sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Galeria minimalista

Espaço de Cultura&Arte
por maneco nascimento

A menor Galeria de Arte do mundo está com nova Exposição à curiosidade de amantes, aficcionados e obreiros da boa arte e cultura brasileira. O local de curiosa visitação fica logo ali, ao lado do Mercado do Mafuá, entre lojas e trânsito de mercados e futuros às antropologias exercitadas. Na área de sobrevivência, você compra ração para animais, arroz, feijão, farinha, carne, peixe, frutos, legumes, filhotes de animais domésticos, necessidades buscadas em armarinho e obras de arte.

O Espaço Cultural São Francisco está de portas abertas para aquecer as manifestações culturais de arte visual e receber amigos, parceiros, artistas, turistas, curiosos e a clientela contumaz do Armarinho São Francisco, que persiste à vida de convivência social, há algumas boas décadas contadas.

O artista plástico Cícero Manoel mantém o Espaço Cultural São Francisco, contido no Armarinho que herdou dos pais. Lá se acham aviamentos, agulhas, botões, etc., e, no paralelo, peças de colecionadores, assuntos para presentes e souvenirs, reservas de memória de outras épocas, marcas que desapareceram, mas deixaram registros em objetos de uso, consumo e lembranças do tempo de criança.

E, no cotidiano do Armarinho, viceja a arte da resistência e permanência em contar a história da arte pictórica para escambos, demonstrações e exposições visitadas, sempre coordenadas pela curadoria de Cícero.

Nesse novembro, o Espaço Cultural São Francisco recebe uma Exposição que atrai atenção a acervo de Fernando Dib Tajra. As telas reunidas trazem pincéis para uma obra do paulista Tiago Gualberto; uma do gaúcho Carlos Scliar, fundador do Clube de Gravura do Rio Grande do Sul e que já realizou permuta de obras com Cícero e seu empreendimento cultural às horas ardentes da Teresina inquieta.

Outras peças expostas, sete pequenas telas assinadas por Tupy;  J. Batista, do município de Pedro II (PI), revela, em duas obras, o cotidiano de um bar em cidade do interior e suas peculiaridades de mesa de bar, forró, mulheres em anatomias sensuais, homens e músicos na paquera, na conquista e na estratégia de converter em seu favor as sugestivas situações, ativa ares de romance de Jorge Amado. Cores quentes, mas sóbrias e representações da alegria brasileira de qualquer rincão nacional.

Outras assinaturas levam o nome de Portelada,  numa cena de caminhão pau de arara a caminho de Juazeiro e Canindé. Os fiéis em suas simplicidades de bata marrom e imagem de São Francisco, no colo do romeiro, seguindo viagem para benzimento na matriz de Canindé. Mestre Expedito também tem uma leitura do religioso popular e ilustração na fé e nas cores sóbrias, diversificadas no azul do manto de nossa senhora, a representar, no preenchimento do quadro, um ostensório composicional à base de filhos de Maria.

Afrânio Castelo Branco também está no acervo do colecionador Fernando Dib. Três obras afinam o traço e estilo afraniano. Suas cores de mezo alto relevadas, a claros escuros de tradição transitória, à releitura do padrão estético da escola de óleo e vastidão humana. A representação desconstruída da natureza social que revela o feio pela estética da novidade que aponta, de perto ninguém é normal.

Uma mini Exposição, com quinze peças e sete artistas, preenche a pequena Galeria de luz e arte pictórica moderno-contemporânea de qualificada representatividade. Para Cícero Manoel que vive se reinventando, sem perder a própria prática dos pincéis às telas, gravurismo, montagem de telas e emoldurações de obras para clientela e revenda de produtos de parceiros, não há do que reclamar.

Em seu espaço próprio de circulação cultural encontra-se margem para garimpar obras inéditas e incomuns que mantêm clientes e consumidores próximos de empório praticado. Segundo Cícero, “o Espaço sobrevive do garimpo de obras, o que começou como colecionador, virou um negócio que faz com que sobreviva o Espaço Cultural São Francisco”, diz. O Armarinho, herança dos pais, permanece. “Faz parte do conjunto do Espaço. Paga o aluguel e dá pra comprar novas peças para exposição e venda”, completa.
                                                                                                                    (Espaço Cultural São Francisco/foto Paulo Tabatinga)

Quem quiser comprar da novidade, ou do inusitado, no E. C. São Francisco há. Bola de gude, peteca, abridor de lata, rádios, máquinas fotográficas e telefones antigos, despertadores, candeeiros, lamparinas e lampiões, chaveiros, prendedores de papel, suportes de canetas, saleiros, açucareiros e pratarias temáticas, imagens e ícones publicitários, discos, livros, artesanato em barro, madeira, desenhos, gravuras, pinturas e cultura em dinâmica de preservação.

Para conhecer, procure saber. Mas fica a dica, ao lado do Mercado do Mafuá, dividindo ambiente com lojinhas de víveres alimentícios, em frente a um barzinho simples, de tradição de cinquenta anos, e bem perto da curiosidade provocada.

Espaço Cultural São Francisco, a menor Galeria do mundo começa a despertar também a curiosidade do Guiness Book e tem encontrado apoio de divulgação dos amigos da confraria de antiquários e memoriais. Plantado na Rua Lucídio Freitas, 1633 – Mercado do bairro Mafuá, norte, em Teresina – Piauí, é agenda nunca desprezável.

Equipamento cultural privado, para atrair atenção pública, que junta história desde 1975, do século passado, e permanência saudável, de resistência comprovada, nos primeiros anos vencidos desse novo 21.

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