sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Elétrica noite


Elétrica noite
por maneco nascimento

A noite do dia 24 de janeiro de 2013, a partir das 20 horas, no palco do Teatro do Boi (Complexo Cultural do Matadouro), se se tivesse desdobrado em duas, ainda seria pequena a energia em alegria contagiante na defesa das concorrentes ao Prêmio do 2º. Concurso de Músicas Carnavalescas de Teresina.

Cada cantor, compositor (também teve quem respondesse pela própria canção), ou intérprete defendeu sua piaba brilhante, com a força artística de quem bebeu água dos rios que lava a cidade e reúne talento criativo, bem humorado e de picardia característica da Teresina musical.

Não deu pra quem quis. Sobrou a quem marcou toca, porque quem veio, viu e venceu a expectativa da espera do resultado da premiação batalhada, nota a nota musical. Público diverso e superior aos 176 lugares da Casa de espetáculos que abrigou a 2ª. Edição do evento. Só show e alegria. E quem melhor desempenhou a defesa, reforçou a boa qualidade da composição apresentada.

Disputa acirrada, comissão julgadora concentrada e com currículo invejável. George Mendes (publicitário, jornalista e compositor); Aurélio Melo (músico, compositor, arranjador e regente da Orquestra Sinfônica de Teresina – OST); maestro Antonio Carlos Rocha (regente, compositor e arranjador, músico-militar integrante da Banda de Música da PMPI).

Completando o grupo dos cabeções musicais, Alexandre Rabelo – Naka (baterista, compositor, Mestre de bateria e autor de sambas-enredos premiados) e Iracema Telles, apaixonada por carnaval e que mantém carreira profissional de 26 anos de trios elétricos, clubes e casas de shows. Quem quiser duvidar, que duvide, mas essa comissão julgadora sabe o que fez.

“Elétrica Musa”, de Francy Monte, Osnir Veríssimo e Francisco Magalhães, abriu alas à hora de segura, senão outro pega. Na defesa da canção, Osnir Veríssimo e Dalmir Filho. Bela atuação em marchinha a ritmo atraente e melodia caliente. “A Dilma me traiu”, de Dário de Paulo, dona de um humor, à irreverência política, foi defendida pelo intérprete Marcelo Brasil. 

A terceira concorrente na trilha da boa folia foi “Se cochilar, o cachimbo cai”, de Abraão Lincoln. Na defesa performática Roraima e o dono da composição. De ótima sacada ao estilo em resgate da memória carnavalesca, desempenho exitoso na estética composicional e ilustrativa do enredo. Ponto na cabeça.

Paulo Moura e Mike Soares brindaram a concorrência com “Chip na cabeça”. Um dos últimos crooner, da nossa contemporaneidade, Francisco Luis, o Chico Rato, reforçou a ótima vida de humor e picardia livre contidos na inteligente composição.

A quinta defesa veio com o Grupo Mais Samba para o samba “Rumo ao Hexa”, de Weidner Lima. Tradição e gogó direcionado ao bom samba brasileiro, com tema do país do futebol à Copa de 2014. O axé veio com “Força do Coração”, das irmãs compositoras e intérpretes, Leila Queiroz e Shirley Queiroz. No concurso de músicas carnavalescas, a sexta concorrente trouxe a Bahia de todos os ritmos.

“Saudade, Saudade”, do já desaparecido Raimundo Nonato Freitas, foi composição apostada, no certame, por seu filho Manoel Freitas Sobrinho, que também interpretou a canção. Bela homenagem à memória familiar e de carnaval. J. C. Lopes (My Brother), compositor e intérprete de “Frevo, Suor e Amor” não estava na hora da chamada e perdeu o bonde da folia.

No páreo, nove concorrentes. A nona entrada foi a uma das melhores idéias de resgate de memória. Uma homenagem ao grande estilista carnavalesco, o Agulha de Ouro de Teresina, nas décadas de 50, 60 e 70, Bernardo Cruz.
(Conjunto Os Prateados/foto: divulgação)

A composição homônima, com assinatura de Antônio Carlos, Osnir Veríssimo e Ézio Fernandes, foi defendida pela tradição do Conjunto Os Prateados (Clemilton Silva, Antônio Carlos e Osnir Veríssimo). “Bernardo Cruz” já se impunha como vencedora pela tradição e memória do carnaval.

A última música da noite foi “Corpo Tatuado”, de Abraão Lincoln e Roraima, que trouxe de volta a interpretação criativa e irreverente de Roraima. Não deu para passar despercebida. Trunfos da alegria.

Quem viveu a expectativa pode até ter se surpreendido com o resultado, mas não poderia dizer, jamais, que fossem peixe fora d’água as grandes vencedoras. 

Prevaleceu a tradição das marchinhas e confirmou uma prerrogativa do concurso, resgate, memória e história natural dos velhos carnavais nacionais. No 1º. Lugar, “Bernardo Cruz”, parecia imbatível; “Se cochilar, o cachimbo cai” ficou com a prata aureada e o bronze, que também reluz brilho em cascalho decantado, foi para “Corpo Tatuado”. A premiação, 1º. - R$ 2.500,00; 2º. - 1.500,00 e 3º. - 1.000,00, respectivamente.

A cidade comparece, os artistas se manifestam e a Prefeitura de Teresina, através da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, confirma a reinvenção da tradição. Pode haver quem não defenda, mas a cidade não pode mais prescindir do Concurso de Músicas Carnavalescas, ou em melhor acepção de memória reanimada, Concurso de Marchinhas de Teresina.

A elétrica noite do dia 24 de janeiro de 2013, no Teatro do Boi, não teve pra ninguém que perdeu a hora da alegria.

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