sábado, 16 de julho de 2011

O Titular do Esporte

O Titular do Esporte
por maneco nascimento
Lidar com memória em não sendo tarefa difícil a quem a preserva, não seria muito menos a quem a recolhe para dados de história. Entre o memoriável e o interlocutor, um universo de dados “computados” para pequena, média e longa distância em que as informações se entrecruzam e constroem a mais diversa produção de sentidos.

(foto: meionorte.com/Geral)

“COMO ERA BOM AOS DOMINGOS... CARLOS SAID O HOMEM, A VIDA, O MITO MAGRO-DE-AÇO”, assim mesmo, tudo em caixa alta, o título do livro garimpado pelo Prof. Dr. da UFPI, Gustavo Said. Numa capa RIVERINA, criada por Felipe Rocha, aparece o homem e sua bola, foi goleiro e não fazia feio, está nos anais da história dos campos e das resenhas e comentários do esporte local.
Quem viveu a geração dos idos da década de 1960 sabe quem é o Magro-de-Aço. E quem cresceu ouvindo as Rádios Difusora e, depois, a Rádio Pioneira de Teresina também não poderia esquecer as boas memórias do rádio na voz emblemática da radiodifusão brasileira. Carlos Said é voz que clama na imprensa local e abriu veredas no deserto da crônica esportiva, preparando caminho ao jornalismo do esporte.
O livro, um mimo ao homem, ao inquieto e honesto torcedor, ao caliente defensor da honra e respeito ao futebol e, espetacularmente, ao mito urbano, feito pai não só da família que perpetua seu nome de batismo, mas dos admiradores e coletivo da imprensa específica a essa linguagem de lazer, entretenimento, prazer e identidade cultural brasileira.
Tendo como sanduíche vinte capítulos, uma introdução intitulada Bola no centro: “Carlos Said de quê?”, que desvenda seu nome e linhagem e, concluindo, com Final de Jogo: “Carlos Said é imortal”, quando há a constatação da imortalidade construída ao longo da carreira, o livro captura histórias divertidas, comoventes e um objeto de pesquisa para futuros amantes da arte do futebol.
                                                     (foto: cidadeverde.com/Esporte)  
 Na introdução de “Como era bom aos domingos... CARLOS SAID O homem, a vida, o mito Magro-de Aço", há uma parte em que “Uma gestação, um livro, um filho” traz as vezes do autor que confeccionou uma elegia ao pai vitorioso. Uma metalinguagem da própria história contada sob a ótica da observação da vida de um homem público.
É uma escrita enxuta, fiel às fontes de pesquisa e história oral e apresenta um reforço da informação a partir das revelações fotográficas. As fotos memoráveis, um capítulo à parte, pois flagrante de raízes e registros sinceros de imagens do homem chamado Carlos Said.
Particularmente cresci ouvindo rádio e entre as vozes tradicionais da radiodifusão local, a agressiva e retórica de Said, acompanhada da pausada e aveludada de Dídimo de Castro, seu melhor amigo e companheiro de estúdios, foram determinantes para me tornar radialista.
O mito, Magro-de-Aço, personagem de domínio público retém às memórias coletivas um prazer de ouvir falar, já que Said continua na ativa fazendo o que mais lhe dá prazer, tratar de futebol.

Para o leitor, um costurado encanto de revisitar, na leitura do projeto aberto de Gustavo Said, que recupera humoradas expressões grafadas na lingüística particular da personagem que, provocada por um torcedor flamenguista: “Carlos Said, tu já está velho, já está na hora de se aposentar!”, responde, através do biógrafo, com uma naturalidade heróica.
“(...) Carlos Said baixou lentamente a cabeça e consultou as horas no Tissot Militar, talvez para se certificar de que os ponteiros do velho relógio continuavam girando, (...) Depois, voltou o olhar ao torcedor que sumia na distância, riu, deu com a mão e entrou no automóvel, (...)”
Na trajetória de 327 páginas de “... Como era bom aos domingos...” há o solilóquio da personagem de retornar ao prazer a “uma nova peleja, para, ‘na trajetória dos 90’, mandar apedeutas, pacóvios e energúmenos para os bilinguinguins dos infernos, como fizera a vida toda, rotineiramente, desde sempre.”
É uma leitura de dinâmicas e indispensáveis referências às memórias e histórias, do Titular do Esporte”, que alcança o coletivo sociocultural da cidade orgulhosa.



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