quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Bienal da caricatura

Cultura do riso
por maneco nascimento

A 1ª. Bienal Internacional da Caricatura se instalou no Brasil, com a participação de artistas nacionais e estrangeiros, desde dia 27 de novembro de 2013. Em Teresina, a arte de Jota A e Izânio compôs o traço piauiense no expediente do evento. 

A Casa da Cultura de Teresina recebe, no Varandão daquele equipamento cultural, os artistas locais envolvidos na Bienal e o humor refinado de apreender crônica social e prender a atenção do público à arte afinado na picardia estética.

Exposição iniciada, na cidade, dia 28 de novembro de 2013, segue até dia 14 de dezembro do ano em decurso. No Rio de Janeiro, as exposições com mostras individuais foram assentadas no Centro Cultural Justiça Federal, Museu Nacional de Belas Artes, Museu da República, entre outras instituições.

Os artistas que compõem a mostra em território carioca, Manoel de Araújo Porto-Alegre, Calixto Cordeiro, Cavalcante, Cau Gomez, Glen Batoca, Hermé, Zé Andrade, Alpino, Manohead, Guidacci, Adail, Genin Guerra, Luciano Magno, Andrade Jr., Appe, Carlos Estêvão, Lula, Fani Loss, Liliana Ostrovsky, Sebastien Auguste Sisson e Mort Walker (homenageado internacional).
(arte da I Bienal/divulgação)

Nos estados, as artes individuais acolhem exposições de J. Bosco e Biratan (Pará); Jota A e Izânio (Piauí); Hércules (Alagoas); Fred Ozanan (Paraíba); Coletiva Acape (Pernambuco); Cival Einstein e Convidados (Ceará); e debates com lançamentos de livros realizados no Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.

Em solo piauiense, Jota A e Izânio nos possibilitam bons risos, provocados pelo traço característico e de identidade estilística, muito próprios. Defininem os artistas visuais, da caricatura, a linguística direta e popular do desenho, a identificação imediata com o público receptor.

Jota A apresenta caricaturas de personalidades culturais e políticas da cidade, Cineas Santos, Wellington Dias, Regina Sousa, entre outras. Para o alfinete político, Wellington dispara na cauda do cometa rumo ao alto e Regina Sousa rega uma plantinha, em jarro, com estrela de esperança discursiva de própria plataforma, no viés da legenda.  As garatujas, ou historinhas contadas pelas tintas, aí a criatividade ganha corpo do enquadrinhamento do humor reflexivo.

Temas risíveis se espelham em pássaros que roubam o viagra do lenhador (A vingança); um broto de árvore disfarçado para não ser notado pelo desmatador; as Tábuas de Moisés apresentadas trazem o ícone do facebook; expulsos do Paraíso, Adão & Adão; almoço a la carte, para pobre, uma bola de futebol; o limite entre o latifundiário e o sem terra, uma cerca de balas em curso; araponga é descoberto sob o vestido da estátua da Liberdade; Lula sendo alfabetizado: no quadro acrílico as sílabas graduadas (MEN Sa lão), como para exame de oculista, apontadas pelo alfabetizador e a resposta soletrada do político, “vão se a merda”.
                                               
Essas, entre outras inteligentes picardias garantem a Jota A o experimentado humor perspicaz, político e recheado de interpretações à reflexão e compreensão do comportamento social que nos envolve.

Izânio Façanha não fica atrás, repercute o próprio nome. As homenagens caricaturam Carlos Said, como o homem de ferro, numa alusão ao popular “magro de aço” do radialismo piauiense. Também retrata, fielmente, a delegada Vilma; o prego na chuteira, Deusdeth Nunes; o humorista cantor João Cláudio, com seu chapéu de couro e microfone à mão, a la Gonzagão e o jornalista Efrém Ribeiro, com seu caderninho de notas e caneta a postos.

Entre homenageados por Izânio, políticos e radialistas locais e artistas nacionais, estrangeiros e da terrinha. Uma fidelidade ao princípio da lincença poética que “de perto, ninguém é normal”, como disse o poeta. Chico Xavier, psicografando; Chico Anysio (Pantaleão); Gonzaguinha; Cartola, Elvis Presley; Amy Winehouse, representada em corpo por uma garrafa de bebida; Papa Francisco; Obama; Carlitos; Amy, com perucão de cifras musicais; Torquato Neto, o eterno vampiro do cinema marginal, entre outros celebrizados ao riso caricatural pelo único animal que ri de si mesmo.

A dobradinha piauiense não é só de todo prosa de linguagens, é traço para risos e dentes abertos à liberdade criativa e arbítrio criador da cultura de apropriação das sociedades expiadas. Um luxo de exposição nessa 1ª. Bienal Internacional da Caricatura.

Jota A e Izânio estão a toda tinta. A cidade agradece.

Expediente:
I Bienal Internacional da Caricatura
Mostra individual dos artistas Jota A e Izânio Façanha
período: 27 de novembro a 14 de dezembro de 2013
local: Casa da Cultura de Teresina
de segunda a sexta feira - das 8h às 18h
sábado - 9h às 13h

Nenhum comentário:

Postar um comentário