativo cultural e atomiza pertencimento e memórias sociais continuadas.
Nos anos de 1998 e 1999, um dos componentes e fundador do Harém, Francisco Antonio Vieira (Francisco Pellé) ganhou uma bolsa de intercâmbio a Portugal e fez uma imersão de interações estéticas entre artistas e países de língua portuguesa. 
Daquela experiência que reunia atores, atrizes, diretores, encenadores de Portugal, Brasil – Piauí, Angola, Moçambique, Cabo Verde, entre outras nações lusófonas aproximadas à cena, deu-se o estalo para reproduzir as experiências colhidas na ocasião.
De volta à terra natal, Francisco Pellé empreitou a ideia, feito obra concretizada, o Festival de Teatro Lusófono. Reunir países de língua portuguesa, Brasil Portugal e África, e abrir as fronteiras da lusofonia. 
Cinco edições anteriores em que a dramaturgia de cena, a língua, a linguagem, as falas e as vozes sociais de tronco comum artístico e de lingüística, do teatro sem fronteiras, reverberaram arte, cultura, vivências em expansão de palcos experimentados à arte de ver, viver e concretizar teatro e razão social, esteados na arte do convencimento e expressões cênicas do teatro sem tradução.
Nos 30 anos de experimentações voltadas ao teatro brasileiro, 16 espetáculos montados; duas experiências, com direção portuguesa e atores piauiense e português; Prêmio do Mérito Lusófono a montagens de países de língua portuguesa; circulação e dialogismo com todo o país em Festivais nacionais e permutas de palcos e dramaturgias que deram ao Grupo Harém de Teatro seu histórico, a peça mais importante de seu repertório talvez tem sido a ação continuada e o fruto em processo de maturação, o FestLuso que sinaliza à sexta edição.
(arte visual Paulo Moura[irmão de criação])
Neste agosto, começam a ser aquecidas as baterias, de marca Baco, porque o Festival de Teatro Lusófono já se faz em dias de anúncios confirmados e proclamos cênicos.
A cidade de Teresina receberá as nações lusófonas Brasis, de África, Portugal e a mais nova nação aproximada, Macau/China. Línguas, linguagens, falas e eixos dramáticos darão vazão às fronteiras aproximadas em tempos de FestLuso.
Neste 2015, o FestLuso ocorre de 24 a 30 de agosto e a homenagem lusófona será ao nosso querido e velho amigo de guerra e front dramático, Tarciso Prado, ator, diretor, dramaturgo de palco, pai, avó, bancário e articulador apaixonado pela arte dos palcos e pela verve dos "draaamasss e coméédiasss", numa licença de exagero oralizado, na tentativa de reproduzir a prosódia enfática do artista, ao falar dessa paixão que a todos nós contagia, o teatro.
Tarciso também é um dos + lembrados diretores do Theatro 4 de Setembro, este que sofreu uma grande intervenção de restauração, na década de 1970, sendo reaberto e entregue em 10 de março de 1975, no governo do então Alberto Tavares Silva.

"Com o Theatro 4 de Setembro aberto começou uma nova fase cultural no Estado, de grande efervescência artística. A direção da casa foi entregue ao ator e diretor Tarciso Prado, que montou uma equipe técnica com o que de melhor havia no meio local. Tarciso Prado não seria apenas o diretor do Theatro 4 de Setembro, mas, também, do Serviço de Teatro da Fundação Cultural do Estado, instalada oficialmente a 15 de maio de 1975", registra Aci Campelo em seu livro “História do Teatro Piauiense”.
Não esquecer nossas memórias, nem desprezar nossa história do teatro amador piauiense e de um dos artistas da geração da cena, nos anos 60 e 70 do século 20. E Tarciso é um ator intenso, de inflexões fortes e de discurso de corpo e de construção da personagem trazida à visibilidade, que não dá para passar despercebida.
Entre seus trabalhos como ator, esteve ao lado do saudoso Gomes Campos, em "Barco Sem Pescador", de Alejandro Casona, com direção de Santana e Silva, ano 1965; no espetáculo "A Tragédia do Gólgota", de Francisco Fontoura, contracenou com Ary Sherlock, José da Providência, Assaí Campelo, Zezé Lopes e Francisco Augusto, entre outros. A montagem de 1971, com direção de Ary Sherlock. 
No cinema, interpretou com muita dignidade um homem velho, rumo a seu próprio enterro. Personagem de nome Ciprianoem filme homônimo, dirigido por Douglas Machado. Filme de 2001.

***Tarciso também é responsável pela realização da Semana Chico Pereira, de 09 a 15 de dezembro de 1985, em que foi aberta uma Exposição sobre o autor piauiense, de Campo Maior, que residiu no Rio de Janeiro, onde desempenhou as funções de crítico de arte e dramaturgo. 

A Semana Chico Pereira apresentou espetáculos montados, a partir de peças do homenageado. As peças "Raimunda Jovita na Roleta da Vida ou o Destino Quis Assim: de Pucella a Ninon", direção de José da Providência, pela Cia. de Dramas e Comédias do Piauí, e  "O Trágico Destino de Duas Raimundas ou Os Dois Amores de Lampião Antes de Maria Bonita e Só Agora Revelados", direção de Arimatan Martins, montagem do Harém Pictures de Teatro/Grupo Harém de Teatro.

Na programação formativa da Semana, Palestras e shows musicais, e Seminário sobre Chico Pereira da Silva.
Tarciso Prado não é só grande ator, também é diretor de mancheia. Como diretor de teatro, é de sua iniciativa a criação do Grupo Teste de Espetáculos, no ano de 1976, a partir do espelho do Teatro Estudantil Teresinense, que vinha na esteira do Teatro do Estudante do Brasil, de Paschoal Carlos Magno. 

Dirigiu o Grupo criado por iniciativa dele e,  na estreia da agremiação, a apresentação da peça "Cabeça de Cuia", de Gomes Campos, direção de José da Providência. Dirigiu em 1977, a infantil "A Revolta dos Brinquedos", de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga; "O Reino do Mar Sem Fim", de Chico Pereira da Silva, em 1978 e, em 1980, houve a montagem de "O Princês do Piauí", de Benjamin Santos, dirigidas por Tarciso. 
Para Aci Campelo, autor de História do Teatro Piauiense, o Grupo Teste de Espetáculos foi o primeiro Grupo de teatro piauiense a montar peças de Francisco Pereira da Silva e Benjamin Santos, dois grandes expoentes do teatro piauiense na dramaturgia nacional.

Pois é ao ator, diretor, articulador da cena piauiense, de quem muito nos orgulhamos, que serão direcionadas as homenagens na Lusofonia instalada.
(arte visual paulo Moura{irmãodecriação] sobre foto de Maurício Pokemon)
Na última semana de agosto, de 24 a 30, as alegres entradas e aberturas de fronteiras, com representação dramática na Praça, em Casas de espetáculos, em Trilhos da cultura e palcos livres à expressão de dramaturgias lusófona. 
(encontro de Velhos Palhaços/fotos Margareth Leite)

E, festejemos a cena lusófona de,  "Um Bico Para Velhos Palhaços", Grupo Harém de Teatro - Teresina/PI Brasil (24/08); "Os Sapatos que deixei pelo Caminho", Teatro do Kaos - Cubatão/SP (25/08); "Confissões", Cia de Teatro Dadaísta - Luanda/Angola (26/08); "A Nova Aragem", Grupo de Teatro Lareira/Chão de Oliva - Maputo/Moçambique (27/08); "A Maior Flor e Outras Histórias Segundo José" - Teatro Art'Imagem - Porto/Portugal (28/08); "E a Cabeça tem de ficar?" - Grupo Chão de Oliva - Sintra/Portugal (29/08); "A República dos Desvalidos" - Grutepe - Teresina/PI Brasil (30/08). Será sempre às 20h,30, no Theatro 4 de Setembro.

No Teatro do Boi, os espetáculos acontecem sempre às 18h30, salvo dia 29, que será às 10h da manhã. Os espetáculos que vão ao Teatro do Matadouro, "Um punhado de terra" - Teatro Art'Imagem - Porto/Portugal (27.08); "Exercício Sobre Medeia" - Piauhy Estúdio das Artes - Teresina/Piauí Brasil(28.08); "O Rouxinol e o Imperador" - Elisa Vilaça - Macau/China (29.08) às 10 horas da manhã; "Haru: a primaverada do Aprendiz" - RaphaSantaCruz Produções Artísticas - Recife/PE Brasil (30.08)

As atrações do Teatro Estação, no horário das 23 horas, na Mostra HomoAfetiva. "Sobre Borboleta" - Grupo de Teatro "Procópio Ferreira" - Teresina/PI Brasil (25.08); "Borrado" - A Outra Cia. de Teatro - Salvador/BA Brasil (26.08); "Quando o Amor é Assim e não Assado" - Humanítas Grupo de Teatro - Timon/MA Brasil (27.08); "Sofia 33" - Teatro Duplo - Rio de Janeiro/RJ Brasil (28.08) e "Quotidiano" - Grupo de Teatro do Centro Cultural Português IC Mindelo - Mindelo/Cabo Verde (29.08).

A Mostra de Teatro na Rua, na Praça Pedro II, às 17 horas. "Final de Tarde" - Grupo Teatro de Caretas - Fortaleza/CE Brasil (26.08); "A Flor do Mamulengo" - Mamulengo Fantochito - Teresina/PI Brasil (27.08); "Deus Lhe dê em Dobro" - Cia Dragão 7 de Teatro - São Paulo/SP Brasil (28.08).

FestLuso Timon, em Timon, no Maranhão, no horário das 17 horas. "Deus Lhe dê em Dobro" - Cia Dragão 7 de Teatro - São Paulo/SP Brasil (26.08, na Praça São Benedito) e "Haru: a primavera do Aprendiz" - RaphaSantaCruz Produções Artísticas - Recife/PE Brasil (28.08, na Fundação Cidadania).

Encontros Lusófonos - diálogos com diretores, encenadores, intérpretes e fazedores da cena Lusófona em geral - Dia 29 de agosto, (na sexta feira), às 10 horas da manhã, no Teatro Sala Torquato Neto.
Show Musicais - Espaço Cultural Trilhos, às 00h00:
25.08 (terça) - Trio Gonzaga Lu
26.08 (quarta) - Conjunto Roque Moreira
27.08 (quinta) - Moisés Chaves e Batuque Elétrico
28.08 (sexta) - Uns Pereira da Silva e Bia e os Becks
29.09 (sábado) - Cochá/Grupo Recantos.

Programa Formativo: Oficinas e Palestras -
I. Oficina Teatro de Rua (Práticas de rua; Performances; Intervenções e pensamentos; Formas de habitar a cidade), com Vanéssia Gomes, do Grupo Caretas de Teatro de Rua, Fortaleza/CE Brasil, de 20 a 24.08, das 9h às 12h, na Escola Técnica Estadual de Teatro Prof. José Gomes Campos;
II. Oficina Teatro Documentário: nem tudo é ficção. Com Luiz Antonio Sena Junior, d'A Outra Cia de Teatro - Salvador/BA Brasil, de 25 a 28.08, das 9h às 12h, no Theatro 4 de Setembro (Sala de Oficinas);
III. Oficina Voz em Gil Vicente. Ministrante, Daniela Pêgo, do Teatro Art'Imagem, de Porto/Portugal. No Theatro 4 de Setembro (Sala Oficina "Procópio Ferreira"), de 25 a 28.08, das 14h às 18h;
IV. Projetos Vozes da Terra - "As Marionetas Asiáticas - Raízes Culturais", com Elisa Vilaça, Curadora do Museu de Marionetas de Macau (em fase de implementação), sob a Tutela da Casa de Portugal em Macau, na China. O encontro ocorre dia 26 de agosto, às 10 horas, no Teatro Sala Torquato Neto;
V. A Grande Festa - dia 30 de agosto (domingo):
Em estreia mundial "A Grande Festa", uma co-produção entre o FestLuso e o Teatro Extremo, de Almada, Portugal. 
Performance multidisciplinar, dirigida pelo diretor artístico do Teatro Extremo, Fernando Jorge Lopes. Conta com a participação de artistas piauienses, de várias disciplinas artísticas. A partir das Declarações dos Direitos Humanos, uma visão em fragmentos lúcidos e lúdicos do mundo contemporâneo.
(Francisco Pellé, Francisco de Castro e Fernando Freitas, Velhos Palhaços/fotos Margareth Leite)
FestLuso 2015 vem aí. Evoé, Tarciso Prado!

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