quinta-feira, 10 de maio de 2012

Discurso de mão lavada


Discurso da mão lavada
por maneco nascimento

“‘Com a greve dos professores os jovens ficam fora das salas de aula e a violência cresce’. Robert Rios, secretário de Segurança fala sobre onda de violência em Teresina” (Frases/meionorte em resumo. As notícias mais quentes do dia/Teresina,10.05.2012)

É difícil dizer o quanto o deputado/secretário tem de formador de opinião em frase tão cheia de tantos sentidos. Para bom entendedor, mensagem clara como água da fonte deslizando sinuosa para ganhar corpo de córrego e realizar maior volume de massa líquida que jamais passará duas vezes pelo mesmo ponto.

Definir onda de violência da cidade como fato do aluno estar fora da sala de aula, em conseqüência da greve mantida pelos professores do estado à força de exigir direitos trabalhistas, parece defesa aliada muito simplista e determinante de que o aluno de escola pública já seria aspirante a violento urbano e que a sala de aula o distrai da sua natural aptidão.

Ora,vejam que discurso de alcance pernicioso, saído do laboratório de falas “polêmicas” e carregadas de efeito bombástico para criar apelo de adesão da população afeita a vedetes da mídia e do palanque oportunista.

Diz que determinado ex-professor, ex-sindicalista, ex-deputado estadual e aliado do governo pessedista teria se pronunciado em programa popular de rádio e confirmou perfil que o eleitor já aprendeu de cor à lição.

No programa da rádio Pioneira o ex-trabalhador do giz e regência, quando questionado sobre sua postura em relação aos professores grevistas, saíra em própria defesa ao dizer que, já fora professor, sindicalista e político e que, como aliado da base governista, teria mesmo era que estar do lado do governo. 
 
No implícito discurso ficou clara a preservação da própria sobrevivência com sabor de costumes da antiga posição em dias de governabilidade companheira.
 
Outra, de outro bom de papo de jia, aquecido à oportunidade de meia culpa sem desagravar um eleitor em potencial, tem-se.

“‘O Piauí está vivendo uma situação de radicalismos, onde os professores estão exagerando, disse o deputado estadual Fábio Novo, ao rechaçar postura ofensiva de professores em meio a greve no Estado.’” (Fale deputado. Opinião/Política & Justiça/meionorte/Teresina, 08.05.2012, A/4)
(Odeni Silva: SINTE/foto colhida de: www.vooz.com.br/ Publicado em 10/05/2012 às 14h36/ Edição: Fernanda Gil Rocha)

Opinião boa é a que parece não cheirar, nem feder. Mas se mexer muito, há de exalar muita concentração de manipulação, jogo de interesse mui disfarçado e toda sorte de deixar fazer crer, nas intenções implícitas, que grevista é baderneiro e concorre para desestabilizar as melhores atenções de governabilidade e serviços prestados ao povo. Acredite quem quiser em falas de político. Os + céticos desconfiam até de papai Noel.
(assembleia dos Professores/foto colhida de: www.vooz.com.br/ Publicado em 10/05/2012 às 14h36/ Edição: Fernanda Gil Rocha)

Em entrevista no final da manhã de hoje (10), o secretário estadual de Educação, Átila Lira, afirmou que o Governo do Estado não irá mais negociar com professores e está disposto a tomar medidas administrativas entre as quais corte do ponto e até mesmo demissão por abandono de emprego. O secretário afirma que parte das escolas do Piauí está funcionando, mas na capital 70% das escolas estão paradas, prejudicando assim o ano letivo.” (www.vooz.com.br/ Publicado em 10/05/2012 às 14h36/ Edição: Fernanda Gil Rocha)

(concentração do Professores ao lado do Karnak/foto colhida de: www.vooz.com.br/ Publicado em 10/05/2012 às 14h36/ Edição: Fernanda Gil Rocha)

É certo que reposição salarial a conta gotas, a quase perder de vista, parece deixar os educadores/professores escaldados. E dando o pulo do gato mantêm a greve, sim.

(...) Segundo Átila Lira, nesta sexta-feira (11) acontece o primeiro chamamento de substitutos para que não comparecerem às escolas. Cada unidade será responsável pela elaboração de um calendário próprio.” (Idem)

Os governos sempre têm seu melhor jeitinho para fazer crer ao coletivo que o grevista garimpa ouro de tolo. Em seu apoio incondicional está boa parte da mídia e seus profissionais com traquejo indisfarçável para transformar professores em vilões. Com a sorte compensada pelo esforço de apoiar discurso oficial, será esta mesma mídia esforçada a melhor aliada do governo.

Por seu turno, o governo oficial endurece, sem perder amabilidade. E encontra em deputados, secretários, ex-políticos com aliança compensada e + a desvantagem crítico-política da população, toda a confirmação da postura tomada.

Às falas do deputado/secretário de segurança estadual sobre o aumento de violência estar atrelado a jovens fora da sala de aula, quem tiver bom senso contestaria tal afirmação. Há + violência e onda de corrupção fora dos marginalizados limites da escola pública.

Enquanto o professor, com salários miseráveis, ainda consegue minorar os rigores da discrepância de renda entre o + rico e o + necessitado, outros profissionais de carteirinha da ordem nacional têm perpetuado a premissa do humorista:

A gente não deve ter medo do político. A gente deve ter medo é do filho do político. Fecha aspas.

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