sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Polícia para...

Polícia para...
por maneco nascimento
Se um número suficiente de pessoas passar por um processo de profunda transformação interna, talvez seja possível alcançar um nível de evolução da consciência no qual possamos merecer o nome suntuoso que demos à nossa espécie: homo sapiens.” (Stanislav Grof In Weil, Pierre. Os Mutantes – uma nova humanidade para um novo milênio. Campinas: Verus, 2003)
Ainda bem que a sociedade limpa de Teresina não sofreu violência nesse período de manifestação estudantil contra o aumento da passagem de ônibus e a integração da prefeitura/empresa. Salvem-se os filhos de promotores, dos oficiais e militares da polícia militar do estado do Piauí, dos policiais do Rone e suas tropas de choque com bala de borracha e spray de efeito moral(pimenta e fumaça lacrimogênea).
(polícia cumpre sua lei e ordem/foto recolhida do blog John Cutrim/Jornal Pequeno - o órgão das multidões on line)
Também estão salvos do cerco militar os filhos de alguns motoristas, de homens e mulheres com seus carros e suas pressas de chegarem em casa depois de + um dia de trabalho. O percurso obstruído por “vândalos e agentes da desordem” da cidade pacata chamada Teresina precisa ser restabelecido. As opiniões se dividem nos meios de comunicação do canal aberto mass media e também nas redes sociais, última arma cidadã, filhas do vale do silício e sua admirável e sempre renovada tecnologia.
(rone em ação brutal/foto colhida do blog John Cutrim/Jornal Pequeno - o órgão das multidões on line)
Formadores de opinião em livre arbítrio e democracia conquistada dão seu parecer: “O coronel Márcio Oliveira avisou insistentemente que a avenida Frei Serafim seria desobstruída e pediu aos manifestantes que a desocupassem pacificamente. Eles fizeram ouvido de mercador, a polícia avançou em bloco e foi repelida. Então veio a tropa de choque e cumpriu a determinação de garantir o direito ao cidadão de ir e vir”. (radiografia de Toni Rodrigues, compartilhada no facebook).

A polícia apresenta suas armas/Escudos transparentes, cacetetes/Capacetes reluzentes/E a determinação de manter tudo/em seu lugar/O governo apresenta suas armas/Discurso reticente/novidade inconsistente/E a liberdade cai por terra/Aos pés de um filme de Godard/A cidade apresenta suas armas/meninos nos sinais, mendigos pelos cantos/E o espanto está nos olhos de quem vê/O grande monstro a se criar (...)” (“Selvagem/Polícia” – Titãs)
Aos olhos dos testemunhos e imagens na tevê, repetidas em rede nacional, se viu a truculência da lei em cumprimento de sua lei contra estudantes sentados no chão de asfalto. Para quem melhor observou, um protesto pacífico. Nenhuma arma de fogo, nenhum coquetel “molotov”, só o livre arbítrio do protesto democrático. As imagens não mentem jamais, estão nas câmeras de tevê, nas imagens fotojornalísticas, por vezes usurpadas pela força policial(vide matéria sobre policiais à paisana que apreenderam cartão de memória da máquina fotográfica de Cícero Portela, jornalista do Portal O DIA.com/O Dia, 11 de janeiro de 2012).
(classe ameaçadora de estudantes/foto recolhida do blog John Cutrim/Pequeno Jornal - o órgão das multidões on line)
Se tivesse ocorrido apenas isso tudo bem mas há relatos de pessoas apanhando q não estavam manifestando...estudantes q haviam se retirado q apanharam...é preciso reconhecer q houve excessos e q os excessos da parte dos policiais devem ser mostrados e corrigidos.” (compartilhamento de Maciel Resende, no facebook)

“(...) Os negros apresentam suas armas/As costas marcadas, as mãos calejadas/E a esperteza que só tem quem tá/ Cansado de apanhar/A polícia apresenta suas armas/Escudos transparentes, cacetetes/capacetes reluzentes/E a determinação de manter tudo em seu lugar/O governo apresenta suas armas (...) A cidade apresenta suas armas (...) “("Selvagem/Polícia” – Titãs)
A polícia só está fazendo seu trabalho. Com certeza,é lógico, é óbvio que não será admitido vândalos nas ruas quebrando tudo tocando fogo em ônibus e atrapalhando o trânsito e a vida de todo o resto da civilização teresinense que só quer chegar em casa depois de um difícil no seu trabalho ou em qualquer que seja o lugar. Não sou a favor do aumento, mas também não sou a favor de manifestações burras. Por fvor, se são realmente estudantes usam a educação, o bom senso e a inteligência que lhe são dadas todos os dias nos colégios e universidades e façam algo mais eficaz e produtivo que não afete o cotidiano de todo o resto da cidade!” (compartilhamento de Bruno Lima, no facebook)
A cidade burra e estudantil que anda de ônibus regular e cotidianamente deve saber o peso de uma passagem inteira a R$ 2,10 + uma entregação, digo, integração a R$ 1,05 (para uso em período de uma hora), segundo o projeto municipal implantado em 02 de janeiro de 2012. Sorte empresária que não são só estudantes que pagam passagem, embora meia passagem.
Há também os usuários pais de estudantes, empregados comuns, comerciários e toda uma população que freqüenta os bancos velhos e maquiados do transporte coletivo municipal, concedido a empresas e seus nababos e potestades da indústria de licitação caduca.
Filhos de policiais não, nem de motoristas de ônibus e alhures precisam do serviço de transporte público da capital. Então essa escória estudantil, baderneira precisa mesmo apanhar da polícia armada e de força tarefa selvagem para com os estudantes filhos dos outros simples mortais da cidade verde.
policia para quem,policia para quem precisa de polícia?para quem?” (compartilhamento de Alice Rock, no facebook)
“(...) Dizem que ela existe pra ajudar/Dizem que ela existe pra proteger/Eu sei que ela pode te parar/Eu sei que ela pode te prender/ Polícia! Para quem precisa?/Polícia! Para quem precisa de polícia?/Dizem pra você obedecer/Dizem pra você responder/Dizem pra você cooperar/Dizem pra você respeitar/Polícia! Para quem precisa?/Polícia! Para quem precisa de polícia?” (“Selvagem/Polícia” – Titãs)
Sei que nada será como antes, amanhã.” (Milton Nascimento). Com estudantes arrastados pelos cabelos, lacerados pelo asfalto rude, marcados com balas de borracha, cegos por bala e pimenta spray em seus olhos ameaçadores ao poder público e empresário. “Amanhã, vai ser outro dia...” (Chico Buarque).
(rone em ação/foto recolhida do blog John Cutrim/Jornal Pequeno - o órgão das multidões on line)
As favas podem até estar contadas. Mas quem sabe quanto pesa a passagem imposta pelo governo municipal deverá contar as moedas e depois tirar os nove fora do preço pago nesse momento. Sorte do SETUT e de quem não precisa do serviço coletivo público concessivo.

2 comentários:

  1. Lamentavelmente os "clientes" dos transporte que deveria ser público ñ tem outra alternativa a não ser submeter-se à decisão dos empresários.
    Mas nossos heróis conhecidos e anônimos formam a maioria (somos todos/as eleitores) temos o dever de mudar a situação.

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  2. quando leeição deixar de ser negócio privado, talvez só assim as coisas poderiam ser diferentes

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