sábado, 25 de agosto de 2012

Minha obsessão


 Minha obsessão
por maneco nascimento

No ano de 1912, no dia que concorreu para 23 de agosto, o divino teria dito: “Vai, anjo. Vai ser Nelson na vida.” Assim teria nascido Nelson Falcão Rodrigues, na capital do Pernambuco, cidade que já fora a Meca da formação intelectual brasileira, no nordeste, com sua Escola de Recife.

O menino Nelson, aos 4 anos de idade, veio com a família para o Rio de Janeiro. De sua história de primeiras chegadas, o pai teria vindo na frente para tentar arrumar emprego. A mãe, impacientada com a demora de solução rápida, teria vendido as jóias da família e em telegrama de decisão acertada informou ao marido: “Vou com as crianças”. Batata!, Assim começaria a vida de Nelson e dos seus na cidade maravilhosa.

Já investia nos escritos aos 10 anos, com 13 passou a trabalhar como repórter nos jornais “A Manhã” e, em seguida, no a “Crítica”, de propriedade de seu pai, Mário Rodrigues. Fluminense roxo, foi também cronista esportivo, jornalista de mancheia, escritor de contos, crônicas e romances (alguns assinados sob o pseudônimo de Suzana Flag) e dramaturgo.

Escreveu 17 peças para teatro. Renovou o teatro no país e seria alcunhado como o pai do teatro moderno brasileiro. Consta que teria escrito “A Mulher sem pecado” por acaso. Queria uma chanchada porque esse modelo de teatro atraía público e dinheiro, mas a peça se impôs como drama. Escrita em 1941, estreou em 9 de dezembro de 1942, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.

Em 28 de dezembro de 1943, pouco + de um ano depois da primeira peça estreada, Ziembinski, diretor polaco, radicado no Brasil, encenaria a segunda peça nelsonrodrigueana, “Vestido de Noiva”. 

A direção, um divisor da dramaturgia brasileira encenada, por abrigar, simultaneamente, os planos da realidade, da memória e da alucinação. Também trazia, o encenador, o marco criador dos planos de luz e efeitos à nuance das vidas das personagens. Até hoje a memória do teatro brasileiro aponta “Vestido de Noiva” como a peça, encenada. 

Em 1945 nasceu “Álbum de Família”. Proibida pela censura, ficou fora de cartaz por longos 19 anos. Um dos temas que seria recorrente em algumas de suas peças, o incesto, tinha papel destacável nessa obra. Críticos e fãs que o ovacionaram antes, ficaram de opinião dividida. Nelson por Nelson sobreviveu às críticas e olhares enviesados e se impôs pelo talento irrecusável.

O crítico de teatro, Sábato Magaldi, agrupou suas peças em Psicológicas (A mulher sem pecado; Vestido de noiva; Valsa No. 6; Viúva, porém honesta; Anti-Nélson Rodrigues), Míticas (Álbum de família; Anjo negro; Senhora dos Afogados e Doroteia), Tragédias Cariocas I (A Falecida; Perdoa-me por me traíres; Os Sete Gatinhos e Boca de ouro) e Tragédias Cariocas II ( O beijo no asfalto; Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Rezende, Toda Nudez Será Castigada e A serpente). (www.wikipédia.com.br/acesso: 23.08.2012, às 15h)

Grande autor do teatro nacional e reverenciado desde sempre, Nelson Rodrigues soube como ninguém transpor para a cena, a vida como ela é, sem escrúpulos, sem falsas verdades e com destinos trágicos como parece ser da natureza humana que persegue sua mora e enfrenta a própria catarse.

Das tragédias pessoais, uma marca sua história e, talvez tenha aberto um canal para compor peças tão densas, de dramático estocado e de reflexões que desnudam qualquer falsa moral.

Em dezembro de 1929, o fato mais marcante da vida de Nelson: uma mulher da sociedade, Sylvia Serafim, injuriada pela notícia publicada na “Crítica” sobre seu divórcio, entrou na redação do jornal pedindo para falar com Mário Rodrigues. Como ele não se encontrava, seu filho Roberto, irmão de Nelson, a recebeu em sua sala. A mulher sacou um revólver da bolsa e o atingiu mortalmente no peito. Nelson jamais se esqueceria da frase dela: ‘Vim aqui matar Mário Rodrigues ou um de seus filhos’”. (O centenário de Nelson Rodrigues/biografia/estadão.com.br, Quarta Feira, 22 de Agosto 2012. 19h43/ por: Marcio Claesen e Paula Carvalho)

Dono de opiniões famosas e polêmicas, o grande Nelson era moralista assumido. Tinha, à ponta da tinta, frases antológicas provocativas e perturbadoras. Ruy Castro reuniu, sob o título “Flor de Obsessão” (Companhia das Letras), as “mil melhores frases”, entre elas: 

O brasileiro é um feriado”; “O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe, porém, um rajá, isto é, um líder que o monte”; Sou a maior velhice da América Latina. Já me confessei uma múmia, com todos os achaques das múmias”; “Na vida, o importante é fracassar”; “A Europa é uma burrice aparelhada de museus”; “Sexo é para operário”; O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da história”.(www.wikipédia.com.br/acesso: 23.08.2012, às 15h)

E ainda, “Daqui a duzentos anos, os historiadores vão chamar este final de século de ‘a mais cínica das épocas’”. O cinismo escorre por toda parte, como a água das paredes infiltradas”; “A pior forma de solidão é a companhia de um paulista”; “Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos”; “Todas as vaias são boas, inclusive as más”; “Não gosto de minha voz. Eu a tenho sob protesto. Há, entre mim e minha voz, uma incompatibilidade irreversível”; “Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da praça Saenz Peña. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se morre e se mata por amor, é na Zona Norte”. (www.wikipédia.com.br/acesso: 23.08.2012, às 15h)

O genial que escreveu, "O óbvio também é filho de Deus."; "O dinheiro compra até amor sincero." e "Não vou para o inferno, mas não tenho asas", morreu em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos, de complicações cardíacas e respiratórias. 

Entrou para a história da literatura brasileira com tiradas como, “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico(desde menino).”

Salve, Nelson!

Fonte de pesquisa: estadão.com.br
                                   www.wikipédia.com.br - a enciclopédia livre

                                   imagem de Nelson, colhida da wikipédia

Nenhum comentário:

Postar um comentário