quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Vestida para viver

e denunciar
por maneco nascimento

A Casa da Cultura de Teresina recebeu a Exposição: Assédio Sexual, dia 08 e fica até dia 31 de outubro de 2014, na Sala Anexa da Galeria "Lucilio Albuquerque". O Projeto da artista plástica mineira, mas radicada no Tocantins, Marina Boaventura, chegou a Teresina através do amazôniasdasartes.

(cortejo pelas ruas de centros urbanos em cidades visíveis e invisíveis/divulgação)

"A artista passou por situações de assédio moral no trabalho e foi submetida, dentre outras imposições, a trabalhar em uma sala insalubre. Por esta razão, foi afetada por uma intoxicação grave, lenta e silenciosa. Enquanto estava doente, começou a fazer um vestido onde ela desenhou, escreveu, pintou e bordou o que estava vivendo naquela época. Costurou por vários meses, dia a dia, lentamente, este vestido 'kitsch', mas totalmente fiel à repudiante situação que ela viveu."

A obra que veste a artista, enquanto (re)vestiu a experiência cosida na mora de maturar e curar-se da enfermidade imposta pelo assédio moral, é tema variável sobre o mesmo tema e denuncia o quanto estamos sujeitos à expiação de dores impositivas em tempo de desenhar a vida, retalhos de vivências, emendadas e marcas do destino.

Com o vestido construído e peça de Exposição,  reflete a alma da artista, com suas cores e alinhavos de viver. Antes de expor, explica a artista, ela visita espaços públicos, logradouros em cortejo de representação e apresentação da obra viva, em transeunte de aproximação da memória afetiva da criadora com a recepção do público curioso e passante da rua e sítios visitados.

Em Teresina, o Vestido e seu "cavalo" visitaram ilhas de canaranas sobre o rio Parnaíba, a Praça Rio Branco, o Shoping da Cidade e a praça de convivência desse Shoping popular. Nessa Praça descansou sobre as vestes e apreendeu o tempo de ver, observar, solidarizar-se e ou estranhar dos transeuntes e espectadores interativos à obra.

Na cidade verde, o cortejo da artista plástica Marina Boaventura recebeu o flagrante fotográfico de Maurício Pokemon. Também há, na Exposição, uma instalação vídeo experiência da artista em sua passagem pela cidade. Tanto as fotografias “stil” como o filme reproduzido, ininterruptamente, flagram a andejante pelas ruas e logradouros, vestida em sua obra de arte. “Andrajos”, em composição de segunda pele, confeccionada quando esteve proibida de trabalhar.

Deitar sobre o vestido, no pátio interno, segundo pavimento, área de trânsito do mercado popular dos camelôs (Shoping da Cidade). Também pisou sobre as canaranas, mata de capim grosso aquático que se estende sobre o leito do velho monge e apreciou a vista à Timon, cidade maranhense que divide as águas do Parnaíba.

Por entre as lojas do Shoping dos camelôs interagiu entre curiosidade e espanto dos comerciantes que recepcionaram a mulher e seu longo vestido de retalhos e emendas da vida ativada à moeda da denúncia e reflexão do mundo cão que se nos apresenta,  quando se diz não à regra da convenção.

Em cada cidade por onde a artista plástica pratica a sua visita, de Exposição, parceriza com artistas locais e circula locais populares do centro das cidades para visíveis e invisíveis. Desceu e subiu escadarias, cruzou viadutos, marcou praça no Troca Troca.

Para sua peça de vestir e expor, veste de calda longa colorida e bordados, com várias folhas de tecidos em seda e outros panos pintados pela artista, colorizados sobre a cor original com tintas não tóxicas. Os motivos bordados, flores; santos populares de devoção sincrética (de América e Ásia); temas de assédio moral e sexual; coerção, mitos e ritos pagãos e católicos, releitura aproximada da vida comum ao Grito de Munck, como registro de assédio moral.

Bordados de frases e orações: “Lágrimas de sangue”; um coração de Maria, sobreposto em busto cosselê de + informações, também guarda expressionismos da arte da artista que reproduz dor, fé, calma, sofrimento, renúncia, ascese e recuperação da alma contida pela força do poder autoritário.

Veste-se de experiência e demonstra sua estética e plástica para atrair a atenção reflexiva e marcar história de resistência e força de sobreviver, bem. E contar aos outros sua história de retornar à luz do eu no outro que é isto e aquilo e nunca isto ou aquilo do pensamento racional ocidental.

A Exposição: Assédio Moral, que ainda mantém-se em Teresina até dia 31 de outubro de 2014, na Casa da Cultura de Teresina, na Sala Anexa da Galeria “Lucílio Albuquerque” é de expiação pública superinteressante e justifica a visita.
(deitada em berço esplêndido: a própria obra/divulgação)

Leia essa emoção plástica, só até 31 de outubro.

Serviço:
Exposição: Assédio Moral
De Marina Boaventura
Na Casa da Cultura
Seg. a sexta – 8h às 12h/ 14h – 18h
Sábado – 9h às 13h

Classificação Livre

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