sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Arte e Epifania

Sinfonia Franciscana
por maneco nascimento

Era noite de Lançamento da Festa de São Francisco 2016. Os buchichos giravam em torno das ações culturais que concorreriam dali a pouco, no palco do Theatro 4 de Setembro.

O dia era 15, a iniciativa da Arquidiocese de Teresina/Paróquia de São Benedito/Convento São Benedito e seu Guardador, Frei Francisco Lopes.

A programação estava prometida e consagrada para bem lançar a Festa dedicada ao Santo do amor à música, aos pobres e aos animais. Uma ótima expectativa estava construída e não houve quem se decepcionasse. Frei Lopes abriu a noite, em saudação aos presentes. Com as boas vindas expressadas, deu-se, então a parte artística e cultural da noite.

Luiza Miranda e Josué Costa brindaram a recepção com canções populares de identidade do homem brasileiro da terra nordeste. Umas belas composições de Elomar (O Pedido; Cantiga de Amigo e Campo Branco). 

Na dupla, uma voz bonita de Luiza; um cordas de aço, com requintes de vontade e desejo de bem tirar acordes de um violão, o premiado em Santiago da Compostela d'Espanha, Josué Costa, e as falas e vozes de tradição ibéricas, reinventadas ao nordeste das memórias culturais, pela sensibilidade musical do menestrel Elomar.

Ainda fixaram beleza de "El Reloj" (Roberto Cantoral), na bossa indispensável "Deixa" (Baden/Vinícius) e no samba velha guarda "Não deixe o samba morrer" (Edson Conceição/Aloísio Silva). 

A próxima dupla a se apresentar, a classuda Gislene Danielle e o cantor e músico gospel pop, Flávio Moura.  A dupla dividiu as canções "Doce é Sentir", "Ave Maria Nordestina" e "Oração de São Francisco". Um dueto delicado de registros vocais afiados. A fina flor em voz suave e afinados sutis de Danielle e um grave ralentado charmoso, mix sertanejo/gospel, compensador, na voz de Moura.

A artista falou do prazer de cantar e de se encontrar enquanto canta e do que realiza com amor e paixão à força de sentir e compreender as canções. Flávio lembrou da família, falou de fé e encontro, agradeceu o convite de participar do evento e, ao comentar sobre a "Ave Maria Nordestina", confessou do hábito de ainda ouvir rádio AM, costume familiar, em especial a Rádio Pioneira, onde sempre escuta o sucesso de Luiz Gonzaga, no horário dedicado ao momento de reflexão religiosa.

Flávio Moura ainda investiu em mais canções (Quão Grande és Tu; Tudo é do Pai; Incendeia a Minha Alma), como participação solo, depois que Gislene cumpriu sua arte na Sinfonia Franciscana. Moura improvisou com + alguns números e abriu margem para a hora da Formação: "Francisco discípulo e missionário da Misericórdia", com Frei Wilter Malveira.

A comunicação abriu reflexão sobre misericórdia, a partir da morfologia da palavra. Acolhimento, útero, entranhas, braços, acolher, amor ao próximo, justiça. 

Lembrou o exemplo de São Francisco para com os pobres, Madre Teresa de Calcutá, Papa Francisco que, em sua atitude não busca auto promoção, mas revela um homem que quebra protocolos em nome do próximo, caridade, acolhimento, humildade, solidariedade indistinta.

E, deixou uma questão para toda a assistência ali envolvida em suas palavras. Palavras que refletiam sobre quem se arvora de "síndico do céu" e "procurador de Deus". As músicas "Céu se abre", "Aleluia, Príncipe da Paz" e "Seguir os Passos de Francisco" embalaram a conversa de Frei Malveira que, com carisma irreprovável deixou lição de vida, missão, paz e olhar sincero ao outro.

A última etapa da "Sinfonia Franciscana" trouxe a presença luxuosa de um dos + tradicionais coro de vozes da cidade. O Madrigal Vox Populi, sob a regência de Luciano Klaus e ao piano Hilson Costa. Repertório afinado e vozes triunfantes para temas sacros-eruditos e clássicos e populares. Os compositores festejados, Thomas Luis de Vistoria (Ave Maria), Aurélio Melo (Kyrie Missa de São Benedito), Johann Sebastian Bach (Jesus Bleibet Meine Freude)

(Madrigal Vox Populi/fotos: Francisco de Castro)

Momentos super especiais, a homenagem a um dos grandes amigos de Corais e regentes dos + expressivos que já passaram por Teresina, vide Coral do Amparo que conduziu por anos. Em duas canções, com arranjos do compositor, se ouviu duas preciosidades melódicas.

Do paraibano + piauiense que existe, as pérolas populares de tradição de lendas piauienses "Cabeça de Cuia" e O Meu Boi Morreu". Arranjos, para Coro, delicados, com o humor, perspicácia e excelência musical peculiares do maestro Reginaldo Carvalho, que deixou saudade.

Outro momento, indisfarçável, o Solo de Pedro Furtado, na canção "Procesion" (Romanciero Gitano de Castelnuevo - Tedesco). Uma bela voz, de baixo prospectadamente confortável, com força, limpeza de registro vocal e um expressivo melódico direto e tranquilo de belo canto.

Ainda encantou,  o Vox Populi, com suas vozes assimétricas de naipes e simétricas de afinação densa e encorpada, em temas indígenas amazônico-brasis, de Guerra Peixe, nas melodias alegres e humoradas "Canto das Moças - Canto dos Rapazes" (Ritual de perfuração da orelha "Série Xavante"/G. Peixe). 

Entre os medalhões de vozes Nerinha, Paulo Libório, Conceição Farias, Samuel Andrade, Odailton Aragão, Laureni Dantas, entre outro(a)s preciosos registros vocais do coletivo em canto. O Madrigal Vox Populi conserva tradição de belo canto coral e, confirma dinâmica de continuidade de uma prática artística musical que já teve muito + grupos atuantes, em Teresina. Hoje tem Vox Populi que, em seu bom latim de identidade, desliza, suave, entre eruditos e populares sonoros vocais.

Na última atração da noite, com o tema Agradecimentos, os Frades Capuchinhos do Convento São Benedito e convidados, vindos de outras missões, entoaram "Lodi all'Altissimo de São Francisco de Assis, música arranjada por Marco Frisina.

"Sinfonia Franciscana" foi de encher os olhos e enlevar ouvidos. Vale ressaltar que os artistas cederam sua arte, de forma voluntária, ao Lançamento da Festa de São Francisco 2016. Parabéns à iniciativa capitaneada pelo Frei Lopes, Guardador do Convento São Benedito, e empenhada pelo coletivo dos frades daquela Casa capuchinha.

Show em arte e epifania culturais expressivo!

fotos/imagem: Madrigal Vox Populi (F. de Castro)
efigie de São Francisco (m. nascimento)

2 comentários:

  1. Fico agradeço e fico feliz pelo seu comentário, pois me esforço no sentido de aprimorar minha técnica e quando recebo um parecer positivo nesse sentido, renovam-me as forças de sempre procurar fazer melhor. Parabéns pelo seu blog!

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    1. vc detém um registro vocal invejável. senti saudades de meus tempos de corais. belas memórias. sorte sempre. vc causa espanto e orgulho quando canta. obrigado.

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