quarta-feira, 6 de julho de 2016

Uirapurú pianíssimo

Divina Rosa Passos!
por maneco nascimento

Não há nada a dizer que não soe redundante, então drummondnianamente vamos redundar.

A noite do dia 05 de julho de 2016 foi um Luxo Só. E Rosas e das rosas e Rosa não podiam ter sido + fruto raro, plantado em jardim no que esteve chovendo na roseira musical afinada, pianíssimo Rosa Passos e auxílio luxuoso de Celso de Almeida, Fábio Torres e Paulo Palelli, esse Trio Bossa Jazz pancada!

O Projeto Seis & Meia não poderia prescindir de Rosa Passos e não prescindiu. Recebeu-a e Ela nos retribuiu com a delicadeza suave de um Uirapurú da Chapada Diamantina. Um pássaro feliz da bela Sicoré e de voos livres que permeiam a Cadeia do Espinhaço a + pérolas vocalizadas à Voz maravilhosa da Diva brasileira de primeira estação Bossa Jazz. 


(a Voz no Seis & Meia: Rosa Passos/foto: Fátima Araújo)

Essa dama da Bahia de Todos os Santos, com simplicidade e eficiência em belo canto popular, requintado, brindou  a cidade, o público e a noite que recebeu essa Canção em pura Voz do Brasil daqui e d'alhures. Antes que os passos leves de Passos entrasse no palco, a atração da cidade que recebeu a Diva também se fez fala viva, língua musical afiada.

O Ockteto Vocal trouxe uma pedra base show bossa nova. Grandes sucessos revisitados a oito vozes masculinas e um acompanhamento musical que, na economia bossa nossa, se mimetizava com o coletivo vocal sonoro leve afinado. O Grupo cantou porque sabe da luz que veio depois do "vazio" da partitura decodificada.
(o luxo só de Ockteto Ock/foto: Ockteto Ock)

Que orgulho se ouvir um bom vocal, é o nosso Quinteto Violado, dobrado, e as variações sonoro vocais que aliam talento, experiência de quinze anos de estrada, desses artistas que foram aonde a exigência solicitou cumprir música e, no Seis & Meia fizeram um show inconfundível.

Musicalmente bossa. O coletivo vocal lembrou que, para outubro um show completo Bossa Nova revigorará a nossa melhor tradição dos clássicos que, para o show no Seis & Meia, trouxe só uma "palhinha".

O Ockteto Vocal quando canta, canta +. Quando improvisa  pequenas intervenções e informações parece acanhado e de curto papo, mas quando canta, fala muito + que a melhor expectativa cunhada na forma da canção. Invejável som. Invejáveis tons tirados da cartola musical do Ockteto Vocal. O primeiro luxo da noite à plateia do Seis & Meia.

E ai veio a Rosa, que poderia ser a de Pixinguinha, de Noel, de Catulo, de Chico, das outras rodas de samba e de todos os jardins florados da canção brasileira. E Era elas e era + Rosa Passos em doce melodia.

Uma Voz, uma vida dedicada à canção, um segredo de bem cantar, uma revelação sonora a brinquedos incontidos na aplicada profissão.

Cada nota liberada, cada canção revisitada, uma bela surpresa e um elogio aos ouvidos da assistência. Com voz e violão surgiu "Emoções", maravilhosa. Porque seu coração, braços e pernas e mente e aparelho sonoro são um"A Ilha", em que Djavan rende-se à primazia vocal nos passos sonoros de Rosa Passos e um facho de luz em tons e variações vocais seduz, encanta por amor trazido na canção. 

Um show divino e só não sobrou + em plenitude porque lá fora, na Praça Pedro II, soava um batuque de Samba no Coreto que, vertiginosamente, investia em competir com a música suave de Rosa Passos.

A artista ouviu, comentou, repetiu sobre o ruído interferente na comunicação musical, mas, heroicamente, cumpriu com todo talento burilado, ainda que o som batucado na P2 sempre chegasse. Mesmo que a falha seja na falta de acústica do Theatro e não na manifestação popular da Praça que é do povo. Rosa se impôs sem ostentação, só talento simples e musical.

Ainda assim havia uma recepção concentrada, em esforço dirigido para abstrair qualquer interferência à Rosa Passos. Ninguém arredou pé dali até que a Diva Bossa Nossa deixasse seu recado de última peça do repertório fiel. À Voz, à vida, à experiência e amor apaixonadamente dedicados à canção brasileira de todas as estações.

Rosa Passos "É Luxo Só" e é, especialmente, da nossa cepa musical afiançada na força e energia de toda emoção de cantar a voz e falas da nossa velha e rica composição do cancioneiro nacional. Filha "Das Rosas" nos diz que, às vezes do poeta, como bom cantar um instrumento que traz na Voz e, se não "Juras" fidelidade à essa artista poderosa é porque não teve a oportunidade de ouvi-la cantar.

Ela, Rosa da canção bossa jazz e sua família (Celso de Almeida, Fábio Torres e Paulo Palelli), que numa magia da profissão parecem abster-se dos instrumentos e eles quase falarem por si só.

Um instrumental como esse, que guarda Rosa Passos, é mesmo para se ter orgulho e amor maternal. Uma Rosa com todo amor a seus instrumentistas e um Trio amoroso a mãe, amiga e companheira dessa estrada que sempre vai dar em canção brasileira.


O Projeto Seis & Meia acertou na moça, Mulher, Diva, Voz de instrumentos, afiados na própria voz, que organicizam temas e variações vocais, numa completude sonora inafiançável. Se antes o histórico do Projeto já trazia nomes inigualáveis, nada + será como antes depois de Rosa Passos.


Numa palavra feito frase, oração, período, um pássaro azul de fabular concretude vocal, quando canta ao bem e os males espanta, é porque está na voz e na emoção de econômico cantar, em que sons e fúrias leves levam tamanha atenção à canção brasileira.

Às Rosas em Rosa Passos cobertas com a chuva da emoção e música feliz, bravos!









fotos/imagem de Rosa Passos: (Fátima Araújo)
Ockteto Ock: (Ockteto Ock)

Nenhum comentário:

Postar um comentário