quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ave, Madalena de Dercy
por maneco nascimento

   Começa em Madalena, ou melhor, em Santa Maria Madalena, cidade com nome de santa alçada ao status de braço direito do Mestre, segundo rumores de descobertos evangelhos apócrifos, a história de uma grande atriz.
(pórtico da cidade de Dercy/imagem divulgação)

(vista áerea da cidade de Madalena/foto de mário guimarães)

   Localizada na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, numa altitude aproximada de 632 metros, plantada entre vales que se mimetizam com o azul vivo das montanhas e o verde da Mata Atlântica, fica a terra que pariu Dolores Gonçalves Costa, a famosa Dercy Gonçalves e que ela, nos depoimentos econômicos chamava simplesmente de Madalena.

(vista aérea da cidade de Madalena/foto de mário guimarães)
   Recentemente, a tevê globo realizou minissérie, em quatro capítulos, pincelando nuances da rica vida de glórias, atropelos, determinação e coragem de ser artista, conquista incontestável da inesquecível Dercy. “Dercy de verdade” para a tevê é o homônimo do enredo dramático de início de carreira da grande artista em programas de tevê, teatro, chanchadas e cinema nacional.

   O que à época era matar um leão a cada intervenção do contrário, a minissérie reconta as boas memórias da desbocada, inteligente, perspicaz e grande dona do próprio nariz. O texto, de Maria Adelaide Amaral com colaboração de Leticia Mey, não perde o fio de Ariadne quando o assunto é sucesso, novelas e minisséries biográficas.

(maria adelaide amaral, jorge fernando, heloisa perissé e fafy siqueira/imagem acervo quem acontece)
   A parceria com a direção de Jorge Fernando, que dirigiu a diva no teatro e na televisão e deve ter investido tempo de orgulho na atriz, dá uma qualidade de ver histrionismo, televisão enxuta com dramaticidade risível e cheia de encantos de memória e história do teatro e televisão brasileiros.

   Sua verdade sempre propagada, “doelha a quem doelha”, demonstrou uma Dercy dona de seu tempo e de sua hora sempre vociferada à força do braço forte e energia para continuar trabalhando pela manutenção da própria história.

   O início do século XX trouxe ao país das cênicas a pequena luz que se tornaria na grande mulher dos holofotes e ribaltas do show “biz”, até desaparecer em 2008. Em 1907, Dolores Gonçalves Costa rebentou as terras ao sonho, fantasia, lúdico e alegria e construiu vida longa à rainha para reinado até os 101 anos. Quem nunca ouviu as histórias de Dercy.

   No elenco da minissérie, as homenagens se somam ao talento, carisma e grande empenho de um dos mais antigos ofícios da humanidade criativa, o ato de fingir. Heloísa Perissé, na fase jovem, e Fafy Siqueira, na segunda fase, são show de bola aureada.

(tuca andrada e heloísa perissé: Dercy de Verdade/foto acervo teve globo)
   Seguem de perto, para universo conspirador, Walter Breda(Manuel, o pai), Fernando Eiras(falso marido e ator da Companhia de Teatro Maria de Castro), Cassio Gabus Mendes(Valdemar,amante, protetor cuidadoso e pai da filha de Dercy), Anderson Di Rizzi(Jararaca), Tuca Andrada(Augusto Duarte), Mayara Neiva(Olímpia), Rosi Campos(Bita), Samara Felippo(Decimar, a filha), Ricardo Tozzi(Vito Tadei), Armando Babaioff(Homero Kossak), Daniel Boaventura(Dr. Simão), Eduardo Galvão(Walter Pinto), Danton Mello(Carlos Manga), entre outros.
(fafy siqueira e armando babaioff: Dercy de Verdade/foto acervo teve globo)

   Ninguém contestaria resultado melhor, saído das mãos de Maria Adelaide Amaral, a partir do livro “Dercy de Cabo a Rabo”, escrito pela própria autora. Uma graça de sorriso e eternização às novas tecnologias de um dos + raros e livres depoimentos de vida e obra praticadas à arte de ser feliz, “Dercy de Verdade”, a minissérie.
(heloísa perissé e cassio gabus mendes: Dercy de Verdade/foto acervo teve globo)

   De Santa Maria Madalena, a menina e mulher de língua voraz e discurso ético, sem meias palavras, que tinha a cidade natal no perímetro do Parque Estadual do Desengano, cresceu quebrando todos os desenganos e nunca a alcunha de “puta”, em início de carreira, desalojou-a do complexo desejo e teimosia em ser artista.

   Viveu bem, amou, forjou a própria sorte à força do fogo dos deuses do território de hefestos e jamais traiu o próprio nome. Dercy para sempre Dercy. Gostassem a ditadura ou as famílias católicas, defendeu com honra a profissão de artista como leoa que guarda a porção parida.

   Salve Dercy e viva o teatro brasileiro!

·    Fonte de pesquisa: *N T – na telinha/acesso em 17/01/2012, às 15 horas
                                           *portaldasnoticias.com/acesso em 17/01/2012, às 15h10m



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