quarta-feira, 3 de abril de 2013

"Ditadura gay"


“Ditadura Gay”
por maneco nascimento     
                 
“Ditadura Gay”. Expressão cunhada, entre aspas, para que não se reclame a autoria do que já tem defesa  de paternidade. De que nos sirva a democracia, sirva a apregoarmos a liberdade de expressar algo a alguém, ou a alguma coisa. Expressar a uns e a umas, falas que não definam erroneamente, ou engessem comportamento.

Não nos sirva a democracia a discurso dirigido a outrem que amplie preconceitos, em força pregoeira das divindades instituídas na Terra, deve estar + distante tal discurso de nossa contemporaneidade. Embora haja quem creia deter propriedade de bem saber do que fala, de que estaria definindo o que é o “bem” e o “mal” representativo das hostes religiosas incendiadas e incentivadas a fundamentalismo, há sempre o perigo de exclusão e de algum desfecho fatal.
(Pastor deputado Marcos Feliciano/foto: Beto Barata Estadão)

As fatalidades, de obras humanas, vêm também através de ações praticadas por pessoas determinadas e deterministas do que seja “c e r t o” e errado; agressoras física e moralmente do próximo; que fazem morta quem componha extratos na diferença. Queimam vivas algumas espécies, tornam excluídas, outrens, de convívios + amplos e alijam quem não seja seu exemplo, nem do mundinho perfeito dos perfeitos defensores dos “direitos” esquerdos. (De)Feitos, obras assinadas, sob procuração paladina da justiça e moral dos “eleitos”, hoje não só para paraísos divinos, como também para cargos eletivos, “reis” em comissão representativa das urnas nossas de cada pleito. 

(...) o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) comentou sobre as críticas que tem recebido principalmente de ativistas do movimento LGBT contra sua indicação ao cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
No texto, Feliciano, um dos pastores evangélicos mais conhecidos do país, explica os motivos que o levaram a ser considerado como racista e ainda mostra sua posição sobre os projetos como a PL 122/2006 e a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a união entre pessoas do mesmo sexo.

Ele acredita que suas respostas foram interpretadas de forma errônea e usadas contra ele. ‘Jogada ao vento, essa mentira causa estragos à imagem do acusado perante a opinião publica. Vivemos uma ditadura gay’, escreveu (...)(Leilane Roberta Lopes IN juliosevero.blogspot.com.br/7 de março de 2013/fonte original: gospelprime)

O hoje presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, o pastor deputado Marcos Feliciano, entre outras pérolas lançadas aos incultos e ouvintes involuntários de seu púlpito, apontou que os defensores de sua saída da comissão que preside seriam  identificados como da “ditadura gay”. Abrir precedente a homossexuais seria ter que também abrir a negros, índios, etc., etc.,.Que mal há?
(Marcos Feliciano/foto: Alexandra Martins agência câmara)

Do que se está falando então e em que língua. É grego, latim, aramaico ou alemão.  Comissão dos Direitos humanos e minorias é prerrogativa de defesa de quem precisa de defesa, seja de qual seguimento for. As falas assoberbadas de sentimento de potestades parecem + disléxicas (usando de eufemismo) que o necessário e natural discurso de convivências + inclusivas e coletivas. Então a nosotros resta o combate de paz branca e liberdade de expressão e arbítrio de proporções + humanas e nunca infamantes.

(...) Concordo que o pastor Feliciano não deve ser deixado em paz. É um poço de preconceitos. Seria incapaz de presidir com equilíbrio uma Comissão destinada a zelar pelo respeito aos direitos humanos – em especial aos das minorias. De resto, é um notável picareta. Porque somente um picareta poderia condicionar a eventual cura divina à doação de dinheiro ou de bens. Então que se combata o pastor sem deixar, porém, de conferir o devido destaque a tudo o que corrompe o exercício do poder entre nós (...)” (Noblat, Ricardo: Gratos ao pastor/ODIA, Últimas/ Teresina, Segunda, 1º. de abril 2013, pg. 5 [noblat@oglobo.com.br])

Enquanto se combate discursos de possíveis apologias à intolerância e maneirismos proféticos ao fundamentalismo religioso, outras falas sociais vão-se formatando às margens de uma já grande ameaça discursiva e às beiras do oficial. Uma cantora teria aberto polêmica ao se manifestar sobre homossexualidade e o autor de novelas, Aguinaldo Silva, em combate as falas de moça teria sido vítima de ameaças dos fãs dela.

 “(...) Aguinaldo Silva contou em seu twitter que foi ameaçado de morte por fãs da cantora Joelma. O autor criticou a declaração dada pela cantora ao colunista Bruno Astuto, da revista ‘Época’, na qual comparava gays a ‘drogados’. Não é que a Joelma tem fãs? (...) Aguinaldo usou o microblog para se manifestar sobre a polêmica criada pela vocalista do grupo Calypso, republicando um trecho da declaração dela e comentando. ‘Disse Joelma: uso aquelas roupas curtas e rebolo, mas, quando falo de Deus, todo mundo entende’. Isso é que é usar o nome de Deus em vão.” (Polêmica/Aguinaldo Silva disse que foi ameaçado por fãs de Joelma/Diário do Povo, Sociedade/Teresina – PI, Terça Feira, 2 de abril de 2013, pg. 19)

Os discursos, os + diversos, entre o “céu” das celebridades e a Terra de todos, em defesa e ataque das minorias dão uma ideia de que esse assunto deve render muito e trazer maior clareza às convivências e relações humanas + saudáveis. Artistas formam opinião, religião e comportamento viram moeda de acento tônico no mundo de aceitação, ou negação da diversidade.

(...) Em entrevista a cantora se explicou sobre o que disse. ‘Se eu fosse homofóbica, não teria amizade com gay. O que eles fazem é problema deles, não tenho nada com isso. Não fiz nada para agredi-los e não tenho esse direito. Mas sou contra o casamento gay. Seria o mesmo que eu concordasse que meu filho gay se casasse. Uma mãe quando sonha coisas para o filho só sonha coisas boas’.” (Polêmica/Aguinaldo Silva disse que foi ameaçado por fãs de Joelma/Diário do Povo, Sociedade/Teresina – PI, Terça Feira, 2 de abril de 2013, pg. 19)

As liberdades de expressão podem abraçar qualquer causa e seus direitos. Sejam às baleias, aos mares, ao planeta, aos nordestinos, aos sem teto, aos sem terra, aos negros, ao aborto, às uniões civis homoafetivas, entre tantas. As defesas de quaisquer direitos também devem seguir discursos muito + expressivos a bem coletivo amplo.

Como recepção do discurso da vocalista da banda do Pará, diria que homoafetividade não parece caracterizar coisas ruins. O melhor sonho de um pai ou mãe seria fazer os filhos entenderem que existem diferenças e que a diversidade é uma realidade nas vidas de qualquer sociedade. E não tem nada a ver sobre o que fazem, ou deixam de fazer os homoafetivos, mas sobre como a sociedade deve olhar para as minorias, sejam negras, pardas, índias, ricas, pobres, especiais, homoafetivas, tresloucadas, ou até vocalistas de bandas de forró.

A vida é feita de escolhas, as escolhas podem ser melhores que as que se possam apresentar em nosso tempo e diminuir as relações humanas. Quem diz o que pensa pode ouvir o que não quer. Quem pensa sobre o que fala, fala também o que pensa, mas tem + chances de não formar opiniões inadequadas, especialmente acerca de proteção a direitos livres e de premissa humanos, sejam de minorias ou de maiorias melhor esclarecidas, ou não.

Não há espaço, creiamos nós, no Brasil, para ditadura de qualquer espécie, muito menos “ditadura gay”. Há espaço até para bancadas, púlpitos e comissão de evangelização profética, desde que não ameacem os princípios humanos de liberdade, diversidade e tolerância interrelacionais, no país da diversidade étnica e cultural.

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