quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um caixa de surpresas

 Uma caixa de surpresas
por maneco nascimento

O
 Projeto SESC Amazônia das Artes encerrou sua jornada cultural, desse período, em Teresina, com o divertido “O Menor Espetáculo da Terra”, pérola da Cia. Palhaços Trovadores (PA). A apresentação que fechou esse círculo de arte reinventada ocorreu às 15 horas, nesse 15 de agosto de 2012, na caixa cênica do Theatro 4 de Setembro.

Cinco atores, cinco palhaços e divertidas histórias clownescas, transversalizadas para linguagem de ato humano e de títeres. Os clowns em figurinos neutros (branco), uma novidade de distanciamento dramático. O colorido se apresenta no cenário e nas personagens manipuladas.

Umas caixas (malas em branco), um trapézio compondo a cartografia do limite da tenda do circo, com sua cortina de contorno em vermelho e, para ribalta investida, o rodapé em azul sobreposto por estrelas em branco e abas em cordões de ouro, à feita de galões em ombros oficiais.
 Esse o mimético palco d’O Menor Espetáculo da Terra. O + é virtuose confirmada da arte de encantar a gregos, troianos e outro mundo atraído pelo riso e pela arte circense.

Do release da brincadeira séria, tem-se: “‘
O Menor Espetáculo da Terra’ apresenta uma trupe de cinco palhaços abandonados pelo circo, que seguiu viagem para outras paragens. Sem patrão, os palhaços sentem-se perdidos, desolados na beira da estrada (...) Uma voz onipresente, espécie de superconsciência dos palhaços, fala com eles e com o público, expondo suas fraquezas e mazelas, mas também os estimula a montarem o circo de seus sonhos (...)” (material de divulgação do espetáculo)

Ai começa
 a alegre iniciativa incentivada ao maior espetáculo da terra em que as projeções dos artistas circenses se transformam em delicado e econômico feito de O Menor Espetáculo da Terra. Seus espetáculos exteriorizados, magia através do sopro de vida aos títeres, a Patinadora do gelo, Domador de leões, a Contorcionista, o Trapezista e o Aramista. Um ilusionismo, sem truques de esconde, para encanto de crianças de qualquer idade.

Os intérpretes palhaços narradores,
 Alessandra Nogueira, Cleice Maciel, Isac Oliveira, Marcelo David e Marcelo Villela, são de uma tranqüilidade brechtniana comovente. Dão-se para O Menor Espetáculo da Terra com devoção provocadora ao maior riso atraído da platéia. A narração minimalista ilustrada é o espetáculo de grande entrada, eles palhaços só mediadores da história transcendida de suas caixas de surpresas.

A iluminação, de Jorge Torres, tem a mesma característica equilibrada e sutil de toda a Dramaturgia de cena e Direção, realizada por Anibal Pacha.

Um segredo revelado, sem estardalhaço gratuito ou apelações ao riso pueril. Os grandes e pequenos dramas do circo se desenrolam, na cena preparada, sem que se perca o fio da meada histriônica, dos 6O minutos de bom exercício artístico de tirar gargalhadas saudáveis e da técnica clownesca, facilitada por Marton Maués. 

Da licença poética que parte de palhaços neutros, a partir do figurino, para finalizar com um único sinal da tradição, um nariz vermelho como conclusão da história contada, um veio de sangue e emoção retratado na ponta do rosto dos doutores da alegria, curandeiros dos espíritos carecidos de uma boa dose de riso e entretenimento.

Da luz da alma clownesca à vida do picadeiro de todo artista do circo, um lampejo de felicidade interage da ação ao público e ao lúdico à ciência de representar o maior espetáculo das terras da arte traduzida em O Menor Espetáculo da Terra. 

Um breve sonho feito forma e um belo encanto.


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