sexta-feira, 15 de julho de 2011

Em construção

Em construção
por maneco nascimento
A Elizabeth Bátalli Cia. de Dança estreou, em 14 de julho de 2011, às 20 horas, no palco do Teatro Municipal João Paulo II, um novo trabalho ao seu repertório de invenções à pecha da dança contemporânea.
Construçãoé o registro de identidade. Com coreografia e direção de Elizabeth Bátalli e produção de B. Bátalli e João Vasconcelos, o trabalho tem uma juventude e vigor intencionalmente definidas ao número apresentado.
Graciosos e pululantes, Bruna Santos, Brenna Barreto, Brenda Jordânia, Cacau Calaço, Camila Lima, Clarice Lima, Douglas Lira, Lahézio Will, Luane Sousa, Ludmila Régia, Marcos Diogo e Krys Sousa. Participam, especialmente da montagem, os bailarinos Pedro Sá e Karla Sousa.
Construção”, o espetáculo, que começa com Chico Buarque e sua música homônima, vai despejando temas, aparentemente isolados, e deixando que o público encontre o fio de Ariadne. Uma colcha de retalhos que vai ganhando maior expressividade, fora do eixo repetidor do movimento contemporâneo, quando evolui à temática popular.
As coreografias, de dança contemporânea, muito presas a desenhos que preenchem o vazio, em gestos concretos e/ou desconstrutores dos paradigmas tradicionais, aparecem como repetitivos e desgastados. Bailarinos ainda muito fiéis às velhas lições, não conseguem ainda reinventar antiga forma.
As pesquisas musicais que variam entre o romântico, o popular e o resgate das tradições populares são suportes para os solos e coletivos, sofridos ou gracejados na performance do(a)s jovens bailarino(a)s. Desempenham uma afinidade e confiança ao dividirem a cena. Ponto para a diretora-coreógrafa de “Construção”.
Os bailarinos, por vezes, entregam-se à naturalidade de composições atreladas à própria vivência e anatomia adolescentes, sem a disciplina e tônus de parceiros às bailarinas. Perdem, assim, a concentração enérgica que talvez determinadas coreografias exigiriam do corpo dançante masculino. Quem melhor mantém esse controle disciplinar é o bailarino clássico Pedro Sá.
Por outro lado, as coreografias brasileirinhas, ricas de humor de cultura nacional, os acolhem com um desprendimento em que deslizam com boa desenvoltura e natureza cultural organicizada às falas e oralidade dos corpos de todo o coletivo.
A estréia de “Construção”, o espetáculo de dança, parece ainda em processo de organização dos alinhavos da dramaturgia em construção. Mas há um elenco empertigado e cioso do artigo lingüístico articulado. Já tem registro de nome e sobrenomeia aspirações de arte e identidade recheada de intenções culturais.
Tá na veia, talvez falte ainda espalhar o efeito da linguagem num corpo falante alinhavado ao discurso de tijolo por tijolo num desenho até (i)lógico, mas com casas aos botões que fechem idéias e não atrapalhem o trânsito das comunicações ao + diverso público.

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