Há mil tons
por maneco nascimento
por maneco nascimento
Após uma efervescente semana cultural, recheada das + diversas falas e oralidades musicais, o 1º. Festival de Música Instrumental de Teresina fechou a última noite, no dia 09 de julho de 2011, com o calor das notas cifradas para acordeons sinceros e para cinzelados acordes de bandolim.
Às 20 horas, no palco do Theatro 4 de Setembro, as vozes do acordeon instrumentalizaram graciosidade e harmonia aos timbres enriquecidos e experimentados pelo músico Adelson Viana. Acordeonista, tecladista, compositor, arranjador e produtor musical, Adelson já bebeu água da terra de coriscos e deixou sua marca profissional no circuito entre o Parnaíba e Poti.
Convidado ao FEMITE, esse jovem acordeonista abrilhantou a noite de louvores às melodias de aqui e alhures, deslizadas pelos acordes sanfonados. Acompanhado pelo violão do músico cearense, Cainã Cavalcante, Adelson Viana lembrou nomes de grandes dominadores desse instrumento, entre eles, Oswaldinho e Dominguinhos. Homenageou Jacob do Bandolim ao tocar “A ginga do Mané”, que Jacob, por sua vez compôs como prêmio a Mané Garrincha.
Mestre de “mancheia”, em meio ao refinado repertório de melodias populares com requintes do erudito, festejou um promissor talento que pela cidade começa a mostrar a própria identidade cultural.
Adelson convidou ao palco o pequeno Isack, natural de União, terra do Coral de Vaqueiros, que, sem se fazer de rogado, parcerizou sua experiência de acordeonista com o mestre da noite, tocando “Sala de reboco”, sucesso do Rei do baião. E, ainda, em vigorosa curiosidade infanto- juvenil, solou o Hino nacional brasileiro com uma segurança e tranqüilidade invejáveis.
A sonoridade caliente de acordeons e sanfonas, que pelo Brasil é praticada, faz escola. Aquece a memória musical, mantém herdeiros e apaixonados os músicos, feitos instrumento do apaixonante acordeon e seu calor melódico. A exemplo, Adelson Viana e prodigioso Isack.
Dos diversos dons musicais pelo FEMITE apresentados, em uma semana de prazeres possibilitados, ainda faltava uma peça no caleidoscópio matizado. Há mil tons ainda reverberando nas mentes do público fiel de todas as noites.
E para completar a cartografia cifrada ao 1º. Festival de Música Instrumental de Teresina, às 21 horas, Hamilton de Holanda, em sua reinvenção do bandolim para instrumental brasileiro, traduziu um Brasil cheio de estilo, técnica repercutida ao mapa de erudismo e do popular brasinventado.
(Hamilton de Holanda e Quinteto/foto: arquivo)
Com os amigos musicais, Guto Wirtti, no baixo; Márcio Bahia, na batera e Daniel Santiago, no violão, a rota sonora de Hamilton de Holanda e seu frenético bandolim eletrizou a platéia e espalhou energia atomizando alegria instrumentada.
Com os amigos musicais, Guto Wirtti, no baixo; Márcio Bahia, na batera e Daniel Santiago, no violão, a rota sonora de Hamilton de Holanda e seu frenético bandolim eletrizou a platéia e espalhou energia atomizando alegria instrumentada.
Das composições próprias, “Saudade do Rio” e “Tamanduá”, madrepérola encorpando talento em franca e regular expansão. Ao refinar, em cordas do bandolim, a música “Deixa”, de Vinícius e B. Power, um misto de ritos, ritmos e harmonias transbordaram em mágico ato criativo e criador dessa musicalidade de trato brasileiro.
Do “Príncipe do Bandolim” para searas francesas e “Rei”, traduzido para terra brasis, há mil tons revelados na harmoniosa práxis musical de Hamilton de Holanda. Fica, ao público da cidade, a melhor deixa: nunca deixar de ouvir um bom bandolim.
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