segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Assim bate a vida


 Assim bate a vida
por maneco nascimento

Diz o dito popular que para morrer, basta estar vivo. Então vivemos e morremos a cada dia. Há quem diga que começamos a morrer no momento em que rebentamos a placenta e vazamos útero afora da mãe. De sorte é que nunca sabemos exatamente quando será nosso momento. Alguns antecipam sua passagem, outros escondem o jogo e outrens são pegos de surpresa.

Manchetes desse Brasil, de vasta extensão territorial, nos dão mostras de que muitos morrem vítima de bala perdida; da violência de torcidas de futebol; da guerrilha urbana entre polícia bandida e bandidos, propriamente; da polícia e comandos armados; das milícias e seus desdobramentos da infâmia social; de fome; de sede; de seca; de chuva, de injustiça e de descuido de obrigações sócio políticas e de muitos outros exemplos de que a morte só quer uma desculpa”. E ela vem sempre.

Desse final de semana último para esta segunda feira, 12, a notícia, que nos desvia das manchetes contumazes da violência desenfreada, é da morte precoce de um dos nossos galãs de tevê. Quem foi criança em dias da década de 1970 terá uma boa memória afetiva acerca do ator Marcos Paulo.

Ele tinha 61 e morreu na noite deste domingo (11) de embolia pulmonar. Marcos Paulo foi diagnosticado com câncer em maio de 2011.” (g1.globo.com/pop-arte/notícia: 11/11/2012 22h15 – Atualizado 12/11/2012 08h33)

(M. Paulo/foto divulgação tvglobo/joão miguel junior)

Aos noveleiros de plantão haverá sempre uma lembrança de alguma novela em que o galã esteve presente. Depois de algum tempo, preferiu dirigir os folhetins e, em raras incursões, se poderia ainda vê-lo interpretando uma personagem na telinha mágica.

Câncer
Marcos Paulo havia sido diagnosticado com câncer em maio de 2011. Segundo comunicado da Central Globo de Comunicação divulgado na época, o diretor havia descoberto o tumor precocemente em exames de rotina e tinha dado início ao tratamento em seguida (...) Marcos Paulo Simões nasceu em São Paulo, em 1º de março de 1951, e foi criado no bairro do Bixiga. Ele era filho adotivo do ator e diretor Vicente Sesso, o que lhe garantiu contato precoce com a TV. Sua primeira novela foi “O morro dos ventos uivantes”, da TV Excelsior, em 1967 – ele tinha 16 anos. Passou ainda pela Record e pela Bandeirantes antes de ir para a TV Globo, em 1970
.” (Idem)

Naqueles dias entre 1973 e 1974, como muitos da minha geração, acompanhei a trama de Lauro César Muniz, ao horário da 19h, que reunia os doces namoradinhos dos Brasil, Regina Duarte, Cláudio Marzo, Marcos Paulo e Débora Duarte (no papel da namoradinha neurótica). Um sucesso de audiência, a recepção da novela, que assistíamos, eu e meus irmãos, na casa de um vizinho. Trama ainda produzida em preto e branco. 






(M. Paulo, nos idos de 1970/foto linha do tempo: facebook/colhida 12/11/2012)

Marcos Paulo começou a trabalhar na TV Globo em 1970. Sua estreia ocorreu na novela Pigmalião 70, também de Vicente Sesso, ao lado de Sérgio Cardoso e, mais uma vez, de Tônia Carrero. Em seguida, trabalhou em A Próxima Atração (1970), de Walther Negrão, e em Minha Doce Namorada (1971), de Vicente Sesso, sempre em papéis de galãs de boa-índole (...) Em 1973, atuou na novela Carinhoso, de Lauro César Muniz, como o piloto de corridas Eduardo. Seu personagem formava um triângulo amoroso com Regina Duarte e Cláudio Marzo.” (memoriaglobo.globo.com)

Dirigiu sucessos, como “Dancing Days” (Gilberto Braga – 1978) e “Roque Santeiro (Dias Gomes – 1985), entre outros grandes trabalhos na tevê. Como galã das novelas ou diretor fez seu nome e marcou história na teledramaturgia nacional. 

(...) dirigiu também as novelas Brilhante (1981), de Gilberto Braga; Roque Santeiro (1985), de Dias Gomes; Fera Ferida (1993) e A Indomada (1997), de Aguinaldo Silva; Salsa e Merengue (1996), de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa; Meu Bem Querer (1998), de Ricardo Linhares; Força de um Desejo (1999), de Gilberto Braga; Porto dos Milagres (2001), de Aguinaldo Silva; e O Beijo do Vampiro (2002), de Antonio Calmon (...) dirigiu os seriados Plantão de Polícia (1979) – no qual também atuou –, Delegacia de Mulheres (1990) e Carga Pesada (2003), além da minissérie Parabéns pra Você (1983), de Bráulio Pedroso. Participou do projeto de criação do seriado Armação Ilimitada, em 1985, e foi diretor de alguns episódios do Caso Especial (1972-1992) e do Você Decide (1992).” (memoriaglobo.globo.com)

Todos morrem (os) um pouco todos os dias. Nossos ídolos, amigos, pais e filhos, irmãos,  camaradas, amores e paixões também passam. Quintana em Poeminho do contra reflete passagem e nos dá breve poesia, “Todos esses que aí estão/Atravancando meu caminho,/Eles passarão.../Eu passarinho!” (Prosa e Verso, 1978)


Marcos tão passarinho, enquanto criador, passou. Mas deixou memórias e histórias em rico triunfo do prazer e trabalho realizados à licença poética da televisão. Que o mundo outro também o absorva aos sets e planos livres do princípio da criação.

Assim bate a vida e seus reveses à nossa porta. Essa e todo o outro universo, (des) conhecido, também importam e elevam boas lembranças.

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